segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Hereditariedade Astral André Barbault

 


Devemos saudar com entusiasmo a chegada de Didier Castille ao mundo da pesquisa astrológica, onde sua contribuição constitui uma nova etapa da maior importância. Diria mesmo que se trata de uma viragem histórica para o nosso conhecimento, sem receio de argumentar que, graças aos seus resultados, a reabilitação da astrologia tornou-se irreversível.

Portanto, não vamos nos deixar levar. Nas algemas de um preconceito tão estabelecido, não é da noite para o dia que a mentalidade coletiva pode ser revertida a seu favor e as negações de seus detratores não cederão imediatamente. No entanto, agora temos os fundamentos mais completos, justificativamente, de ‘fato’ astrológico. Como se a última palavra tivesse sido dita, diante da qual devemos nos curvar, mais cedo ou mais tarde.

A peça central deste trabalho dedicado à “hereditariedade astral” é, naturalmente, a apresentação do conjunto das pesquisas demográficas de Didier Castille, cobrindo pela primeira vez a maior linhagem de nossa população nacional, com a apresentação dos resultados obtidos sobre casamentos e semelhanças familiares.

Para situar melhor a importância dessa conquista e seu efeito no futuro, nada mais apropriado do que uma comparação feita pelo histórico dos relatórios estatísticos anteriores, de Choisnard e Krafft à Discepolo, passando por Lasson e os Gauquelin, operando um confronto numa retrospectiva da abordagem astrológica no caminho do fenômeno da ‘hereditariedade astral’, de Kepler, até Ptolomeu.

Espero não desorientar o leitor com o contraste da crítica glacial nos tons da narrativa das minhas corajosas explorações e integrações de conhecimentos adquiridos. Se ele e eu não compartilhamos a mesma visão de estatística aplicada à astrologia, menor é, podemos dizer, às nossas diferenças pessoais – especialmente porque o espírito crítico é exercido em todos os níveis – em nossas respectivas situações, mesmo com toda a distância que separa o exercício do homem de ciência do status de um pensador. Partindo friamente do zero e por obrigação de reserva pessoal, como por dever de negatividade, a estatística se esforça para deixar vir até ela, todas as armadilhas desfeitas, e acaba apresentando, o depósito de uma realidade a mais despojada possível. Já o astrólogo praticante, engajado em uma paixão disciplinada, é um homem da área que trabalha em uma adesão viva do assunto.

Há aqui todo o contraste entre a virtude da visão retrospectiva, da distância e do poder da presença da franqueza, cada uma com suas vantagens e desvantagens: primeiro, a abstração teorizante leva a uma alta especulação, sob o risco de deriva; segundo, o erro vivido e tom da verdade pragmática do bom senso robusto (o frio não tem o monopólio do conhecimento, logo o calor também é uma fonte de conhecimento). Esses são, aliás, dois complementos essenciais. E se, na fase inicial deste inédito vislumbre ele se encontra, como ao pé de um edifício, Didier Castille tem a modéstia da contenção compreensível diante de suas descobertas, posição que também é minha, como no topo de uma pirâmide, permitindo-me, correndo o risco de errar, vislumbrar melhor o seu alcance e esclarecer a sua importância.

Neste trabalho especial sobre ‘hereditariedade astral’ irei renovar o interesse na linhagem parental do indivíduo, nas linhas das repetitivas configurações de uma geração a outra entregues na herança genealógica.

É mais que possível que a astrologia se beneficie da conjuntura excepcional da virada do ano 2000, com seu pico cíclico carregado de toda uma renovação do conhecimento humano, mas ainda é muito cedo para fazer este inventário. Amanhece um promissor novo Grande Ano Milenar da Humanidade, no qual nossa disciplina finalmente retomará seu lugar. Esperemos, no entanto, que esta previsão de um astrólogo e sua astrologia se concretize.


Um Século de Estatísticas Astrológicas


Quando refazemos o curso do renascimento da astrologia desde o início do século XX, o que vemos de mais interessante é a busca quase ininterrupta de um esforço construtivo voltado para fundar uma razão astrológica.

Podemos dizer que esta foi a própria missão do principal ‘pioneiro’ que veio para a arte de Urânia no final do século XIX, o politécnico Paul Choisnard, -o seu tema vai nos iluminar- nascido em Tours em 13 de fevereiro de 1867 às 23 horas. Na companhia de apenas alguns outros (Fomalhaut, Selva, Caslant), ele não tinha toda bagagem da leitura dos textos tradicionais para colocar em pé os rudimentos de uma prática de escuta dos antigos. Mas, o que poderia valer, a seus olhos, esse saber distante, abandonado por dois séculos, abandonado como um saber quimérico?

Como, então, podemos escapar da necessidade imperiosa de começar por julgá-lo: era realmente uma realidade ou tinha sido apenas uma ilusão coletiva? Compreendemos tal exigência quando observamos nele seu Urano na casa IX e em conjunção com Marte que é o braço armado de sua paixão de espírito, mestre de uma poderosa conjunção solar em Aquário, além de Saturno entrando em Escorpião no início da casa II, Choisnard não se parece com um crente, inclinado a um ato natural de fé; ao em vez disso, ele é um homem ousado e curioso juntamente com um senso cético tentado pela vanguarda. Além disso, é o primeiro a colocar claramente a questão fundamental da legitimidade. Para admitir a astrologia, é preciso primeiro saber se existe um ‘fato’ astrológico, como uma realidade fenomenal específica. Para estabelecer a existência desse ‘fato’, é necessário um controle e sua pesquisa deve levar à obtenção de um achado quantitativo. O resto é só literatura.

Além disso, ele não deixou de reiterar o mesmo princípio fundamental: nos céus do nascimento, um fator astral é projetado para corresponder a uma faculdade humana (em caráter ou em evento), quando este fator é mais frequentemente encontrado em indivíduos dotados desta faculdade do que em outros indivíduos.

A partir daí, sabemos que o caminho estatístico começou tratando das frequências comparadas em uma aplicação estrita do cálculo de probabilidades. Sabemos que, por razões completamente compreensíveis às quais voltaremos, a abordagem estatística é mal conhecida nos círculos astrológicos, considerada quase não natural. No entanto: quando vemos mais e mais interpretações livres da propagação da astrologia em sonhos, explosões literárias vazias, muitas vezes provenientes de dados celestiais insignificantes, duvidosos ou especulativos, parece haver algo a se lamentar sobre o clima da rigidez saturno-uraniana de Choisnard.

Que conclusões podemos tirar de todas as suas pesquisas? O retrospecto de um século nos leva a olhar severamente para as renovadas demandas de todo o sistema de aplicação do método estatístico. E mesmo se voltarmos para Didier Castille ou os Gauquelins teríamos correções (sem, no entanto, comprometer o resultado geral), depois de terem ido o mais longe possível. Na maior parte, entretanto, Choisnard não deixa de ter seu mérito.

Ele tem seu ‘fato’ astral! Ainda que frágil. Se usarmos sua maior pesquisa, por exemplo, a frequência específica de Júpiter no Meio do Céu entre 1.500 pessoas que ganharam uma reputação, tendo ascendido na hierarquia da sociedade, ela dobra se reportarmos a 2.000 pessoas quaisquer. E então veremos que seus resultados de ‘hereditariedade astral’, constituem um grande ponto de inflexão astrológica. Mas, de um século para o seguinte, um descrédito paralisante desceu sobre seu trabalho, que decorre da insignificância de seus campos explorados, de suas amostras esqueléticas: apenas algumas centenas de casos, desde que é consideravelmente necessário, muito mais. Foi essa grande falha que atormentou o histórico de Choisnard, que acabou falhando em convencer a opinião pública, embora ele tenha mostrado o caminho para fazer isso.

Sua abordagem tem eco na Alemanha com Grimm, Schwab e especialmente von Kloeckler que, em um trabalho publicado em 1927, se envolveu em uma série de investigações, em faculdades e  eventos, ao dispor de uma soma de vários milhares de casos, com resultados pífios e insuficientemente significativos. Na verdade, “a escola de Choisnard” ajudou a fundar uma “astrologia científica” que pretende se basear na realidade. Enquanto há um anseio pelos escritos maravilhosos e extravagantes criados em devaneios modelados nas estrelas, o estado de espírito desta corrente está alcançando o meio astrológico com o desejo de observações registradas. Vários engenheiros apresentaram suas investigações em muitos congressos internacionais, em Bruxelas em 1935 e em Paris em 1937. No congresso de Paris em 1954, Hans Ritter expõe, por exemplo, uma soma de 11.150 posições planetárias de 2.230 nascimentos de músicos. Resultado que “não se destaca nenhuma diferença”.

É, todavia, indiscutível que a posição planetária no zodíaco não tem correlação com o dom absoluto da composição musical. Mas os cortes seletivos deram alguns resultados. Muitos estudos também foram exibidos na coleção Cahiers Astrologiques, nº 121 (março-abril de 1966) dedicados à estatística e onde se destacarão Edouard Symours, Michel Malagié, Jean Hiéroz, Jacques Reverchon e Roger Husson, apresentaram suas próprias investigações. Foi usada a pratica simples de Henri Gouchon comparando-se os resultados das direções primárias com os de outros procedimentos direcionais: Influência Astral, Predição, Zênite, etc.

Além desse simples apelo à verificação do valor de seus índices, Choisnard trouxe a prática interpretativa de volta ao caminho tradicional da constatação experimental e bem fundada. Especialmente nos anos trinta (o que é relativamente desculpável), mas ainda hoje (o que não é mais), nos fixamos ao regente do Ascendente como o patrono do horóscopo, como o dominante. Seus relatórios estatísticos o trazem de volta ao valor principal da angularidade, ao fato primordial da passagem planetária no horizonte e no meridiano, sem esquecer seu impacto sobre o Descendente e o Fundo do Céu. É a partir daí que ele constrói uma boa técnica de interpretação, que é coroada nas estatísticas dos Gauquelins.

Desde 1923, a odisseia do suíço Karl Ernst Krafft foi apresentada ao lado do francês, cuja abundante pesquisa, publicada de várias maneiras, foi coletada em seu Traité d’Astrobiologie, publicado por ele mesmo em 1939. Uma pedra de pavimentação bastante singular, o que é verdadeiramente atípico.

Neste caso, temos dezenas de milhares de casos expostos, sem a hora do nascimento; por exemplo, 2800 casos do Dicionário de Música de Rieman. Mas Krafft deixa o campo da tradição para se envolver em aventuras investigativas, pode-se dizer. Ele não faz um controle: ele colhe aleatoriamente dados em encontros. Daí um livro grosso, mesmo emaranhado, senão inextrincável, em que o galo ganha a causa de um modo geral. Isso traz alguma coisa nova? É difícil dizer. É muito provável que alguns de seus resultados sejam válidos, daí o interesse em reexaminar sua confusão, algumas pérolas podem estar lá. Em todo caso, manteremos sua brilhante intervenção na hereditariedade astral, à qual voltaremos.

Em meados do século passado, o levantamento estatístico dava a impressão de estar sem fôlego e encalhado com resultados escassos. Tendo feito um teste em 480 casais, C. G. Jung chega a dizer: Devido à influência niveladora em grandes números, é difícil provar qualquer coisa pelo método estatístico no campo da astrologia. Nisso ele concorda com muitos astrólogos para quem o mapa é um todo ou prevalece uma operação sintética, sendo a extração de um de seus fatores a desnaturação privada do significado. Para Daniel Verney, que não deixa de ser um politécnico, isolar uma configuração – especialmente reduzida à posição de um planeta – é esvaziá-la de seu significado “aqui e agora” para deixar apenas o que ela tem propriamente dito: isto é, um valor elementar de natureza muito geral, portanto muito difícil não só de explicar, mas também de relacionar-se com uma realidade concreta. Aqui está a relação entre o todo e suas partes, cujo debate permanece aberto. Vale lembrar a opinião de Pascal: É impossível conhecer o todo sem conhecer suas partes, nem conhecer as partes sem conhecer o todo. Choisnard sustentava que, enquanto a parte participasse do todo, para o qual contribuía, não havia razão para não poder, apesar de tudo, apreender sua manifestação. E, desde que um intérprete ativo se refira isoladamente a uma determinada posição ou aspecto que ele faz falar, ele deve reconhecer que pelo menos algo pode ser apreendido de sua singularidade.

Foi no centro do século XX, com a chegada do casal Michel e Françoise Gauquelin, que se iniciou uma segunda e mais importante etapa na história da verificação estatística da astrologia.


Michel  Gauquelin


Até então, se deixarmos de lado as estatísticas obscuras – e incertas – das várias distribuições do Sol nos signos (músicos, cientistas, etc.), da década de trinta, provenientes de uma equipe liderada por Bart J. Bok, astrônomo americano autor do manifesto antiastrológico de 1975, e a qual voltaremos, foram os próprios astrólogos que testaram sua própria disciplina, obtendo certos resultados que confirmam sua convicção, mas sem suportarem a descrença geral. Desta vez, o operador tem o rosto do adversário, a postura de um crítico que, no longo prazo, cairá na própria armadilha, a ponto de abalar nossos adversários em seus confrontos com ele.

Rastreei a jornada de Michel Gauquelin na ocasião de seu falecimento, no nº 95 do L’Astrologue (3º trimestre de 1991), relembrando seu nascimento em Paris em 13 de novembro de 1928 às 10h15, e evocando, sobre ele, o personagem de um homem-Janus habitado por uma oposição de Júpiter em Touro no Meio do Céu a Mercúrio em Escorpião no Fundo do céu, signo ocupado pelo Sol (regente do Ascendente na casa IV), e que se alinha a uma conjunção Marte-Plutão em Câncer. Na fonte desta abordagem está uma revolta: ele foi indisposto pelo pai, um dentista, que fazia gráficos, que quis confundi-lo dando-lhe como prova a inutilidade do violino de Ingres*.

*A EXPRESSÃO ‘VIOLON D’INGRES’ QUE DÁ TÍTULO À FOTOGRAFIA REMETE AO HOBBY DO PINTOR FRANCÊS JEAN-AUGUSTE DOMINIQUE INGRES, QUE TOCAVA VIOLINO NAS HORAS VAGAS, OU SEJA, SIGNIFICANDO UM HOBBY, LAZER OU PASSATEMPO.

Esta atípica “relação mantinha com a astrologia um diálogo ambíguo de uma paixão ambivalente, parte de uma hostilidade com raízes familiares, que culmina numa incómoda e equivocada semi-aceitação. Não podemos nos queixar por ele nunca ter sido capaz de se tornar um astrólogo, dada a sua primeira negação, mas ele decerto nos prestou um tremendo serviço, apesar de nunca ter nos dado algo novo. Pelo menos ele tinha a honestidade dos números e a firmeza para cumpri-los. Assisti a alguns de seus debates com alguns de nossos opositores que realmente queriam que ele estivesse errado. Ele os silenciou, os outros se dispersaram. A certeza do “não” dos mais ferozes vacilou, assim como está desmoronando a fina garantia negativa de nossos oponentes diante do debate astro-estatístico. Devemos isso a ele”.

Como testemunhar sua hostilidade à astrologia? Não é sem óbvia desconfiança que relemos L’Astrologie devant la science  (1964), que deu origem a uma tumultuosa edição especial de nº 116 da Cahiers astrologiques, L’Hérédité planétaire (1966) e, especialmente, Songes et mensonges de l’astrologie (1969), bem como Les Horloges cosmiques (1970). A aversão dele chegou ao ponto de uma trapaça intelectual, ao omitir a citação de uma obra de Lasson que antecede suas investigações.

Em primeiro lugar, na sua primeira obra L’Influence des astres (1955): a primeira parte é dedicada às críticas de Choisnard e Krafft. Suas conclusões são abruptas: do primeiro trabalho, não sobra absolutamente nada, e o balanço do segundo livro é zero. Veremos mais tarde como, por hostilidade aos astrólogos, ele se enganou profundamente.

Segue-se a segunda declaração de suas próprias verificações. No entanto, sem mencioná-lo, ele pura e simplesmente retoma a rota não publicada seguida por Léon Lasson em Ceux qui nous guident (1946), onde ele notou quantidades adicionais de ascensão e culminação da Lua em 134 políticos “eleitos pelo povo”, de Mercúrio entre 209 oradores e escritores, de Vênus entre 190 artistas, de Marte e Júpiter entre 158 chefes militares, de Saturno entre 66 cientistas. A diferença significativa é que Gauquelin vai de centenas a milhares de casos que ele trata com superioridade, armando-se com todo o arsenal da disciplina estatística de seu tempo.

Este primeiro trabalho fornece evidências ao mostrar os dados de nascimento de personagens do estado civil coletados em dicionários especializados: 576 acadêmicos de medicina, 508 outros médicos notáveis, 570 esportistas, 676 líderes militares, 906 pintores notáveis ​​e 361 pintores menores , 500 atores, 494 deputados, 349 membros da academia de ciências e 884 padres. Não foi nada! E ele já estava obtendo uma sobrefrequência significativa de posições angulares, principalmente na subida e na culminação, especialmente para três planetas: Marte para os atletas, Marte e Júpiter para os militares, Júpiter para os atores e deputados, Saturno para os sacerdotes e Saturno-Marte entre acadêmicos e médicos; além de uma subfrequência de Marte entre os pintores, de Júpiter entre os médicos e de Saturno entre os atores e pintores, resultados opostos que não devem ser desprezados.

Em 1960, seu segundo livro apareceu por Denoël: Les Hommes et les Astres. Mesmo cenário investigativo, desta vez estendido para países da Europa Ocidental onde o acesso ao estado civil era possível, expandindo os casos testados de 5.000 para um conjunto impressionante de cerca de 25.000: uma soma! Com 3.142 líderes militares, 3.305 cientistas representativos, 1.485 campeões esportivos, 993 políticos. Confirmando os resultados de 1955 e estendendo-os até a Lua, depois a Vênus. Este foi um acontecimento imenso, como uma caça ao tesouro fecunda, consagrando o pilar da interpretação do mapa, sendo a astrologia, ao mesmo tempo, dotada de um estatuto probabilístico de conhecimento objetivo.

O mundo científico ficou abalado com isso e, pela primeira vez, se ocupou com a questão. Depois de passar por confrontos acirrados entre especialistas, seguidos de indispensáveis contra-experimentos, Gauquelin conseguiu que seus resultados fossem tecnicamente respeitados por várias autoridades, como J.M. Faverge, professor de Estatística da Sorbonne, E. Tornier, professor de Cálculo de Probabilidades da Universidade de Berlim e Jean Porte, administrador do Instituto Nacional de Estatística.

A União Racionalista criou um concurso por meio do “Comitê Belga para a Investigação Científica de Fenômenos Reputados como Paranormais” (Comitê do Pará). Os membros desta comissão refizeram completamente uma estatística sobre um grupo de 535 desportistas e chegaram a um resultado semelhante ao de Gauquelin, antecipadamente esperado: depois deste “enterro às escondidas”, foi necessário esperar dez anos para que, em 1976, esta corajosa comissão publicasse os resultados. Isso levou Jean Rostand a fazer seu famoso grito: Se as estatísticas começarem a provar a astrologia, então eu não acredito mais em estatísticas. (Nouvelles littéraires, 27 de novembro de 1969).

Não podemos parar por aí, esse Marte dos esportistas permanece como uma cunha afundada na cidadela do racionalismo. E, além disso, é esse clima que explica a ofensiva global contra a astrologia com a famosa petição circulada em 1975: 186 cientistas, incluindo 18 ganhadores do Prêmio Nobel, o assinaram, condenando-a como uma falsa ciência perniciosa. O comitê teve o cuidado de não dizer que 114 outras pessoas, convidadas para a mesma assinatura, se abstiveram, incluindo o astrofísico Carl Sagan. Houve um duplo desprezo simbólico da oposição e do trígono.

A ofensiva foi retomada em 1977 no jornal racionalista americano The Humanist, onde uma equipe reserva relançou a investigação de Marte, desta vez com foco em atletas americanos. Em La Vérité sur l’astrologie (1985), Gauquelin descreve a “adulteração”, na qual, a equipe havia engajado o trabalho. Isso não evitou essa conclusão inglória e francamente complicada do n° XI-XII de 1977 deste periódico: Se alguém tiver uma crença anterior em um “efeito” de Marte, os dados de Gauquelin ajudarão a reforçar essa crença; mas se a crença anterior em um efeito de Marte é fraca, esses dados podem dar suporte a essa opinião enquanto aguardam a sequência, mas não a ponto de admitir definitivamente a existência do “efeito” de Marte.

O revezamento seria assumido por um “Comitê de investigação científica de alegações do paranormal” (CSICOP) em 1979, com sua publicação The Skeptical Inquirer, surrou o mesmo experimento e tentou, por uma escolha de amostras, escapar do resultado positivo.

É bom saber que nem todo mundo se deixa enganar por essa implacabilidade de negar. Em seu número 23, a Ethnologie française (Armand Colin) relatou essa aventura, julgando que esses adversários “deveriam pelo menos reconhecer que, como formulado inicialmente, o teste reforçava as ideias de Gauquelin“. Então, para fugir dele, os vemos “reescrever um relatório para consolidar seus interesses científicos” para poder admitir que “o efeito Marte foi um efeito estatístico fraco, mesmo uma coincidência excepcional, e que foi limitado para uma única região”. Uma embaraçosa “reavaliação” que culminou na demissão de vários membros desta comissão. Tanto que “é o seu compromisso com a pesquisa astrológica que obrigou os membros do CSICOP a reverem a sua concepção do método científico!” Uma inversão singular que, no contexto do tramite deste processo, constitui uma bela homenagem à arte de Urânia. Também podemos apontar a crítica de Claude Maillard: “No julgamento da astrologia, o racionalismo é completamente racional”? E o trabalho coletivo do Instituto de Etnologia de Estrasburgo: Des Astres et des Hommes, L’Harmattan (2001). Aos poucos, a verdade segue sua senda.

É preciso dizer que também há um positivo nesse negacionismo de recusa, o fato de uma defesa que nunca cessa de resistir à prova do adversário. Vamos entender isso melhor relendo esta passagem de um texto de Gauquelin na edição nº 78 de L’Astrologue: O efeito Marte foi sujeito a críticas de determinados cientistas. Sua hostilidade e ceticismo fizeram com que inicialmente vissem erros em todo o meu trabalho. Mas essa polêmica, muitas vezes amarga, acabou depois de mais de dez anos a meu favor e no reconhecimento da precisão de meus métodos e resultados. Por exemplo, o astrônomo George Abell da Universidade da Califórnia, o estatístico Marvin Zelen de Harvard e presidente do formidável Comitê Americano para o Estudo Científico de Fenômenos Paranormais, Paul Kurtz da Universidade de Nova York , admitiram em 1983, o que passo a citar: “Gauquelin foi capaz de calcular corretamente as frequências de Marte no nascimento, levando em consideração os fatores demográficos e astronômicos do problema”. Tudo isso, escrito em preto no branco no próprio jornal The Skeptical Inquirer, que geralmente não é gentil com trabalhos astrológicos, e isto é fato.

A partir de tudo isso, o reconhecimento da evidência do efeito Marte, transporta ao reconhecimento da astrologia. Exceto a culpa de uma má consciência intelectual que nos vale, sem dúvida, uma enésima repetição do mesmo cenário, sob a liderança de um novo Comitê Francês para o Estudo dos Fenômenos Paranormais (CFEPP). O melhor relato de seu trabalho foi feito por um dos seus, Suitbert Ertel, professor da Universidade de Göttingen. Uma tradução francesa foi feita no nº 10 de março de 2002 da Cahiers du RAMS: “Não há efeito Marte? “

Claro, ninguém nega que há um excedente de posições de Marte na ascensão e na culminação: isso é muito perceptível, visivelmente, para ser capaz de negar. Mas ouvimos o querer sempre insignificante. Para que assim fosse, estabeleceu-se novamente um debate de seleção da amostra, em torno da questão do saber (pois os resultados são ainda mais contundentes no caso das conjunções superiores) o nível de representatividade dos campeões esportivos. O protocolo do experimento assinado em 1982 por Gauquelin e o CFEPP (edição de outubro da Science et Vie) estipulava que “os campeões selecionados devem ter reputação eminente”. Participando da operação, Ertel redefiniu essa exigência em 1988. Mas quando eu impus a reputação dos campeões do CFEPP contando o número de vezes que cada um foi citado em 18 livros de referência, descobri que os campeões do CFEPP não conseguiram mais que um número relativamente baixo de citações em comparação com os campeões de Gauquelin em suas primeiras amostras. Ertel fará novas experiências com os mais eminentes campeões deste comitê e obterá um resultado confirmado de forma independente por seis pesquisadores e considerado altamente significativo por quatro deles.

Não apresentei um inventário completo das muitas estatísticas dos Gauquelins; Eu apenas rastreei a maior parte de sua contribuição. É bom, porém, relembrar sua investigação, que confirma os fundamentos da tradição. Este é o quádruplo planetário mais representativo dos valores do Quaternário dos Elementos, em relação aos temperamentos hipocráticos (Le Dossier des influences astrales (1973).


Também é necessário acrescentar uma investigação especial realizada por Françoise sobre os próprios astrólogos. Trabalho que ela apresentou em uma brochura de seu Traditional Symbolism in Astrology and the Character traits method, que relatei no L’Astrologue n° 51: Speculum Astrologiae. A investigação: descobrir se as palavras-chave planetárias utilizadas por nós produziram ou não um “efeito” de angularidade, com base em suas palavras-chave testadas contra as angularidades obtidas. Dez “porquinhos-da-índia” foram colocados na trilha. Resultados: concordância unânime para Marte e Saturno; Vênus vem em segundo lugar com 9 de 10, seguido pela Lua com 7 pontos. Júpiter está indo mal, enquanto Netuno e Plutão coletam 2 votos. O principal interesse desta pesquisa é que ela revela – o espéculo – o performer “projetando-se” no sentindo do planeta à imagem de sua configuração planetária pessoal.


A Crítica de nossos Oponentes

Nós estamos quase lá. Um adversário deixa esse caso traumatizante, a tal ponto que, à força de cuspir na sopa estatística, acaba se rendendo à própria impostura. O testemunho do astrofísico Evry Schatzman, presidente da União Racionalista, finalmente incapaz de surpimir o efeito da localização de Marte, no 14º arrondissement de Paris, consegue trazer à tona esta pérola: Minha hipótese é a seguinte: não será que foi a consulta astrológica pelas famílias dos campeões e talvez pelos próprios campeões que não tiveram um papel na orientação de suas carreiras? Nesse caso, não se trata mais da influência das estrelas, mas da influência da crença dos astros, por Solange de Mailly-Nesle em L’Etre cosmique (1985). Em outras palavras, teriam sido as consultas astrológicas bem-sucedidas.

Ao final dessa jornada, fica claro que essa história de verificação é uma ignomínia intelectual escandalosa e, quando conhecemos o que está em jogo, chega ao ponto de uma monstruosidade fenomenal, porque é um conhecimento maior que é reprimido por um obscurantismo de outra ordem que a da mentalidade mágica: o fanatismo intelectual estéril.

Em primeiro lugar, nossos adversários se concentraram e se fixaram em uma única verificação. É certo que a escolha do caso foi boa, pois foi a investigação de Marte e dos desportistas que deu o melhor resultado. Mas, isso foi um motivo para fingir que os outros resultados, não menos estimáveis, não existiam? Normalmente, um caso isolado incomum não perturba muito o sono de um profissional acostumado a encontros ocasionais com patos aleijados, sabendo que andorinha não dá salto. Certamente, se só houvesse o surgimento e a culminação de Marte entre esses atletas, fenômeno excepcional, ter-se-ia entendido que esse “acidente” poderia ser sem interesse. Mas não é assim e, precisamente, não podemos nos deter neste exemplo, como se fosse exclusivo, sem levar em conta o conjunto de resultados do mesmo tipo a que pertence: o fenômeno em questão é repetido com outros planetas em comparação com outros grupos de indivíduos. Tanto é que se trata de um todo homogêneo específico que devemos levar em consideração. O que Gauquelin se permitiu a fazer de forma bastante legítima ao falar de um resultado geral em 25.000 casos excedendo 5 vezes a diferença provável. Porém, já é óbvio que esse ‘não visto’ é cegueira intelectual.

Isso não é tudo: esses resultados são para qualquer um? Essas concentrações de astros estão em algum lugar ou de qualquer maneira? E os próprios astros são peões intercambiáveis, bom para qualquer coisa? Não: para todas, às vezes esperamos resultados que atendam aos padrões do assunto testado. Resultados que recebem significado por sua inscrição na ordem de uma determinada correlação astral: aquilo que a tradição havia atribuído a ele de antemão. E não é de outro modo. É, de fato, no Ascendente e no Meio do Céu que o astro, por sua ascensão e sua culminação, se destaca como fenômeno astronômico, assumindo a maior importância, e, claro, no seu registro particular; poesia para a Lua, arte para Vênus, o exército para Marte, poder para Júpiter, ciência para Saturno. Nada mais específico. Cada astro estava lá, no ponto previsto. Bem! nada disso importa para o adversário. As estatísticas se tornaram, aqui, um monstro frio que produz esquizoidismo ao perder de vista sua própria razão de ser ao longo do caminho. Um trânsito algoritmo no vácuo.

A verdade é que é hora de abarcar todo o assunto integrando a árvore da estatística marciana à floresta de todos os resultados estatísticos obtidos, sob a pressão da inteligibilidade de uma soma coerente de resultados do mesmo tipo; soma de informações recompondo e restaurando o capítulo principal do conhecimento da astrologia antiga: a tipologia planetária.

Três campos sucessivos estão relacionados com o mesmo tipo de resultados. Acabamos de ver os grupos profissionais. Atrás deles está a pesquisa de Hereditariedade Astral, cobrindo dois estudos de 32.000 e 37.000 nascimentos, sobre os quais veremos no próximo capítulo. E então, aquele sobre traços de caráter. Com Françoise e outros colaboradores foram reunidos mais de 50.000 destes, retirados de milhares de textos biográficos dedicados a milhares de pessoas famosas. Trabalho publicado em seu “Laboratório“ em quatro grandes volumes dedicados a Marte, Júpiter, Saturno e Lua; depois a Vênus, e um livreto de Monografias Psicológicas, Série C. A linhagem dos resultados é óbvia: o astro ascendente ou culminante expressa ao mesmo tempo um temperamento hereditário, um conjunto de traços de caráter e uma inclinação vocacional; é um todo que requer o senso comum mais básico. Que desastre intelectual!


A Crítica dos Astrólogos

Não foi de braços abertos que Gauquelin foi recebido pelos astrólogos. E por um bom motivo: ele enterrou Choisnard e Krafft. Então, depois de amordaçar Lasson, amordaçando dois mil anos de história, ele ouve que seu resultado de angularidade é “bastante independente da doutrina astrológica”, “até mesmo arruinando o edifício de suas teorias”.

Sem dúvida esperava ser mais bem recebido pelos nossos adversários, a quem procurou convencer, mas que não se deixaram enganar por um só momento. Para nós, seus modos mereciam uma resposta. No gênero, citemos Daniel Verney: “Ele realmente nos assustou, esse Sr. Gauquelin; ele não iria descobrir um Marte macio e passivo, um Júpiter retraído, um Saturno ‘Bon Vivant’? Mas não (e é certamente o acaso, deus da estatística, o responsável), ela nos dá, como croissants quentes, mal saído do forno experimental da nova ciência das influências cósmicas, o que dá essas famosas “Luas velhas”, essas quimeras … e ele oferece-nos todas elas, todas untadas de cálculos e matemática, é um sonho, não ousamos acreditar”. (Foundations and Future of Astrology, 1974).

Em suma, Gauquelin ofereceu a si mesmo um “Dê-me seu relógio e eu lhe darei as horas”. Gradualmente, ele reconhecerá que seus relatórios realmente se relacionam com a herança de nosso conhecimento; o que ele fará em particular em seu artigo para L’Astrologue n° 78 (2º trimestre de 1987): “O uso prático dos balanços de Gauquelin“.

Vamos pular esta introdução. As coisas sérias começam com o julgamento do uso de estatísticas. Entre nós, há um que expressou rejeição completa e absoluta: Dane Rudhyar. Quando ele veio a Paris em 1967, ele me disse categoricamente que os resultados de Gauquelin nada tinham a ver com astrologia! Este confirma: Dane Rudhyar uma vez me disse (gentilmente): “O que você faz não é astrologia de forma alguma. Não estou interessado e você está perdendo seu tempo”, (Entrevista no L’Astrologue n° 73, 1º trimestre de 1986).

Compreendemos essa atitude quando relemos a mensagem que ele nos deu em seu 90º aniversário (L’Astrologue nº 69, 1º trimestre de 1985). Nele se pronunciou francamente por uma astrologia liberta do espírito e dos métodos da ciência ocidental: Repito: a astrologia que concebi em 1932-1933 nunca me apareceu como um sistema didático e intelectual; e acima de tudo não “científico” e principalmente empírico. Mas então, na região metafísica em que ele a situa, que meios Rudhyar usa para se controlar, para verificar o valor de suas afirmações? Seu raciocínio por si só pode constituir um comentário para observação, uma especulação. E esta é de fato a fraqueza da escola humanista que, em vez de enfrentar a realidade, se refugia muito facilmente na abstração, no abraço do evasivo. É provável que seja esse o caso, desde que o praticante não questione realmente se ele está lidando com uma correlação verdadeira ou falsa. Porque, de fato, é fazendo “corresponder” umas às outras coisas que não correspondem que sempre erramos (Choisnard).

Além disso, se Rudhyar toma a liberdade de criticar seus tradutores e discípulos, eles parecem se abster de duvidar dele – se é um astrólogo adulto quando se está livre de seu mestre – aceitando os erros de um teórico que tem muito pouco praticado e que estudou e meditou insuficientemente os conhecimentos tradicionais.

Por trás dessa recusa formal surgiu a política dos surdos, especialmente da escola condicionalista. Existem, de fato, razões sérias para se ter cuidado com as estatísticas. No entanto, no nível do balanço de Gauquelin, uma integração de seus resultados é imperativa para o praticante, enquanto sua não assimilação tem sido prejudicial para aqueles que os ignoraram. Não vamos falar de quem nem sabe disso.

Vejamos as razões que motivam a defensiva dos astrólogos.

Deve-se primeiro saber que, para aprender a estatística astrológica, é preciso dar as costas à vocação da astrologia que, por meio do ato da interpretação, acessa o “sujeito”, sua singularidade e até mesmo seu conteúdo subjetivo dessa singularidade (se o nativo está no centro de seu mapa, rodeado por seus astros, é, portanto, seu egocentrismo, acima de tudo, que está em jogo). A informação estatística, alheia à especificidade de cada caso, só pode dar conta de uma notação quantitativa de um todo, de um grupo emergindo de uma supremacia particular tornando-se objeto de todo o material.

Normalmente, esse “objeto” tem o valor de um tom geral, como, por exemplo, uma aspereza marciana nos soldados ou uma delicadeza lunar ou venusiana nos artistas. Mas isso é pouco mais que um envelope, uma aparência, que não é o essencial.

Em Profession-Heredity, série C, volume 1, 1972 os Gauquelins apresentam uma investigação de 383 músicos militares. Visto que são músicos, isto é, artistas, a priori, deveríamos ver Vênus em ação. Bem! para este astro, a distribuição é a de um encefalograma plano. Por outro lado, vemos Marte apontar para o ponto culminante, escoltado por um lindo nascer da lua. Que é uma boa fórmula dupla. A Lua introvertia Marte dando-lhe um sotaque imaginário e transformando o fogo de sua expressão de um estado de ação em um estado de emoção. A música militar é de Marte lunar: “Sambre et Meuse” soa como um sonho guerreiro. Tudo isso sem a ajuda de Vênus, ausente aqui, em detrimento da grande família de artistas venusianos. Assistimos então à intervenção de um componente de caráter seletivo que substitui a nota geral, ao mesmo tempo atenuada. O alinhamento venusiano dos artistas é, portanto, muito relativo.

Isso quer dizer que essa “forma” que é o objeto definido do resultado estatístico é algo mais ou menos aleatório que não constitui o essencial, isto é, a “substância” do material testado. Isso é fácil de entender.

Façamos, por exemplo, uma estatística sobre os atores. E lá se vai ao grupo desordenado, por sua vez, Greta Garbo e Marguerite Moreno, Marlène Dietrich e Pauline Carton, Arletty e Michèle Morgan, Simone Signoret e Brigitte Bardot, Annie Girardot e Mireille Darc. Sem esquecer, lado a lado , o mundo masculino de Valentino, Guitry, Jouvet, Dullin, Brasseur, Fresnay, Barrault, Fernandel, Bourvil, Gabin, de Funès, Montand, Coluche e outros. Que confusão extravagante!

Todas essas são as variedades de um universo que se apresenta a nós. Com um bando de personagens tão contrastantes e originais, espere o desfile do maior panorama possível de configurações, resultando em um ‘spread’ disforme. O moinho de estatísticas apenas moeu a palha, deixando passar o grão das entidades de nossas vedetes. Mas, não seria já tão ruim se, com a palha, conseguirmos, apesar de tudo, um resultado sutil? Delicado, é claro, tendo em vista a pequenez da diferença obtida, mas que tem seu próprio interesse, como numa culminação jupteriana bastante espetacular, um resultado que é tanto mais bem-vindo porque ecoa outro da qual deriva sua justificação.

Há muito tempo, em meados do século passado, enquanto lecionava no “Centre International d’Astrologie” (CIA), entendia-se que entre as configurações mais estabelecidas estavam a angularidade de Júpiter com extroversão e a de Saturno com introversão.

Um quarto de século depois, em um artigo do New Behavior de maio de 1975, Hans J. Eysenck, professor da Universidade de Londres, prediz que a introversão deveria estar relacionada a Saturno e a extroversão a Júpiter e Marte. Este se torna o ponto de partida de uma pesquisa submetida a um adequado tratamento estatístico, em que a psicóloga, sua esposa Sybil, é responsável por selecionar as palavras-chave de cada categoria para recompor as tabelas dos dois tipos ‘junguianos’, e ‘gauquelianos’. O resultado foi publicado em 1979 no British Journal of Social & Clinical Psychology, nº 18.

Ele confirma claramente a aposta de Eysenck, duplamente: não apenas Júpiter e Marte são angulares nos extrovertidos, como Saturno é nos introvertidos, mas também, os dois primeiros ângulos “evitam” nos introvertidos como Saturno nos extrovertidos, o contraste é total. Uma segunda estatística feita por Gauquelin em 5000 traços de 500 sujeitos americanos (em Personality and Individual Differences, vol. 2, 1981) leva às mesmas conclusões.

Então, vamos voltar à nossa pesquisa sobre atores. Com o seu resultado – um Júpiter elevado no Meio do Céu – podemos imaginar que toda a corporação dos atores faz sua cama sobre um comportamento extrovertido: mostrar-se, mostrar-se, gesticular…, mas não está aí, por assim dizer, mais que uma fachada, que um contêiner global; nota de um gênero mais ou menos perceptível, cada vez diferentemente, de uma categoria de investigação para outra. Resta, é claro, o conteúdo que constitui a base da natureza humana ultra diversa desses artistas, sobre o qual as estatísticas permanecem silenciosas, onde as várias assinaturas planetárias são diluídas, a Luni-Venusiana Marilyn Monroe não tendo nada a ver com uma marciana como Katharine Hepburn ou uma saturnina como Marlène Dietrich.

Devemos também fazer as estatísticas falarem ao lançar luz sobre um resultado em comparação com outro, especialmente em contraste extremo. Aqui, por exemplo, entre uma sobrefrequência e uma subfrequência relativa a uma antinomia planetária radical, como a Lua e Marte (Água e Fogo). Assim, melhor se compreende a assinatura Luni-Marciana da música militar que se observa – desta vez, por incompatibilidade deste dueto em que a execução plena de um necessita da ausência do outro – uma falta de angularidade (principalmente ao nascer do sol) da Lua entre os chefes militares, e ainda mais forte entre os campeões esportivos, a ação do hiperativo voltando as costas ao linfatismo, fundamento da imaginação, da contemplação sonhada, dos humores (estatísticas retiradas de Written in the stars (1988).

Um último assunto aberto a críticas é aquele que culpa a fragilidade dos resultados obtidos. Já Choisnard tropeçou, por assim dizer, com uma ligeira variação na diferença, obtendo, em vez de 5,5% (ou seja, um décimo oitavo, correspondendo a uma conjunção de 10° da orbe) uma frequência estabilizada entre 9 e 11%. E em um último “teste Zellen”, imposto pelo terrível Kurtz, entre atletas não campeões e campeões atléticos, o efeito vai de 12,8% a 21,8%, proporção clássica obtida por toda a obra de Gauquelin o que basta para confirmar o valor do resultado, sem impressionar a todos.

O que deixa o adversário feliz. Se o Marte angular estivesse presente com muito mais frequência em campeões, o constrangimento teria sido diferente. Mas são apenas alguns que se destacam. Veja como Paul Couderc, astrônomo do Observatório de Paris, se beneficiou da última edição de seu “Que sais-je?” na L’Astrologie (depois reeditado por Suzel Fuzeau-Braesch), obrigada a finalmente reconhecer os resultados de Gauquelin. Ansiosa por guardar os móveis, declara: “As obras de M. Gauquelin têm pelo menos este bem que colocam em evidência o ‘limite superior’ do que poderia ser a ‘eficiência’ de Marte, pressupondo que existe um, que de forma alguma está demonstrado. No resultado Para (belga), os dois setores favorecidos por Marte oferecem, ao todo, 28 esportistas em superávit; os outros 507 não devem nada a Marte”.

É perigoso correr assim sem pensar que a angularidade marciana poderia não ser o único fator de valorização em questão, seguido ou acompanhado como é pelos regentes e aspectos do astro, nem que as diferentes tendências marcianas não poderiam contribuir para o mesmo resultado. A ‘ciência’ do crítico também seria assim tão simples? Vimos, com a música militar, como Vênus pode ser escondido do grupo de artistas, e presumo que também pode ser o mesmo com a pintura, um dos melhores especialistas em grandes pinturas de cenas de guerra, Alphonse de Neuville, por exemplo, tendo Marte em Leão no Fundo do Céu e em sextil com o Ascendente. Vasto é o topo dos céus.

Em todo caso, Couderc, que não acreditava, cai na própria armadilha: Porque se, como ele afirmou, os astros ainda sendo um fator significativo para a personalidade de cada homem, entraria por uma parte, por menor que fosse, na formação de seus caracteres corporais ou espirituais, em cooperação com mil outros fatores (hereditariedade, ambiente, acasos) seria isso uma propriedade de valor incalculável. Poderíamos tentar tirar proveito disso para a felicidade da humanidade. Ainda que ‘falível’.

O efeito angular obtido não deve ser subestimado ou superestimado. É a relatividade, como a própria astrologia. O ângulo da percepção estatística revela apenas um semblante coletivo, à margem de todos os temperamentos do grupo, cada um vivendo sua própria condição de esportista, artista, cientista, etc., segundo a fórmula de sua assinatura pessoal.

Se houver, apesar de tudo, uma eclosão de resultados de angularidade, por manifestação da valoração quantitativa, medíocre seria o levantamento estatístico de outras configurações. Durante uma pequena investigação sobre ‘Saturne et l’orphelinat’ (n ° 123, 3º trimestre de 1998 de L’Astrologue), relativa a 264 casos de pessoas famosas, que perderam prematuramente um dos pais, se obtive uma duplicação das posições de Saturno nos setores IV e X, por outro lado, é justo se houver uma conjunção adicional do mesmo planeta com os luminares e Vênus.

Este é o destino de muitas pesquisas a partir de um critério objetivo de acontecimento, independentemente da gama de situações existenciais. Isso porque a configuração se manifesta de forma subjacente, pois fala essencialmente do sujeito ao dar conta da subjetividade de seu ser, de seu modo de sentir a vida, seja ela qual forem as circunstâncias.

Aqui vem um retorno ao problema fundamental da fenomenologia da astrologia: a que ordem de realidade o fato astrológico se dirige? É realmente identificável com o dado de uma realidade objetiva tal como está? Em vez disso, não segue algum pano de fundo da vida do sujeito? Em última análise, o tecido de nossas configurações não seria psíquico, a realidade astrológica sendo baseada na relação cosmos-psique? Essa tese pessoal, já expressa em De la Psychanalyse à l’Astrologie, vem ganhando terreno. Cada um expressando-o de maneira diferente, ela parece estar mais ou menos acompanhada por autores tão diversos como: Solange de Mailly Nesle, Michel Cazenave, Ferdinand David, François Villée, Robert Gouiran, Emmanuel Le Bret, Philippe Granger, Patrice Guinard. Ou, Robert Amadou (para citar apenas aqueles que falaram na França sobre a questão).

Em L’Astrologie et la science future du psychisme (1988), Daniel Verney substitui a “estrutura psíquica” como um veículo mediador entre as astralidades e a experiência humana, o elo ‘Kósmos-Ântropos‘ sustentando seu Logos. Estamos na alvorada do saber astrológico.


De Ciro Discepolo a Didier Castille

A Itália foi homenageada com uma experiência estatística que nos dá uma pista sem precedentes em termos de herança astral. Devemo-lo a Ciro Discepolo, que veio examinar 75.000 dados, montante sobre o qual convém recordar o trabalho representado pela recolha nos cartórios do estado civil dos registos de nascimento, entregues em maços de dez ou de vinte, depois processado em um computador funcionando continuamente por semanas a fio. Em suma, meses de trabalho em equipe, primeiro com Michèle Mauro e Fausto Passariello, e depois com a colaboração ativa de Luigi Miele, L’Astrologue relatou o desenvolvimento desta pesquisa em seus números 63, 67, 94 e 106.

A nova exibição no arquivo de herança astral era para ser a de signos. 25 combinações de variáveis ​​tiveram de ser tratadas comparando-se entre pais e filhos seus respectivos signos do Ascendente, do Sol, da Lua, bem como das casas dos dois luminares. Esta pesquisa foi realizada sob a supervisão das autoridades estatísticas da Universidade de Nápoles, em colaboração com Luigi d’Ambra, professor do Departamento de Matemática e Estatística.

Um primeiro relato de 20.797 nascimentos foi apresentado no nº 13 da Ricerca 90 (revisão de Discepolo), já fornecendo algum resultado positivo entre o signo solar e o ascendente. Em janeiro de 1994, a equipe estava lidando com uma amostra de 47.320 indivíduos do caso Gauquelin. Assim, com base em uma amostra total de 75.572 sujeitos, uma correlação foi confirmada: a tendência do signo solar do pai ou da mãe se tornar o signo ascendente da criança.

Em uma observação à qual revivo, há muito me perguntei se não seria uma coincidência que minha mãe tivesse seu Sol em Aquário e eu tivesse meu Ascendente lá; agora estou corrigido. Acrescentarei que é curioso que Discepolo tenha o Ascendente e o Sol juntos em Câncer.

A última parte do século XX testemunhou uma maior atividade estatística, conforme ilustrado por novas publicações como a Correlation na Inglaterra, e na França Research Journal de Françoise Gauquelin–Schneider e Les Cahiers du RAMS. Isso nos rendeu pesquisas renovadas, em particular sobre os nossos procedimentos de previsão, graças a Hervé Delboy.

Claro, o controle nesta área não havia cessado. O próprio Choisnard testou os trânsitos e obteve um primeiro resultado com os de Marte e Saturno no Sol, dobrando com a morte de 200 indivíduos. Gauquelin pulverizou esta investigação miserável, por assim dizer liliputiana, ao apresentar uma avaliação negativa de 7.482 mortes. Poderíamos também acompanhar vários estudos comparativos dos respectivos resultados, de trânsitos ou direcionais, em várias revistas: Demain, Zenit… ou em conferências. Uma nova etapa foi apresentada com L’Astrologie meet la science (1977) de Jean Barets, prefaciado por Abellio.

O autor, de renome internacional pela sua técnica de cálculos industriais, passou pela verificação, aliás, de uma autoridade universitária especializada. A sua aplicação de trânsitos cobre 112 fatos políticos importantes relativos às carreiras das 13 principais figuras nacionais da Quinta República. Seu método de controle visa verificar os trânsitos de planetas lentos, em particular o trio Júpiter-Saturno-Urano, em algumas posições natais específicas: o Sol, Júpiter, o Meio do Céu. Ele vem com uma demonstração convincente, que resume da seguinte forma: Nem sempre há uma promoção para um aspecto bom, mas sempre há um aspecto bom em uma promoção.

Até esses anos, cada livro ou tratado de previsão se contentava com uma apresentação teórica, dando o procedimento didático a seguir para atingir o objetivo, fornecendo no máximo um ou alguns exemplos de aplicação. Tive de romper com essa retórica apresentando La Prévision de l’Avenir par Astrologie (1982), que desde 1986 se tornou La Prévision astrologique: les transits.

O interesse renovado residia na aplicação geral da base teórica a um grupo de várias centenas de estadistas, tratados coletivamente. Por exemplo, as quatro tabelas que expõem os trânsitos da conjunção de Urano e Netuno até o Sol e Júpiter, possibilitando observar sucessivas transferências de poder de um político para outro ao longo do tempo. Esta não é uma estatística, mas uma observação global ordenada que deriva seu valor do tratamento de casos por famílias de trânsito e em um determinado conjunto. Como sucedeu, por exemplo, o trânsito da conjunção de Urano em Marte na sucessão de vinte assassinatos e ataques políticos. É certo que este método de estudo comparativo não tem a marca da dimensão numérica (que, aliás, como vimos, os próprios estatísticos fazem barato), mas não deixa de ser uma demonstração empírica da eficiência do processo dos trânsitos.

A forma como o material é tratado desempenha um papel. Assim, um levantamento estatístico (L’Astrologue n° 75, 3 trimestre de 1986) realizado por Discepolo sobre 834 nomeações ministeriais – levando em consideração os 44 ministros de todos os governos da República Italiana desde a sua fundação – em comparação com os resultados de ‘tantas datas fictícias, relativas aos trânsitos de Júpiter, não foi conclusivo. Aqui, parece um colapso astrológico para estudar mais de perto.

É quando Hervé Delboy entra em cena, suscitado com a experiência de Barets. Este cientista da computação nos fornece com perfeccionismo os serviços de um especialista, o que leva ao máximo a exigência da confrontação. Neste caso o seu objetivo são os trânsitos. Podemos acompanhar sua trajetória nas edições 98, 102, 105 e 119 do L’Astrologue, e em Les Cahiers du RAMS, onde exibe tabelas significativas de trânsitos do mesmo trio Júpiter-Saturno-Urano para os signatários da carreira, acompanhando obras do autor: Boulez, Balzac, Einstein, Verne e Ravel.

Mas é sobretudo com os serviços primários e na área da saúde que este médico nos traz resultados conclusivos. Ele começou publicando no L’Astrologue n° 80 (4º trimestre de 1987) uma “Pesquisa da hora do óbito”, já apresentando os resultados positivos de uma amostra de 360 ​​casos. Ele então teve que retrabalhar o assunto no nº 93, expondo 720 casos, depois no nº 128, com uma amostra ampliada para 1430 mortes. Delboy viria a publicar Astropronostic des périodes critiques de la vie par les directions primaires (2001).

Pela primeira vez, o assunto tem uma exploração significativa. Mais precisamente, porque não há apenas um forma, sobre as direções mundanas, aplicadas ao arco direcional da domificação. É a sua aplicação a mil e quinhentos indivíduos sobre as suas mortes, que ele expõe perante nós colocando os casos de uma centena de celebridades. “O que poderia ser melhor, mais forte, mais identificável do que as datas da morte” sublinha em seu prefácio Suzel Fuzeau-Braesch; não é esta a melhor oportunidade de testar um período crítico da vida? E este processo de previsão dá um resultado claro e significativo: as ‘configurações de risco’ são as conjunções e dissonâncias de Marte e Saturno, ‘procuradores da morte’ para os fatores ‘apáticos’, luminares e Ascendente. Recordando ainda a concepção tendencial do pensamento tradicional, o autor tem o cuidado de relativizar o resultado obtido: poderia ter um valor para identificar um intervalo de anos (…) durante o qual é preciso cautela, especialmente se os dois estivessem transitando ao mesmo tempo.

Sua realização é capital, mesmo que permaneça – uma questão de pesquisa futura – a ser avaliada em comparação com pesquisas subsequentes realizadas por meio de testes de vários outros sistemas direcionais, em particular aquele que Danièle Jay pratica seguindo Reverchon.

Desde a publicação de seu “Que sais-je?” (1989) em Astrologia, Suzel Fuzeau-Braesch, Dra. em ciências, trabalha na RAMS para uma prática astrológica saudável, onde se envolve em vários levantamentos estatísticos. Ela já havia entrado na campanha publicando em 1992 na Robert Laffont: Astrologie: la preuve par deux, endereçado particularmente aos seus colegas de universidade tentando livrá-los de preconceitos antiastrológicos, onde se engaja em um experimento interpretativo realizado em 238 pares de gêmeos comparativamente tratados e submetidos ao julgamento da família. Iniciativa corajosa com resultados encorajadores e ao mesmo tempo uma lição prática. Num livro escrito com Hervé Delboy: Comment démontrer l’astrologie : expérimentations et approches théoriques (1999), a partir de uma pesquisa com 524 alunos respondendo de uma só vez a 630 questões formuladas, no sentido inverso à verificação ordinária de um dito, ela tenta recompor o tecido configuracional atribuindo-lhe os significados relativos a respostas e temas desses entrevistados. É possível reconstruir o conhecimento por meios puramente estatísticos? A dúvida é permitida, mas os levantamentos deste autor são, para qualquer astrólogo, um passo necessário.

Chegamos à atualidade: finalmente, Didier Castille.

Chegou a hora, tivemos que entrar em uma nova dimensão de exploração estatística. Depois de passar por amostras cada vez maiores, de apenas algumas centenas a já dezenas de milhares, foi necessário chegar ao fundo de populações inteiras envolvendo milhões de indivíduos às dezenas e centenas. Desta vez, é o próprio demográfico que é sondado coletivamente: um centro de astrologia onde, finalmente, sem olhar para trás, se impõe a verdade de um sim ou não definitivo. Chegamos a isso.

Uma oportunidade especial surgiu com Didier Castille que, trabalhando arduamente com sua competência profissional e seus conhecimentos astrológicos, soube combinar a técnica de investigação estatística de bancos de dados demográficos de boa qualidade e o poder das ferramentas computacionais atuais.

Ele já havia contribuído para a exploração estatística realizada por Gunter Sachs em Die Akte Astrologie (1997) – Le Dossier Astrologie, Michel Lafon, 2000 – uma série de pesquisas importantes relançando ainda mais a exploração solar dos signos zodiacais, para os resultados que requerem uma visão posterior para julgar seu valor. Mas ele ia nos recompensar com pesquisas cobrindo – finalmente – toda a população francesa! Tratando assim as gerações vivas do nosso país! Podemos mais? Somente se estendermos a mesma exploração para outros países, então para o mundo inteiro (teremos sucesso). Entretanto, é já um “até que enfim” do acesso definitivo a toda a nossa população nacional, permitindo saber o que os franceses têm “astrologicamente no estômago”.

Didier Castille apresentou em vários números do Cahiers du RAMS seus resultados que renovam a fisionomia de nossos dados astroestatísticos, apresentando um resumo do maior interesse. Lembro-me especialmente de todas as suas descobertas sobre casamento e herança astral.

A equipe de Gunter Sachs já havia obtido resultado semelhante com os 358.000 casamentos celebrados na Suíça entre 1987 e 1994. Agora, com a França, chegamos a 6 milhões e meio de uniões concluídas ao longo dos 21 anos de 1976 a 1996. Dois países já envolvidos. Este resultado matrimonial consagra a virtude específica da conjunção que aproxima e une: há tanto mais ‘esposas’ quanto o Sol do homem se aproxima do Sol da mulher, sendo o número máximo de uniões feitas entre as pessoas de aniversários vizinhos ao mesmo tempo, como se a atração dos semelhantes que levam ao acasalamento fosse prolongada pela geração dos semelhantes, o resultado genético – relativo aos quinze milhões de nascimentos ocorridos na França entre 1977 e 1997! – consagra a virtude da réplica da conjunção: tanto mais filhos nascem à medida que o Sol deles se aproxima dos Sóis de seu pai e mãe, o número máximo de nascimentos ocorrendo em torno de um aniversário comum .

Este é um efeito duplo que deve ser registrado como um todo. E esse total constitui um fato capital da vida humana.

Até então, ele havia perdido uma peça central no dossiê da reabilitação da nossa disciplina: o Sol estava ausente do jogo. Tive várias conversas sobre isso com o Gauquelin. Este último ficou naturalmente surpreso com a negativa do resultado do astro central. A explicação que dei a ele, pelo menos foi a minha opinião, é que o Sol se apaga atrás do signo que valoriza pela sua presença. Para julgar, tínhamos que testar os sóis angulares, signo após signo, e ver se o Sol em Áries trazia feições marcianas, o Sol em Touro, feições venusianas… Esta era a única maneira de testar o zodíaco. das quais nenhuma das numerosas pesquisas – realizadas indiscriminadamente – jamais deu qualquer resultado. Porque o zodíaco por si só não teria sentido? Isso seria esquecer o resultado de Discepolo na hereditariedade astral: se o Ascendente da criança tende a resultar do Sol paterno ou materno, não é por intermédio do signo comum que algo se transmite do progenitor ou da mãe para sua prole?

Sem o signo, aqui, agora, essa deficiência capital é preenchida: o Sol é celebrado duplamente na maior parte. Está presente nos dois episódios fundamentais da existência humana: união e geração. Acontece que o homem e a mulher tendem a se atrair para se unirem, especialmente porque o Sol de um está em conjunção com o Sol do outro. A conjunção leva ao casal. E acontece da mesma forma que ambos têm uma disposição para que seus filhos se juntem a eles ao longo do calendário anual, aniversários que os reúnem em uma repetição do mesmo. Didier Castille contesta que, para a atual população francesa como um todo, o que vem em primeiro lugar no número de famílias é o trio pai-touro, mãe-touro e filho-touro.

Se examinarmos os dois gráficos que são idênticos, sua linha geral tem a forma de um acento circunflexo, o ponto central superior caindo na conjunção e a linha descendo gradualmente em cada lado dela, acentuando o rebaixamento até a oposição. É a totalidade de um movimento geral, como a animação de uma massa, que deve ser apreendida aqui, mais do que apenas a concentração em torno da conjunção.

Quanto mais próximos os sóis de um homem e de uma mulher estão um do outro, mais “esposos” existem, as uniões diminuindo à medida que se distanciam. É certo que a variação – mais uma vez – não é considerável, apresentando apenas uma diferença entre + 2,5 e – 0,10%; no entanto, ele anima a maré humana em sua totalidade. Da mesma forma, a distribuição anual dos nascimentos de crianças é proporcional à aproximação de um aniversário comum com os pais, variação mais acentuada que se observa entre + 10 e -1%. Conjunções solares: com o casal, fenômeno de atração do semelhante pela reaproximação narcísica, resultando em união; e no acasalamento, reprodução de semelhantes. Além do Sol arrastando em sua esteira o mesmo jogo na conjunção de Vênus, bem como de Mercúrio, até agora excluídos dos resultados das pesquisas estatísticas.

Claro, o Sol é mais um peso-pesado do que um de seus satélites, e é difícil negar que mais cedo ou mais tarde ele terá que ser levado em consideração. Uma ideia que vem à mente é que podemos estar lidando aqui com um fenômeno análogo ao da atração universal, desta vez operando não na matéria, mas no plano sutil da vida psíquica. Daniel Verney já considerou essa hipótese e podemos ver que uma nova luz (solar) que se estende sobre a arte de Urânia não está mais tão distante. Que o Sol finalmente volte ao cerne do sujeito, recolocado em seu trono real, não é natural? Anúncio virtual de uma eventual reabilitação da arte de Urânia.



La Astrología Paleolítica

 


1. Aunque el período Paleolítico es muy extenso, vamos a limitar nuestro estudio a su época final, la que transcurre entre -30.000 y -10.000, fecha media esta última de la catástrofe climática diluvial, al término de la glaciación.


Si nos interesamos por la astrología paleolítica es porque manifestaciones culturales como las pinturas de Altamira, Lascaux, y otras diversas indican un alto grado evolutivo, que sería paralelo al astrológico y otros más.


2. Al final de la última glaciación hay una cultura unificada sahariano-mediterránea extendida desde la costa atlántica norteafricana hasta el Irán, y entre la Europa Meridional y el Afrecha Subsahariana. El clima de la región tiene menos temperatura y más lluvias y permite la existencia de lagos interiores, bosques y sabana, lo que facilita la intercomunicación de todos los territorios de Este a Oeste; vínculo que se rompe luego al desertizarse la zona por el cambio climático.


El nivel oceánico era unos 130 m. más bajo que el actual, constatado en el Atlántico y el Pacifico (Australia, Komodo, etc.) con lo que Sicilia se unía con Afrecha, Gibraltar era más angosto, con algunas islas intermedias que facilitaban el paso de Afrecha a Europa, y no había comunicación marítima del Mar Negro y el Mediterráneo.


La fusión de los hielos aumentó el nivel oceánico, separó las costas de Gibraltar, hecho recordado en la hazaña de Hércules (símbolo paleolítico) y aisló Italia de Afrecha.


Esa unidad cultural, reflejada en el idioma, la constata el Génesis al describir este tiempo antediluvial: “Era la tierra toda una sola lengua, y de unas mismas palabras” (11, 1). Esa interrelación humana promovió el conocimiento en todos los campos; después se arruinó con la diversificación lingüística subsiguiente al sedentarismo agrícola, que desvinculó territorios y pueblos tras el Diluvio.


3. El cambio climático de -10.000 rompió la unidad cultural antedicha y sumió a la reglón en hambre, enfermedades y caos en los siguientes 5.000 años; la Biblia dice que “Fueron exterminados todos los vivientes sobre la superficie de la tierra, desde el hombre a la bestia, y los reptiles y las mes del cielo” (Gen. 7, 23), y en la cronología de Maneton se designa este periodo como el de los “Espíritus de la Muerte “. El hombre paleolítico, que había alcanzado una cultura notable, y una estatura de 1,85 m. de media (“había entonces gigantes en la Tierra”, Gén. 6, 4) fue diezmado. empequeñecido por hambrunas, y acortada su vida, y solo cuando van apareciendo los nuevos calendarios solares a partir del -5.000 indica una cierta organización social.


Las regiones atlánticas de Afrecha y Europa, influidas por el Océano (Atlas, Península Ibérica), no sufrieron cambios tan drásticos como las interiores, y mantuvieron modos de vida de caza y recolección, llegando aquí tarde la agricultura. De ahí su arcaísmo, y que de allí provengan datos y recuerdos paleolíticos: los tartesios presumían de tener leyes de 6.000 años de antigüedad que los vinculaba a la vieja y ‘noble” sociedad paleolítica, y relatos sobre Hércules como el Jardín de las Hespérides, Atlas, Gerión, el Cancerbero, las Amazonas, etc., provienen de esta zona. También los griegos se vanagloriaban de ser descendientes de la nobleza pelásgica (paleolítica).


4. La astrología establece como elementos principales de influencia el Sol, la Luna, los planetas y estrellas y el dodecanario zodiacal.


El primer astro utilizado por el hombre para contar el tiempo fue la Luna, que por su figura propia sirve para cualquier lugar de la Tierra. También se vincula con los períodos de gestación humana y animal, con los movimientos de los animales y la caza de éstos, y con las mareas, y adviértase que una de las fuentes básicas de alimentación antigua era el pescado y la recolección de moluscos. Por eso, aunque en la vida diaria es el Sol la principal luminaria, es la Luna el cronocrator calendárico en los primeros tiempos.


Así el año se mide en meses lunares, y las estrellas, visibles junto con la Luna (lo que no sucede con el Sol) se toman como referencia a su movimiento, originando primero las “mansiones lunares”, predecesoras de los Signos solares.


La medición del año fuera de la referencia estelar produce también un dodecanario de lunaciones y tareas mensuales, es decir, los “Trabajos de Hércules“, ocupaciones primero del hombre cazador paleolítico (Leo, Escorpio, Capricornio), y más tarde del neolítico con sus nuevas faenas agrícolas (Virgo, Libra), acabando en los símbolos de los menologios medievales. La evolución de los Signos es una historia de la Humanidad, así la Liebre paleolítica deviene la espiga de la recolección en Virgo, y el Dragón chino la Balanza de pesaje de mieses en la economía agrícola.


5. El estudio de la Luna y las constelaciones nos descubre la astrología paleolítica. Al igual que en una cronología solar es el Sol el astro principal, y analizamos su luz, cromatismo, movimientos, etc., en una cronología basada en la Luna es ésta el principal astro, y se observan sus movimientos, aspecto, color, influencias, etc. para prever el tiempo ú otros fines; nótese que, aún hoy, es de los astros más estudiados (incluso para la Bolsa), pese a incluirse luego otros planetas o estrellas.


Datos y anotaciones lunares desde -30.000 ha encontrado Marshack en pinturas y grabados rupestres y en “marcas de caza” sobre utensilios; se observa un predominio de los períodos de 7, 15 y 30 días correspondiendo al ciclo lunar sinódico.


El simbolismo general nos indica que las trazas lineales figuran días (en cuevas, abrigos, etc.), las coviñas ú hoyuelos son meses o lunaciones (Peña del Gato, Laxea das Rodas) y los círculos concéntricos significan años (petroglifos gallegos. passim).


Como verificación vemos ciclos de 12 y 13 lunaciones del año, o períodos de 3 y 5 años, o de 62 meses, (Peña del Gato, Cueva del Pindal, Laxea das Rodas); pero incluso hay en la placa de marfil de Malta (Siberia), y en la de Naxos, marcas de 235 lunaciones correspondientes al ciclo de Metón que sería así conocido ya en el -15.000.


En cualquier caso, los períodos figurados pueden ser muy diferentes, pues dependen del grado de ajuste o precisión requerido en las observaciones del tiempo, y no se excluyen mutuamente.


La Investigación Astrológica

 


El Cometa del Diluvio
Demetrio Santos

1. Creo que se ha venido prestando poca atención a los textos antiguos, atribuyendo un “pensamiento mítico” al hombre antediluviano (-12.000 E.C.), y sus relatos históricos a una forma o fase infantil del pensamiento humano, lo que deforma los hechos verdaderos tal como tuvieron lugar.

Y uno de los relatos históricos más debatidos ha sido el del Diluvio, su existencia y la interpretación de las noticias que tenemos sobre él. El texto más claro y definido, dentro del aura mítica que impregna los antiquísimos relatos, obligadamente orales en parte de su historia, es el del Génesis bíblico, por la especial condición del pueblo hebreo de conservar minuciosamente la historia y tradiciones.

Ante todo hemos de advertir que Noé, en el relato bíblico, hubo de observar señales precedentes a la catástrofe, lo que nos lleva a pensar en un fenómeno celeste cuyas causas y efectos fueron previsibles. Era además anómalo y no periódico como sería el causado por astros ya conocidos – planetas, etc. – en ese tiempo, lo que nos lleva directamente a un cuerpo celeste que cumpla tales condiciones: un cometa que puede ofrecer características muy variadas y conformes con los efectos descritos en el “Génesis”. Se añade – memoria genética – la convicción de que es una amenaza para la humanidad, y la aparición de cometas siempre se ha entendido, hasta nuestros tiempos, como una anomalía y un peligro.

El fenómeno tuvo que verse mucho antes del cataclismo, pues a Noé le dio tiempo a construir su arca/navío, lo que supone varios meses, dadas sus dimensiones y trabajo – con instrumentos de piedra, Neolítico – lo que encaja bien en las capacidades técnicas humanas por esas fechas – cuerdas (-60.000 EC) para una unión y ensamblaje de las piezas, pulido y desbaste de troncos/tablones (neolítico), ajustes herméticos, calafateado (-20.000 EC), etc. – Las dimensiones del arca serían aproximadamente de 150*25*15 metros, lo que evalúa un tamaño bien posible para la época.

2. Dice el texto bíblico (Gén. 7): Era Noé de 600 años cuando las aguas del diluvio inundaron la tierra… A los 600 años de la vida de Noé, el 2º mes el día 17 (Tisri = abril: 8 de mayo) de él, se rompieron todas las fuentes del abismo, se abrieron la cataratas del cielo, y estuvo lloviendo sobre la tierra durante 40 días y 40 noches (18 de junio); aquél mismo día entraron en el arca Noé y sus hijos, Sem, Cam y Jafet, su mujer y las mujeres de sus tres hijos, y los animales todos según su especie, etc. (Gén.7.6 ss).

Dado que el mes empieza en Luna Nueva, el día 17 del 2º mes sería Luna Llena de ese mes, con lo que los aerolitos de que tratamos posteriormente choquen con la Tierra en Luna Llena, con la Luna opuesta al Sol, conforme a lo previsible.

Diluvió durante 40 días sobre la tierra (….), crecieron las aguas y levantaron el arca, que se elevó sobre el suelo, y el arca flotaba sobre la superficie de las aguas. Tanto subieron las aguas que cubrieron los altos montes de debajo del cielo. Quince codos subieron las aguas sobre sus cimas…. Ciento cincuenta días estuvieron crecidas las aguas sobre la tierra (diciembre).

Comenzaron a bajar al cabo de 150 días. El día 27 del séptimo mes (octubre noviembre) se asentó el arca sobre los montes de Ararat. Siguieron menguando las aguas hasta el mes 10º (enero). Pasados 40 días más, abrió Noé la ventana que había hecho en el arca…. (Gén. 8.6).

3. Se ha dado por supuesto que la lluvia provenía de nubes ordinarias y de una zona atmosférica sobrecargada de vapor de agua ordinario, evaporadas del mar, lo que nos lleva a un metabolismo atmosférico sencillo causante de abundantes lluvias.

Pero eso no encaja en el fenómeno del Diluvio, y hay en cambio otro proceso del agua atmosférica, que es la caída directamente del espacio extraterrestre en forma de aerolitos de hielo, y observable hoy mismo.

En efecto, se confirma que los aerolitos de hielo son más frecuentes de lo que se había venido creyendo, dado que son invisibles, y como ejemplos recientes tenemos los caídos en Tocina (Sevilla) (11/1/2000), en Alcudia (Valencia) (13/1/2000) y otros hasta un total de 11 trozos de hielo en torno a la fecha de 17/1/2000, y su tamaño al llegar al suelo fue suficiente para romper la carrocería y parabrisas de un vehículo, o atravesar el tejado de uralita. Al principio se trató de explicar por desprendimiento de hielo formado en aviones, u otras causas poco convincentes. En cambio sí hay casos bien estudiados por el propio status científico de investigación espacial.

En 1986 el físico espacial Louis A. Frank, de la U. de Iowa, propuso la existencia de una antigua clase de pequeños cometas, que según él estarían cayendo sobre la Tierra, y explotando en la estratosfera y posiblemente nutriendo de agua la atmósfera terrestre. Frank apoyaba su teoría en fotografías hechas por una cámara de su invención, que había enviado al Dynamics Explorer I de la NASA. La mayoría de los científicos se burlaron de ello. Ahora otras imágenes espectaculares de otra cámara diseñada por él mismo, a bordo del satélite polar de la NASA, ha reanudado la discusión, y parece que se ven cometas del tamaño de una casa dirigiéndose a la tierra diariamente por millares, estallando y desprendiendo agua.

Por su propia naturaleza un aerolito de hielo no puede verse de noche como estrella fugaz, pues el choque o roce con la atmósfera lo funde y convierte simplemente en agua y así nunca puede ser luminoso; por lo que se transforma en vapor o lluvia. Los aerolitos que vemos como “estrellas fugaces” nocturnas son minerales, y arden con el roce atmosférico.

Actualmente se han examinado por vehículos espaciales algunos cometas puntuales, viendo que están formados de una especie de “nieve sucia” como mezcla de hielo o nieve y polvo ordinario que circula por el espacio en el Sistema Solar.

Los cometas siempre fueron un fenómeno ominoso y terrible, y había una tradición muy antigua de los diversos cometas que se habían visto:

“Hase de notar que, por la forma y disposición que tienen los cometas, y por los colores por que parecen, se conocen sus influencias y efectos, y de qué calidades sean….

“Si el cometa tuviese el color blanquecino, y algo azafranado, será de la naturaleza de Júpiter, etc.” (Cortés: “Lunario” ed. 1793)

Se diría que se aplicaba una especie de “análisis espectral” a simple vista, donde el hombre antiguo poseía mayor agudeza visual que la de hoy bajo la polución urbana y general, y merma de la sensibilidad biológica.

4. El origen de tales meteoritos de hielo es el propio espacio interplanetario, donde la temperatura media ronda el cero absoluto y, una vez formado el hielo, el meteorito responde a la atracción solar y planetaria y la repulsión de la presión de radiación solar sobre todo.

De este modo los meteoritos más densos – rocosos, minerales – se hallan más cerca del Sol (anillo de Asteroides), y los más ligeros – agua, hidrocarburos (como en Saturno) – en el Cinturón de Kuiper, algo más allá de la órbita de Neptuno, donde se cifran por millones.

No obstante la ley de distribución general es su relación masa/superficie, lo que depende también de sus formas cristalinas, y con ello de su naturaleza química.

El Cinturón de Kuiper es así la fuente más probable de los aglomerados cometarios, los cuales se forman cuando la fuerza principal de acción mutua es la gravitatoria (atracción de masas), aparte de otras influencias; si en determinado lugar y momento se da un reposo máximo, las partículas se atraen exclusivamente por su masa, y forman un aglomerado centrípeto (Griegos y Troyanos de Júpiter a 60º, aglomerados meteoríticos lunares, etc.), que responde a las leyes gravitatorias, y puede ser atraído por los planetas más cercanos, o la suma de éstos según su disposición, é iniciar la órbita o camino hacia el Sol – centro máximo de gravitación – naciendo así el nuevo cometa.

Esta es la ley general de formación de masas galácticas, estelares, etc., después consecuentemente aparece el giro respecto al centro del aglomerado, resultando las formas cosmológicas ordinarias, galaxias, estrellas, planetas, etc. según tamaño y otras condiciones, lo cual es aplicable a los cometas.

5. Partiendo de un conjunto de masas – aerolitos, masas planetarias, etc. – y sus propiedades físicas y los campos de fuerza hoy conocidos (gravitación, electromagnetismo, etc.), si un conjunto de partículas (galaxias, soles, meteoritos, materia negra, etc.) se halla libre de fuerzas, se atraen mutuamente por gravitación, con lo que tienden a juntarse en una sola masa: sería el caso de un Sol o una Galaxia. Y según su ubicación y distancia mutua tenderán a agruparse y con ello a girar en forma de vórtice, iniciando así el proceso evolutivo.

Si aplicamos las leyes ondulatorias (ecuaciones fundamentales), aparece un giro y vórtice, – eje de giro y plano ecuatorial – con unos “lugares cero” (60º, 120º, etc.) donde no hay trans-formación, al moverse las partículas paralelamente conservando su distancia mutua, con velocidad relativa cero por tanto, y otros “lugares críticos” (180º, 90º, etc.) donde las partículas difieren al máximo en velocidad mutua, y chocarán entre sí (brazos brillantes de galaxia) dispersándose.

Ello se confirma – ecuaciones fundamentales – en los grupos aerolíticos de Júpiter, Griegos y Troyanos, ubicados a 60º delante y detrás del planeta (extraídos del cinturón de Asteroides). El Trígono 120º no se ha confirmado, porque correspondería por su distancia espacial a grupos micrometeoríticos difícilmente observables. También se ha confirmado el Sextil en grupos micrometeoríticos en la órbita lunar, delante y detrás del satélite.

6. El candidato a formar un aglomerado de partículas como el antedicho, en nuestro Sistema Solar, es el Cinturón de Kuiper, situado más allá de la órbita de Neptuno (Plutón ya está dentro de él).

Dependiendo de la distancia al Sol, y las condiciones ambientales (gravitatorias, presión de radiación, etc.), conocemos dos anillos de partículas: el de Asteroides y el de Kuiper, el primero rocoso y mineral, entre Marte y Júpiter, y el segundo de materiales ligeros, agua hidrocarburos, etc., y en menor proporción otros pesados micrometeoritos minerales, rocas, etc.

Si bien en equilibrio global, el anillo de Kuiper es influido por los planetas o cuerpos mayores próximos, como el mismo Plutón y Neptuno, y otras masas cercanas, el equilibrio nunca es perfecto, y hay que pensar en el fenómeno ondulatorio – como sucede en la estratosfera terrestre – formándose aglomerados de meteoritos en la zona. Y así volvemos al fundamento teórico explicado en 5, es decir, en determinado momento, por influencia de alguna masa cercana (Plutón, Neptuno, etc.), o por variaciones gravitacionales locales en el movimiento de las partículas, surge un aglomerado que inicia su evolución independiente, formándose un cometa que, en principio, tiene escasa fuerza de cohesión interna. El lugar donde se agrupa depende de las múltiples fuerzas atractoras, ondulatorias, etc. que rigen la materia cósmica.

7. El aglomerado es atraído así principalmente por la masa mayor del Sol, y se mueve hacia él, la fuerza de cohesión interna del aglomerado tiende a la forma esférica, y el resultado depende de las leyes generales: gravitación (interna y externa), presión de radiación, fuerzas electromagnéticas, etc. y las dimensiones y materiales componentes (tamaño, naturaleza, etc.).

Si el aglomerado meteorítico de hielo lo asimilamos al de un cometa – tal sería realmente – podemos estimar el tiempo de viaje desde el Cinturón de Kuiper hasta la Tierra tomando como referencia el conocido cometa Halley, T = 76 años, es decir, unos 38 años desde su formación hasta su paso por el Sol, y habría sido visible previamente según el tamaño y brillo del conglomerado, con lo que Noé pudo preverlo, y dados los efectos del chaparrón – Diluvio – sobre la Tierra también, aunque no se hubiera visto en el momento inicial – solo se ve cuando la iluminación solar es suficiente, y depende también de su tamaño – probablemente desde la distancia se su paso por la órbita de Júpiter ó Marte solamente.

Aquí desde el avistamiento del cometa hasta su llegada a la órbita terrestre transcurrió poco tiempo, pero al menos varios meses, los necesarios para construir el Arca, pues aquí (distancia de Júpiter) la velocidad es ya grande (pese a que el período sea de 76 años = 38+38 años) y el tiempo de llegada pudo ser corto.

Los meteoritos que forman el aglomerado del cometa – similares a los citados Griegos y Troyanos de Júpiter – han de tener cierto tamaño/masa, pues si fueran micrometeoritos no destacarían sobre el cielo en la cola del cometa haciéndola visible.

Podemos imaginar su tamaño por las muestras citadas en 3 es decir, no se trata de “polvo cósmico” sino de rocas o trozos de hielo – nieve súcia – de diversos tamaños, que se van ordenando según masa/superficie en la cola del cometa, los más pesados formando su cabeza, últimamente se han estudiado casos concretos de pequeños cometas y éstos se componen de una especie de “nieva sucia” al mezclarse el hielo con el polvo cósmico – Cinturón de Kuipper – , pero lo predominante es el agua.

El conglomerado meteorítico es así como un “río de hielo” y puede medir grandes distancias: El gran cometa de 1843 alcanzó una longitud de 300 millones de Km y desde el Sol su cola llagaba hasta más allá de la órbita de Marte.

De este modo, el “cometa del Diluvio” pudo perfectamente estar descargando largo tiempo aerolitos de hielo sobre la Tierra en la lluvia causante del mismo.

8. Siguiendo el relato del Génesis, el paso del “río de témpanos” duró mes y medio, empezando en Luna Llena y acabando en Luna Nueva, lo que nos precisa aún más el fenómeno.

Al acercarse a la Tierra, el conglomerado es atraído por ésta, pero hay que advertir que se trata del conjunto Tierra-Luna. La “antena de captación” aquí es la Luna, la que prolonga en su propia dirección el campo gravitatorio, y por tanto la Luna ha de estar opuesta al Sol – Luna Llena – y se confirma en la fecha dada por el texto del Génesis; y nuevamente el final como pérdida de la atracción meteorítica, ha de ser en Luna Nueva, cuando el vector lunar está dirigido al Sol.

Adviértase, sin embargo, que alguno de los meteoritos habrían sido captados por la órbita lunar, cayendo luego durante cierto tiempo, incluso mucho más allá de los 40 días citados, girando en torno a la Tierra, como Griegos y Troyanos lunares. Algunas tradiciones en otros lugares de la Tierra aluden a la caída de piedras también, lo que confirma lo anterior, así en Tahití:

“Nosotros dos estamos ahora a salvo del mar, pero la muerte o heridas nos llegan también por las piedras que están cayendo: ¿dónde podremos vivir?. Y ambos cavaron un hoyo, lo cubrieron con hierba, piedras y tierra. Luego se deslizaron dentro, y allí sentados escuchaban aterrorizados el estruendo y estampido de las piedras que caían del cielo…”.

(THEODOR H. CARTER. MITO, LEYENDA Y COSTUMBRE EN EL LIBRO DEL GÉNESIS”, BARRAL, BARCELONA 1973)
9. Finalmente, los datos paleoclimáticos de que disponemos confirman un aumento súbito de humedad ca. -11.000 E.C. que precede a un incremento de temperatura ca. -9.500, por lo que el aumento del nivel marino – unos 100 m. de altura – no fue debido todo a la fusión posterior de los hielos como cabría pensar, sino que el antiguo nivel diluvial se incrementa por añadidura, invadiendo las aguas oceánicas el Mediterráneo y desapareciendo el istmo África-Sicilia, recordando el episodio de Hércules – el héroe paleolítico – separando las Columnas de Gibraltar.

Platón (‘Timeo’, ‘Critias’) da la fecha de -10.000 E.C. para el cataclismo de la Isla Atlántida, probablemente de fuentes egipcias – libros de su abuelo – confirmando lo antedicho.

Sin embargo, lo más grave no fue el cataclismo en sí mismo, sino que los meteoritos – polvo acompañante al hielo – caídos sobre la Tierra provienen del Cinturón de Kuiper, donde la radiación gamma es 1.700 veces mayor que la existente en el espacio terrestre, lo que ocasiona una verdadera catástrofe biológica.

Se trastorna todo el antiguo equilibrio radiológico, y con ello el biológico como indica el texto del Génesis, desapareciendo la era de los dioses (800 años). “Ciento veinte años serán los días de la vida” (Gén.6.3).

Surgen nuevas pestes – animales y plantas -, se inicia la desecación del Sahara (za-ara = la gran llanura), las migraciones, y los 6.000 años de “Espíritus de la Muerte” atestiguados en los anales egipcios y fuente de su religión, hasta la primera dinastía de los reyes (Menes -5.619 E.C.).