quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Albert Pike - Morals and Dogma

 

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

50. Ao Leste da Loja, sobre o Mestre, dentro de um triângulo, encontra-se a letra hebraica YOD. Nas Lojas inglesas e americanas esta letra é substituída pela letra G.’. [61], pois é a inicial do nome “GOD [62]”, assim como simplesmente é este o motivo que levaram as lojas francesas a adoptar, por sua vez, a letra D. para representar “DIEU [63]”. YOD é, na KABALAH, o símbolo da Unidade, da Divindade Suprema, a primeira letra do Nome Sagrado e, também, o símbolo da Grande Trindade Cabalística. Para entender o seu sentido místico, deverás abrir as páginas de ZOHAR [64] e SIPHRA de ZENIUTHA, dentre outros livros cabalísticos e ponderar profundamente sobre o seu sentido. É suficiente dizer que a mesma é a Energia Criativa da Divindade, representada como um ponto no centro de um círculo da imensidão. Para o Grau de Aprendiz, significa o símbolo da Divindade não-manifestada, o Absoluto, aquele que não tem nome.

51. Os nossos Irmãos franceses posicionam a letra YOD no centro da Estrela Flamígera. Nas inscrições antigas, os nossos irmãos ingleses do passado diziam que “a Estrela Flamígera ou a Glória no centro nos remete à grande luminária, o Sol, que ilumina a Terra e que através da sua generosa [65] influência dispensa bênçãos a toda Humanidade.” Nos mesmos ensinamentos eles a definiam como o emblema da PRUDÊNCIA [66]. A palavra latina “PRUDENTIA” significava, no seu sentido mais completo e original, Previdência; e, deste modo, a ESTRELA FLAMÍGERA era entendida como o emblema da omnisciência ou o OLHO-QUE-TUDO-VÊ que, para os iniciados egípcios era o emblema de OSÍRIS, o Criador. Com YOD no centro, ela tem a significação cabalística da Energia Divina, que se manifesta como Luz, criando o Universo.

52. As Jóias de uma Loja são em número de seis. Três são definidas como Jóias “móveis” e três como Jóias “fixas”. O ESQUADRO, o NÍVEL e o PRUMO [67], na Antiguidade eram definidos, com muita propriedade, de Jóias Móveis, porque eram passadas de um Irmão para o outro. É uma inovação que a modernidade trouxe entende-las como Jóias Fixas, uma vez que elas sempre devem estar presentes numa Loja. As Jóias Fixas são: a PEDRA BRUTA, a PEDRA PERFEITA ou CÚBICA, ou, nalguns rituais, o CUBO DUPLO e a PRANCHETA DE LOJA [68] ou a PRANCHETA DE MESTRE [69].

53. Destas Jóias, dizem os nossos Irmãos do Rito de York que “o Esquadro inculca Moralidade, o Nível, Igualdade e o Prumo, Rectidão.” A explicação sobre as Jóias fixas deverá buscar nos seus monitores.

54. Os nossos Irmãos do Rito de York acrescentam que “em toda Loja bem-governada encontra-se representado o ponto dentro de um círculo; o ponto representa um irmão tomado como indivíduo; o círculo representa os limites da sua conduta; dentro destes limites jamais sofrerá pelos seus preconceitos e nem será traído pelas suas paixões”.

55. Mas isto não nos serve para interpretar os símbolos da Maçonaria. Dizem alguns, interpretando com um pouco mais de clareza, que o ponto, no centro do círculo, representa a Deus no centro do Universo. É também um signo egípcio bastante comum para o Sol e para Osíris, que ainda é utilizado para representar astronomicamente a Grande Luminária. Na Kabalah este ponto significa YOD, a Força Criativa de Deus, que irradia a Luz dentro deste espaço circular, onde Deus, a Luz Universal, deixa vazio para ali expandir e criar mundos, assim como para retrair a Sua substância luminosa de todos os lados para um ponto [70].

56. Dizem ainda os nossos Irmãos que, “o círculo é tangenciado por duas linhas paralelas perpendiculares, uma representando São João Batista e a outra, São João Evangelista e, acima de tudo, encontram-se as Escrituras Sagradas (um livro aberto)”. “Ao contornar este círculo”, dizem eles, “nós necessariamente tocamos estas duas linhas como também tocamos a linha que representa a Escritura Sagrada e, enquanto um Maçom se mantém dentro dos limites desta circunferência, é impossível que ele incida em erros materiais”.

57. Seria uma perda de tempo tecer comentários sobre isto. Alguns autores teriam imaginado que aquelas linhas paralelas representavam os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, os quais o Sol toca alternadamente no Solstício de Verão e no de Inverno. Mas os Trópicos não são linhas perpendiculares e tal ideia não passa de mera fantasia. Se estas linhas paralelas alguma vez pertenceram a este antigo símbolo, eles com certeza tinham um sentido muito mais profundo e muito mais proveitoso. Estas linhas provavelmente tinham a mesma significação que as das colunas gémeas JACHIN e BOAZ. O adepto poderá encontrar tais significados na Kabalah. A JUSTIÇA e a PIEDADE de Deus estão em equilíbrio e o resultado é a HARMONIA, devido à Única e Perfeita Sabedoria que impera sobre ambas as colunas.

58. As Escrituras Sagradas são uma inteiramente moderna adição ao símbolo, da mesma forma que os globos celestial e terrestre dispostos no todo das colunas do pórtico. Assim, o símbolo ancestral foi corrompido por estas incongruentes adições, como Ísis lamentando sobre a coluna destruída que continha os restos de Osíris em Byblos [71].

59. A Maçonaria tem o seu decálogo, que é uma lei para os seus Iniciados. São estes os seus Dez Mandamentos:

I. Deus é a Eterna, Omnipotente, Imutável SABEDORIA, a Suprema INTELIGÊNCIA e o incansável Amor.

Deverás adorá-Lo, reverenciá-Lo e amá-Lo!
Deverás honra-Lo praticando a Virtude!
II. Para ti, a religião será para fazer o bem porque é um prazer para ti e não meramente porque é uma obrigação.

Deverás buscar a amizade dos homens sábios e obedecer aos seus preceitos!
Tua alma é imortal! Não farás nada que a degrade!
III. Deverás lutar incessantemente contra o vício! Não deverás fazer aos outros o que não gostarias que to fizessem!

Deverás manter-te submisso à teu destino e manter sempre acesa a luz da sabedoria!
IV. Deverás honrar a teus pais!

Deverás respeitar e prestar homenagem aos mais velhos!
Deverás instruir aos mais jovens!
Deverás proteger e defender a infância e a inocência!
V. Deverás amar tua mulher e teus filhos!

Deverás amar a teu País e obedecer às suas Leis!
VI. Teu amigo deverá ser para ti como um irmão!

A má sorte não deverá te afastar dele!
Deverás fazer pela sua memória o mesmo que farias por ele se ainda estivesse vivo!
VII. Deverás evitar e te afastar de amizades insinceras!

Deverás em tudo evitar o excesso!
Deverás evitar que as tuas acções se transformem num peso para a tua consciência!
VIII. Não deverás permitir que nenhuma paixão te governe!

Deverás tomar s paixões dos outros como enriquecedoras lições para ti próprio!
Deverás ser indulgente para como os erros!
IX. Deverás praticar o bem!

Deverás esquecer as injúrias!
Deverás sempre preferir o bem ao mal!
Não deverás nunca valer-te de tua força e de tua superioridade!
X. Deverás estudar para conhecer os homens e ainda para aprender a conhecer-te a ti mesmo!

Deverás ser justo!
Deverás evitar a preguiça!
60. Porém o maior mandamento da Maçonaria é este: “Um novo mandamento dou a ti: amai-vos uns aos outros! Aquele que diz que está na Luz e odeia ao seu irmão, permanece na escuridão”.

61. São estas as obrigações morais de um Maçom. Mas é também dever da Maçonaria ajudar na elevação do nível moral e intelectual da sociedade, cunhando conhecimento, ventilando ideias e propiciando que a mente do jovem cresça, ao entregar gradualmente os ensinamentos dos axiomas e ao promulgar leis positivas, estará a Humanidade em harmonia com o seu destino.

62. Para este dever e obra é que o Iniciado é aceito como Aprendiz. Ele não pode pensar que as suas atitudes em nada podem surtir efeito e, assim, se desesperar e se tornar inerte. É assim na Maçonaria como na vida diária. Muitos dos grandes feitos são realizados nas pequenas lutas do dia adia. Nós sabemos que existe uma determinada bravura que não é notada, que se defende a si própria, palmo a palmo na escuridão, contra a invasão fatal da necessidade e da baixeza. Existem nobres e misteriosos triunfos que ninguém vê e os quais não trazem qualquer recompensa e que nenhuma trombeta saúda. Vida, má sorte, isolamento, abandono e pobreza são os campos de batalha que têm também os seus heróis – heróis obscuros que muitas vezes são maiores que aqueles que se tornaram ilustres. O Maçom deve lutar da mesma maneira e com a mesma bravura contra estas invasões de necessidade e de torpeza que assolam a tantas nações como a tantos homens. Ele também deverá enfrentá-las cara a cara, mesmo na escuridão e protestar contra os erros nacionais e as tolices; contra a usurpação e as primeiras incursões desta hidra que é a tirania. Não existe eloquência mais soberana que a eloquência da verdade quando na indignação. É muito mais difícil para o povo a luta pela manutenção da liberdade que a luta pela sua conquista. Os Protestos da Verdade são sempre necessários. Constantemente o direito deve protestar contra os factos. Existe, ipso facto, a Eternidade no Direito. O Maçom deverá ser o sacerdote e o soldado deste Direito. Se ao seu país for tomada a liberdade, ele não se poderá desesperar. O Protesto do Direito contra o facto vai persistir para sempre. Quando se rouba uma coisa do povo, este crime nunca há de prescrever. A reclamação dos seus direitos não será barrada por nenhum lapso de tempo. Varsóvia não poderá jamais ser Tártara, assim como Veneza nunca poderá ser Teutónica. Um povo deverá, com todas as suas forças, enfrentar a usurpação militar, eis que os Estados subjugados se ajoelham a outros Estados e usam o freio enquanto estão sob a força da necessidade; porém, quando a necessidade desaparece e uma vez que este mesmo povo esteja acostumado a ser livre, este país submerso emergirá e reaparecerá na superfície, e só assim a tirania será julgada pela História por ter sacrificado tantas vidas e ter feito tantas vítimas.

63. Não importando o que ocorrer, nós devemos ter Fé na Justiça, na prevalência da Sabedoria de Deus, Esperança no Futuro e Amor para os que se encontram em erro. Deus torna visível aos homens a Sua Vontade nos acontecimentos; como um texto obscuro, escrito numa misteriosa linguagem. Os homens, por sua vez, fazem a sua interpretação como que imediatamente e de forma açodada, incorrecta e cheia de erros, omissões e mal entendidos. Conseguimos enxergar, quando muito, apenas um arco de uma grande circunferência! Poucas mentes compreendem a linguagem divina. Só os mais sagazes, os mais calmos e os mais profundos podem decifram os hieróglifos, ainda que vagarosamente, mas quando eles surgem com o texto decifrado, ao que tudo indica, a necessidade há muito já foi embora e, neste meio tempo, já existem mais de vinte traduções desse mesmo texto nas praças públicas – e, claro, a versão mais incorrecta é a mais popular e aceita. Para cada uma dessas traduções, um partido é formado e a cada mal entendido, uma facção é criada. Cada um desses partidos acredita que é o único que possui o verdadeiro texto e cada facção acredita que só ela detém a luz. Ao demais, as facções são compostas de homens cegos que, no entanto, alvejam com precisão, uma vez que os erros são excelentes projécteis, que acertam com muita habilidade e com toda a violência que salta dos erros de julgamento, (wherever a want of logic in those who defend the right, like a defect in a cuirass, makes them vulnerable).

64. É por isto que nos sentimos constrangidos ao combater os erros em frente ao povo. ANTEUS opôs longa resistência a HERCULES; as cabeças da HIDRA cresceram tão rápido quanto eram extirpadas. É absurdo dizer que o Erro, ferido, se contorce em dor e morre entre os seus adoradores. A Verdade conquista devagar. Existe uma assombrosa vitalidade no erro. A verdade, de facto, dispara o seu projéctil por sobre a cabeça das massas; ou se o erro se encontra prostrado por alguns momentos, logo depois se põe em pé novamente, com tanto ou mais vigor que antes. O erro não morrerá quando os seus miolos estiverem expostos e o erro que tem a vida mais longa é aquele que é o mais estúpido e o mais irracional.

65. Apesar disto, a Maçonaria, que é Moralidade e Filosofia, nunca deixará de cumprir a sua obrigação. Nunca sabemos quando os nossos esforços atingirão o sucesso – geralmente ocorre quando menos se espera – nem com quais efeitos e de quais esforços ele surgirá. Com sucesso ou com falha, a Maçonaria não deverá ser curvar ao erro ou sucumbir ao desencorajamento. Em Roma, alguns poucos soldados cartagineses que foram tomados como prisioneiros e se recusaram a se curvar a FLAMÍNIO, conservando um pouco da magnanimidade do grande ANÍBAL. Os Maçons deverão ter esta mesma grandeza de Alma. A Maçonaria deverá ser uma energia que encontra os seus objectivos e efeitos na evolução da humanidade. Sócrates deverá incorporar Adão e produzir um Marco Aurélio, ou seja, por outras palavras, fazer de um homem fútil, um homem sábio. A Maçonaria não deverá ser um mero observatório, construído sobre mistérios, para apenas contemplar o mundo no seu descanso, com não outro resultado que não apenas ser um instrumento para a conveniência do curioso. Segurar a taça cheia de pensamentos para os lábios do homem sedento; dar a todos as verdadeiras ideias da Divindade; harmonizar consciência e ciência são as províncias da Filosofia. Moralidade é a Fé totalmente desabrochada. A Contemplação deverá levar à acção e o absoluto deve ser prático; o ideal deve ser ar, comida e bebida para a mente humana. Sabedoria é a sagrada comunhão e é a única condição para que esta deixe de ser um estéril amor à Ciência para se transformar no único e supremo método para unir a Humanidade e mobilizá-la para uma acção organizada. Assim Filosofia se torna Religião [72].

66. E a Maçonaria, como a História e a Filosofia, tem as suas obrigações eternas – eternas e ao mesmo tempo, simples – para fazer oposição a CAIAFÁS como bispo, DRACO ou JEFFRIES como Juiz, TRIMALQUIÃO como Legislador e TIBÉRIO como imperador. Tais são os símbolos da tirania, que degrada e esmaga, e a corrupção que polui e que infesta. Dos livros para o uso do ofício é-nos dado que os três grandes sustentáculos para a profissão do Maçom são o Amor Fraternal, o Socorro e a Verdade. E é verdade que a afeição fraternal e a amabilidade deverão nos governar em todas as nossas convivências e relações com os nossos irmãos; e uma generosa e liberal filantropia que actua em todos nós no que respeita à todos os homens. Socorrer aos angustiados é particularmente um dos deveres do Maçom – um dever sagrado, que não pode ser omitido, negligenciado ou obedecido de forma fria e ineficiente. É ainda mais verdadeiro que a Verdade é uma atribuição divina e as fundações de cada uma das virtudes. Ser verdadeiro, buscar, procurar e aprender sobre a Verdade são os grandes objectivos de todos os bons Maçons.

67. Assim como os antigos fizeram, a Maçonaria prega a Temperança, Bravura, Prudência e Justiça, ou seja, as quatro virtudes cardinais. Eles são tão necessários para as nações como para os indivíduos. O povo que quiser ser Livre e Independente deverá possuir Sagacidade, Previdência, Perspicácia e uma cuidadosa circunspecção, qualidades que se encontram todas abrangidas pela palavra Prudência. Uma República deverá ser moderada ao afirmar os seus direitos, comedida nos seus Concílios e económica nas suas despesas; Deverá ser destemida, brava, corajosa, paciente nos reveses, inabalável nos desastres e esperançosa no meio das calamidades como Roma, quando ela vendeu o campo em que ANÍBAL manteve o seu acampamento. Nenhuma Batalha de CANNAE ou FARSÁLIA, PAVIA, AGINCOURT ou WATERLOO deverá desencorajá-la. Deixar o seu Senado permanecer sentado até quando os gauleses lhes arranquem pelas suas barbas. Ela deverá, acima de tudo, ser justa, não obedecendo aos fortes e nem pilhando os fracos; Ela deverá agir sob o esquadro com todas as nações, assim como a mais frágil das tribos; sempre mantendo a sua fé, sendo sempre honesta na sua legislação, correcta em todas as suas negociações. Quando uma República assim existir, ela será imortal: a precipitação, a injustiça, intemperança e luxuria na prosperidade, bem como o desespero e desordem nas adversidades são as causas da decadência e da dilapidação das nações.

Notas
[61] Importante trazer à colação que a letra grega “GAMMA” para os pitagóricos significava “geometria” e que trazia um simbolismo bastante interessante. A propósito, a letra “G” para os hebreus significava o terceiro nome de Deus. (N. do T.)

[62] “As suas significações e etimologias são tão numerosas quanto variadas. Uma delas mostra-nos a palavra derivada do termo persa muito antigo e místico: GODA, que quer dizer “ele mesmo”, ou alguma coisa emanada por si mesma do Princípio Absoluto. A raiz da palavra é GODAN, donde Wotan e Odin, cujo radical oriental quase não foi alterado pelas raças germânicas. Foi assim que desse radical fizeram GOTZ, donde derivaram o adjectivo GUT, “Good” (bom), assim como o termo GOTA ou ídolo. Da Grécia antiga, as palavras ZEUS e THEOS conduziram à palavra latina Deus.” (HELENA PETROVNA BLAVATSKY in “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”).

[63] DEVV e DIVV, em sânscrito significam Sol e Luz e destas palavras se originou a palavra ZEUS, em grego; DEO, latino, DEUS, em português, etc. Ademais, segundo WILL DURANT, o nome ZEUS tenha se originado do radical indo-europeu di, que significa brilhar. (Nota do Tradutor)

[64] “ZOHAR” ou “SOHAR” – trata-se de um grupo de livros sobre o TORÁ. Incluem interpretações bíblicas, bem como incursões teológicas, teosóficas, cosmogónicas e filosóficas. É também conhecido como “MIDRASH”. O significado da palavra “Zohar” é iluminação, brilho. De acordo com historiadores religiosos, a maior parte do Zohar foi escrito em aramaico – antigo idioma falado em Israel – durante o período da ocupação romana. Atribui-se este trabalho a um rabino do segundo século, SCHIMON BAR YOCHAR, (ou SCHIMON BEN-YOHAI, citado como o autor do ZOHAR na obra “THE RIGHT ANGLE – H. P. BLAVATSKY ON MASONRY IN HER THEOSOPHICAL WRITINGS”) que muito provavelmente seja uma personagem lendária judaica. Tal rabino teria vivido no tempo da perseguição romana aos religiosos judeus e, obrigado a se esconder numa caverna, permaneceu recolhido por treze anos para estudar a Tora com o seu filho, Eliazar. Acredita-se que a obra tenha sido feita através da inspiração directa de Deus. Curiosamente, permaneceu oculta por vários séculos até à sua redescoberta, no século XIII da nossa era, por Moshe de Leon. (Nota do Tradutor)

[65] “GENIAL”, no original em inglês. (N. do T.)

[66] “PRUDÊNCIA”, como pontifica ROBERT MACOY, “nos ensina a regular as nossas vidas e acções em conformidade com os ditames da razão e é aquele hábito pelo qual nos sabiamente julgamos e prudentemente determinamos sobre todas as coisas do presente, assim como para a nossa futura felicidade. Esta virtude deverá ser uma característica peculiar de todo Maçom, não apenas para o governo da sua conduta em Loja, mas também na sua vida profana. Deverá ainda ser particularmente respeitada para que este mantenha sempre vigilância sobre os sinais, toques ou palavras, para que os segredos da Maçonaria não sejam ilegalmente obtidos por profanos.” (in “THE MASONIC MANUAL– A POCKET COMPANION FOR THE INITIATED – COMPILED AND ARRANGED BY ROBERT MACOY”, Edição Revisada, Estados Unidos da América, 1867, p. 35) (N. do T.)

[67] “THE LEVEL, PLUMB AND SQUARE

We meet upon the Level, and we part upon the Square:/ What words sublimely beautiful those words Masonic are! / They fall like strains of melody upon the listening ears, /As they’ve sounded hallelujahs to the world, three thousand years. / We meet upon the Level, though from every station brought, / The Monarch from his palace and the Laborer from his cot / For the King must drop his dignity when knocking at our door / And the Laborer is his equal as he walks the checkered floor. / We act upon the Plumb,—’tis our Master’s great command / We stand upright in virtue’s way and lean to neither hand / The All-Seeing Eye that reads the heart will bear us witness true, / That we do always honor God and give each man his due. / We part upon the Square,—for the world must have its due, / We mingle in the ranks of men, but keep the Secret true, / And the influence of our gatherings in memory is green, / And we long, upon the Level, to renew the happy scene. / There’s a world where all are equal,—we are hurrying toward it fast / We shall meet upon the Level there when the gates of death are past / We shall stand before the Orient and our Master will be there, / Our works to try, our lives to prove by His unerring Square. / We shall meet upon the Level there, but never thence depart. / There’s a mansion bright and glorious, set for the pure in heart / Sand an everlasting welcome from the Zost rejoicing there, / Who in this world of sloth and sin, did part upon the Square. / Let us meet upon the Level, then, while laboring patient here / Let us meet and let us labor, tho’ the labor be severe; / already in the Western Sky the signs bid us prepare, / To gather up our Working Tools and part upon the Square.

Hands round, ye royal Craftsmen in the bright, fraternal chain! / We part upon the Square below to meet in Heaven again;

Each tie that has been broken here shall be cemented there, / And none be lost around the Throne who parted on the Square.” (Morris, Robert apud “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”)

[68] “TRACING-BOARD”, no original em inglês. (N. do T.)

[69] “TRESTLE-BOARD”, no original em inglês, aqui traduzido como “Prancheta de Mestre”, novamente recorrendo à interpretação do texto do eminente autor norte-americano ROBERT MACOY, a seguir transcrito e traduzido: “As jóias fixas são a Pedra Bruta, a Pedra Perfeita e a Prancheta de Mestre. A pedra bruta é a pedra no seu estado natural e rude, recém tirada de uma pedreira; a pedra perfeita, preparada por um operário e pronta para ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos companheiros e a prancheta de mestre, que é para que o mestre faça os seus desenhos sobre ela” (in “THE MASONIC MANUAL…”, p. 30) (N. do T.)

[70] Novamente recorremos ao mestre FIGANIÈRE, no que respeita à sua interpretação desta figura, quando este aponta que “No círculo, como na esfera, há em volta equidistância do centro para a circunferência ou periferia (espaço). Nos dois movimentos assinalando um fenómeno, há equivalência na medida radial (tempo). Em todos os fenómenos, por muito que variem as fases, há dois movimentos que lhes são comuns, crescer e minguar…” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, p. 58)

[71] “BYBLOS” – é o nome dado pelos gregos à cidade de GEBAL, na FENÍCIA (o actual LÍBANO) e é considerada por alguns historiadores antigos como a mais antiga cidade do mundo, pela sua contínua e ininterrupta ocupação desde a sua fundação, atribuída a CRONOS. Era assim chamada porque era de lá que o bublos (ou o papiro) era importado pelos gregos. Temos ainda no verbete “GEBAL”, na Enciclopédia de ALBERT GALLATIN MACKEY que se localizava no sopé do Monte Líbano e que os seus habitantes, os “GIBLITES” (ou, na linguagem maçónica, “GIBLEMITES”) adoravam ao deus Adónis, o Thammuz sírio. Distinguiam-se na arte de esculpir a pedra e eram conhecidos, conforme os Primeiro Livro dos Reis (v. 18), como “STONE-SQUARERS” ou os lapidadores de pedra. (in “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”)

[72] “Then Philosophy becomes Religion…” – Muitos detractores da obra de ALBERT PIKE interpretam mal esta passagem, razão pela qual não pude me furtar a trazer à colação a interpretação bastante interessante e ponderada do mestre Figanière a este respeito, senão vejamos: “Quando as duas irmãs – com as chama o professor Huxley -, quando a religião e a ciência se congraçarem, prestando-se mútuo auxílio com a filosofia de permeio (um ternário ou trindade, como em toda a potência que se manifeste) é de crer se repita, com variante, o que já, mais de uma vez, se tem realizado neste mundo, se não mentem as vozes vindas de longe. No texto de Aristóteles, lembrado acima, considera ele as crenças e tradições acreditadas pela fábula, como destroços da sapiência arcaica. Diz Platão, no Philebo, que os antigos (fonte das tradições) “valiam mais do que nós, por se terem achado mais perto dos deuses”, o que nada mais significa senão que tais homens identificavam um nível cíclico espiritualmente mais adiantado. Confúcio, que vivia antes desse filósofo, tinha também o maior culto pela “antiguidade”; a sabedoria de outros séculos remotos era o norte de todos os seus esforços, e a base do seu ensino. Quem ler os clássicos daquele povo antiquíssimo, persuade-se facilmente que o regime da China primeva tivesse por alicerces a religião da sapiência. Quer dizer, a religião apoiava-se na ciência, o governo e as instituições na religião ou, por outras palavras, a filosofia era invólucro da religião, ciência, governo e instituições. Nesse tempo a ciência que hoje se diz oculta, cultivava-se à luz do dia, porque o poder estava entregue à sapiência. (…) A “sabedoria do passado” a que este filósofo alude tão repetidas vezes, deve pois sem dúvida referir-se àqueles tempos tradicionais quando poder e sapiência eram termos equivalentes; (…)” (FREDERICO FRANCISCO STUART DE FIGANIÈRE MOURÃO in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Colecção Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, Rio de Janeiro, 1973, p. 52) De arremate, temos que “O culto de que aí se trata nada mais é do que a religião da sapiência, cuja raiz tem penetrado todos os ciclos, indo esconder-se nas origens do mundo.” (Op. Cit., p. 57).

Albert Pike - Morals and Dogma II

 

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

21. É isto é o que é questionado e respondido no nosso catecismo, no que respeita à Loja.

22. Uma “Loja” é definida como uma “assembleia de Maçons, pontualmente congregados, tendo as escrituras sagradas, o esquadro e o compasso, uma carta de permissão e um estatuto que os autoriza a trabalhar.” A sala ou o lugar onde eles se reúnem, representando alguma parte do Templo do Rei Salomão é também denominada como Loja, e é assim que a estamos considerando.

23. É cediço, pois, que a Loja é sustentada por três grandes colunas, quais sejam a SABEDORIA, a FORÇA ou FORTALEZA e a BELEZA [25], representadas pelo Venerável Mestre, pelo 1.º Vigilante e pelo 2.º Vigilante e assim se costuma dizer, eis que a Sabedoria, a Força e a Beleza constituem-se na perfeição de todas as coisas e nada pode subsistir sem elas. “Assim o é, porque,”, diz o Rito de York, “é necessário Sabedoria para conceber, Força para suportar e Beleza para adornar todas as grandes empreitadas.” “Acaso não sabes,” diz-nos o Apóstolo Paulo, “que sóis o templo de Deus e que o Espírito de Deus o habita? Se algum homem profanar o templo de Deus, este homem será destruído por Deus, porquanto o templo de Deus é sagrado e este templo sóis vós.”

24. A Sabedoria e o Poder da Divindade estão em equilíbrio. As leis da natureza e as leis morais não são meros mandatos despóticos da Sua vontade omnipotente, para que então elas possam ser arbitrariamente mudadas por Ele e assim, transformar ordem em desordem, o bem em mal, o certo em errado, honestidade e lealdade em vícios e fraude, ingratidão e vício, em virtudes. O poder Omnipotente, infinito e existindo só, não tem necessariamente que ser forçado à consistência. Os Seus decretos e as Suas leis podem não ser imutáveis. As leis de Deus não nos são obrigatórias por se tratarem de decretos de Seu Poder ou por serem expressões da Sua Vontade, mas porque elas expressam a Sua infinita SABEDORIA. Elas não são certas por serem as Suas Leis; mas são as Suas Leis porque são certas. Do equilíbrio da Sabedoria e Força infinitas resulta a perfeita Harmonia no universo material e moral. Sabedoria [26], Rectidão e Harmonia constituem um ternário Maçónico [27]. Estes têm outros e ainda mais profundos significados que, em determinado momento, a ti serão revelados.

25. Como uma explicação simples, deverá ser aduzido o facto de que a sabedoria do Arquitecto é apresentada na combinação de – que só um habilidoso Arquitecto pode fazer, do mesmo tipo de arranjo que Deus fez em todos os lugares, como por exemplo, na árvore, no corpo humano, no ovo, nas células de uma colmeia – força com graça, beleza, simetria, proporção, iluminação e ornamentação. Esta, também, é a perfeição do orador e do poeta – o combinar a força, o vigor e a energia com o estilo gracioso, com as cadencias musicais e com a beleza de figuras, a representação e a irradiação da imaginação e da fantasia: a força guerreira e industriosa do povo com o seu vigor titânico devem ser combinadas com a beleza das artes, das ciências e da inteligência. Se o Estado pudesse escalar tais alturas da excelência, só assim o povo poderia ser realmente livre. A Harmonia neste caso, como em tudo o que é Divino, material e humano é o resultado do equilíbrio, da atracção e repulsa de elementos contrários; uma única Sabedoria acima delas segurando o feixe de escalas. Reconciliar a lei moral, a responsabilidade humana, o livre-arbítrio com o poder absoluto de Deus, bem como conciliar a existência do mal na Sua Sabedoria absoluta [28], com a bondade e com a piedade – são estes os grandes enigmas da Esfinge.

26. Por entre duas colunas entraste na Loja. Elas representam as duas colunas erigidas no pórtico do Templo, cada uma num lado do grande portão do Leste. Estes pilares, de bronze, de quatro dedos de espessura, eram, de acordo com o mais autêntico relato – aquele constante no Primeiro e no Segundo Livro dos Reis, confirmado em Jeremias – era de dezoito cúbitos de altura com mais cinco cúbitos de altura no seu capitel. O eixo de cada uma tinha quatro cúbitos de diâmetro. Um cúbito representa um pé e 707/1000. Isto é, o eixo de cada coluna tinha um pouco mais de 30 pés e oito polegadas de altura, e os capitéis de cada uma tinham um pouco mais de oito pés e o diâmetro do eixo tinha seis pés e dez polegadas. Os seus capitéis eram enriquecidos com romãs de bronze cobertas por uma malha de bronze e ornamentadas por uma grinalda também de bronze, parecendo que foram feitas para imitar as sementes da flor de lótus ou o lilás egípcio, um símbolo sagrado para os hindus e egípcios. O pilar ou a coluna da direita, ou no sul, foi denominada como a palavra hebraica traduzida na nossa Bíblia como JACHIN, e a outra, na esquerda, foi denominada como BOAZ. Os nossos tradutores dizem que a primeira palavra significa “Ele proverá (estabelecerá)” e a segunda significa “Nela há força”.

27. Tais colunas são imitações, feitas por KHURUM, o artista de Tiro, das grandes colunas consagradas aos Ventos e ao Fogo, posicionadas na entrada do famoso TEMPLO DE MALKARTH, na cidade de TIRO [29]. É bastante comum, nas lojas do Rito de York, ver um globo celestial numa coluna e um globo terrestre noutra; mas estas colunas não são garantidas, pois são objectos que imitam as duas colunas originais do Templo. O significado simbólico destas colunas, por ora, deixaremos sem explicação, apenas acrescentando que os Aprendizes mantém as suas ferramentas de trabalho na coluna “JACHIN”. Daremos também, por ora, apenas a etimologia e o significado literal destes dois nomes.

28. A palavra “JACHIN” em hebreu, provavelmente pronunciada como “YA-KAYAN”, entendida como um substantivo verbal significa “aquele que apoia” e, portanto, tida como firme, estável e confiável.

29. A palavra BOAZ é “baaz” que por sua vez significa Forte, Força, Poder, Poderoso, Refúgio, Fonte de Força, fortaleza. O prefixo significa “com” ou “dentro”, e confere à palavra a força de um gerúndio latino – roborando -, ou seja, fortalecendo.

30. A primeira palavra também significa “ele vai estabelecer”, ou plantar, por em posição erecta – vem do verbo “Kun”, ou seja, ele se manteve erecto. Provavelmente significava Activo e Energia Vivificante e Força; BOAZ, significava Estabilidade e Permanência, no sentido passivo.

31. As dimensões da Loja, dizem os nossos Irmãos do Rito de York, “são ilimitadas e cobrem nada menos que toda abóbada celestial”. “Para este objectivo”, eles dizem, “é que a mente do Maçom é direccionada constantemente e é para lá que ele espera chegar ao fim da sua jornada com a ajuda da escada teológica, a qual Jacob viu nas suas visões, se elevando da terra aos céus; os três principais lances são aqueles que são denominados como Fé, Esperança e Caridade, cada qual nos remete à Fé em Deus, Esperança na Imortalidade [30] e a Caridade destinada a toda a Humanidade”. A propósito, a escada, algumas vezes representada com nove lances é vista no quadro, começando no chão da terra, o seu cume nas nuvens e as estrelas brilhando acima dela, como que para representar a escada mística que Jacob viu no seu sonho, posta sobre a terra com a sumidade a tocar o Céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela [31]. A adição dos três principais lances, para o seu simbolismo, é de todo moderno e incongruente.

32. Os antigos contavam sete planetas, assim arranjados: a Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Existiam então sete céus e sete esferas destes planetas. Em todos os monumentos dos Mitras existiam sete altares ou piras consagradas aos sete planetas, assim como existiam sete velas no candelabro de ouro do Templo [32]. CLEMENTE DA ALEXANDRIA [33] assegura-nos que estas luzes representavam os sete planetas na sua “STROMATA [34]”, bem como FÍLON, O JUDEU [35].

33. Para retornar à sua fonte no Infinito, a alma humana, os antigos diziam, deveria subir antes ter descido pelas sete esferas. A escada pela qual a alma reascendia – conforme MARCÍLIO FÍCINO nos seus Comentários às Enéades de PLOTINO [36] -, possuía sete degraus ou passos; e nos Mistérios de MITRA [37], trazidos a Roma durante o reinado dos imperadores, a escada, com os seus sete lances, era um símbolo da ascensão por entre estes sete planetas. Jacob viu os Espíritos de Deus subindo e descendo por esta escada e no topo desta encontrava-se a própria Divindade. Os MISTÉRIOS MITRÁICOS [38] eram celebrados em cavernas, onde os seus portais eram marcados nos quatro pontos equinociais e nos pontos dos solstícios do ZODÍACO, sendo que os sete planetas foram representados na descida do céu de estrelas fixas para os elementos que constituem a terra; ao passo que cada um dos sete portões destinados a representar um planeta, foram marcados para que os adeptos passassem por eles, seja na descida ou no seu retorno à superfície.

34. Nós sabemos disto pelos ensinamentos de CELSO, em Orígenes, que dizia que esta imagem simbólica de passagem pelas estrelas, usada pelos Mistérios Mitráicos era uma escada que, da Terra ao Céu era dividida em sete níveis ou estágios e cada um destes era um portal e que, no seu cume, havia ainda um oitava estágio, onde se encontravam as estrelas fixas. O símbolo era o mesmo dos sete estágios da Pirâmide de Tijolos Vitrificados chamada “BORSIPPA [39]”, próxima à Babilónia, construída também com sete estágios, cada um destes de uma cor diferente. Nas cerimónias mitráicas, o candidato passava por sete estágios de iniciação, enfrentando vários desafios bastante arriscados – e era isto que esta escada representava.

35. Vês a Loja, os seus detalhes e ornamentos através das suas Luzes. Já ouviste também que tais Luzes, como dizem os nossos Irmãos do Rito de York, podem ser Grandes ou Pequenas.

36. A Bíblia Sagrada, o Esquadro e o Compasso não são apenas caracterizadas como as Grandes Luzes da Maçonaria, mas também são definidas tecnicamente como o mobiliário [40] da Loja; e como já visto, não pode a Loja ser constituída sem elas. Tal medida tem sido por algumas vezes usadas como pretexto para a exclusão de judeus das nossas Lojas, eis que eles não podem tomar o Novo Testamento como um livro sagrado. A Bíblia é uma parte indispensável no mobiliário de uma Loja Cristã, uma vez que é o livro sagrado da religião Cristã. Ao Altar pertencem, o PENTATEUCO hebreu numa Loja hebraica e o CORÃO numa Loja Maometana. Um destes Livros – que fique bem entendido-, bem como o Esquadro e o Compasso são as Grandes Luzes sob as quais um Maçom deverá sempre andar e trabalhar.

37. O juramento de um candidato deve sempre ser tomado sobre o livro ou os livros sagrados da sua religião, pois só assim o juramento se torna solene e marcante, eis que te foi perguntado a qual religião pertencias. Não temos qualquer outro problema com a religião que professas.

38. O Esquadro é um ângulo recto, formado por duas linhas rectas. Por sua natureza adapta-se apenas à superfícies planas, pertencendo unicamente à geometria, agrimensura, tal qual a trigonometria que lidava apenas com o plano e com a terra, que os antigos supunham ser plana. O Compasso descreve círculos e lida com a trigonometria esférica, que é a ciência das esferas e dos céus. O primeiro é um emblema do que respeita a terra e ao corpo; o outro, no que respeita à alma e aos céus. Entretanto, o Compasso é também usado para a trigonometria plana, como para erigir perpendiculares; ainda, foste alertado para o facto de que neste Grau ambas as pontas do Compasso estão sob o Esquadro e estás apenas lidando com os seus sentidos moral e político destes símbolos e não com o seu significado filosófico e espiritual, mesmo que o divino sempre se coaduna com o elemento humano, intercalando com o terreno e o espiritual, pois há sempre algo de espiritual na mais corriqueira das actividades da vida. As nações não são apenas corpos políticos, mas também, corpos com uma alma política, para a desgraça daquelas pessoas que, buscando apenas o material, se esquecem de que a nação também tem uma alma. E, desta forma, temos uma raça petrificada em dogma, que pressupõe a ausência de uma alma e que confia na presença apenas da memória e do instinto, porquanto desmoralizada pelos lucros. Uma natureza assim não poderá nunca liderar a civilização. As genuflexões ante ao ídolo do dólar atrofiam tanto os músculos que usamos para andar quanto a vontade que origina tais movimentos. A absorção hierática ou mercantil diminui o brilho do povo, diminui o seu horizonte rebaixando o seu nível, privando-o do entendimento dos objectivos universais que são ao mesmo tempo humanos e divinos, o que constitui as nações missionárias. Um povo livre, esquecendo-se de que tem uma alma para cultivar, emprega todas as suas energias unicamente na perseguição de avanços materiais. Se tal povo faz a guerra, é com o objectivo único de atender aos seus interesses comerciais. Os cidadãos, ao emular o Estado, perseguem por sua vez apenas a fortuna, a pompa e a luxúria como se fossem estes os únicos bens da vida. Uma nação assim gera riqueza muito rapidamente, mas as distribui muito mal. Resultam disto, portanto, os dois extremos de uma monstruosa opulência e de uma monstruosa miséria; toda a alegria é destinada apenas para muito poucos e para o resto, o povo, toda sorte de privações; Privilégio, Excepções, Monopólio e Feudalismo são produtos do próprio trabalho: uma falsa e perigosa circunstância que transforma o trabalho num Ciclope [41], que acorrentado e cego, nas minas, nas forjas, nas oficinas, nas tecelagens e nos campos, sob os venenosos fumos, nas celas nauseabundas, nas fábricas sem ventilação, se fundamenta o poder público através da miséria individual, construindo a grandeza do Estado através do sacrifício do indivíduo. É nesta grandeza mal constituída que todos os elementos materiais se encontram combinados sem a participação, no entanto, do elemento moral. Se o povo, como uma estrela, tem o direito de eclipsar, a luz, por sua vez, tem o direito de retornar. O eclipse não se poderá degenerar em noite.

39. As três Luzes menores, ou as Luzes Sublimes, das quais já ouviste falar, são o Sol, a Lua e o Mestre de uma Loja; e já ouviste também que os nossos Irmãos do Rito de York têm a dizer sobre elas e porque eles as mantêm como se fossem Luzes de uma Loja. Porém, o Sol e a Lua não fazem, de forma alguma, luz dentro da Loja, a menos que seja simbolicamente, e as luzes não são tais astros, mas tratam-se daquelas coisas de que elas são símbolos. Sobre o que significam tais símbolos, o Maçom deste Rito não tem instrução. Nem a Lua tampouco, qualquer que seja o seu sentido, não rege de forma alguma a noite com a sua regularidade.

40. O Sol é o símbolo ancestral da vida e do poder de criação da Divindade [42]. Para os antigos, a luz era a causa e a origem da vida; e Deus era a fonte de onde toda luz emanava; a essência da Luz, o fogo invisível, desenvolvida como Flama e que se manifestava como luz e esplendor. O Sol era a Sua manifestação e a sua imagem visível, e os Sibaritas [43] veneravam o Deus-Luz, pareciam venerar ao Sol, em que eles acreditavam ser a manifestação da Divindade.

41. A Lua era o símbolo da capacidade passiva de produzir, a fêmea, sendo que o poder e energia de dar a vida eram do homem. Era o símbolo de ÍSIS [44], ASTARTE e ÁRTEMIS ou DIANA [45]. O “Mestre da Vida” era a divindade suprema, acima dos dois e que se manifestava através dos dois; ZEUS [46], o Filho de SATURNO, se tornou o Rei dos Deuses; HÓRUS [47], filho de OSÍRIS e de ÍSIS, se tornou o Mestre da Vida; DIONÍSIO ou BACO [48], assim como MITRA [49], se transformou no criador da Luz, da Vida e da Verdade.

42. O Mestre da Luz e da Vida, o Sol e a Lua, são simbolizados em cada Loja pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes: é a obrigação do Mestre é de dispensar a luz pura para os Irmãos, por si próprio, e através dos Vigilantes, que são os seus ministros.

43. “Teu Sol”, diz ISAÍAS a Jerusalém, “não deverá mais ir abaixo, nem tua lua deverá desaparecer por si mesma; para o SENHOR haverá uma sempre presente luz, e os dias de teu sofrimento deverão acabar. Teu povo será também em tudo correcto; eles deverão herdar a terra para todo o sempre.” E assim um povo livre.

44. Os nossos ancestrais nórdicos veneravam esta tríplice Divindade: ODIN [50], o todo-poderoso Pai; FRÉIA [51], sua esposa, era o símbolo universal da matéria e THOR [52], seu filho, era o mediador. Porém, acima deles, estava o Deus Supremo, “o autor de tudo o que existe, o Eterno, o Antigo, o Vivificante e o Terrível Ser, o Buscador dentre as coisas ocultas, o Ser Imutável.” No TEMPLO DE ELEUSIS – um santuário iluminado apenas por uma janela no tecto que representava o Universo -, as imagens do Sol, da Lua e de Mercúrio encontravam-se representados [53].

45. “O Sol e a Lua”, diz o sábio IIr∴ DELAUNAY [54], “representa os dois grandes princípios de todas as gerações, o activo e o passivo, o masculino e o feminino. O Sol representa a luz verdadeira. Ele derrama sobre a Lua os seus raios fecundantes; ambos dividem a sua luz com os seus rebentos, a Estrela Flamígera ou HÓRUS e as três formas do Grande Triângulo Equilátero, em que no centro se encontra a omnipotente letra da Kabalah, sobre o qual a criação teria surtido os seus efeitos.”

46. Os ORNAMENTOS de uma Loja são tidos como “o Pavimento Mosaico, a Orla Dentada e a Estrela Flamígera”. O Pavimento Mosaico, dividido em quadrados ou em losangos claros e escuros é tido como para representar o piso do Templo do Rei Salomão e a Orla Dentada como “aquela bela borda que envolvia o piso do Templo”. A Estrela Flamígera no centro é tida como “o símbolo da Providência Divina e a representação comemorativa da estrela que surgiu para guiar os sábios do Leste para o lugar onde nasceu o nosso Salvador.” Entretanto, “as pedras não podiam ser vistas” no interior do Templo. As paredes eram cobertas com pranchas de cedro e o piso era de abeto. Não existem evidencias de que este tipo de pavimento ou piso existia no Templo, bem como tais bordas. Antigamente, na Inglaterra, apenas PRANCHETA DE LOJA era envolvida por uma orla dentada e é só na América que tal tipo de borda é disposta ao redor de todo Pavimento Mosaico. Os “TESSERAE”, de facto, eram os quadrados ou os losangos do pavimento. Na Inglaterra, ainda, “a orla dentada ou denteada” é chamada “TESSELLATED [55]”, devido à mesma ter quatro “TASSELS [56]”, que representavam a Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça. Ela foi denominada como a “Trassel” dentada, mas isto é um mau uso da palavra. É, pois, um pavimento quadriculado com uma orla dentada.

47. O pavimento que mescla o branco e o preto simboliza – talvez com este propósito ou não -, os Princípios do Bem e do Mal dos credos Egípcios e Persas. Representa o embate entre MICHAEL e SATÃ, entre os DEUSES e os TITÃS, entre BALDER [57] ou LOKI [58], entre a luz e as trevas, Dia e Noite, Liberdade e Despotismo, Liberdade Religiosa e os Dogmas Arbitrários da Igreja, que pensa pelos seus devotos e da qual o seu Pontífice clama serem infalíveis, e os decretos dos seus Concílios como verdadeiros evangelhos.

48. Os eixos deste pavimento, se encontrados em losangos, devem necessariamente ser dentados ou denteados, dispostos como os dentes de uma serra; para ser completo, ao demais, uma borda também é necessária. É completada ainda por franjas que servem como ornamentos nas suas esquinas. Se estes e as suas bordas têm algum significado simbólico são, pois, fantasiosos e arbitrários.

49. Encontrar na ESTRELA FLAMÍGERA de cinco pontos uma alusão à Divina Providência é também uma fantasia e entende-la como uma representação daquela Estrela que guiou os Magos, é impor a ela um significado moderno. Originalmente, ela simbolizava SÍRIUS [59], a estrela canina, a anunciadora das enchentes do Nilo ou o Deus ANUBIS, companheiro da deusa ÍSIS na busca pelo do corpo de OSÍRIS, seu irmão e seu marido. Assim sobreveio a imagem de HÓRUS, o filho de OSÍRIS, ele mesmo representado pelo Sol, o criador das estações e o Deus do Tempo; o filho de ÍSIS, que era a natureza universal, ele próprio a matéria primitiva, fonte inesgotável de vida e uma fagulha do fogo ainda não criado e a semente universal de todos os seres vivos. A ESTRELA FLAMÍGERA representava também a HERMES, o Mestre da Aprendizagem, conhecido pelos gregos antigos como o Deus Mercúrio. Então, veio a ser o símbolo ou característica potente e sagrada dos Magos, o PENTALFA [60], sendo o poderoso emblema da Liberdade e Isenção, resplandecendo com uma sempre firme e estável luz por entre os confusos elementos benignos e malignos das Revoluções, prometendo céus tranquilos e estações férteis para as nações, após as tempestades das mudanças e do tumulto.

Notas
[25] JOSEPH FORT NEWTON, ensina-nos, na sua belíssima obra “THE BUILDERS” que “Na índia, e entre os Maias e os Incas, existiam três pilares nos portais dos templos terrestres e celestiais – Sabedoria, Força e Beleza. Quando um homem erigia um pilar, ele se transformava num companheiro daquele a quem os sábios da China chamavam como o “Primeiro Construtor”. Ademais, pilares eram erigidos para marcar os lugares sagrados da visão e da Divina entrega, como quando Jacob erigiu um pilar em Bethel, Josué em Gilgal e Samuel em Mizpeh e Shen. Os pilares sempre foram símbolos de estabilidade, os quais os egípcios descreveram como “the place os stabilishing forever”, – emblemas da fé “que os pilares da terra são do Senhor, e que Ele dispôs o mundo sobre eles.” (Chapter II, p. 29, tradução livre, edição virtual, copyright 1996-2001 – Phoenixmasonry, Inc. in www.phoenixmasonry.org) (N. do T.)

[26] Digna de registro é a definição de SABEDORIA dada por ALICE A. BAILEY, na sua obra “INICIAÇÃO HUMANA E SOLAR”, que a seguir se transcreve: “A sabedoria é produto da CÂMARA DA SABEDORIA. Relaciona-se com o desenvolvimento da vida na forma, com o progresso do espírito naqueles veículos sempre cambiantes e com as expansões de consciência que se sucedem de vida em vida. Refere-se ao aspecto vital da evolução. Como lida com a essência das coisas e não com as próprias coisas, é a percepção intuitiva da verdade separada da faculdade de raciocínio, e a percepção inata que pode distinguir entre o falso e o verdadeiro, entre o real e o irreal. É mais do que isso, pois representa, também, a capacidade crescente do Pensador penetrar cada vez mais na mente do LOGOS, de conscientizar a verdadeira natureza interna do grande personagem do universo, de enfocar o objectivo e de se harmonizar progressivamente com a unidade mais ampla. Para a nossa presente finalidade (que consiste em estudar um pouco o CAMINHO DA SANTIDADE e os seus vários estágios) poderá ser descrita como a conscientização do “REINO DE DEUS INTERNO” e a percepção do “REINO DE DEUS EXTERNO” no sistema solar. Talvez possa ser expressa como a combinação progressiva dos caminhos do místico e do ocultista – a edificação do templo da sabedoria baseada no conhecimento. A sabedoria é a ciência do espírito, da mesma forma como o conhecimento é a ciência da matéria. O conhecimento é separativo e objectivo, ao passo que a sabedoria é sintética e subjectiva. O conhecimento divide; a sabedoria une. O conhecimento diferencia, ao passo que a sabedoria combina.” (p. 28/29). (N. do T.)

[27] Sobre o TERNÁRIO MAÇÓNICO recomendamos a leitura do texto “O TERNÁRIO” de autoria do IIr∴ JOSÉ ANTÓNIO DOS SANTOS (in “Caderno de Pesquisas Maçónicas – Caderno 4”, págs. 119 usque 127), do qual se extrai a seguinte ilação: “a Maçonaria adoptou o texto do Salmo 133, como invocação ao auxílio do G∴ A∴ D∴ U∴ na abertura dos Trabalhos da Loja de A∴ M∴ , o qual é composta de TRÊS versículos, formando o mais lindo TERNÁRIO filosófico deste meu trabalho, a saber: Versículo 1 – Oh! Como é bom e agradável/Aos Irmãos unidos viverem juntos. Versículo 2 – É como o óleo perfumado na cabeça,/Que desce para a barba, a barba de AARÃO;/ Que desce para a orla do seu manto. Versículo 3 – É como o orvalho do Hérmon/ Que desce sobre a montanha de Sião;/ Ali derrama o SENHOR a sua bênção./ E a vida para todo o sempre.” (N. do T.)

[28] Sobre “ como conciliar a existência do mal na Sua Sabedoria absoluta…” que figura nesta passagem do texto, seguimos o entendimento, mais uma vez, de FIGANIÈRE, eis que “Segundo os cânones esotéricos o mal é fenómeno, um desvio da verdade; é também o espírito que permeia a lição de JOB, que, perguntando onde se acha a sabedoria, qual é o lugar da inteligência, responde afinal: “Eis aí o temor do Senhor, ele é a mesma sabedoria; e apartar-se do mal, é a inteligência (Cap. XXVIII, 12-28). Não há que recorrer à ”tolerância” do Supremo (segundo rezam certos textos) para explicar o mal. Concorda com o que diz KRISHNA (isto é, ATMÃ) no BHAGAVAD-GITA: “Não estou na natureza que pertence às três qualidades ditas SATTV RAJAS e TAMAS, conquanto procedam de mim; estão contudo em mim. Achando-se o mundo confundido pela influência destas três qualidades, ignora que sou distinto delas, e sem decadência.” (…) É no mesmo espírito que se exprime o YADJUR VEDA: “Ele move-se, Ele não se move; Ele está distante, Ele está perto; Ele está em tudo, Ele está fora de tudo.” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, p. 68) E, de arremate: “A unidade absoluta (como se costuma postular o estado não-manifesto) dá consigo no panteísmo, na omnipresença substancial de Deus, que assim estaria relacionado com tudo, sem excluir o mal” (Op. Cit., p. 67) (N. do T.)

[29] Cidade de TIRO, na FENÍCIA, o atual LÍBANO. “E do mesmo modo que a Grécia na sua infância se mostra humilde discípula do Egipto, quando exangue morre, por assim dizer, nos braços do Egipto; em Alexandria uniu os seus ritos, sistemas filosóficos e deuses com os do Egipto e da Judeia, para que mais tarde pudessem ressuscitar em Roma no Cristianismo. Só a influência fenícia pode comparar-se à egípcia. Os activos mercadores de Tiro e de Sídon foram agentes transmissores da cultura, que estimularam todas as regiões do Mediterrâneo por meio das ciências, tecnologia, artes e cultos do Egipto e do Oriente Próximo.” (WILL DURANT in “HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO” – Segunda Parte, Tomo I, 3.ª edição, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1957, p. 91) (N. do T.)

[30] “Se a alma não teve passado, por certo não terá porvir.” – FIGANIÈRE.

[31] Sobre a ESCADA MÍSTICA DE JACOB, se vislumbra em FIGANIÈRE que “Vendo em sonhos uma escada, posta sobre a terra com a sumidade a tocar no céu, vinham “os anjos de Deus subindo e descendo por ela” (Génesis, XXVIII, 12). Por que não descendo e subindo – pois havia descida primeiro que subida? Porque o momento foi de início nem final; era de presença; “Anjos” em sonho, na realidade almas…” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Colecção Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, Rio de Janeiro, 1973, p. 58) Importante notar ainda que Figanière ressalva na sua interpretação que não se tratam de “Anjos” e sim de “almas” e, a seguir, no texto – p. 33 – tais anjos são também definidos por Albert Pike como os “espíritos de Deus”, adoptando este mesmo entendimento. (N. do T.)

[32] São sete os Princípios Herméticos, (“The Principles of Truth are Seven; he who knows these, understandingly, possesses the Magic Key before whose touch all the Doors of the Temple fly open.”), a seguir transcritos: I – O Princípio do Mentalismo; II – O Princípio da Correspondência; III – O Princípio da Vibração; IV – O Princípio da Polaridade; V – O Princípio do Ritmo; VI – O Princípio da Causa e Efeito; VII – O Princípio do Gênero. (in “THE KYBALION – A STUDY OF HERMETIC PHILOSOPHY OF ANCIENT EGYPT AND GREECE, BY THREE INITIATES”, The Yogi Publication Centre, Chicago,1940, chapter II) (N. do T.)

[33] “CLEMENTE DE ALEXANDRIA” – era um judeu gnóstico considerado como o responsável pela helenização do judaísmo. Segundo HELENA PETROVNA BLAVATSKY, na sua obra “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”, Clemente “era um converso na aparência, mas de coração ardente neoplatónico e filósofo pagão” que supostamente foi um dos primeiros instrutores dos bispos cristãos na origem do cristianismo e da Igreja Católica. Ao demais, é considerado como um dos primeiros membros da Igreja da Alexandria e morreu entre os anos de 211 e 216 d. C. Importa ainda dizer que era conhecido por escrever sobre o mito do “CRESTUS” da seita dos judeus essénios, considerados como os cristãos primitivos. (N. do T.)

[34] “STROMATA” pode ser traduzida como “miscelânea” e é o último livro da trilogia de Fílon, que foi assim chamado pelo facto de abordar diversos assuntos filosóficos, religiosos e científicos. Os outros dois livros eram “PROPEPTICUS” e “PAEDAGOGUS”. (N. do T.)

[35] “FÍLON, O JUDEU” ou “FÍLON DA ALEXANDRIA” – escreveu um tratado sobre Serapis ou o Bom Deus, destruído mais tarde pela Igreja Católica. Segundo estudiosos, os evangelhos teriam sido originados nos seus escritos e talvez tenha sido o pensador mais influente durante o período de formação do Cristianismo, mesmo sem nunca ter mencionado ou reportado a existência de Jesus Cristo, segundo LA SAGASSE. Historiadores impõem que Fílon platonizou e helenizou o judaísmo – que desde a diáspora vinha perdendo adeptos em favor de outras religiões, como por exemplo, a persa – dando-lhe feições greco-egípcias e que teria sido o autor do livro “Apocalipse” que mais tarde foi catalogado na Bíblia. Foi um dos pensadores mais influentes do seu tempo – época em que CALÍGULA era o imperador romano – tratando de diversos acontecimentos históricos em Roma, na Palestina e na Judeia, bem como se dedicou ao estudo da então estranha seita dos essénios e da sua organização proto-socialista. Por fim, era notável por pregar a Igualdade e a Fraternidade entre os homens. (N. do T.)

[36] “PLOTINO” – foi um dos maiores filósofos do mundo antigo e é considerado como o fundador da corrente do Neoplatonismo que exerceu enorme influência em místicos e filósofos pagãos, cristãos, judeus, muçulmanos e gnósticos. Morreu em 276.

[37] “MITRA” – era para os persas o seu deus redentor e, segundo vários escritores, pode ser considerado o traço de união entre o cristianismo primitivo e o budismo dos hindus. Nasceu numa gruta no dia 25 de Dezembro e os acontecimentos da sua vida lendária lembram bastante aos acontecimentos da vida de JESUS CRISTO: a visita dos reis magos, o nascimento de mãe virgem, a tentação do diabo, a sua morte e ressurreição, etc., assim como nos remete, pela sua semelhança, ao mito de Hórus dos egípcios, de Prometeu dos Gregos e ao da reencarnação do avatar Salvitri dos hindus, que também nasceram no dia 25 de Dezembro (solstício de Inverno). No que respeita às semelhanças com Jesus Cristo, alguns hindus crêem que Cristo seria o novo avatar destinado aos ocidentais – o oitavo foi KRISHNA, o nono foi BUDA, nome dado a Sidarta Gautama, nascido na Índia por volta do ano 621 a.C. –, sendo notável, ainda, as semelhanças dos nomes de JESEU KRISHNA com JESUS CRISTO. (N. do T.)

[38] “MISTÉRIOS MITRÁICOS” ou ‘MISTÉRIOS DE MITRA” – tais mistérios vêm da religião criada por ZARATUSTRA ou ZOROASTRO (para os gregos, que sempre resistiram a adoptar a pronúncia dos bárbaros), em que existia a eterna luta entre o bem e o mal. AHURA MAZDA (ou ORMUZD) era o deus do fogo e da luz e ANGRA MAYNIU (ou AHRIMAN) era o deus das trevas, representando o mal. Nesta luta, AHURA MAZDA foi auxiliado pelo seu filho MITRA, o espírito do Bem e da Justiça, porquanto era o mediador entre os homens e AHURA MAZDA. Este deus mandou o seu filho à Terra, o qual nasceu de uma mulher virgem, pura e bela, concebido através de um raio de sol. Morreu e ressuscitou para salvar os homens e os mistérios mitráicos retratavam através dos seus rituais os acontecimentos da sua vida lendária. (N. do T.)

[39] “BORSIPPA” – importante cidade da SUMÉRIA – actual IRAQUE – que actualmente se chama BIRS NIMRUD, em homenagem ao DEUS NIMROD e onde se encontrava a pirâmide que é mal identificada na cultura judaico-cristã, bem como na cultura árabe, como a “TORRE DE BABEL”. Era possivelmente o templo de NABU, chamado filho de MARDUK da Babilónia e foi reconstruída pelo rei NABUCODONOSOR II com sete esferas de tijolos de nobre lápis lazúli. Tinha 231 pés (aproximadamente 70,41 metros) de altura divididos em sete terraços e mesmo quando em ruínas, alcançava 172 pés (aprox. 52,43 metros) de altura. Temos ainda em WILL DURANT, que em BORSIPPA se encontrava a maior das bibliotecas babilónicas. Apesar de terem todas sido destruídas, todo o acervo da biblioteca de BORSIPPA foi copiado e mantido na biblioteca de ASSURBANIPAL, e as trinta mil tabuletas constituem-se na principal fonte de conhecimento sobre a vida, história e cultura do povo da Babilónia. Importante notar que, segundo este mestre, “que o grande ziggurat de BORSIPPA era chamado de “Os Estágios das Sete ESFERAS”; cada pavimento era dedicado a cada um dos sete planetas conhecidos na BABILÓNIA, e cada um tinha uma cor simbólica. O mais baixo era preto, representando a cor de Saturno; o próximo logo acima era branco, a cor de Vénus; o próximo era roxo, cor de Júpiter; o quarto azul, para Mercúrio; o quinto era escarlate, para Marte; o sexto era prata, para a lua; o sétimo dourado, para representar o sol. Estas esferas e estrelas, começando do topo, eram para designar os dias da semana.” (in “OUR ORIENTAL HERITAGE”, Editora Simon and Schuster, Estados Unidos, Nova York: 1954, p. 249/255)

[40] Do inglês original “FURNITURE”, ou seja, mobiliário, podendo ser entendido como “Jóia” ou como as “Jóias Móveis de uma Loja”, conforme se depreende de vários manuais maçónicos. (Nota do Tradutor)

[41] Os CICLOPES eram gigantes de um olho só. Os três primeiros eram filhos de GAIA e ÚRANO. Aprisionados no mundo subterrâneo, foram libertados por ZEUS e ajudaram-nos a combater os seus captores, os Titãs. Como ferreiros de Zeus, fizeram também os seus raios e também o capacete de POSEIDON. (PHILIP WILKINSON in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, p. 58) Ainda, Os CICLOPES eram chamados de “construtores” e ocultismo os chama de “Iniciadores”, que, iniciando alguns pelasgos, lançaram as fundações da verdadeira Maçonaria. ”(in “SECRET DOCTRINE”, II, P. 345 apud GEOFFREY FARTHING in“THE RIGHT ANGLE – H. P. BLAVATSKY ON MASONRY IN HER THEOSOPHICAL WRITINGS “, Chapter II, tradução livre) (N. do T.)

[42] HELENA PETROVNA BLAVATSKY, na sua obra “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”, aponta numa belíssima passagem que “sobre toda a superfície da Terra – do Pólo Norte ao Pólo Sul, dos Golfos gelados dos países nórdicos Às planícies tórridas do sul da Índia, na América Central, na Grécia e na Caldeia -, era adorado o fogo solar como símbolo do Poder Divino, criador da vida e do amor. A união do sol (o espírito – elemento masculino) com a Terra (a matéria – o elemento feminino) era celebrada nos Templos do Universo inteiro. A propósito, segundo o eminente ocultista e Maçom belga Ragon, no seu magnum opus “LA MAÇONNERIE OCULTE” temos que “o Sol era o mais sublime e natural das imagens do Grande Arquitecto; igualmente a mais engenhosa de todas as alegorias pelas quais o homem moral e bom (o verdadeiro sábio) simbolizava como a Inteligência infinita, sem limites.” “ No coro sideral o sol vai prosseguindo, qual na origem lho hás dado, o curso harmonioso. Tonitruante baixo no seu concerto infindo, só mandando-lho tu, Senhor, terá repouso. A sua luz dobra a nossa, enchendo-nos de espanto não podemos sondar-lhe a portentosa essência. Como o fora a princípio, ó sacra Omnipotência, teu sol é hoje ainda enigma, assombro, encanto.” GOETHE, em “FAUSTO”. (N. do T.)

[43] “SABBAEANS”, no texto original, aqui traduzido como “Sibaritas”. (N. do T.)

[44] “ÍSIS” – “era esposa fiel e irmão de OSÍRIS. ÍSIS criou o Nilo com as suas lágrimas. OSÍRIS e ÍSIS são os pais de HÓRUS, o deus do céu com cabeça de falcão, cujos olhos eram a lua e o sol. HÓRUS foi concebido quando Ísis, transformando-se num gavião, bateu as asas tentando devolver o alento vital a OSÍRIS. HÓRUS guiava a alma dos mortos no outro mundo e era um dos protectores do faraó.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 32)

[45] “ÁRTEMIS OU DIANA” – Deusa da caça e irmã gémea de Apolo, era também protectora dos filhotes dos animais. Era casta e enfurecia-se quando ameaçada. (N. do T.)

[46] “ZEUS” – “Filho caçoula dos Titãs Cronos e Réia, Zeus derrotou os Titãs e tornou-se rei dos deuses. Era ele quem governava os deuses que viviam no Monte Olimpo, assegurando a justiça e presidindo a ordem social. Zeus punia os seus inimigos com raios, que os Ciclopes faziam para ele. Nos seus domínios, os céus, Zeus fixava a ordem das estações e o curso das estrelas. Ele teve três esposas – Métis, Témis e Hera – e muitos casos com deusas, ninfas e mulheres normais (PHILIP WILKINSON, in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, p. 56). Esta luta entre Zeus e aliados contra os Titãs tornou-se para os gregos o símbolos da conquista do barbarismo e da força bruta pela civilização e a razão. Em Will Durant temos que “começou como deus do céu e das montanhas, distribuidor das preciosas chuvas. Nas suas formas primitivas foi um deus da guerra; discute consigo mesmo se deverá por termo ao cerco de Tróia ou “tornar a guerra mais sangrenta”, e acaba escolhendo a segunda alternativa. Aos poucos vai se transformando no calmo e poderoso chefe dos deuses e dos homens, encarapitado no Olimpo com barbuda dignidade. Torna-se cabeça e fonte da ordem moral do mundo; pune a negligência filial, protege a propriedade da família, sanciona juramentos, persegue perjuros e protege fronteiras, lares, suplicantes e hóspedes. Por fim faz-se o sereno juiz que Fídias esculpiu para o templo de Olímpia.” (in “HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO”, Segunda Parte – Tomo I, p. 232/233)

[47] “Assim como seu pai, o supremo OSÍRIS, HÓRUS, deus do céu, teve de lutar com o seu invejoso tio, SETH. Quando OSÍRIS morreu, Hórus foi até a corte dos deuses reivindicar o trono. Mas SETH, alegando ser o mais forte e o mais capaz para defender o deus sol nas suas travessias do mundo subterrâneo, disse que o rei deveria ser ele. De início, os deuses não quiseram escutar HÓRUS, porque SETH fizera o seu hálito cheirar muito mal. Depois, HÓRUS e SETH participaram de uma série de testes para ver quem era o mais forte. SETH arrancou os olhos de HÓRUS e, por isso, o mundo ficou às escuras. A deusa HATOR curou HÓRUS despejando leite nos seus olhos. Os adversários continuaram lutando, empatados, até que OSÍRIS interveio, ameaçando evitar demónios do outro mundo à morada dos deuses se os dois não parassem a disputa. Eles desistiram, e HÓRUS tornou-se o rei.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 33)

[48] “DIONÍSIO” – ou BACO, para os romanos. Era filho de ZEUS e protector das vegetações e das vinhas, era considerado também, o deus dos mortos, através das promessas de ressurreição. (N. do T.)

[49] Das semelhanças entre o deus PROMETEU dos gregos e MITRA dos persas: importa dizer que este deus, PROMETEU, também era um protector da humanidade. Quando ZEUS e os homens encontraram-se para partilhar comida, PROMETEU tramou para que ZEUS levasse os ossos e deixasse a carne para os homens. ZEUS reagiu tirando o fogo da Terra. Mas PROMETEU foi até a forja de HEFAÍSTOS e roubou um pouco do fogo para os humanos. Ele também os ensinou a usá-lo para trabalhar os metais. Notável também são as semelhanças com os deuses de todos os povos de origem indo-ariana como os persas, gregos, romanos, etc. e os seus mitos da criação e dos cultos solares que se manifestam em todas estas culturas, servindo como elemento de ligação. Sobre a questão aqui apontada, recomenda-se, para maior clareza, o estudo da obra “A CIDADE ANTIGA” do mestre FUSTEL DE COULANGES. ( N. do T.)

[50] “ODIN” ou “ODIM” – “Era o líder de ASGARD e deus da guerra, das tempestades, da magia, da inspiração e do mundo dos mortos. O mais velho e o maior de todos os deuses escandinavos, foi o criador do cosmo, ao lado dos irmãos VILI e VE. Odin tinha dois segredos para tanto poder. O primeiro era a sua capacidade de mudar de forma, assumindo aquela que desejasse. O segundo era a sua sabedoria, que obteve bebendo do poço de MIMIR. Este continha orvalho de uma das raízes do grande freixo do mundo, IGDRASIl.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 82)

[51] “FRÉIA” – “Era deusa da fertilidade. Ela ajudava o crescimento das plantas, favorecia as pescarias e socorria as mulheres na hora do parto. Deusa da magia e da riqueza, tinha um famoso colar chamado BRISINGAMEN (feito por quatro irmãos anões chamados BRISNIGS) e um manto de penas, chamado VALHAMR. Fréia também defendia a liberdade sexual e tinha muitos amantes – tantos deuses quanto mortais.” (Op. Cit., p. 83)

[52] “THOR” – “era o deus do trovão, era uma das divindades mais poderosas e populares de ASGARD. O som trovejante das suas marteladas ecoava pelos céus. O martelo feito pelos anões, era capaz de esmagar o mais forte dos adversários. Defendendo os deuses contra os seus inimigos, os gigantes, Thor derrotou THRYM, que roubara o seu martelo, e HRUNGIR, que ameaçava destruir Asgard.” (Op. Cit., p. 83) Também conhecido como “THONAR” ou “DONAR”. (N. do T.)

[53] “In all the ancient mythologies there were triads, which consisted of a mysterious union of three deities. Each triad was generally explained as consisting of a creator, a preserver, and a destroyer. The principal heathen triads were as follows: The Egyptian, Osiris, Isis, and Horus; the Orphic, Phanes Uranus, and Kronos; the Zoroastric, Ormuzd, Mithras, and Ahriman; the Indian, Brahma, Vishnu, and Siva; the Cabirie, Axereos, Axiokersa, and Axiokersos; the Phenician, Ashtaroth, Mileom, and Chemosh; the Tyrian, Behls, Venus, and Thammuz; the Grecian, Zeus, Poseidon, and Hades; the Roman, Jupiter, Neptune, and Pluto; the Eleusinian, Iacchus, Persephone, and Demeter; the Platonie, Tagathon, Nous, and Psyche; the Celtic, Hu, Ceridwen, and Creirwy; the Teutonic, Fenris, Midgard, and Hela; the Gothic, Woden, Friga, and Thor; and the Seandinavians, Odin, Vile, and Ve. Even the Mexicans had their triads, which were Vitzliputzli, Kaloc, and Tescalipuca.” (in “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”) (N. do T.)

[54] DELAUNAY, FRANÇOIS H. STANISLAUS, segundo Mackey, “era uma literato e historiador francês, autor de vários trabalhos sobre a Maçonaria, dos quais o principal é “TUILEUR DES TRENTE-TROIS DEGRÉS DE L’ ECOSSISME DU RITE ANCIEN ET ACCEPTS”, sendo, críticas à parte, um trabalho de grande erudição e de exaustiva pesquisa sobre a etimologia das palavras do Rito.” (in “Encyclopedia…”). (N. do T.)

[55] Ou seja, embutida com mosaico ou ainda, incluída ou calçada em mosaico. (N. do T.)

[56] Franja, ou “TASSEL” no original em inglês.

[57] “BALDER” – “Era filho de ODIN e FRIGA, BALDER era o mais belo dos deuses. Quando foi morto pela lança de visgo, todos os deuses de Asgard ficaram de luto. Eles convenceram HEL a deixar que BALDER voltasse à vida, desde que todos no mundo chorassem o deus morto. Tudo e todos choraram, excepto uma giganta, que na verdade era LOKI disfarçado – de modo que Balder foi obrigado a continuar no mundo dos mortos.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA…”, p. 82).

[58] “LOKI” – “Parte deus e parte gigante, Loki era uma mescla de deus ardiloso e criador. Apesar de ser amigo dos ASES, causou a morte de BALDER. Era ele quem iria liderar os seus filhos monstruosos e as almas dos mortos contra os deuses, em RAGNAROK, e por isso todos o receavam. Era também conhecido como Deus Dissimulado e Pai das Mentiras.” (Op. Cit., p. 84)

[59] SÍRIUS é a estrela mais brilhante da constelação CANIS MAJOR e no Hemisfério Norte é considerada o vértice do triângulo invernal, apelidada de ESTRELA CANINA. Em Roma, já era conhecida como “CANÍCULA”. Esta estrela sempre foi o centro das atenções e em todas as culturas – das mais primitivas às mais sofisticadas – sempre lhe foi destinada especial significação. Era objecto de adoração para os egípcios do Vale do Rio Nilo e era chamada de “SOTHIS”, sendo que diversos templos foram construídos em que a sua luz penetrava nos altares. Ao demais, acredita-se que o calendário egípcio foi inteiramente baseado na sua ascensão helíaca, a qual ocorre um pouco antes das cheias do Nilo. Para a Mitologia Grega, os cães caçadores de ÓRION tornaram-se a estrela Sírius pelas próprias mãos de ZEUS. Ainda, os gregos antigos associavam a estrela ao calor do Verão, pois “seirius”, em grego, significava “o escaldador”. (Nota do Tradutor)

[60] Segundo ALBERT G. MACKEY in “ENCYCLOPEDIA…”, também conhecido como o “TRIÂNGULO DE PITÁGORAS”, também conhecido como “PERDALPHA” e “TRIPLE TRIANGLE”. José Castellani nos ensina que “ A Estrela Pentagonal, ou PENTALFA (cinco princípios), ou PENTAGRAMA (cinco letras), que, a partir dos meados do século XVIII, passou, com o nome de Estrela Flamejante, a fazer parte da Simbologia Maçónica, é de origem pitagórica, representando, também o homem na sua alta espiritualidade (Estrela Hominal), sem ter, todavia, qualquer relação com a magia, como no pitagorismo.” (in “Caderno de Pesquisas Maçónicas”, Caderno 4,, Editora Maçónica “A Trolha”, Londrina, 1992, p. 68 (N. do T.)

Albert Pike - Morals and Dogma I

 

Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, prepared for the Supreme Council of the Thirty Third Degree for the Southern Jurisdiction of the United States: Charleston, 1871. [1] – Albert Pike

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

1º Aprendiz – A régua de doze polegadas e o maço
1. A FORÇA, não regulada ou mal regulada, não é apenas desperdiçada no vácuo, como a pólvora queimada a céu aberto e o vapor ainda não confinado pela ciência; porém, ao se debater no escuro e nos seus arroubos encontrando apenas o ar, ela se retrai e contunde a si mesma. É destruição e ruína. É como um vulcão, um terremoto ou um ciclone – não é crescimento e progresso. É o cego POLIFEMO [2] atacando a esmo e caindo de cabeça em direcção à afiadas rochas graças ao ímpeto dos seus próprios golpes.

2. A Força cega de um povo é uma força que deve ser economizada e gerida, como aquela mesma força cega do vapor que, impelindo os pesados braços de ferro e fazendo girar grandes rodas, é feita para maçar e armar o canhão, bem como para tecer o laço mais delicado. Esta força deve ser regida pela Inteligência [3]. A inteligência é para o povo e é a sua força, assim como a agulha deslizante da bússola [4] o é para uma embarcação – é a sua alma, sempre guiando a enorme massa de madeira e ferro e apontando sempre para o Norte. Para atacar as cidadelas erigidas por todos os lados contra a raça humana pela superstição, pelo despotismo e pelo preconceito, a Força deve ter um cérebro e uma lei. Só assim os seus feitos de coragem produzirão resultados permanentes, surgindo o verdadeiro progresso. E ainda existem as conquistas sublimes. O pensamento é uma força e a Filosofia deverá ser uma energia, encontrando os seus objectivos e os seus efeitos na evolução do género humano. Os dois grandes motores são a Verdade e o Amor. Combinadas tais forças, guiadas pela Inteligência e regidas pela RÉGUA [5] do Direito e da Justiça, sendo ainda empreendidas em movimentos e esforços sistemáticos, a grande revolução preparada pelas Eras iniciará a sua marcha. O PODER da Divindade está em equilíbrio com a Sua Sabedoria. O único resultado, por conseguinte, é a HARMONIA.

3. É porque a FORÇA é mal regulada é que as revoluções se provam sempre falhas. É por isto então que tantas insurreições, vindas daquelas altas montanhas que dominam o horizonte moral, como a Justiça, a Sabedoria, a Razão e o Direito que, constituídos da mais pura neve do ideal, depois de uma longa queda, de rocha a rocha, mesmo depois de ter reflectido o céu na sua transparência e de ser absorvida por uma centena de afluentes no seu majestoso caminho do triunfo, de repente, se perde nos pântanos, como um rio da Califórnia que se perde nas areias.

4. A contínua caminhada da raça humana impõe que às alturas que a cercam devam resplandecer com nobres e gratificantes lições de coragem. Provas de ousadia e coragem deslumbram a História, pois formam uma das tantas luzes que guiam o homem. Elas são as estrelas e o brilho que vêm do grande mar de electricidade que é da Força inerente ao Povo. Aspirar, enfrentar e correr todos os riscos, perseverar, ser fiel ao seu verdadeiro eu, combater corpo a corpo com o destino, surpreender a derrota com o próprio terror que ela inspira [6] para confrontar o poder injusto e para desafiar um triunfo corrompido [7] – estes são os exemplos que as nações precisam e a luz que as electrificam.

5. Existem imensas Forças nas grandes cavernas do mal sob a sociedade; a abominável degradação, sordidez, desgraça e privação, os vícios e os crimes que empesteiam e apodrecem na escuridão perseveram na populaça que vive abaixo do povo nas grandes cidades. Ali, o seu altruísmo desaparece e todos uivam, caçam, tacteiam, roem e rosnam cada um por si próprio. Ideias são ignoradas e sobre progresso não existe pensamento. Esta populaça tem duas mães – ambas madrastas –: a Ignorância e a Miséria [8]. O querer é o seu único guia – é para os seus desejos apenas que eles suplicam por satisfação. Porém, até mesmo estes apetites podem ser empregados, como a areia rasteira em que pisamos que, quando fundida numa fornalha, derretida e purificada pelo fogo, pode tornar-se num magnífico cristal. Eles têm a força bruta do MAÇO, porém, os seus golpes só podem trazer benefícios à grande causa se vibrados dentro dos limites traçados pela RÉGUA, quando manejada pela sabedoria e discrição.

6. E é esta mesma força do povo, este poder titânico dos gigantes, que constrói as fortificações dos tiranos e que engrossam as fileiras dos seus exércitos. Então, a possibilidade de que estes tipos de tirania, tais quais foram relatadas, como “Roma cheira pior sob VITÉLIO do que nos tempos de SILA. Sob CLÁUDIO [9] e DOMICIANO [10] vem à tona toda a deformidade que constitui a vileza e a feiura que corresponde à tirania. A estupidez dos escravos é o resultado directo das torpezas e das atrocidades do seu déspota. Destas agastadas consciências são exalados o miasma que reflecte o seu senhor; as autoridades públicas são sujas, os corações estão em colapso, consciências estão contraídas e as almas, pequenas. Assim é sob CARACALLA, assim é sob CÓMODO e sob HELIOGABALUS [11], enquanto o Senado Romano, sob CÉSAR [12], apenas exalava o odor grosseiro que é característico de um ninho de águias”.

7. É a força do povo que sustenta todos estes despotismos, dos piores tanto quanto dos melhores. Estas forças agem através de exércitos; e estes mais escravizam do que libertam. O despotismo aplica a RÉGUA. A Força é o MAÇO de aço que acompanha a sela do cavaleiro ou a do bispo na sua armadura. A passiva obediência da força suporta tronos e oligarquias, os reis espanhóis e senadores venezian0s. O poder, num exército manejado pela tirania, é a expressão máxima da mais absoluta fraqueza; e, desta forma, a Humanidade deflagra guerras contra a Humanidade, em detrimento da própria Humanidade. Assim o povo de boa vontade se submete ao despotismo, os seus trabalhadores submetem-se à depreciação do seu trabalho, bem como os seus soldados aos açoites; Então, são nas batalhas que são perdidas que muitas vezes se alcançam progressos. Menos glória é mais liberdade. Quando o tambor silencia, a razão, às vezes, tem voz.

8. Tiranos usam a força do povo para acorrentar e subjugar – ou seja, para oprimir o povo. E cada vez mais eles fazem isto com o povo como o próprio homem faz com o gado confinado. Assim o espírito de liberdade e da inovação é reduzido por baionetas e os princípios são paralisados por tiros de canhão; enquanto monges se misturam com tropas e a Igreja, jubilosa e militante, seja ela, Católica ou Puritana, canta Te Deums para as vitórias sobre os rebeldes.

9. O poder militar, quando não subordinado ao poder civil, novamente o MARTELO ou o MAÇO da FORÇA, sem a guiança da RÉGUA, é uma tirania armada, nascida já adulta, como a deusa ATENA [13] que surgiu da testa de ZEUS. Com ela surge uma dinastia, para começar com CÉSAR [14] e apodrecer com VITÉLIO e CÓMODO. No tempo presente, ela se inclina a começar donde as dinastias terminaram.

10. Constantemente o povo imprime no início uma força apenas para terminar numa imensa fraqueza. A força do povo é exaurida indefinidamente, ao prolongar coisas há muito tempo mortas e ao governar a humanidade embalsamando as velhas tiranias da Fé; restaurando dogmas dilapidados, reerguendo velhos templos carcomidos pelos vermes, avivando velhas e estéreis superstições, multiplicando os parasitas para salvar a sociedade, perpetuando velhas instituições, enfatizando o culto de símbolos como se fossem os verdadeiros meios de salvação, ao atar o cadáver do passado, boca a boca, com o vivo presente. É por isto que uma das tragédias da Humanidade foi ter sido condenada à eterna luta contra fantasmas, superstições, inveja, hipocrisia, preconceitos, formulas erradas e os apelos da tirania. Despotismos, vistos no passado, tornam-se respeitáveis assim como a montanha abundante de enrugadas e tenebrosas rochas vulcânicas que, quando vista à distância é azul, suave e linda. A vista de um único calabouço da tirania vale muito mais para dissipar qualquer ilusão e criar um ódio sagrado contra o despotismo, bem como para direccionar correctamente a FORÇA do que os mais eloquente livros. Os franceses deveriam ter preservado a BASTILHA [15] como uma perpétua lição. A Itália não deveria ter destruído os calabouços da Inquisição. É a força do povo que manteve o poder que construiu as suas celas sombrias e encarcerou aos vivos nos seus sepulcros de granito.

11. A FORÇA do povo não pode, uma vez que um governo livre é criado, pela sua irrestrita e espasmódica actividade, ser mantida e continuada. Esta Força deve ser limitada, acondicionada, transportada e distribuída em diferentes canais e em cursos indirectos até uma saída, sendo que assim deverão ser promulgadas as leis, externadas as acções e as decisões do Estado; como os antigos e sábios reis egípcios que distribuíram em diferentes canais, por subdivisões, as furiosas águas do Nilo, compelindo-as a fertilizar e não a devastar as terras. Deverá ser “jus et norma”, a lei e a Regra, ou Régua [16], da constituição e lei, dentro das quais a força pública deverá agir. Ao fazer uma brecha em ambos, a grande força do vapor, com os seus suaves e poderosos golpes, reduzirá todo o maquinário em átomos. Porém, ao destruir a si mesma, pelo menos, restará inerte e morta por entre as ruínas que ela provocou.

12. A FORÇA do povo, ou a vontade popular em acção e em funcionamento, simbolizada pelo MALHETE [17], regido e guiado por acções dentro dos limites da LEI e da ORDEM, simbolizadas pela RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS, tem pelos seus frutos a LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE – Liberdade regida pela Lei; Igualdade de direitos aos olhos da Lei; Irmandade acompanhada das suas obrigações e deveres assim como benefícios.

13. Ouvirás ainda que muito brevemente sobre a PEDRA bruta [18] e a PEDRA perfeita [19], como fazendo parte das jóias de uma Loja. A PEDRA bruta é tida como “uma pedra retirada da pedreira no seu estado rude e natural”. A PEDRA perfeita é tida como “a pedra pronta para as mãos dos trabalhadores a ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos Companheiros”. Não repetiremos as instruções sobre estes símbolos, dados pelo Rito de York. Deverás ler sobre estes símbolos em monitores impressos. São tidas para aludir à evolução individual do obreiro – uma continuação daquela mesma interpretação superficial.

14. A Pedra Bruta é o POVO, devendo ser entendida como massa, rude e desorganizada. A Pedra perfeita ou a Pedra Cúbica, símbolo da perfeição, é o Estado, valendo-se do seu poder legiferante pelo consentimento dos governados; As leis e a Constituição manifestando a vontade popular; o governo harmonioso, simétrico, eficiente – os seus poderes devidamente distribuídos e perfeitamente ajustados em equilíbrio.

15. Se desenharmos numa superfície plana, teremos: Três faces visíveis e nove linhas externas, desenhadas entre sete pontos. O cubo completo possui mais três faces, perfazendo seis faces; mais três linhas, perfazendo doze linhas; e mais um ponto, perfazendo oito. Como o número 12 inclui os números 3, 5, 7 e 3 vezes 3, ou 9, e é produzido pela adição do número sagrado 3 para 9, enquanto as duas figuras que o representam, 1 e 2, a unidade ou a mónada [20] e o binário [21], adicionados, perfazem este mesmo número sagrado, o 3; tal número é denominado o número perfeito e o cubo, desta forma, se torna o símbolo da perfeição.

16. Produzido pela FORÇA e agindo pela RÉGUA; forjada em conformidade com a RÉGUA LISA [22] e com a sua origem na Pedra Bruta, é um símbolos apropriado para a Força do Povo, expressada pela constituição e pelas leis do Estado; e este Estado, por sua vez, pelas suas três faces visíveis, representam as três divisões – o Executivo, que executa as leis; o Legislativo, que cria as leis; o Judiciário, que interpreta as leis, que as aplica e também as enfatiza, entre homem e homem, entre o Estado e os cidadãos. As três faces invisíveis são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, a alma tripartida do Estado – a sua vitalidade, espírito e inteligência.

17. Em que pese a Maçonaria não usurpar nem emular a Religião, a oração é uma parte essencial das nossas cerimónias. São as aspirações da alma em direcção à Infinita e Absoluta Inteligência, que é a única e suprema Divindade, errónea e fragilmente caracterizada como um “ARQUITECTO”. Certas faculdades do homem são direccionadas ao Desconhecido – pensamento, meditação, oração. O Desconhecido é um oceano cuja consciência é a sua bússola. O pensamento, a meditação e a oração são a grande e misteriosa direcção apontada pela sua agulha. É o seu magnetismo espiritual que assim conecta a alma humana com a Divindade. São estas majestosas irradiações da alma que a impulsionam das sombras em direcção à luz.

18. Alegar que a oração é absurda pelo facto de que não é possível para nós, por este meio, persuadir Deus a mudar os Seus planos, é um escárnio mesquinho e superficial. Ele produz efeitos sabidos e pretendidos de antemão através da instrumentalidade das forças da natureza, eis que todas essas forças são as Suas Forças. E nós fazemos parte destas forças. O nosso livre-arbítrio e a nossa vontade são forças e nós não cessamos de empreender todos os nossos esforços para alcançar fortuna ou felicidade, prolongar a vida ou nos manter saudáveis, por causa de que nós não podemos, de forma alguma, mudar o que está predestinado. Isto seria absurdo. Se os esforços, por sua vez, também são predestinados, os nossos próprios esforços jamais poderiam ser desprezados, pois são concebidos pelo nosso livre-arbítrio. Porém, da mesma forma, nós oramos. Vontade é uma força. Pensamento é uma força. Oração é uma força. Por que então não haveria de ser da Lei de Deus que a oração, assim como a Fé e o Amor, não surtisse os seus efeitos? O homem não é para ser entendido o começo ou o objectivo final da evolução, sem considerarmos estas duas forças, a Fé e o Amor. A oração é sublime. Há piedade nas orações que imploram e clamam. Negar a eficácia da oração é negar a Fé, o Amor e também os esforços. Assim como os efeitos são produzidos, quando a nossa mão, movida pela nossa vontade, lança uma pedra no oceano, nunca cessam; assim como cada palavra expressa é registrada para a eternidade no éter [23].

19. Toda Loja é um Templo como um todo e, nos seus detalhes, simbólica. O próprio Universo forneceu ao homem o modelo para os primeiros templos erigidos à Divindade. A organização do TEMPLO DE SALOMÃO, os ornamentos simbólicos que representaram os seus principais adornos, a túnica do Alto Sacerdote, tudo isto tinha por referência o Universo, assim como o era compreendido na Antiguidade. O Templo conteve muitos emblemas das estações – o Sol, a Lua, os Planetas, as constelações URSA MAIOR e MENOR, o Zodíaco, os elementos e as outras partes do mundo. E o Mestre desta Loja, do Universo, é HERMES [24], de quem KHURUM é o seu representante, que é uma das luzes da Loja.

20. Para futuras instruções sobre o simbolismo dos corpos celestiais, dos números sagrados, do Templo e dos seus detalhes, deverás esperar pacientemente até que avances na Maçonaria e, neste ínterim, deverás exercitar o intelecto ao estudar por ti próprio tais símbolos. Estudar e pesquisar, para interpretar correctamente os símbolos do Universo é trabalho do sábio e do filósofo. É decifrar a escrita de Deus e penetrar nos seus Desígnios.

Notas
[1] MORAL E DOGMA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO DA MAÇONARIA, PREPARADO PARA O SUPREMO CONSELHO DO GRAU TRINTA E TRÊS DA JURISDIÇÃO SUL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: CHARLESTON, 1871.

[2] “POLIFEMO” – era uma criatura da mitologia grega, filho do deus POSEIDON e da ninfa THOOSA que viva só numa caverna da Sicília, junto ao Etna, cuidando de ovelhas, quando ULISSES (ou ODISSEU) e os seus homens desembarcaram na terra dos ciclopes procurando comida, ao voltarem de TRÓIA para casa. Ulisses e os seus companheiros entraram no antro de POLIFEMO procurando por comida, nem desconfiando de que a caverna era onde o ciclope dormia e guardava as suas ovelhas. ULISSES e os seus homens foram surpreendidos e aprisionados com o retorno do ciclope, que fechou a caverna com uma rocha enorme. Ofegantes, são descobertos pelo ciclope que agarra e devora dois dos seus homens e continua a devorar dois homens de cada vez até que ULISSES tem uma ideia: oferecer vinho ao ciclope que imediatamente pergunta quem é que lhe oferece a bebida. ULISSES responde: “NINGUÉM”. Adormecido pela bebida, ULISSES e os seus homens afiam uma vara e ferem o olho do ciclope, cegando-o. No dia seguinte, POLIFEMO abre a caverna para deixar as suas ovelhas saírem, verificando com o tacto se são realmente as suas ovelhas ou os prisioneiros e, mais uma vez, o génio inventivo de ULISSES lhes salva, pois, ao se segurarem debaixo das ovelhas, conseguem fugir da caverna. POLIFEMO, ao perceber a fuga grita aos outros ciclopes que “NINGUÉM tinha o cegado” e os seus companheiros o ignoram. Já no seu navio, ULISSES, zombando da estupidez do ciclope, revela que não foi “Ninguém” que o feriu e sim, ele, ULISSES. Furioso, POLIFEMO atira enormes rochas ao mar e quase atinge a embarcação. Como ULISSES consegue fugir, POLIFEMO pede ao seu pai, POSEIDON, que se vingue deles, atormentando-os durante toda a sua viagem. (Nota do tradutor)

[3] “INTELLECT”, no original em inglês.

[4] “COMPASS”, no original em inglês.

[5] “RULE”, no original em inglês.

[6] “To surprise defeat by the little terror it inspires” no original em inglês. (N. do T.)

[7] “Intoxicated triumph” no original em inglês. (N. do T.)

[8] “Não me fale ninguém do populacho, a cujo aspecto a inspiração desmaia, remoinho humano, que nos leva à força.” GOETHE, em FAUSTO.

[9] “TIBÉRIO CLÁUDIO DRUSO” – Cláudio nasceu em 13 de Agosto de 10 a.C., em Lion. Era ainda muito criança quando o seu pai morreu e durante quase toda a sua Adolescência sofreu de várias moléstias de longa duração, as quais, segundo Suetónio, lhe enfraqueceram de tal modo o espírito que foi considerado inapto para exercer qualquer função pública e privada. Ainda segundo o mestre, foi vítima de inúmeros maus tratos por parte dos seus preceptores e, mesmo a sua mãe, afirmava incessantemente que ele era um monstro, que não tinha sido acabado, mas apenas esboçado pela natureza. A sua irmã, Lívia, ao ouvir certa vez dizer que um dia “esse imbecil” reinaria um dia, lamentou publicamente a sorte do povo romano por tão indigno destino. O próprio Augusto, seu tio-avô chegou a qualificá-lo como “retardado e enfermiço” nas suas cartas. Entretanto, mesmo sendo assim caracterizado por todos, não deixou nunca de testemunhar reverentes homenagens e o respeito público. Tornou-se imperador aos 50 anos de idade de uma das formas mais singulares: pelo desânimo e desinteligência do senado em designar um sucessor para Calígula. Um dos factos marcantes do seu reinado – apesar de tal facto ser contestado veementemente por muitos historiadores – é que supostamente teria expulsado os judeus, que se rebelavam constantemente, supostamente pelo incitamento de “CRESTOS”. Outros factos notáveis do seu reinado foram os festins que promoveu, o gosto pelas execuções dos seus adversários e a ridícula e por muitas vezes açodada aplicação da justiça. Nomeou a Nero como seu herdeiro e em seguida morreu envenenado. (in SUETÓNIO, “A VIDA DOS DOZE CÉSARES”, Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, p. 241 usque 276)

[10] “TITO FLÁVIO DOMICIANO” – o último dos doze Césares, nascido a 23 de Outubro de 51 a. C.. Representa, talvez, toda a torpeza de que foram capazes os imperadores romanos que sucederam a AUGUSTO. Dentre os seus feitos, destaca-se o facto de ter banido da cidade e da Itália todos os filósofos da época; o de ter desenvolvido novas de modalidades de tortura contra os seus adversários políticos; de ter se mostrado ainda mais cruel e desumano que todos os seus antecessores, principalmente ao sair vitorioso de uma guerra civil. Possuía uma ferocidade que além de considerável – na lição de SUETÓNIO -, era também requintada e imprevista. Por exemplo, no dia anterior em que tinha mandado crucificar o seu tesoureiro, o convidou para acompanhá-lo a seu quarto e fez com que comesse iguarias da sua mesa. Esgotado com as excessivas despesas dos seus desvarios, tornou-se ainda mais rapace que os outros imperadores, valendo-se dos seus soldados para rapinar cidadãos em qualquer lugar, seja ele vivo ou morto. Bastava para isso uma simples alegação de que o cidadão alvejado fosse contrário à majestade do príncipe. Ao demais, se apropriava de heranças de cidadãos comuns sob a alegação de que o de cujos desejava que “César fosse o seu único herdeiro”. Como se não bastasse, ao longo do seu império decidiu que além de senhor, deveria ser tratado por “deus”. Foi vítima de uma conspiração e assassinado no dia 18 de Setembro de 96. (in SUETÓNIO, “A VIDA DOS DOZE CÉSARES”, Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, p. 411 usque 431).

[11] “HELIOGABALUS” – ou ELAGABALAUS, a forma latina do nome de origem semítica “EL-GABAL”, adoptado por este imperador romano, que reinou de 218 a 22 d.C. Quando sucedeu a MACRINUS, seu predecessor, o culto ao deus sol em Roma já estava avançado e este se aproveitou para estabelecer o seu deus “EL-GABAL” como divindade-mor do panteão de deuses romanos, ocupando o lugar de JÚPITER. Era também notável por seus excessos, em especial, pelas suas inclinações sexuais. É acusado por vários historiadores de ter sido transexual e dos seus estranhos hábitos terem chocado a sociedade romana de então, já acostumada a tantos excessos dos imperadores. (Nota do Tradutor)

[12] A vida de CAIO JÚLIO CÉSAR é bem conhecida, assim como tudo o que tramou – encabeçando o partido popular, ou da plebe – para derrubar a República Romana e estabelecer uma monarquia ao estilo oriental, após a vitória sobre POMPEU MAGNO na batalha de Farsália ao fim da Guerra Civil. Entretanto, sempre na sua vida política dissimulou o seu objectivo verdadeiro, que era a ditadura perpétua e centralizada nele próprio, até mesmo quando obteve a total vitória contra a aristocracia republicana. É cediço que mesmo na época da guerra contra Pompeu dissimulava que era a favor da paz, quando não o era. Ao vencê-lo, teve por opção dissolver o Senado, mas não o fez. Expulsou com a sua política populista os grandes homens da época como CÍCERO e CATÃO e os substituiu por bárbaros incultos e interessados apenas em lucros fáceis (gauleses, etc.) para em pouco tempo deteriorar a imagem do Senado e reforçar a ideia de que não se tratava da ditadura de um único homem, pelo horror que tal ideia causava a toda classe de homens, sejam aristocratas, sejam os populares. Daí a figura do “odor grosseiro de um ninho de águias”, utilizada por ALBERT PIKE, para representar a decadência de uma instituição que foi decisiva para que Roma se tornasse o império que era. (N. do T.)

[13] “ATENA” – era a deusa da sabedoria e nasceu da testa de ZEUS, depois que este engoliu sua mãe, METIS. O seu símbolo era a mais sábia das aves, a coruja. Sabia tecer e tinha habilidade para as artes, além de ser uma deusa guerreira. Carregava uma lança e um escudo – a égide – ornamentado com a cabeça da GÓRGONE MEDUSA, que petrificava quem quer que a visse. ATENA era a protectora da região da Ática, suja principal cidade era Atenas. (PHILIP WILKINSON, in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 55)

[14] CÉSAR costumava dizer que era descendente da DEUSA VÉNUS, ou seja, a deusa do amor. Da união desta deusa com o mortal ANQUISES, nasce ENEIAS, que tem a sagrada missão de carregar os penates dos seus ancestrais para um outro lugar, após a destruição de Tróia pelos gregos. Após errar anos pelos mares, funda a cidade de Alba Longa na Itália e, muitas gerações depois, os seus descendentes, RÓMULO e REMO ao serem expulsos de sua cidade natal, fundam Roma e é desta linhagem que CÉSAR – quer por romantismo, quer por cinismo – dizia ser a descendência do clã dos Júlios, derivada do nome de IÚLO (ASCÂNIO), filho de ENEIAS. (N. do T.)

[15] A “BASTILHA” era utilizada para recolher presos políticos, religiosos e escritores e pensadores subversivos, contrários ao regime. De todos os famosos que aí estiveram presos, vale destacar o escritor e filosofo Voltaire, o “Homem da Máscara de Ferro”, o escritor Marquês de Sade, dentre vários outros. Simboliza até hoje o terror e a opressão da tirania e o dia da “queda” da Bastilha – 14 de Julho de 1789 – foi escolhido como o feriado nacional francês e a data mais marcante da REVOLUÇÃO FRANCESA. (apud “PEQUENO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO KOOGAN-LAROUSSE”, Editora Larousse, São Paulo, 1982) (N. do T.)

[16] “the law and Rule, or Gauge”, no original em inglês. (N. do T.)

[17] “GAVEL”, no texto original. ALBERT G. MACKEY pontifica que o “COMMON GAVEL”, ou o malhete comum, da forma como aqui foi traduzido, é uma das ferramentas de trabalho do APRENDIZ. É usada pelo MAÇOM OPERATIVO para desbastar a pedra bruta e também pelo construtor, já que é a ferramenta mais conveniente para esta actividade. Na MAÇONARIA ESPECULATIVA é usada como símbolo da eterna obrigação do MAÇOM de trabalhar para a purificação de todos os vícios e purezas da sua mente. Tem por origem a palavra alemã “GIPFEL” e é também conhecido como “HIRAM”, eis que, como o ARQUITECTO, ele governa o Ofício e mantém em ordem a Loja, como ele fazia no TEMPLO.

[18] “ROUGH ASHLAR”, em inglês.

[19] “PERFECT ASHLAR”, em inglês.

[20] “MÓNADA” – O Uno. O espírito tríplice no seu próprio plano. No ocultismo muitas vezes significa a tríada unificada – ATMA, BUDDHI, MANAS; Vontade Espiritual, Intuição e Mente Superior – ou a parte imortal do homem que reencarna nos reinos inferiores e gradualmente progride através deles até o homem e, daí, até o objectivo final. (ALICE A. BAILEY in “INICIAÇÃO HUMANA E SOLAR”, p. 192)

[21] “DUAD”, no texto original. Na versão final, este entendimento será revisto. (N. do T.)

[22] “GAUGE”, no original inglês.

[23] No original em inglês a figura utilizada é a de “INVISIBLE AIR”, que não tem muito sentido em português, razão pela qual foi substituída por “éter” que me parece ser uma figura muito mais eloquente que “o ar invisível”, mesmo com a definição dada a éter pelo próprio ALBERT PIKE na sua obra “THE CREATION”, a seguir transcrita: “This light “of the vestige of the garment,” is said to be, relatively to that of the vestige of the substance, like a point in the centre of a circle. This light, a point in the centre of the great light is called Auir, Ether, or Space.” Na versão final desta tradução tal questão será revista. (N. do T.)

[24] “HERMES” – Para os gregos antigos era um dos deuses olímpicos. Filho de ZEUS com a ninfa MAIA, era o deus responsável por tudo o que se relacionasse com movimento, viagem, estradas, moeda e transacções comerciais, aparecia sempre usando um chapéu de viajante e sandálias aladas. Na mão, levava uma varinha mágica feita de duas cobras enroscadas numa haste. Não podemos nos furtar à interessante descrição de HERMES feita pelo mestre WILL DURANT, senão vejamos: “HERMES (MERCÚRIO) era mais interessante. Originalmente fora pedra, e do culto das pedras sagradas proveio a sua veneração; os estágios da sua evolução mostram-se ainda visíveis. Vemo-lo como uma alta pedra colocada sobre os túmulos, ou então como o daimon, ou espírito dessa pedra. Passa em seguida a ser pedra dos marcos, ou o seu deus, demarcando e guardando os seus campos; e porque a sua função aí é também a de promover a fertilidade, o falo torna-se um dos seus símbolos. Em seguida aparece como herma ou coluna – com uma cabeça bem acabada, busto informe e um proeminente falo, esculpidos na pedra – a qual era colocada em frente a todas as casas respeitáveis de Atenas; (…) De novo o encontramos como deus dos caminhantes e protector dos arautos; o característico bordão ou caduceu torna-se uma das suas insígnias favoritas.” (in “A HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO – SEGUNDA PARTE, TOMO I”) Para (…), na sua obra “THE SECRET TEACHINGS OF ALL ERAS”, a Grande Pirâmide do Egipto seria a tumba do deus egípcio OSÍRIS e que teria sido construída há mais de 70.000 anos pelos próprios deuses, sendo o imortal Hermes o seu arquitecto. É considerado por este autor como “o monumento a Mercúrio, o mensageiro dos deuses e o símbolo universal da sabedoria e das letras”.