quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Santa Muerte


A ofensiva Mexicana contra a Santa Muerte, lançada pelo atual presidente Felipe Calderon, tornou-se agora global. Em uma entrevista com um site peruano católico (Aciprensa), o Presidente do Pontífice Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi condenou o culto a santa esqueleto como “sinistro e infernal”. O prelado Italiano, que o observador do Vaticano John Allen recentemente chamou de “o mais interessante homem na Igreja” e que se candidatou ao Papado, convocou ambos – Igreja e sociedade para se mobilizarem contra a devoção a Santa Muerte.

“Todos precisam por um freio neste fenômeno, incluindo famílias, igrejas e a sociedade em sua totalidade.”
O Cardeal explicou que a devoção a Santa Muerte é uma “celebração da devastação e do Inferno”. O influente membro da Curia irá levar essa mensagem diretamente aos mexicanos durante sua visita no mês que vem, para conduzir seu projeto, a “Corte dos Gentios”, um programa do Vaticano designado para evangelizar não-crentes.

Tendo acompanhado de perto o desenvolvimento do culto a Santa Muerte dos dois lados (EUA e Fronteira do México), eu havia antecipado uma condenação pelo Vaticano, entretanto estou surpreso que tal condenação tenha vindo antes de qualquer manifestação dos bispos Americanos. Então, a questão é porque o Vaticano a condenou agora? De acordo com denúncias feitas anteriormente ao culto da santa esqueleto feito por bispos mexicanos, Cardeal Ravasi rejeitou a devoção a ela em termos teológicos. Da perspectiva cristã, Cristo derrotou seu último inimigo – a Morte – através da ressurreição. Portanto, a veneração e culto a figura da Morte a coloca no nível do Inimigo de Cristo, ou SATAN.

A maioria das declarações dos bispos mexicanos afirma que os devotos de Santa Muerte ingressam no Satanismo anonimamente. Oficiais da Igreja podem apontar inúmeros casos criminais onde assassinatos foram cometidos em nome do Esqueleto. Sacrifícios humanos, entre outros crimes foram cometidos no México e fronteira com EUA por um número menor de devotos que acreditam que serão abençoados somente com tais atos nefastos.

Além do campo teológico, a economia religiosa do México e América latina fornece uma excelente explicação não apenas para a condenação de “seitas satânicas” mas para outros competidores religiosos. Nas últimas três décadas, ambas convenções nacionais dos bispos e o Vaticano tem denunciado a “invasão das seitas” na América Latina. Claro, pentecostais, os mais vibrantes competidores, tem sido o primeiro objeto de condenação, mas os Mórmons, testemunhas de Jeová, grupos “New Age” e espiritualistas também tem recebido ofensivas. O Papa João Paulo II deu uma luz geral da situação em 1992 durante sua viagem a República Dominicana, quando acusou os Pentecostais de serem “lobos” rondando o rebanho católico.

(…..)

Então, porque a condenação da “Senhora Esqueleto” agora? Sem dúvidas devido a preocupação do Vaticano após a eleição do papa Francisco, primeiro Papa Latino Americano, e sua escolha do Cardinal Oscar Rodriguez Maradiaga para conduzir um novo conselho papal de oito cardeais. Papa Francisco é muito familiarizado com o primo argentino da Santa Murte, San La Muerte, que é o segundo dos três santos esqueletos mais cultuados na América. Mais coincidente ainda é que o mito de San La Muerte o remete em origens aos padres JESUÍTAS! Como sua prima Mexicana, San la Muerte é regular nas páginas criminais da Argentina e também foi considerado herético pela Igreja Local. Há uma grande chance do Cardeal Maradiaga estar ciente da Santa Mexicana ter sido condenada, pois em relatórios recentes foram citadas até mesmo a imolação de uma figura em uma fogueira organizada pela polícia local.

(…)

Em resumo, em termos teológicos, é uma competição religiosa, onde a nova influência Latino Americana no Vaticano e a Mídia sensacionalista resultaram na condenação do culto a Santa Muerte pelo Cardeal Ravasi, como uma condenação a representação da “Cultura da Morte” na América Latina.