quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A Corrente Shaitanica


A MULHER ESCARLATE & A
CORRENTE SHAITÂNICA
DO AEON DE AQUÁRIO

Em Berlim todas as prostitutas se comportam como «mulheres de respeito»; Em Nova Iorque todas as «mulheres de respeito» se comportam como prostitutas. Reflexo: todas são prostitutas, de qualquer maneira.[1]

Por que escarlate? O termo Mulher Escarlate ou Prostituta da Babilônia é derivado de O Livro das Revelações. A cor escarlate, desde tempos imemoriais, tem sido associada a imortalidade. Esta era a cor da vestimenta cerimonial dos antigos sacerdotes e sacerdotisas fenícias e babilônias. Esta é a cor do sacrifício a Deusa Primordial, a cor do sacramento lunar desprovido de karma: O melhor sangue é da lua, mensalmente: em seguida o sangue fresco de uma criança, ou destilando da hoste do céu: em seguida de inimigos; em seguida do sacerdote ou dos adoradores: finalmente de alguma besta.[2] Escarlate é uma cor vibrante,[3] ¾ vermelho e ¼ laranja. Laranja e vermelho são as cores associadas a Hod e Geburah, ambas no Pilar da Mão Esquerda na Árvore da Vida. Acima de Hod e Geburah, no ápice do Pilar da Mão Esquerda, está Binah, o Grande Mar, associada a Babalon como a Deusa Mãe Primordial. Abaixo de Geburah e Hod está Malkuth, o Reino da Filha, a avātar da Deusa, conhecida como Mulher Escarlate. No Pilar da Mão Esquerda, a vibração ou fluxo é descendente, em direção à materialização.
As magistas thelêmicas, no curso da iniciação, se identificam com Babalon e o ofício de Mulher Escarlate. No entanto, Babalon e o Ofício da Mulher Escarlate são pouco compreendidos e, mais tecnicamente, aceitos. O Ofício de Mulher Escarlate exige uma ruptura total com as programações osirianas-crististas que as mulheres são expostas desde a infância no Ocidente. Assumir o Ofício de Mulher Escarlate e tornar-se Cingida pela Espada começa com uma carnificina interior, onde toneladas de programações culturais judaico-cristãs são retiradas das camadas mais profundas da mente inconsciente.
No entanto, a grande maioria das magistas thelêmicas não compreendem o processo preliminar de purificação que esta jornada inevitavelmente irá requerer. Ao invés disso, elas têm preferido pular este processo doloroso, no entanto, fundamental no alicerçamento de suas Fundações (Yesod). Essa esquiva demonstra não apenas a dificuldade de olhar para dentro e, silenciosamente trabalhar sobre si mesma. É a famosa patologia conhecida como esquiva da sombra. Mas Silêncio é a fórmula mágica atual do Aeon de Aquário, cujo caminho inevitável é o olhar para dentro. O Atu XVII, A Estrela, demonstra uma mulher nua. Ela tem um pé dentro da água e o outro fora. Ela derrama água de um jarro. Ás águas neste Atu representam o conteúdo da mente inconsciente e àquilo que flui dentro da mente de uma fonte superior. A Mulher no Atu XVII é a Alta Sacerdotisa da Estrela Prateada, a Filha-Heh ou avātar de Babalon como a Mulher Escarlate. Ela aprendeu a utilizar com sabedoria o seu corpo, intelecto, emoções, sensações e sentimentos como um Relicário Sagrado, não apenas como um recipiente adequado ao influxo arquetípico sutil que vem da Realidade além do Abismo, mas como um Sacrário seguro para esse influxo arquetípico abaixo do Abismo. A Mulher Escarlate age, portanto, como um fio de condução entre as forças que estão acima do Abismo e a Terra (Malkuth) abaixo. Não a considere, como muitos se levantam equivocadamente para dizer, apenas um peão para um arranjo de forças além da compreensão e que fluem pela imaginação ou intuição humanas. Não, muito pelo contrário, ela a artista ou arquiteta que os dirige e nesse ofício, ela dá nascimento na Terra (Malkuth) àquilo que está na mente (Chokmah) de Deus. Note que o Atu XVII conecta a Vontade do Logos em Chokmah com sua perfeita expressão abaixo do Abismo em Tiphereth.
Para assumir o Ofício de Mulher Escarlate, primeiro a magista thelêmica deve abraçar a corrente shaitânica – ou demoníaca – do Aeon de Aquário. Na Árvore da Vida, a parte do Sol (Tiphereth) que encara o conteúdo sombrio da vastidão negra do espaço é o Grau de Adeptus Minor (Interno) ou Adepto Interno. Na avaliação da psicologia moderna junguiana, é o momento em que o iniciado embarca em uma jornada pelas profundezas da mente inconsciente, trabalhando nas esferas de Tiphereth, Geburah e Chesed. Neste estágio da iniciação thelêmica, a LVX de nossa Estrela é mais arquetípica, alinhada a Consciência Universal (Chokmah), transmitindo a consciência individual (Tiphereth) lampejos da Verdadeira Vontade.
O Aeon de Aquário é regido por Hoor-paar-kraat que, segundo Aleister Crowley (1875-1947) é Had, Set ou Satã. Onde existe Luz, também existem Trevas. Mitologicamente, Satã é o Senhor do Ar. Este é o Elemento atribuído a Aquário. Hoor-paar-kraat ou Set é a parte sombria e oculta de Hórus (Ra-Hoor-Khuit). É uma infantilidade medonha tentar conceber Hórus como uma forma distinta ou separada de Set. Hórus representa a Luz-Consciência e Set a Sombra-Inconsciência. Diariamente todos nós lidamos com a dualidade Set-Hórus em nossas vidas, caos e ordem interagindo o tempo todo. Um exemplo simples: quando você está em uma fila no supermercado aguardando sua vez pacientemente, a Ordem-Hórus prevalece em sua consciência. Quando a rebeldia se instaura e você deseja passar na frente de todos e faz planos mirabolantes para isso, agindo em conformidade, Caos-Set reina em sua consciência.
Carl Jung (1875-1961) chamou de sombra o papel do conteúdo inconsciente da mente no dia-a-dia. Mas ele ensina que este conteúdo não é maligno, diferente dos nossos ancestrais que viam no papel de Set (Shaitan-Satã-Pã-Lúcifer-Sombra) uma qualidade essencialmente maligna. Jung ensinava que se o conteúdo sombrio do inconsciente for reprimido por noções religiosas e sociais comportamentais, ele pode se precipitar na mente superficial de maneiras destrutivas. Negar o conteúdo sombrio da mente inconsciente leva a sua projeção externa, quando projetamos a sombra naqueles próximos a nós ao invés de confrontá-la, abraçá-la, aceitá-la e então conduzir seu poder. É no conteúdo profundo da mente inconsciente que nossas qualidades inatas, boas ou ruins, residem. Esse conteúdo, nós temos o péssimo hábito de se esquivar, de se esconder dele, assim como o escondemos daqueles que nos cercam. No entanto, embora nos esforçamos para deixar a sobra fora do alcance dos outros e de nós mesmos, ela permanece ativa no inconsciente, projetando seu conteúdo, de tempos em tempos, criando um tipo de sub-personalidade autômata, o alter ego, que temporariamente toma conta da personalidade, algo conhecido na área da psicologia como possessão demoníaca, quer dizer, o conteúdo da mente inconsciente que se apossa da consciência.
No Aeon de aquário, o treinamento para assumir o Ofício de Mulher Escarlate começa abraçando o conteúdo shaitânico da sombra. Verdade seja dita, para qualquer iniciado thelêmico, subir pelos braços da Árvore da Vida significa abraçar a própria sombra. Assim, neste Novo Aeon a Mulher Escarlate não teme, renega ou encarcera o conteúdo da sombra. A Mulher Escarlate aceita a sombra como uma parte essencial e fundamental do processo de iniciação. No Aeon de Aquário cada um deve aprender a trabalhar com o conteúdo sombrio da mente inconsciente. O primeiro passo é reconhecer o poder destrutivo e tifônico da sombra quando mal compreendido e reprimido. Após este prístino reconhecimento, inicia-se o trabalho sobre a sombra, compreendendo-a, aceitando-a e então dirigindo-a para propósitos positivos, alinhados a Verdadeira Vontade, não as demandas desmedidas do Ego. Nos Mitos do Santo Graal, este trabalho é conhecido como redenção, quando o Reino torna-se novamente um campo fértil. Na Árvore da Vida, este trabalho é representado pelo Caminho de Ayin ou do Diabo, o Atu XV do Tarot de Thoth, debaixo para cima. É uma jornada pela escuridão até o encontro do Sol em Tiphereth. Este é o primeiro Caminho conectado a realização da Grande Obra alquímica que se divide em quatro etapas: nigredo, albedo, citrineto e rubedo. O Caminho de Ayin então se refere ao nigredo, a escuridão que implica putrefação. Este é o Caminho onde todos nós confrontamos a sombra e todos os aspectos de māyā (ilusão) que temos criado desde a infância. No sistema de Jung, trata-se do encontro entre o conteúdo demoníaco do inconsciente profundo com a personalidade consciente, quando a infância pode ser então resgatada e um crescimento sadio em direção a vida adulta pode ser conquistado. Este é um tema central no atual Aeon de Aquário.
Aceitar o conteúdo da sombra é tomar as rédeas sobre a própria iniciação e isso implica, acima de tudo, em liberdade. Este é outro tema importante no Aeon de Aquário. Quem são as aspirantes a Mulher Escarlate que verdadeiramente têm coragem para assumir com liberdade àquilo que de verdade são? É difícil, porque a pressão sociocultural ocidental cristista e osiriana é deveras poderosa e as mulheres, mesmo as aspirantes mais sinceras de espírito livre, se veem aprisionadas pelas correntes sutis do deus dos escravos. Mas se estando conscientes do processo a mente inconsciente ainda vive por programações judaico-cristãs, o Aeon de Aquário também inconscientemente tem impelido as pessoas a se rebelarem contra as correstes de sua escravidão.
Vagarosamente, enquanto a Criança Hórus cresce vigorosa no Novo Aeon, a humanidade tem se rebelado contra as instituições que tentam controlar a vida e ditar as regras espirituais. A verdade do outro tem, aos poucos, deixado de ser verdade para nós e os sacerdotes das religiões estabelecidas já não têm mais o poder de controle que tinham no passado Aeon de Peixes. Revolução tem sido o impulso inconsciente da humanidade no Aeon de Aquário, a era do opositor, o rebelde, Set-Satã. Chegamos em uma fase evolutiva da humanidade onde a regra tornou-se o individual ao invés do universal. Mas existe aí um perigo, porque o Aeon de Aquário também tem um lado sombrio, profundamente enraizado no individualismo e no narcisismo. Este é um caminho que pode levar a desconexão com nossa Fonte espiritual acima do Abismo. Em outras palavras, a introversão, arma mágica do Aeon de Aquário, deve ser utilizada não para fortalecer o Ego e o sentido de egoidade individualista, mas ao contrário, como uma ferramenta através do qual é possível se orientar ao interior na finalidade de conquistar o Universal individualmente, não coletivamente, como foi o caso da fórmula mágica – a fala ou projeção da Palavra – do Aeon de Peixes. A Corrente Mágica Aquariana do Novo Aeon nos leva para dentro, pois este é o Aeon da Filha-Heh, o complemento do Filho-Vav. Ele é Ra-Hoor-Khuit, o Deus Solar da Fala, o Hórus Externo que apresenta, coletivamente, a salvação. Essa era a Corrente Mágica do Aeon de Peixes. A Filha-Heh é Hoor-paar-kraat, o Set-Lúcifer-Satã-Prometeu Interno, àquele que produz a gnose individual. Como podemos ver, não se trata de um individualismo animal e degenerado que atende somente as demandas e devaneios do Ego, mas uma individualidade espiritual que nos capacita a experimentar diretamente a Realidade Última de Deus. A Filha-Heh é o complemento culminante do Filho-Vav. Sua rebeldia não é maligna ou ignorante. Ela desce dos Céus, lutando contra os deuses, para trazer aos homens o conhecimento de que eles são deuses. O trabalho mágico no Aeon de Aquário deve, portanto, ser executado individualmente e solitariamente.
No Aeon de Peixes, a Sombra-Filha-Set estava oculta. Apenas seu irmão, o Hórus-Luminoso era conhecido. Quer dizer, o conteúdo sombrio do inconsciente era completamente renegado, mantido em silêncio, no escuro, considerado maligno e, portanto, reprimido. No entanto, como o Atu XVII no mostra, o conteúdo da mente inconsciente profunda está vindo a tona para todos nós e nos encontramos na era em que devemos confrontar a sombra como um caminho para realização espiritual. No Aeon de Peixes a Filha-Vav (Malkuth) foi considerada separada da Vontade Universal. Ela representou o materialismo corpóreo, uma agente satânica corrupta que distanciava homens e deuses. Mas no presente Aeon de Aquário, a Vontade Universal será conquistada individualmente pela exploração daquilo que antes era considerado corrupto: o corpo, os sentidos, o sexo etc., quer dizer, o Reino Filha-Heh-Malkuth. A lição deste Aeon é que, silenciosamente, abraçando o conteúdo demoníaco da sombra, cada um pode conquistar a Vontade Universal acima do Abismo. Esse é o individualismo espiritual que a Filosofia de Thelema proclama, uma liberdade contra as regras espirituais estabelecidas pelos sacerdotes das fés populares em detrimento de uma caminho individual baseado nas Leis da Estrela que cada um representa. Não se trata do individualismo egoísta eu contra tudo e todos, tudo para mim ou tudo meu. A conquista não é do Ego, mas da Alma, ao receber o influxo da Verdadeira Vontade que vem de Chokmah.
Em minhas epístolas sobre o Ofício da Mulher Escarlate, eu sempre destaco a característica desapegada da Sacerdotisa: Atai-vos de modo algum,[4] diz Nuit em Liber AL vel Legis. Aquário é a 11ª Casa Zodiacal, que governa relacionamentos desapegados. Isso significa que a avātar de Babalon, a Filha-Heh Mulher Escarlate, explora sem se prender, desfruta sem se apegar, pois tudo deve ser vivido e abraçado com plenitude e não existe lei além de Faz o que tu queres.[5] Para ela, nada é mais importante que a Verdadeira Vontade. Aos olhos seculares do profano, ela é a rameira, pois a nenhum homem ela rende homenagem ou fidelidade. A Mulher Escarlate é unicamente fiel a Verdadeira Vontade. Para a Mulher Escarlate nada é mais importante que a Verdadeira Vontade e por conta disso, qualquer apego pode representar um empecilho ao seu trabalho espiritual.
Astrologicamente, a Verdadeira Vontade é simbolizada por Urano, um planeta impessoal que rege Aquário e nada tem a ver com as questões humanas. A Vontade reside acima do Abismo, intocada pelas demandas humanas em Chokmah, o Pai-Falo que a projeta na forma de Semente. Outro regente de Aquário é Saturno, a Lei por trás do como executar a Verdadeira Vontade. Mas Saturno (como Binah) está acima do Abismo. Trata-se da Grande Mãe Universal impregnada pela Semente do Pai-Chokmah cujo Filho é projetado abaixo do Abismo como uma Estrela. Neste Aeon de Aquário, a sacerdotisa deve aprender sobre as Leis de sua Estrela para assumir o Ofício de Mulher Escarlate, cuja promessa é liberar seu potencial divino para que ela possa ser uma avātar de Babalon, uma encarnação viva da Deusa Universal, uma agente real do poder da Deusa Babalon, pois não existe deus senão o homem neste ciclo evolutivo da humanidade. Este trabalho se inicia com o abraço ao conteúdo demoníaco da sombra, velado na imagem de Set ou Had, Hoor-paar-kraat.
NOTAS:

[1] Aleister Crowley, Diário Mágico: 4 de janeiro de 1931.
[2] AL vel Legis, III:24-6.
[3] Posteriormente, o escarlate foi identificado com pecado e traição no Velho Testamento. É interessante notar que na tradição espiritual do Santo Daime, a cor vermelha é desapropriada para rituais, principalmente àqueles em que o sacramento é produzido: os Rituais de Feitio. Em algumas Igrejas, mulheres menstruadas são desaconselhadas a participar das sessões de cura, pois se entende que neste período elas estão contaminadas e carregam consigo a semente do pecado original.
[4] AL vel Legis, I:22.
[5] AL vel Legis, III:60.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Dion Fortune El Cáliz y el Grial


Antes de emprender la búsqueda del Santo Grial, los caballeros del Rey Arturo recibían el Sacramento del Altar. Si consideramos este punto cuidadosamente, que es como debemos juzgar todos los elementos de una historia mística, veremos que en él existe mucha materia de reflexión. ¿Por qué aquellos que podían recibir el Cáliz en el altar, debían buscar también el Grial? ¿Qué más tenía el Grial para dar que lo que podía otorgar el Cáliz?
La leyenda nos señala una interpretación mística de la Eucaristía. Nos muestra que, a fin de hacer de nuestra comunión una experiencia espiritual, tenemos que hacer algo más que presentarnos arrodillados ante el altar y recibir en nuestras manos una copa bendecida por el sacerdote; debemos salir en una búsqueda personal y encontrar para nosotros mismos la verdadera Copa de la cual Nuestro Señor bebió el vino de la vida. De ninguna otra manera podrán las potencialidades del Cáliz convertirse para nosotros en la realidad de la experiencia mística.
El Grial es el prototipo del Cáliz, y es del Grial que el Cáliz extrae su validez. Si no hubiera habido una Ultima Cena, no podría haber habido ninguna Eucaristía. No obstante, la Eucaristía es más que una conmemoración. Nuestro Señor preguntó a aquellos que deseaban compartir un lugar en Su Reino si querían beber de la Copa de la que El bebía, y ser bautizados con el bautismo con que El había sido bautizado. Sabemos de qué se trató ese bautismo: fue el descenso del Espíritu Santo bajo el aspecto de una Paloma. La Paloma no fue sino un símbolo gracias al cual los sentidos finitos percibieron la manifestación del poder fulgurante del Tercer aspecto del Verbo, y la Copa es igualmente la ecuación simbólica de las experiencias interiores por las que pasó Nuestro Señor en el acto cósmico que redimió y regeneró a la humanidad. La Crucifixión en manos de las autoridades romanas no fue sino la manifestación material de la lucha espiritual que estaba ocurriendo.
No fue el derramamiento de la sangre de Jesús de Nazaret lo que redimió a la humanidad, sino el derramamiento del poder espiritual desde la mente de Jesucristo.
Detrás de cada objeto material utilizado en el ritual hay un prototipo espiritual. El prototipo espiritual es creado por una experiencia que ha sido vivida por un ser espiritual viviente. Así como una tragedia puede hacer que un lugar sea visitado por "fantasmas" porque la intensa emoción allí experimentada permanece en la atmósfera mental, del mismo modo, cualquier gran experiencia espiritual -especialmente cuando se la intenta por sustitución de un objetivo determinado- crea una forma-pensamiento cargado de potencia espiritual. En esto yace el poder, no sólo del supremo sacrificio de Nuestro Señor en la Cruz sino también, según su grado, de los martirios y penitencias de los santos. Las formas pensamiento son creadas mediante el sufrimiento consagrado por sustitución, que se transmuta en poder espiritual.
Por medio del símbolo físico, ya sea la Cruz, el Cáliz o la reliquia de un santo, el pensamiento se concentra en el acto del sacrificio. Contactamos la forma-pensamiento, y su potencia almacenada descargada en nuestra alma. Esto nos recuerda la cualidad espiritual que motivó el sacrificio, y la cualidad correspondiente se agita en nuestros corazones.
Somos estimulados por un ejemplo inspirador para "ir y hacer del mismo modo", según nuestro grado de desarrollo. La Cruz es sólo válida para nosotros en la medida en que crucifiquemos al yo inferior y su codicia. El Cáliz es sólo válido en la medida en que Cristo se ha elevado en nuestro corazón, y estemos luchando por realizar la vida de Cristo. 
A menos que podamos compartir la vida interior de un símbolo, su forma exterior no nos transmitirá nada. A menos que hayamos hecho un sacrificio voluntario por amor a Dios, aprenderemos muy poco de la cavilación acerca de la Cruz; salvo que hayamos sentido la luz ardiente del contacto de un espíritu viviente estimulando nuestro corazón, no recibiremos nada del Cáliz. Las palabras santificadoras del Sacerdote convierten a la copa en un Cáliz, pero es sólo la conciencia consagradora del que comulga lo que puede convertir al Cáliz en el Grial.
Como los caballeros del rey Arturo, no debemos contentarnos con el Cáliz en la capilla, sino ir en busca de esas grandes aventuras del alma que nos lleven al fin a tomar parte del Grial en la Iglesia que no ha sido hecha por los hombres, eterna en los cielos.

Dion Fortune La Visión de Avalon


La atmósfera de Glastonbury es como una fuga con la trama de muchas melodías que la recorren, en la que en un momento una de ellas surge a la superficie, y luego otra, y otra aún, pero todo el tiempo todas están presentes tejiendo un trasfondo de armonía sobre armonía con el motivo del momento.
Es este intrincado contrapunto de la atmósfera de Glasttmbu y el que ha desconcertado a mucha gente. Pues Avalon no puede ser reclamada por secta alguna como su santuario privado. No pertenece ni al artista ni al anglicano; ni al psíquico ni al pagano. Todos ellos tienen su parte en Avalon, y ninguno puede negar a los demás. No es por su trascendencia histórica que hoy Glastonbury es importante para la vida espiritual de nuestra raza. Hay muchos lugares muy ricos en historia y leyenda, pero no son "la tierra más sagrada de Inglaterra". Glastonbury es un volcán espiritual donde el fuego que existe en el corazón de la raza británica brota en forma de llamas hacia el cielo.
Hay épocas en la historia de las razas en que las cosas de la vida interior suben a la superficie y encuentran expresión, y a través de estos desgarramientos del velo la luz del santuario fluye y se derrama. Hacia ellos miramos cuando buscamos inspiración. Raras veces es Glastonbury rica en estas cosas. Aquí encontramos reliquias sagradas de muchos lados de la experiencia del alma. Aquí está el pasado profundo, remoto, de nuestra raza. A través de los valles de Avalon se mueve, invisible, un espectacular desfile en interminable procesión. La oscuridad antes del alba es penetrada por la magia de Merlín, el atlante. Los hombres oscuros y primitivos de la frontera pasan de largo, con sus ojos feroces centelleando por debajo del cabello enmarañado. Detrás vienen los druidas, con sus hoces doradas, vestidos con túnicas blancas, sosteniendo el muérdago sagrado y seguidos por los cautivos apresados en las batallas, destinados al sacrificio en el nicho del Pozo Sagrado.
Luego viene la figura inclinada de San José, solitaria y frágil, sosteniendo el Cáliz. Al trote de su caballo aparece el rey Arturo, hombre poderoso en su fuerza, con la cruz de cristal en el cuello, -que le fue dada por la Madre de Dios en Beckary- y Excalibur en la cintura.
Ginebra cabalga a su lado en toda su belleza, con su cabello dorado flotando sobre los hombros. Aún no ha llegado el momento en que la trenza cortada de raíz descanse en el desolado ataúd de la reina deshonrada, sepultada no al lado de su esposo, sino a sus pies.
Detrás de ellos viene la Dama del Lago, vislumbrada como si la viéramos a través de aguas profundas, esperando el momento en que Arturo vuelva a ella después de su última batalla, transportado en la barcaza negra, observado por las reinas llorosas, y en que Excalibur retorne a sus manos, y los hombres la pierdan para siempre.
Y después de todos ellos, van tres doncellas vestidas de blanco, y entre ellas una gloria, un esplendor que no proviene de un fuego terrenal -una gloria desaparecida hace mucho tiempo de entre los hombres, debido a la maldad de estos- llevada a la ciudad celestial de Arrás, dicen algunos, o enterrada en los verdes campos de Glastonbury, según otros. Luego el sueño se desvanece y comienza la memoria. Todo el espléndido desfile de la Inglaterra medieval pasa a nuestro lado mientras miramos a Avalon en el espejo del tiempo.

A veces un tropel de alegres doncellas,
Un abad sobre un cojín que se desplaza,
A veces un joven pastor de cabello ondulado,
O un paje de largos cabellos vestido de color grana
 pasa a nuestro lado hacia la encumbrada Camelot;
y a veces, atravesando el espejo azul
Los caballeros vienen cabalgando de dos en dos...

Sir Lancelot, buscando una cosa, y Sir Galahad otra, aún vienen a Avalon.
A través del espejo mágico se mueve sinuosamente la larga procesión: los humildes anacoretas, ardiendo con loco fervor, los sabios y piadosos benedictinos, cuyos grandes abades constructores embellecieron los campos ingleses; y, por último, un hombre viejo atado a una rastra tirada por un caballo; y después de eso, torres caídas, iglesias sin techo y oscuridad.
Excalibur ha vuelto al corazón de las aguas. El Grial se ha ido a su propio lugar, el templo que no fue hecho con las manos, eterno en los cielos. Las paredes de la Abadía han caído. El desfile ha terminado.
El sueño se desvanece y vuelve la luz del día. El canto de los gallos en granjas lejanas, el ladrido de los perros, el balido de los corderos, el olor a turba quemada mezclado con el perfume de las flores de manzano... todo esto hace que la primavera de Westland fluya y atraviese los cinco sentidos.
Pero permanece el recuerdo de otras cosas. ¿Qué cosas hermosas no tendríamos si revivieramos la antigua costumbre de la peregrinación a los lugares santos en las fiestas sagradas? Hay mareas en la vida interior, y en la cresta de su oleaje estamos muy cerca del cielo. Hay veces en que las poderosas mareas de lo Invisible fluyen con fuerza desde arriba hacia la tierra, y también hay lugares sobre la superficie en los que los canales están abiertos y esas mareas llegan con la totalidad de su poder. Esto era conocido por los antiguos, que tenían mucha sabiduría que hemos olvidado, y ellos aprovechaban tanto las épocas como los lugares, cuando buscaban despertar la conciencia superior. Cada raza tiene sus centros sagrados, lugares donde el Velo es tenue; estos sitios fueron desarrollados por la sabiduría del pasado hasta que en ellos se engendró una poderosa atmósfera espiritual, y la conciencia pudo fácilmente abrirse a los planos más sutiles,aquellos en que los Mensajeros de Dios podían contactarla. Las piedras erguidas de un olvidado culto al Sol siguen en pie en muchos ámbitos de nuestras islas, y toda alma sensible podrá sentir la atmósfera de antiguo poder que aún existe en ellas, ya sea el aura manchada de sangre de Stonehengee o el resplandor vibrante, solar, de Avebury.
No se debe olvidar que existe una Tradición de Misterio que pertenece a nuestra raza,tradición que tiene su aspecto de naturaleza en el culto al Sol de los druidas y en la hermosa tradición mágica de los celtas, su aspecto filosófico en las tradiciones de la alquimia, y su aspecto espiritual en la Iglesia Oculta del Santo Grial, la Iglesia detrás de la Iglesia, que no fue hecha con las manos, eterna en los cielos. Todas tienen sus lugares sagrados, sus montañas, y sus albercas de iniciación, que son parte de nuestra herencia espiritual. Que aquellos que siguen el Camino Interior estudien nuestra tradición autóctona y vuelvan a descubrir y santificar sus lugares sagrados; que hagan peregrinaciones a esos lugares en las ocasiones en que el poder desciende y las fuerzas espirituales se precipitan sobre ellos como la marea en un estuario, y "cada arbusto común arde con Dios". Que velen en los altos sitios, cuando fluyen las mareas cósmicas, los Poderes de lo Invisible cambian la guardia y los rituales de la Iglesia Invisible se realizan cerca de la tierra.

Dion Fortune Avalon y la Atlántida


Cuando los romanos llegaron a Gran Bretaña encontraron unas tribus salvajes que vivían en espesos bosques, en aldeas protegidas por empalizadas. Estas tribus no poseían caminos, excepto los senderos peligrosos que conducían de un pueblo a otro a través de los pantanos.
No obstante, los romanos no fueron los primeros constructores de caminos en Gran Bretaña. Por las tierras altas estaban los caminos de una antigua civilización que había desaparecido y había sido olvidada mucho tiempo antes de que los romanos conquistaran las Islas de Estaño.
Lo que, para nosotros, hoy son las ruinas romanas lo mismo eran esos antiguos senderos para los romanos. Dondequiera que la espesa turba de la creta desafiaba a los árboles, allí estaban los rastros de una civilización antigua, organizada, y de enormes proporciones. Testigos de ello son sus caminos, sus defensas, sus lagunas de agua pura, y lo más prodigioso de todo, sus gigantescas Piedras Erguidas, que hasta el día de hoy son llamadas Piedras Sarsen por los lugareños. Los etimólogos nos dicen que la palabra Sarsen es una modificación de Sarraceno o forastero. ¿Quiénes eran los forasteros que erigieron esas grandes piedras?
La historia no puede decírnoslo, pues sus registros no llegan más allá del alba de nuestra civilización. Pero el ocaso de otra civilización existió antes de ese amanecer. Puede que la historia la ignore; puede que el conocimiento popular, el saber de la raza, se mueva en círculos; no obstante, los vestigios permanecen. Las grandes piedras en las tierras altas y los verdes y sinuosos senderos a través de la creta son testigos de las obras de un pueblo antiguo que desde hace mucho tiempo se ha dormido. Hay tradiciones más ancestrales que la tradición popular, que el saber de la raza, que hablan de una Edad Dorada en la que los dioses caminaban con los hombres y les enseñaban las artes de la civilización. Pero incluso estos dioses no fueron las primeras cosas creadas; tenían antecesores: gigantes a los que derrotaron y cuyos reinos tomaron por la fuerza. Estos dioses de las rocas, los más antiguos y terribles, fueron los primeros seres creados.
Por todas partes encontramos este relato sobre una raza antigua, este mito de los dioses que hicieron los dioses en la débil luz crepuscular del alba de las edades.
Pero hay otra historia que la acompaña: la historia de la tierra sumergida y la civilización perdida. La inmemorial tradición de Caldea posee esta historia, y las canciones de nuestra tradición céltica están llenas de ella. Para nosotros se trata de la tierra perdida de Lyon; las campanas de sus iglesias se pueden oír resonando en el Atlántico más allá de la costa tormentosa de Cornwall, donde la oscura figura de Merlín se mueve a través de la bruma de la leyenda, una figura que desconcertaba incluso a los creadores de las canciones que hablaban de su poder y sabiduría. Ellos no sabían quién era Merlín ni de dónde venía.
Merlín era el tutor y maestro de dos niños, Arturo Pendragon, Rey de Gran Bretaña, y Morgan le Fay, la sombría Lilith de nuestra leyenda, identificada a veces con la Dama del Lago, y de quien se afirmaba que era medio hermana de Arturo. ¿Y quiénes eran Merlín,con su profunda ciencia, yesos dos niños a los que enseñaba: el hada de padres no humanos, y Arturo, a quien el mago crió según alguna ciencia secreta, sin consideración alguna por la ley de los hombres?
Aquí hay muchos hilos que nunca han sido desenredados y vueltos a tejer. ¿Existe una pista que pueda revelar el significado de estas fábulas antiguas y justificar su sabiduría, o debemos rechazarlas como vanas fantasías urdidas para entretener las largas horas de oscuridad alrededor del fuego de las tribus de Gran Bretaña? Es posible desechar las fábulas, pero no podemos desechar las grandes piedras en las tierras altas, ni los antiguos caminos que existen entre ellas.
He aquí, entonces, otra fábula, para agregar a la fantasía de hadas urdida sobre los antiguos días del crepúsculo de nuestra raza.
Los sacerdotes egipcios, herederos de una tradición de la máxima antigüedad, le hablaron a Platón de una civilización más antigua aún, de la cual ellos mismos descendían. Se referían a un continente perdido hacia el Oeste, sumergido en las aguas del Atlántico. Los antiguos aceptaron estas afirmaciones como un hecho incuestionable; le tocó a las épocas siguientes ponerlas en duda, y rechazarlas por fin como un mito.
Pero ¿han sido finalmente rechazadas? Cada vez más, se oyen opiniones que se inclinan a considerar el perdido continente mítico de la Atlántida como la solución de muchos problemas de la prehistoria. La información sobre la cual se basan las pruebas y las conclusiones que se han extraído de ellas se pueden encontrar en muchos libros. No voy a demorarme en ello aquí, pues no es pertinente al tema. No obstante, indican que el patrón en el que he unido los fragmentos de leyenda que yacen sepultados en "la tierra más sagrada de Inglaterra" no carece de justificación.
¿Cuál es entonces mi teoría, para sumaria a la innumerable cantidad de especulaciones que ya existen? Empecemos por el principio, como dicen los niños cuando les van a contar un cuento. Contemos algo de la fábula de la Atlántida Perdida, y veamos si tiene alguna relación con nuestra tradición isleña de Merlín y Arturo y la sumergida tierra de Lyon.
Desde el centro del océano Atlántico hasta lo que hoy es América Central –así dice la tradición- se extendía un gran continente en el que vivía la Raza Fundamental que sucedió a los lemurianos, y que precedió a la nuestra. Había una gran civilización, desarrollada con ayuda de los dioses, quienes entonces vivían entre los hombres. Esta civilización construyó la prodigiosa Ciudad de las Puertas Doradas, respecto de la cual existe una tradición en todas las razas. Esta ciudad, así se afirma, se levantó en las flancos de un volcán apagado sobre la costa marítima de este antiguo continente. Detrás de esta ciudad había una llanura que se extendía hasta la cadena de montañas del interior de dicho continente. Ese volcán era una montaña aislada y piramidal, con la forma de un cono truncado, y uno de sus lados, el lado interior, daba a un precipicio. En la base había una enorme confluencia de chozas de junco en las que vivían los sectores más pobres. Cerca de la cima vivían las castas de comerciantes y artesanos, y sobre la cima estaban los palacios y escuelas del clan sagrado, que se dividía en dos ramas: la casta militar y la sacerdotal.
Este clan sagrado estaba cuidadosamente separado del resto de la población, y la crianza de sus niños se llevaba a cabo bajo la supervisión de los sacerdotes. Tan pronto como los hijos varones de este clan llegaban a una edad en la que demostraban cuál era su inclinación, aquellos que tenían las condiciones necesarias eran llevados a los colegios sagrados para ser preparados para el sacerdocio, y quienes no tenían condiciones para esto eran enviados a los colegios militares para ser entrenados en el ejército. Las doncellas del clan sagrado eran custodiadas con el mayor de los celos, y dadas en matrimonio a sacerdotes o soldados, según su estirpe y temperamento. De este modo, la herencia del clan se mantenía pura, y se criaba a un grupo selecto para el desarrollo de esos raros poderes de la mente que eran tan valorados entre los antiguos y tan poco comprendidos entre nosotros:
los poderes que permitieron a griegos y egipcios descubrir las bases de la astronomía moderna, la teoría atómica de la química y la estructura celular de la materia orgánica, sin la ayuda de ninguno de los instrumentos por cuya invención la ciencia moderna ha tenido que esperar para poder desarrollarse.
Los habitantes de la Atlántida, dice la tradición, eran grandes navegantes, y llevaban a cabo su comercio desde el Mar Negro hasta el océano Pacífico; también eran grandes colonizadores, y dondequiera que establecían sus colonias llevaban sus sacerdotes y sus altares. Adoraban al Sol, así como al Señor y Dador de Vida, en templos circulares abiertos, que tenían pisos de mármol y basalto. Estos seres eran de una estatura gigantesca, y poseían el conocimiento que les permitía utilizar la fuerza latente para germinar semillas como fuerza motriz. Su arquitectura era de carácter ciclópeo: grandes bloques de piedra tallada que ningún hombre primitivo podría haber levantado.
Pero ¿qué tiene que ver nuestra Avalon con esta historia? ¿Existe alguna posibilidad de ue en las leyendas de Merlín y las tierras sumergidas de Lyon estemos aludiendo a la historia de la Atlántida? Los habitantes de esa isla, dice Platón, eran grandes marineros y colonizadores. ¿Hay alguna posibilidad de que Avalon, con su corriente oculta de leyendas paganas, fuera originalmente una colonia de la Atlántida? ¿Es posible que Merlín fuera uno de esos seres -un sacerdote iniciado-? ¿Y que al presidir el nacimiento de Arturo estuviera siguiendo la costumbre de ese pueblo, de criar a los reyes en la sabiduría? A fin de introducir la conciencia más elevada de la raza de la Atlántida en las tribus célticas de la isla colonizada, ¿pudo Merlín, desafiando las leyes estrictas del clan sagrado y persiguiendo sus propios fines, cruzar la raza de la Atlántida con la céltica, y así engendrar a Arturo? ¿Y fue Morgan le Fay, la medio hermana de Arturo, la hechicera sabia en todas las ciencias. con su nombre derivado de la palabra céltica que significa mar, una descendiente de pura sangre de la raza de la Atlántida, una hija de ese pueblo marinero, nacida en Inglaterra?
Las leyendas de Gales están llenas de historias de tierras sumergidas; y Lyon, que estaba más allá de la costa de Cornwall, es una tradición de los celtas de esta región. ¿Es posible que estas tierras sumergidas sean la Atlántida Perdida? ¿Acaso los celtas aprendieron de los audaces navegantes de esa antigua civilización que vinieron a comerciar y se establecieron entre ellos como colonos? En este sentido, es notable que la peculiar combinación de consonantes, TI, que ocurre en la palabra Atlántida, sea muy característica de las lenguas de los aborígenes de Centroamérica, y que un sonido similar exista en la LI inicial del lenguaje galés, que se pronuncia como un clic gutural.
También es notable que la difusión de las leyendas artúricas se corresponda con la distribución de las piedras erguidas del antiguo culto al Sol.
¿Acaso debemos los Caminos Verdes de Inglaterra, que siguen una sinuosa ruta sobre la creta, a esta antigua raza de navegantes que colonizaron la mitad sur de Gran Bretaña y establecieron sus factorías a lo largo de la costa oeste de Escocia? ¿Fueron ellos quienes elevaron las piedras ciclópeas, que se parecen tanto a las que se encuentran hoy erguidas en las selvas vírgenes de América Central?
La veta de psiquismo que corre por las venas de la raza céltica, ¿se debe a la sangre de la raza de Atlántida introducida por los audaces experimentos de Merlín, el iniciado atlántico que había decidido compartir su suerte con los pueblos isleños después de que su propia raza se hundió en el mar?
Podemos referirnos aquí a otra cosa curiosa y dejar que el discernimiento del lector juzgue su valor e importancia. Quienes han visto el famoso Peñasco de Glastonbury, sobre el cual se centran tantas leyendas, siempre se sienten perplejos al tratar de decidir si es algo natural o artificial. Su forma de pirámide que se levanta en medio de una gran llanura, parece casi demasiado perfecta para ser verdadera, demasiado apropiada para ser obra solamente de la Naturaleza. Visto desde cerca, se puede advertir claramente un sendero que serpentea en tres niveles alrededor del cono del Peñasco, y esto es indudablemente obra de seres humanos. ¿Quiénes eran los que rendían culto a los dioses en esas alturas y subían hasta ellos mediante una ruta procesional?
Es bien sabido que a los antiguos les encantaba construir sus ciudades coloniales según el mismo plan de la ciudad madre en la tierra de donde venían. ¿Es posible que nuestro extraño cerro piramidal, con su cima truncada y su flanco hacia tierra adentro, tan escarpado como pueda concebirse, pueda haber sido modificado, esculpido, por así decir, por manos humanas, y adquirido ese aspecto en recuerdo de la montaña sagrada de su tierra natal? Acá y allá, en la llanura hay cerros redondeados, aún llamados islas por los lugareños; cerros que no son de roca sino de piedra de arcilla, dejados allí por alguna contracorriente del Severn antes de que las arenas del légamo hubieran angostado su canal. No sería difícil acometer un montículo de arcilla de este tipo y, sin más herramientas que picos y cestas,modelarlo según una forma deseada.
La tradición afirma que el Peñasco fue realmente un lugar supremo del antiguo culto al Sol, y que alguna vez se erigió en su cima un círculo de piedras como un Stonehenge en miniatura. Estas piedras fueron derribadas cuando el culto al Hijo remplazó el culto al Sol, pero las fuerzas generadas en ese lugar, sagrado para los ritos de una raza antigua, eran tan fuertes, que hubo que erigir una iglesia dedicada a San Miguel a fin de mantener dominadas las oscuras influencias del culto pagano. Estas iglesias a San Miguel construidas en las cimas de los cerros, que por cierto no pueden haber sido erigidas para comodidad de los feligreses, son características de las regiones donde es sabido que floreció el antiguo culto al Sol. Las leyendas de Arturo, las piedras erguidas y las iglesias a San Miguel en la cima de las colinas parecen ir juntas.
San Miguel es siempre representado pisando una serpiente; es el arcángel poderoso del sur en los conjuros mágicos, y al sur se le asigna el elemento fuego. Aquí tenemos nuevamente un curioso eslabón. Los naturales de la Atlántida adoraban al Sol, y el fuego es el símbolo terrenal del Sol. Su punto cardinal sagrado es el Sur, así como el punto cardinal sagrado de la cristiandad es el Este. La serpiente es un símbolo de dos cosas: de la sabiduría y del mal. ¿Puede ser que la serpiente, en su aspecto dual, represente la antigua sabiduría de una raza más antigua, una sabiduría que cayó en la corrupción, y por lo tanto, mala para una fe regenerada, y sin embargo, a pesar de ello, que sea una fuente del conocimiento más profundo?
Miguel, el santo cristiano, es miembro de una jerarquía más antigua; es el poderoso regente del elemento fuego. ¿A quién sino a él deberíamos implorar para dominar a la serpiente del culto al fuego, que ha caído en la decadencia?
No han quedado piedras erguidas en el Peñasco; pero la tradición sostiene que fueron despedazadas y utilizadas en los cimientos de la Abadía; y, realmente, en esta se han encontrado piedras que no fueron cortadas de las rocas del lugar y que son de una dureza tal que vuelve inútiles las herramientas de los albañiles locales. ¿Acaso se trata de los fragmentos de los antiguos sarsens, las Piedras de los Forasteros, que utilizaron para sus templos la poderosa piedra, de una extrema dureza, que ocurre en la creta donde los silicatos se han mezclado con la arena, y que forman los "Carneros Grises" de muchas tierras altas de pastoreo?
Sea que la tradición diga la verdad o no, existe al pie del Peñasco una fuente prehistórica erigida con los mismos bloques ciclópeos que usaron los constructores de Stonehenge, los de Karnak, y los de los templos sepultados de Mayas y Toltecas. En la cámara de la fuente está el nicho para el sacrificio humano, el sacrificio de agua de un pueblo marino; y se afirma que fue el amor de los atlantes por el sacrificio humano y la magia negra más baja lo que produjo su caída y llevó a su tierra a la destrucción. Donde la Atlántida se hundió está el golfo más profundo de todos los mares, un abismo no medido aún hasta hoy; y sobre él flota el Mar de los Sargazos, una isla inmensa de algas, tan densa que las gaviotas se posan sobre su superficie y los buques cambian de rumbo para evitarla.
Todo esto no es historia sino especulación; no es investigación sino la creación de un mito moderno. Pero de pie, a solas, en la cima del Peñasco, cuando el Lago del Prodigio se cierra casi completamente sobre ella, uno no puede dejar de recordar el fin de la Atlántida Perdida.

Dion Fortune El Hallazgo del Cáliz


Hace algunos años, antes de la Guerra, hubo un suceso que fue alentado en los diarios,por extensas columnas y muchas cartas, respecto del hallazgo de un supuesto Cáliz en Glastonbury en circunstancias misteriosas. Se decía que una muchacha virgen, llevada por un sueño, había descubierto en un pozo sagrado una copa antigua que se creía que era el Grial. Este extraordinario incidente ya llevaba nueve días de debate en los medios, cuando llegó una carta escrita por un respetable caballero diciendo que la copa era de su propiedad, y que él mismo la había colocado donde había sido encontrada. Así que todo el asunto se desinfló, y los diarios que se ocupaban de exagerarlo cambiaron rápidamente de tema.
Los verdaderos acontecimientos de este incidente, en la medida en que pudieron ser comprobados -pues la gente es muy reservada con estas cosas-, son muy interesantes y curiosos. La historia comienza con la visita de cierto hombre a Génova durante sus vacaciones. Su padre era un experto en cristales, y el hijo tenía la costumbre de comprar objetos de este tipo para él, y de enviarlos a su casa desde el extranjero. Al visitar a un anticuario, este le mostró una especie de plato de diseño arcaico, y le dijo que había sido descubierto recientemente dentro de la mampostería de la capilla de un convento de monjas que había sido demolido. El hombre compró el plato a un precio muy razonable, y lo despachó a Inglaterra. A vuelta de correo una carta de su padre le decía: "Realmente no te imaginas lo que me has enviado".
La muerte del padre ocurrió, sin embargo, antes de que el: comprador de la misteriosa fuente volviera a Inglaterra, así que nunca supo lo que el viejo experto en cristales podría haberle dicho al respecto.
No obstante, poco después de su regreso empezó a sentirse perturbado por un sueño recurrente que lo instaba, e incluso le ordenaba, bajo amenazas, a que llevara esa antigua pieza de cristal a Glastonbury y la colocara en un cierto pozo que le sería indicado. Finalmente, tan profundo fue el efecto que este sueño le produjo que hizo lo que se le pedía. Tomó el tren a Glastonbury, colocó el plato debajo del nivel del agua en un viejo canal en el campo cerca de la estación donde, bajo un antiguo espino. viene a beber el ganado, y volvió a su casa con el corazón aliviado, sin contárselo a nadie, Pero el asunto no termina aquí. Poco después, otro hombre -que se dedicaba a la búsqueda de conocimiento místico- empezó a tener un sueño recurrente en que se le decía que llevara a una virgen pura a Avalon, y que en un lugar que le sería revelado ella iba a encontrar el Santo Grial. Obedeciendo esta indicación, persuadió a su prima a que lo acompañara y, como se lo habían señal do, fueron directamente al pozo de Santa Brígida, el pequeño manantial protegido por una construcción. de piedra cerca de la ermita de Beckary, el viejo montículo en medio del pantano. Allí buscaron la alberca, pero no laencontraron.
Desilusionados y desalentados, volvieron para pasar la noche en la posada, con la intención de regresar a la ciudad al día siguiente. Esa noche, la joven tuvo un sueño. Se levantó en la oscuridad, antes del amanecer y fue nuevamente hasta el pozo. Después de sacarse la ropa al abrigo de los espinos, se introdujo en la alberca y tanteó en el Iodo,buscando lo que había sido prometido. Casi al primer intento su pie dio con algo, y del barro extrajo un plato de aspecto extraño, de un vidrio tosco y de color azulado, con pequeñas cruces incrustadas en la materia. Este curioso plato fue mostrado luego a las autoridades en cristal antiguo, y estas afirmaron que era un cristal hecho en Siria al comienzo de la era cristiana, o una muestra de las reproducciones de este cristal sirio hecha en Venecia en el siglo XIV. En cualquier caso, se trataba de un objeto raro y precioso.
La mala suerte quiso que los medios se enteraran de este incidente, lo alteraran de modo que quedó "patas para arriba", y lo proclamaran a los cuatro vientos; la credulidad prematura y la mucha exageración fueron seguidas por un rechazo y un escepticismo igualmente prematuros.
Sin embargo, cuando reunimos las dos partes de este curioso episodio y lo ponemos al derecho, algo que los medios nunca lograron, nos preguntamos, ¿qué sentido tiene? Personas cuya buena fe está más allá de toda duda han sido testigos y garantes de estos hechos.En estos días, el misterioso Plato es venerado en un pequeño santuario hecho en su honor por quienes hoy son sus dueños.

Dion Fortune La Puerta de la Memoria


De todos los extraños sucesos relacionados con Glastonbury, tal vez los más curiosos sean los narrados en dos libros que marcaron una época en la investigación psíquica: "The Gate of Remembrance" y "The Hill of Vision". Mr. Bligh Bond, muy conocido como arquitecto y restaurador de iglesias antiguas, había sido nombrado curador de las ruinas de la Abadía al ser compradas por la Iglesia de Inglaterra en aquella famosa subasta. Mr. Bond se interesaba en la investigación psíquica, y un día estaba sentado con un psíquico amigo, practicando escritura automática, cuando la entidad comunicadora empezó a narrar las antiguas glorias de la Abadía de Glastonbury y, afirmando ser el espíritu de uno de los monjes conectados con esa institución, expresó sus opiniones utilizando el anglosajón, así como un latín macarrónico y una intrincada escritura.
Entre otras cosas, mencionó capillas laterales, especialmente una detrás del santuario, de la cual no se había conservado ningún registro en ningún documento conocido. Dio medidas exactas, como las que proporcionaría un arquitecto, y los experimentadores se sintieron tan intrigados que Mr. Bligh Bond, -quien gracias a su nombramiento tenía acceso a las ruinas de la Abadía- se puso a excavar en búsqueda de las capillas desconocidas descriptas por el monje que se había comunicado a través de la mano de su amigo.
Y efectivamente, las encontró, y eran exactamente como habían sido descriptas. No sólo encontró una capilla, sino varias más, ya que" noche tras noche el monje respondía a las preguntas, en su bárbara jerga.
Estos son los curiosos experimentos y sus resultados que están registrados en ese libro tan fascinante, "The Gate of Remembrance"; y en "The Hill of Vision" se hacen algunas profecías muy interesantes en relación con la Guerra, que desafortunadamente probaron ser ciertas.
La publicación de estos libros atrajo la atención de la gente hacia el pequeño pueblo de West-Country, que ya estaba volviéndose conocido por su festival de música y el trabajo de Eagerheart en su hostería del Pozo Sagrado. Todo esto, a uno le trae a la memoria el gran circo de tres pistas que funcionaban al mismo tiempo, y al pobre chico que se volvió bizco en su empeño por no perderse nada. Al respecto, también algunas de las Bab Ballads son oportunas, pero para mantener la paz me abstendré de mencionar cuáles.
Las comunicaciones de diferentes entidades continuaron, y sus revelaciones fueron confirmadas por las excavaciones. No sólo siguieron llegando a través del médium antes mencionado, sino también de otros médium s, entre ellos un hombre muy conocido en los círculos literarios de Estados Unidos, y esas revelaciones también fueron confirmadas por las excavaciones. Una vez tuve el privilegio de leer una parte de esa escritura automática, a la noche, caminar con Mr. Bond hasta la Abadía a la mañana siguiente, ver las clavijas puestas en el césped intacto entre las raíces de árboles antiguos, y el pico de los excavadores golpeando la tierra, todo en menos de veinte minutos. El lugar se encontraba exactamente donde estaba indicado. No se perturbó ni una pulgada de terreno sin necesidad, El foso, bien definido, señalaba la antigua capilla.
Los escépticos dicen que Mr. Bond tenía acceso a manuscritos desconocidos, pero nadie ha demostrado su existencia, y el trabajo de Mr. Bond en los cimientos de la Abadía es una de las cosas más probatorias en la investigación psíquica moderna. También se hicieron trabajos interesantes con la varilla, buscando metales preciosos; pues estaba escrito en los antiguos registros que cuando se vieron ante la amenaza de un ataque de los daneses, los monjes habían enterrado los tesoros y luego olvidado dónde los habían puesto. Dos rabdomantes, trabajando en forma independiente, y sin saber nada del trabajo del otro, encontraron los mismos metales en los mismos lugares y aproximadamente a la misma profundidad.
Tuve la interesante experiencia de observar cómo trabajaba uno de ellos. Era una señora culta, y para ella la adivinación de las corrientes de agua era un hobby. En vez de una varilla de avellano utilizaba un artefacto muy moderno, una vara tubular, hueca y en forma de Y, colocada en un manubrio de bicicleta para poderla mover más fácilmente, y equipada con un ciclómetro que contaba los giros que hacía. De este modo no podía hablarse de manipulación, pues la vara giraba en forma suelta en el manubrio, que estaba fijo. La razón de este artefacto se debía al hecho de que las manos de la adivinadora solían llenarse de llagas debido al rápido girar de las ásperas varas de avellano que había utilizado al principio cuando descubrió que tenía ese don. Cuando buscaba metales preciosos llevaba -en la mano un pedazo del metal que buscaba, plata u oro, según fuera el caso, y mientras pasaba sobre el lugar donde ese metal estaba oculto, la vara se movía en forma sensible.
Ella juzgaba a qué profundidad estaba el tesoro escondido, según la cantidad de revoluciones que hacía la vara, de ahí la razón del ciclómetro.
La que esto escribe intentó utilizar la vara, pero sin resultados, hasta que la rabdomante, caminando detrás de ella, la tomó de los codos, y entonces corrió por sus brazos una corriente de electricidad tan fuerte que era decididamente desagradable, y la vara empezó a tironear y sacudirse, aunque sin dar darse vuelta.
Todos estos sucesos, aunque eran muy interesantes para quienes no tenían responsabilidad alguna en ellos, alarmaron naturalmente a los tranquilos clérigos, y los síndicos de la Abadía empezaron a ver con malos ojos a Mr. Bligh Bond y sus actividades,y después de mucho rencor y celos de ambas partes, la relación de Mr. Bond con la Abadía llegó a su fin. Aún se sigue debatiendo si se debe considerar que Mr. Bond abusó de la confianza de los síndicos, y que estos habían criado a una víbora en su seno, o si los síndicos fueron patos que incubaron a un cisne.
Antes de pasar a otro tema, se puede mencionar, tal vez, otro asunto interesante, aunque no relacionado directamente con la Abadía. La hija de Mr. Bond, quien nunca había recibido entrenamiento alguno en dibujo, empezó repentinamente a hacer dibujos automáticos. No se trataba de los acostumbrados y confusos esfuerzos de los así llamados automatistas, sino notables estudios de desnudos, que recordaban en su detallada precisión los bocetos de Leonardo da Vinci. Los hacía con extraordinaria rapidez, sin ningún modelo o conocimiento, y sin volver a dibujar ni una sola línea. ¿Cómo pudo una joven muchacha llegar al conocimiento del dibujo de los músculos de la forma humana, que era un estudio tan intrincado? Los escépticos aquí tenían un nuevo problema para resolver.
Pero aunque las figuras que esta joven dibujaba era anatómicamente exactas, estaban lejos de ser humanas. En sus páginas volaban y se contorsionaban extrañas formas etéreas de espíritus de la naturaleza y de demonios con ojos misteriosos como zafiros estrellados.
Las paredes de la casa de campo que ocupaban Miss Bond y su padre en el camino de Shepton Mallet estaban cubiertas con estas extrañas figuras, una galería de cuadros de lo más maravillosa, hasta que el inquilino entrante, escandalizado, los exorcizó con una capa de pintura.
Esta joven fue visitada también por extrañas experiencias psíquicas a la sombra del Peñasco, y las ha contado en un libro notable, "Avernus", notable por los registros psíquicos y por su calidad literaria.
Cosas extrañas le han sucedido a más de una persona a la sombra del Peñasco.

Dion Fortune Glastonbury


No es fácil escribir sobre la Glastonbury de hoy, ya que una parte tan grande de la naturaleza humana ha sido empleada en su construcción. Hay un viejo refrán que dice que a los niños pequeños y a los tontos nunca se les debe mostrar algo hasta que esté terminado.
Es un refrán que viene del Oriente, pues está ilustrado por el cuento del tejedor de alfombras que se sentaba a la puerta de su negocio en el bullicioso mercado. Los transeúntes lo veían haciendo su trabajo y comentaban sobre sus progresos. Señalaban los hilos sucios y sin brillo del tejido y los innumerables nudos, junturas y cabos sueltos. Si el tejedor les hubiera hecho caso, habría abandonado su trabajo, hastiado y desesperado. Pero a pesar de todas las críticas hostiles y el ridículo de que era objeto, el viejo artesano seguía pacientemente agregando un nudo tras otro en el delicado tejido de la alfombra, cientos de nudos por pulgada cuadrada. Por fin, después de muchas lunas, el pesado telar, tan difícil de manejar, fue desenrollado entre crujidos, se ataron los extremos de la urdimbre, y la magnificencia de la alfombra fue expuesta ante la mirada llena de admiración de la muchedumbre. Fue tan grande la fama de esta alfombra, el trabajo de años, que el rey envió a su visir para comprarla con destino a la gran mezquita, donde su belleza exaltaría a Alá.
Aquellos que se habían burlado eran demasiado ignorantes para darse cuenta de que una alfombra se crea desde adentro hacia afuera. Sólo el sabio artista artesano lo sabía. Lo mismo sucede con el mundo que nos rodea. El espíritu de la raza palpita de vida. Los ángeles ascienden y descienden por la escala de Jacob, pero nadie los ve sino el artista, y este no es escuchado. Sólo se escucha en nuestro medio a los locos de remate; y estos nos cuentan que hubo algo delicioso ayer, que habrá algo delicioso mañana, pero nunca hay algo delicioso hoy.
La historia es la vida vista en perspectiva. Cuando la historia se está haciendo, como sucede en Glastonbury, es imposible comprender su verdadero valor. Uno puede pensar en ello sólo en lo que a uno lo afecta. Las carretas que traen las piedras para el templo reclaman el derecho de pasar por nuestra huerta; sus torpes ruedas chirrían y dejan caer pedazos de barro; los carreteros castigan a los caballos y estos patean a los carreteros; un grano de arena se nos mete en un ojo mientras el maestro artesano, trabajando con un gran impulso creativo, hace volar piedritas por el aire. Todas estas cosas son importantes, y mucho, para la gente que se halla en el lugar.
El mundo que rinde homenaje a la obra maestra no ve la paleta sucia ni el guarda polvo manchado que fueron parte de la obra.
La moderna historia de Glastonbury tiene muchos relatos que a su debido tiempo se contarán, pero debemos esperar la perspectiva que se obtiene desde los miradores de la historia antes de que esto pueda hacerse adecuadamente. No es fácil para nosotros dar hoy un paso hacia atrás y ver las cosas que se han logrado como las verá la historia, sin preocuparnos por quiénes han sido heridos en sus sentimientos, quiénes han visto sus ideales violentados, y quiénes han sido respetados en sus derechos; sino más bien ver los dones que han sido llevados al altar de la civilización por los artistas-artesanos de Glastonbury, sea que hayan trabajado con palabras, sonidos, colores o con piedra; porque la historia no se ocupa de sus fracasos sino sólo de sus logros.
El artista siempre ha vivido con la cabeza entre las nubes de sus visiones doradas, y con los pies más hundidos en el fango de la arci1la común, que sus vecinos. La habilidad de sus manos al crear belleza parece estar siempre a la par de la torpeza de aquellas al manejar maderos y piedras. Los vecinos del artista, que son muy competentes para evaluar la ineptitud de este en la esfera mundana, no poseen la misma competencia para evaluar sus logros en las cosas del Reino, de modo que no se establece equilibrio alguno.
El artista es tacaño en lo pequeño, y derrochador en lo grande. Su reloj nunca funciona bien, sus cuentas nunca se equilibran. Es el inocente de Dios, que se sienta en el piso del mundo y oye: 

El consejo más viejo de las cosas que son
La comidilla de los Tres en Uno.

Glastonbury siempre ha sido el hogar de hombres y mujeres que han tenido visiones.
Aquí el velo es muy delgado, y lo Invisible llega muy cerca de la tierra. Las piedras del viejo pueblo irradian inspiración cuando una pared calentada por el sol se siente al tacto como si fuese una cosa viva en la oscuridad. Muchas personas de opiniones diferentes han oído las voces de Avalon; porque existen dos Avalon, la cristiana y la pagana: la Avalon de San José y Santa Brígida y toda la espléndida historia de la cristiandad, y la otra, la Avalon más antigua, del Mago Merlín y la Dama del Lago; y entre las dos, perteneciente a ambas,se entrelaza la figura de Arturo, con Excalibur en la mano derecha y el Grial en la izquierda.
Algunos de aquellos que hacen una peregrinación a Glastonbury vienen a rendir homenaje al polvo de los santos en la nave verde y serena de la Abadía; otros vienen a abrir sus almas a las vehementes fuerzas que se elevan como llamas oscuras en el Peñasco.
¿Quién decidirá, como juez, por una o por otra?

Glastonbury Hoy II

Los primeros movimientos del nuevo despertar de la vida en Avalon llegaron cuando la fortuna familiar de los Jardines lanzó las ruinas de la Abadía al mercado. Muchas veces antes las ruinas de la Abadía y la casa construida con sus piedras habían cambiado de manos, rara vez pasando de padre a hijo. Los dedos destructivos de la hiedra se aferraban a las grandes piedras de los arcos, y las flores crecían en los escombros traicioneros de las paredes, socavando y destrozando aquello que embellecían, y la Abadía de Glastonbury cayó, piedra tras piedra, sin respeto ni cuidado.
Mientras tanto, estaban quienes sabían lo que significaba Glastonbury, y ellos observaron y aguardaron, esperando su oportunidad. Compraron la vieja posada al pie del Peñasco como un lugar temporario, hasta que sus planes estuvieran maduros. Era una hostería destartalada que había conocido días mejores, hasta que las diligencias dejaron de venir y de precipitarse cerro abajo desde Shepton Mallet con destino a la ciudad catedralicia de Wells. Pero junto con la vieja posada se fue también algo que era muy valorado por sus compradores. Un pedazo de jardín, largo y estrecho, subía por un empinado valle hasta una huerta descuidada, de retorcidos manzanos, y donde el jardín se encontraba con la huerta había un antiguo manantial. Desde este manantial un torrente de agua rojiza, del color del óxido, se precipitaba a los saltos hacia el empinado jardín. Hace cien años, a uno de los muchos videntes de Glastonbury le fue revelado en un sueño que las aguas de este manantial tenían propiedades curativas, y fue allí y se bañó en esas aguas como le fue ordenado, y se curó de su enfermedad. Entonces edificó una casa de baños de piedra gris de Mendip, incluyendo dos enormes estanques de piedra, de aspecto siniestro, con peldaños que se hundían en la oscuridad, y anunció al mundo que se había descubierto un manantial milagroso.
El mundo, que siempre está listo para creer lo que le agrada, se acercó hasta allí en diligencia o a pie, incluso desde la lejana Londres. Y sin duda, después de bañarse en esa agua helada y en esos ominosos tanques, los peregrinos dejaron de pensar en sus dolores imaginarios, al tener algo tangible por lo cual preocuparse. Sin embargo, después que los primeros entusiasmos se disiparon, se vio que los resultados no justificaban las expectativas, y que el agua era muy fría, de modo que el proyecto de spa se fue diluyendo gradualmente.
Sin embargo, sus nuevos dueños conocían la historia de San José y el Cáliz de la Ultima Cena. A un lado de la vieja hostería se alzaba un edificio alto revestido de piedra gris, con un techo de tejas rojas que hacía recordar a Italia, en donde, se dice, se inspiró su arquitecto eclesiástico, y, ¡milagro, los monjes estaban de vuelta en Glastonbury! La muralla con aspecto de barranco del Pozo del Cáliz es un verdadero hito, un punto que sobresale en millas a la redonda. Tiene la belleza propia, con sus hermosas proporciones y los viejos edificios, de escasa altura, que una vez fueron una posada, amontonados en su base.
Una vez más hubo observadores al lado del Peñasco, en el mismísimo lugar donde la tradición afirma que ciertos anacoretas habían construido sus chozas de junco y rezado al lado del Pozo del Cáliz. En verdad, la vieja hostería había sido llamada "El Ancla", un nombre extraño para una hostería de campo; y los anticuarios aún discuten si ese nombre es una reminiscencia de los santos que una vez vivieron allí, o del día en que la marea llegó hasta Glastonbury y los barcos de pesca y del litoral marítimo amarraron en los muelles del Brue.
Estos nuevos anacoretas aguardaron pacientemente al lado del Pozo, entrenando a los muchachos para lejanas tareas misioneras y esperando el día en que las ruinas de la Abadía y la casa que se construyó con estas cambiaran de dueño una vez más, pues sabían bien que esto sucedería, porque siempre hay una maldición sobre la propiedad saqueda de la Iglesia, y nunca se hereda en una línea directa de descendencia.
A su debido tiempo, llegó el día que habían esperado con tanta paciencia, y las piedras de la Abadía fueron puestas en pública subasta. La Iglesia de Roma ofreció comprarlas, con la idea de hacer de nuestra Glastonbury inglesa otro centro sagrado y lugar de peregrinación. Pero allí había un forastero, un hombre del norte, que nadie conocía, y este hombre, que parecía poseer mucho dinero, continuó ofertando y los demás compradores abandonaron la apuesta, salvo los monjes. Finalmente, después de todos sus años de paciente espera, ellos también dejaron el lugar al hombre de los fondos inagotables, y la Abadía fue vendida al forastero. Entonces se reveló la identidad del comprador. ¡La Abadía había sido comprada para la Iglesia de Inglaterra! Y ahora, ironía de ironías, está al cuidado del Obispo de Bath y Wells. Lo que los viejos monjes tanto temían les ha caído encima, y su inveterado enemigo ha obtenido al fin el control de sus antiguas libertades.
Si la Iglesia de Roma hubiera tenido éxito en su propósito, ¿habríamos visto otra Abadía de Buckfast levantada por manos reverentes para venerar las ruinas grises, del mismo modo que veneraron la pequeña iglesia de juncos? ¿Qué es más hermoso? ¿La piedra labrada y los vidrios pintados, o los prados verdes y los árboles?
¿Quién puede decirlo?

Glastonbury Hoy III

La venta de la Abadía no fue la única subasta en Glastonbury en la que los valores espirituales fueron puestos en el mercado. Desilusionados por el fracaso de sus planes, los monjes en el Pozo ya no desearon mantener su posición en Glastonbury, y el monasterio también fue puesto en venta. A esta subasta vinieron tres postores de importancia -uno era un fabricante de tejidos de lana, que deseaba el manantial sagrado, por su fuerza hidráulica; otra era una norteamericana pudiente; y la tercera era Miss Alice Buckton, famosa por su Eagerheart. Pero aunque vinieron tres postores a la subasta, llegaron sólo dos, ya que el tren que traía a la rica norteamericana se descompuso en medio del pantano. Avalon no deseaba a esta persona.
De modo que la lucha se dio entre el fabricante de ropas de lana y la autora de Eagerheart. El Pozo Sagrado tenía un cierto valor como fuente de fuerza hidráulica, y nada más; pues si su precio se situaba por encima del equivalente en caballos de fuerza se volvía una inversión inútil.
Pero como fuente de fuerza espiritual el Pozo era la perla de gran precio, y Miss Buckton vendió todo lo que tenía y ofreció más que el comerciante, en tanto que la norteamericana varada en los pantanos enviaba airados telegramas exigiendo la postergación de la subasta, o, alternativamente, ofreciendo doblar el precio del mejor postor.
Pero el martillero no estaba dispuesto a aceptar esto, y así el prodigioso pozo sagrado de San José y Merlín del Grial se convirtió en posesión de Miss Buckton, quien se constituyó en su custodia, manteniéndolo en fideicomiso para todos aquellos que hicieran la peregrinación a Glastonbury.
Se mandó hacer una hermosa tapa de roble de Somerset adornada con un delicado trabajo en hierro para prevenir la contaminación del Pozo, y Miss Buckton, poniéndose una capa de lienzo azul de Welsh con hebillas de plata, explicaba a los visitantes la historia del Pozo y su simbolismo.
De vez en cuando, la prodigiosa cámara del Pozo es vaciada para que la masa membranosa de hongos de color rojo óxido pueda ser extraída, y entonces se puede bajar por una escalera hacia las misteriosas profundidades y estar donde deben haber estado los vívidos sacrificios de los druidas.
Cuando se han eliminado los hongos, la claridad cristalina del agua se vuelve evidente, y a unos cuatro metros y medio de profundidad se puede ver el lecho de granos finos de piedra caliza de donde surge el agua, helada, desde las profundidades. Entonces se revela la solidez de la mampostería, que consiste en ciclópeos bloques de piedra como los que usaron los constructores de Stonehenge y Karnak, pero colocadas y ensambladas con la exactitud de los constructores de la Gran Pirámide, y fijados mediante un cemento duro y excelente, cuyo secreto se perdió con los romanos. Tres lados de la hilada superior de mampostería consisten en un solo bloque, una de esas piedras enormes que el hombre prehistórico era capaz de mover sin ayuda de maquinaria.
¿Quiénes fueron los constructores del Pozo? Nadie lo sabe. Probablemente pertenecían a la misma raza que manipuló las poderosas moles de Stonehenge y Avebury. Es verdad que las leyendas cristianas giran alrededor del Pozo. Pero este es mucho más antiguo que Cristo. Su origen se remonta a algún antiguo culto a la naturaleza, perdido para los hombres hace mucho tiempo.
El monasterio en sí se convirtió en una casa de huéspedes de excepcional interés. Sus actividades se centraban en la persona de su custodio, Miss Buckton, que se esforzó por expresar sus ideales a través de las muchas actividades que se realizaban allí. De estas, la más importante artísticamente fue la producción anual de Eagerheart, la exquisita y breve obra de teatro policial que hizo famosa a Miss Buckton, y que es su obra maestra. Como rara vez tomaban parte en ella actores profesionales, la producción era naturalmente despareja, pero la falta del "toque” profesional quedaba más que compensada por la veneración y la sinceridad de los actores, lo que hizo del pequeño pueblo de West Country una Ober-Ammergau inglesa. Miss Buckton tenía el don maravilloso de utilizar lo que encontraba a mano y hacer surgir sus posibilidades artísticas latentes, y sus decorados y puesta en escena, de factura casera, eran de una belleza excepcional. Considerado en su totalidad, Eagerheart, en la producc:ión de Glastonbury, ocupó un lugar único en el teatro inglés moderno.
Muchas personas interesantes venían al Pozo del Cáliz, y se sentían inspiradas para dar lo mejor de sí para la diversión de todos los allí reunidos, pues las puertas estaban abiertas de par en par para todos los que llegaban. Buena música, ballet clásico, obras de teatro, lecturas en voz alta, conferencias y muchas otras actividades, hicieron del Pozo del Cáliz un gran centro de interés, no sólo para sus visitantes sino también para las gentes del pueblo, que tenían con Miss Buckton, su custodio, una gran deuda de gratitud por la generosidad con la que mantenía la casa abierta para todo Somerset.
Miss Buckton también había reunido a su alrededor a un pequeño grupo de artesanos que utilizaban el más primitivo de los métodos tradicionales, tiñendo la lana virgen con pigmentos naturales recogidos de los setos de Somerset y del liquen raspado de los árboles de los viejos huertos, e hilada con el huso prehistórico en vez de la rueda medieval. Naturalmente, el valor artístico de esos productos no es igual al de las escuelas de artesanías más sofisticadas, pero no hay duda alguna de su valor humano. Era fascinante ver hervir la olla de tinturas sobre un fuego de leña en el huerto, y una madeja tras otra de lana, de alegres colores, colgando de los árboles nudosos para su secado, mientras se oía el continuo ruido sordo de los telares proveniente del granero cercano. Cosas así enriquecen el espíritu humano, aun cuando nunca dejen de vaciar nuestro bolsillo.
Alguna cerámica exótica se hizo con arcilla de la misma huerta; se usó la primitiva rueda a pedal, y dio resultados sorprendentemente buenos en manos hábiles. Todo el espíritu del diseño y decoración era primitivo y tenía un significado propio, no sólo por su encanto natural, sin afectación, sino por su psicología, pues aquí los impulsos fundamentales del espíritu humano hacia la belleza se expresaban a su manera, sin influencia alguna de las convenciones, y el resultado era de un gran interés.
Pero aparte del valor que objetivamente tienen estas cosas hay otro de carácter subjetivo, que no puede ser calculado en oro o plata. Enriquecen el alma y traen nuevos valores a la vida humana. Miss Buckton tenía la visión que ve todo esto, y mucho se debe perdonar, por lo tanto, por las imperfecciones en su ejecución, porque es mejor que los seres humanos exploren a los tropezones cómo autoexpresarse haciendo cosas bellas, que el que los expertos lo hagan por ellos y les presenten una perfección de logro artístico que ellos no pueden comprender ni apreciar. Un trabajo de tanta habilidad enriquece al mundo de las cosas inanimadas porque así nacen nuevos objetos de belleza, pero el mundo de la conciencia humana se enriquece cuando el alma comprende nuevas ideas. La belleza debe ser trabajada desde adentro hacia afuera, no desde afuera hacia adentro. El mundo material se enriquece mediante la perfección de la técnica artística, pero el mundo espiritual se enriquece por la lucha confusa y oscura que ocurrió con la rueda a pedal de Miss Buckton y el derramamiento de su olla de tinturas.
"La capacidad de un hombre debe superar su comprensión y su control, si no, ¿para qué está el cielo?". Durante el apogeo del Pozo del Cáliz, el sueño del cielo se acercó un poco más a la tierra. "Una vez más, una piedra gira a su lugar en ese templo terrible de Tu mérito". Es mediante piedras como esas, sumadas una a una, que se construye la Nueva Jerusalén.

Glastonbury Hoy IV

Con la venta de la Abadía, Glastonbury pareció despertar de un largo sueño, y así empezó ese ligero movimiento de vida espiritual que obra como un fermento, con vigor cada vez mayor a medida que pasan los años. La profecía es un oficio peligroso pero podemos aventurar que la historia considerará a nuestra Jerusalén inglesa como la cuna de muchas cosas que han contribuido a enriquecer la herencia espiritual de nuestra raza.
Del mismo modo que los monjes modernos se sintieron atraídos al pequeño pueblo ubicado en los campos verdes de Westland por la leyenda de San José y el Cáliz, y que Miss Buckson sintió la fascinación de la leyenda del Grial, de igual manera otras dos personas fueron atraídas por Excalibur. Rutland Boughton, uno de los más grandes de nuestros compositores modernos, y Reginald Buckley -que, de no ser por su muerte prematura, se habría ganado un lugar entre los poetas modernos- colaboraron en la fundación de una escuela de drama musical, en el pequeño pueblo de West Country, con el propósito de hacer de este un Bayreuth en Inglaterra, así como Miss Buckton y su Eagerheart hicieron de él un Ober-Ammergau inglés.
Fue aquí donde la mejor de las óperas inglesas vio la luz por primera vez: la mística "Immortal Hour". En ella, Rutland Boughton expresa musicalmente la exquisita y profundamente esotérica leyenda céltica del hada y su amante mortal, como fue narrada por Fiona Macleod. A esto le siguió el ciclo de dramas artúricos, con libretos escritos por Reginald Buckley; y por último apareció la lúgubre tragedia "The Queen of Cornwall", adaptada del gran poema de Hardy.
Todo esto fue presentado en el Salón de Actos, de la Asamblea de Glastonbury como una obra de amor, con trabajadores voluntarios en los talleres de decorados, artesanos locales que construían Excalibur, y papel pintado que imitaba los vitrales en las desoladas ventanas del pequeño salón.
Aquí se veía la historia artística en marcha. Muchos cantantes que desde entonces se volvieron muy conocidos hicieron su debut en este escenario humilde y un poco destartalado. A este lugar, donde dos veces al año tenían lugar los festivales, venían los amantes de la música desde todas partes del mundo, y durante un breve período las calles del pueblito se llenaban de artistas, de mujeres con el cabello corto y hombres con el cabello largo, todos muy vistosos y alegres en cuanto a sus ropas, y el sonido de los espléndidos coros se oía a través de las ventanas de todo tipo de lugares ocasionales que se usaban como lugar en ensayo.
Tuve el privilegio único de ver una representación de "Immortal Hour" que, planeada para adecuarse a los horarios de los ómnibus y trenes locales, empezó cerca de la caída del sol. La primera escena comenzó con la luz del día llenando el salón a través de las ventanas sin cortinas del Salón de Actos. Pero a medida que la ópera continuaba fue desvaneciéndose la luz, hasta que sólo se podían ver unas figuras fantasmales moviéndose en el escenario, y el clamor de las carcajadas de los lóbregos horrores en el bosque mágico resonaba en la total oscuridad, iluminada sólo por las estrellas que brillaban con un extraño fulgor a través de las claraboyas del salón. Fue algo que jamás podré olvidar.
Pero, lamentablemente, la escuela de arte dramático que empezó con el delicado misticismo de "Immortal Hour" y llegó a su punto de exaltación con el noble idealismo del ciclo artúrico, terminó con el sombrío realismo de "The Queen of Cornwall". Todavía no ha llegado el momento de contar esta historia trágica. Glastonbury y la música inglesa perdieron algo muy grande, y por ello todos hemos perdido. Sería demasiado simple intercambiar reproches, y más difícil aún impartir justicia. Gracias al cielo, esa no es nuestra tarea. Todo lo que podemos hacer es lamentarnos por la belleza inmortal perdida y por un sueño que nació muerto.
La obra de Rutland Boughton condujo a la de Laurence Housman, que ha hecho su hogar en el pueblo cercano de Street, ha producido en el Salón de Actos de la Asamblea de Glastonbury su exquisito "Little Plays of St. Francis". Intimo y refrescante, con su sencillez franciscana, el ambiente primitivo del escenario de Glastonbury les venía a la perfección, y el espíritu de Ober-Ammergau de nuestro pequeño pueblo de Westland se hizo sentir de nuevo. El Hermano Juniper llevaba en carretilla las piedras de Mendip prestadas por la empresa de construcción del pueblo, y todo el mundo estaba ansioso por los postes del destartalado escenario que hacían un eco atronador a cada uno de sus movimientos. Sin duda, hay pocos pueblos provincianos que hayan tenido el privilegio de ser la cuna de tantas cosas que tienen un valor permanente en la historia artística de nuestra raza.
Llenaría muchas páginas escribir sobre los muchos artesanos-artistas de esta región. Sin embargo, no podemos dejar de mencionar a algunos de ellos, no sólo porque su obra tiene un valor en el desarrollo de la artesanía inglesa, sino por la alegría del amante de las cosas y los ideales hermosos al ver las cosas que ama, como las bestias recién creadas de que habla Milton, que surgen de su tierra de origen y están ansiosas por ser libres. La tela a medio hilar en el telar, la olla de cerámica, aún caliente, recién salida del horno, son cosas que poseen una lozanía que se pierde cuando se convierten en mercancías en un negocio.
En los elevados cerros de los Poldens -donde el camino a Bridgwater sube para evitar los pantanos traicioneros de los llanos- hay un cierto lugar que suena hueco a las pisadas, porque debajo de él hay sótanos en los que un notable salteador de caminos escondía su botín. Muy cerca de este sitio está la vieja casa de campo donde él vivía. Fuera de la casa aún hoy cuelgan vellones sin elaborar, en una picota, a manera de letrero del tejedor manual cuyo telar puede oírse con su típico ruido dentro de la casa. Aquí se producen esos magníficos hilados a mano que son el placer y la alegría de los cazadores de West-Country.
En Watchett, sobre la costa del mar, se elabora una cerámica de un color gris fascinante, regordetas teteras con picos de tal solidez que sólo un martillo podría desportillarlos, lo que es una gran virtud en estos días opresivos; platos que podrían usarse -sin que corran peligro de romperse- como argumentos en las peleas familiares más virulentas, y copas y tazones decorados con suaves tonos color tierra como la cerámica hecha por los habitantes del lago, y que se encuentra en los pantanos. Una cerámica así no es para la exigente y delicada mesa de caoba con copas de cristal tallado y mantelería fina, pero sobre la mesa de roble viejo y las alegres telas hiladas a mano es lo más fascinante que se pueda imaginar.
A muchas personas les encanta pasar sus vacaciones de verano yendo de un artesano a otro en el campo inglés y comprando ejemplos de su arte. Desdeñan los negocios, y no compran nada salvo lo que sale del taller directamente a sus manos, lleno del espíritu del artesano. Es un hobby delicioso, coleccionar artesanías adquiriéndolas directamente a los artesanos, con la idea de seleccionar cosas que las generaciones futuras podrán valorar.
Napoleón, cuando enfrentaba las burlas de los demás por su falta de un árbol genealógico, declaraba que él mismo sería un antepasado; del mismo modo, quienes cultivan este amable hobby pueden afirmar que sus descubrimientos, con el tiempo, se convertirán en antigüedades. ¡Cuánto mejor es estimular al artesano mientras está vivo que al martillero del futuro!
¡Y qué gentes tan agradables son quienes hacen su sueño realidad mediante el trabajo de sus manos! Hay una cualidad espiritual en las cosas hechas a mano que está ausente en el producto industrial, por más bueno que sea su diseño, pues el hombre que crea con sus manos lo que él mismo ha planeado, impregnando a ese objeto con sus sueños y los muchos sacrificios que hace por su arte, dándole lo mejor que tiene, no puede menos que amarlo cuando lo termina; las manos humanas calientan y amoldan ese objeto amado, infunden alma en él, y este se llena de una vida propia. Ese objeto tiene una marcada personalidad, y las personas sensibles y compasivas tienen conciencia de ello. Los antiguos hacían amuletos, con ceremonias, y destruían cuidadosamente los instrumentos del crimen porque conocían esta curiosa propiedad de los objetos inanimados que han establecido un contacto íntimo con el alma humana. En medio del apuro de la vida moderna -pues raramente tocamos algo hecho a mano- nos hemos olvidado de este secreto, como de muchos otros que conocían los antiguos. No obstante, en esto reside la fascinación que ejerce en nosotros una artesanía; pues las cosas que hace el artista-artesano están vivas, son amistosas, nos acompañan y nosotros las amamos, sin saber por qué. Tal vez algo del alma del artista se haya empleado en su creación; no son materia inanimada sino gnomos, hadas y duendes que, como los juguetes en el cuento de Hans Andersen, hablan entre ellos cuando ningún humano los oye.
En Wells se hacen excelentes iluminaciones, así como grabados en boj; y en Clevedon hay hermosos hilados de seda y lana y lino teñidos con tinturas vegetales. 
Glastonbury, entre sus viejos robles, tiene fabricantes de muebles art esanales, hechos a mano, entre ellos esas curiosas sillas que parecen tan duras y son tan cómodas, construidas según el modelo de una silla que vino de la Abadía: son macizas, no tienen ni un solo clavo en ellas, se desarman y embalan extendidas y se vuelven a armar de nuevo con espigas y cuñas.
Glastonbury es realmente rica en las cosas del espíritu humano, en sus sueños e ideales. Ha inspirado a los creadores de muchas cosas hermosas e inspirará a muchos más, pues su mensaje a la humanidad no ha terminado aún de darse. Mucho más aún verá la luz en la amada Isla de Avalon, entre nuestros campos de Westland.

Dion Fortune El Peñasco


En la parte norte de Somerset, donde linda con Gloucester, hay una llanura triangular,limitada en dos de sus lados por los Mendips y los Poldens, y por el mar en el otro. En el medio de esta planicie se eleva un extraño cerro piramidal coronado por una torre. Tan extraño es este cerro, tan simétrico en su forma, elevándose tan abruptamente en la extensa llanura, que nadie que lo mire por primera vez deja de sentir el impulso de preguntar qué es, pues tiene esa cosa sutil que, aunque parezca extraña aplicada a un cerro, no podemos menos que llamar personalidad.
Visto desde la distancia, el Peñasco es una pirámide perfecta; pero a medida que nos acercamos, un cerro central se separa de las estribaciones apretujadas, y vemos que tiene la forma de un león acostado, con una torre en su cima, y que alrededor de la parte central, en tres grandes espirales, se extiende un sendero ancho e inclinado, conocido como el Sendero del Peregrino.
De todo el cerro parece emanar un influjo extraño y potente, sea que lo veamos desde lejos, desde la cima del Mendip, o lo vislumbremos inesperadamente desde la ventana del dormitorio cuando corremos la cortina en la oscuridad. Ya sea que la luna llena esté desplazándose serenamente en el cielo nocturno detrás de la torre, o que una masa oscura empañe las estrellas, o que el sol esté ardiendo en un cielo añil, o que jirones de nubes se muevan rápidamente empujadas por una tormenta, el Peñasco tiene dominio sobre Glastonbury. El mercado pequeño y atareado que se encuentra a sus pies se ocupa. de la vida de los hombres, pero, sobre el Peñasco:

Los Antiguos Dioses custodian su suelo,
y en su secreto corazón,
Wilfred encontró el reino pagano,
Sueña, mientras vive separado.

En el centro de "la tierra más sagrada de Inglaterra" se alza el cerro más pagano de todos. Pues el Peñasco mantiene su libertad espiritual. Jamás se ha lamentado: "Has triunfado, oh Galileo".
La tradición afirma que su cima estuvo una vez coronada por un círculo de piedra como Stonehenge, que fue un Templo del Sol a cielo abierto, y que el camino inclinado que da tres vueltas en espiral alrededor del cono era el camino procesional por el cual los sacerdotes del sol ascendían a los elevados lugares de su culto.
Cuando el paganismo, moribundo, entregó la antorcha a la nueva fe, el círculo del sol fue derribado, se rompieron en pedazos sus grandes piedras, y se las utilizó en los cimientos de la Abadía, de modo que la nueva iglesia se alzó sobre raíces paganas. El pozo de agua al pie del Peñasco, el oscuro Pozo de Sangre del antiguo sacrificio, se convirtió en el escondite del Cáliz sagrado; la misericordiosa leyenda cristiana abrazó las piedras sombrías de la antigua fe, la invocación de la naturaleza elemental fue olvidada, y comenzó la hermosa historia del Grial.
Se dice que alrededor del sagrado Pozo de Sangre, algunos ermitaños hicieron sus celdas. Pero estos santos estaban tan perturbados por los ángeles y los poderes que el antiguo ritual había convocado en el Peñasco que, en defensa propia, construyeron una iglesia en la cima y la dedicaron a San Miguel, el poderoso arcángel cuya función es dominar los poderes del submundo.
Pero ni siquiera San Miguel pudo contra los Poderes de las Tinieblas, concentrados por el ritual, y el terremoto del año 1000 derribó el edificio de la iglesia, dejando sólo la torre en pie. Así fue como el símbolo cristiano de una iglesia cruciforme se convirtió en el símbolo pagano de una torre erguida, y los Viejos Dioses se mantuvieron firmes. Sobre la puerta por la que se entra a la torre hay dos curiosos símbolos tallados que han sobrevivido a la potencia de tormentas y ardores fanáticos, aunque las estatuas de los santos han caído de sus nichos.
A un costado del umbral hay un bajorrelieve en que el alma está siendo pesada en la balanza, y al otro costado se encuentra la imagen de una vaca. ¿Qué hacen estos símbolos en una torre cristiana? ¿Quién, que haya estudiado el Libro de los Muertos de los egipcios, no conoce el símbolo del alma en la Sala de Juicios de Osiris, que es pesada en un platillo de la balanza mientras en el otro, como contrapeso, está la pluma de la Verdad, y el sombrío Chacal de los Dioses espera para devorar al alma si se encuentra que no es digna?
¿Y quién no ha visto allí a la diosa-vaca Hathor con la luna entre sus cuernos? ¿Qué hacen estas dos figuras grabadas en la torre del Peñasco de Glastonbury?
El Peñasco es realmente el Cerro de la Visión para cualquier persona cuyos ojos posean una mínima inclinación a abrirse a otro mundo. De él se cuentan innumerables historias.
Hay algunas personas que, al visitar Glastonbury por primera vez, se asombran al ver ante ellos un Cerro que ya han conocido en sueños mientras dormían. Más de una ha contado esta experiencia. Muchas veces dicen que la torre se ve rodeada de luz; un cálido resplandor, como de un horno, se eleva del suelo en las cerriles noches de invierno, y se oye el sonido de cánticos desde las profundidades del cerro. Las imponentes formas de las luces y las sombras se mueven entre los antiguos espinos que cubren las laderas bajas, y algo que los ojos no pueden ver impulsa al ganado que pastorea desde las alturas hacia abajo; y los animales no se precipitan en pánico, sino que van en silencio y ordenadamente, obedeciendo a un pastor invisible que los aleja del lugar a fin de que el Templo del Sol, en las alturas, que no está hecho por el hombre, eterno en el cielo, pueda estar listo para quienes vienen a rendir culto aquí. En más de una ocasión, quienes vivimos en la ladera del Peñasco hemos sido convocados para dar consuelo a aquellos que realmente han visto aquello que venían a buscar.
Aunque es maravilloso el panorama que se ve desde el Peñasco, cuando la mitad de Somerset yace extendida a nuestros pies con las lejanas colinas de Devon al sur, al otro lado de Bridgwater Bay -y, cuando el aire se limpia después de la lluvia, también las colinas de Wales hacia el Oeste- mucho más maravilloso aún es el paisaje nocturno para aquellos que se atreven a trepar en la oscuridad. Lo más prodigioso de todo es, quizás,escalar el Peñasco en el ocaso y ver cómo el sol se hunde en el horizonte, sobre el lejano océano Atlántico. Desde el Peñasco vemos dos ocasos: el sol en toda su gloria en el Oeste,y su reflejo en las nubes en el cielo del Este. Ver la luna elevarse a través del resplandor rosado de las nubes bajas sobre los pantanos que se van oscureciendo es algo que jamás se podrá olvidar.
Cuando las luces empiezan a encenderse en el pueblo al pie del cerro, se ve que forman una estrella de cinco puntas, pues hay cinco caminos que salen desde Avalon -hacia Wells, Meare, Street, Butleigh, y Shepton Mallet- y las casas que están a lo largo de estos caminos -como es necesario que estén las casas de los hombres-, amontonadas confusamente donde abandonan el pueblo, y raleándose a medida que los caminos se internan en los pantanos, forman una perfecta estrella de luz alrededor del Peñasco con su torre.
Hay un momento especial, mejor que ningún otro, en que es bueno subir al Peñasco al anochecer, y ese momento es la noche de luna llena del equinoccio de otoño, cerca de la Misa de San Miguel. En esa época las noches se ponen frías, pero los días aún son cálidos, con el resplandor crepuscular del verano, y el frío de la oscuridad, congelando el cálido aliento de las praderas, hace que una niebla espesa pero baja se forme sobre la llanura. A través de ella el ganado avanza con dificultad, como si lo hiciera en el agua, y los árboles proyectan sombras -negro sobre plata- bajo la luz de la luna. Cuando la noche se acerca, la bruma se hace más profunda. Llena todos los huecos, igual que en la marea alta en un estuario. Lentamente, los árboles y los graneros van desapareciendo. Sólo algunas lomas, como Beckary de St. Bride, permanecen como islas en la niebla. Las luces en los caminos lejanos se encienden y apagan a semejanza de luciérnagas en la blanca tristeza. Poco a poco, ellas también se desvanecen cuando la niebla se espesa, y AvaIon vuelve a ser una isla otra vez.
La gente del lugar llama a esta niebla baja que se tiende sobre la llanura, el Lago del Prodigio. A través de ella, lentamente, llega la barcaza negra conducida por el hombre mudo, llevando a las reinas llorosas que traen a Arturo, herido de muerte en Lyonesse, para que él pueda curarlo de su grave herida en nuestros verdes valles entre los manzanos. Es en el Lago del Prodigio que Sir Bedivere arroja a Excalibur, la espada mágica, grabada con extrañas runas en una lengua desconocida. Y es allí donde el blanco brazo de la Dama del Lago, elevándose entre el torrente de agua, toma la espada y se la lleva a las profundidades. Hasta el día de hoy sus piedras preciosas, adornando su hoja aherrumbrada, yacen entre los pantanos, esperando que alguien las encuentre. Todo esto y mucho más retorna a Avalon cuando el Lago del Prodigio se eleva desde sus manantiales fantásticos bajo la Luna del Cazador.
Pero he visto algo más extraño aún que el Lago del Prodigio a la luz de la luna. Hay veces en que sobre las llanuras de Glastonbury cae lo que se conoce localmente como la Plaga. Una rara pesadez que no se convertirá en tormenta está en el aire de verano. El sol brilla opacamente como un disco de cobre a través de las nubes pajas, y en la opacidad y calor opresivos, los nervios se ponen de punta con la inquietud e intranquilidad.
Un día igual al que acabo de describir, llevados al borde de la desesperación por la opresión de la llanura, partimos para ascender al Peñasco. Atravesando la niebla más densa,moviéndonos en un círculo de tres metros de diámetro, cercados por una pared blanca e impenetrable como la piedra, subimos y subimos hasta la misma cima, y allí, en una blanca ceguera, la cima surgió de la niebla tan repentinamente como un tren sale de un túnel. La cresta del Peñasco estaba por encima de las nubes.
El cielo era de ese azul añil que se ve a menudo en Avalon. Un azul que debería ser visto a través de las ramas de un manzano en flor. De una orilla hasta otra, ninguna nube punteaba sus profundidades, pero bajo nuestros pies se extendía hasta el horizonte un ondulante mar del blanco más puro con púrpura en sus huecos. Por encima de nuestras cabezas estaba la torre, con su extensa sombra proyectada a gran distancia sobre el piso de nubes. Era corno si el mundo se hubiera hundido en el mar y nosotros fuéramos los últimos seres que quedaban de la humanidad. A través de la niebla no se oía ningún sonido, y ningún pájaro hacía círculos sobre nosotros. Tan sólo cielo azul, torre gris, niebla ondulante y un sol tremendo.
El aire no se movía. Todo estaba quieto y silencioso como la luna. El tiempo pasó sin que lo notáramos, hasta que al fin, un aire leve empezó a agitarse; pronto se convirtió en brisa. Entonces las nubes empezaron a moverse. Se revolvieron y amontonaron en grandes olas y se deslizaron hacia el mar. Cada vez más y más rápido, mientras el viento se volvía más fresco, se fueron moviendo bajo nuestros pies. Pronto empezaron a abrirse grandes grietas en la niebla, y por un momento vimos los oscuros bosques de Butleigh, envueltos en la más profunda sombra. Las grietas se cerraban y volvían a abrirse y a cerrarse,ofreciéndonos vislumbres de los cortes de turba hacia Ashcott y los rojos techos de Street.
Luego las rías empezaron a verse como hilos de plata a través de la bruma; los sonidos comenzaron a elevarse débilmente a través de las nubes cada vez más tenues: un gallo canta, un perro ladra, campanas en la distancia. Por fin, lo que quedaba de la niebla empezó a rodar y voló como una pared hacia la costa, y las llanuras se extendieron bajo la luz dorada del sol. Dos veces he visto esto desde el Peñasco, y es algo que jamás podré olvidar.