sábado, 17 de outubro de 2015

Introdução ao Livro a Doutrina Secreta "Manly Palmer Hall

Introdução ao Livro "Blavatsky e a Doutrina Secreta "  de Max Heindel
por
Manly Palmer Hall


Teria sido uma perda real para todos os estudantes de misticismo e metafísica se este pequeno ensaio sobre H.P. Blavastsky e a Doutrina Secreta não chegasse a ser impresso.
Max Heindel, o místico cristão, tributa uma homenagem à madame Blavatsky, a ocultista oriental. Ele vê acima das pequenas diferenças que separam o ocidente do oriente e gratifica-se com a grande sabedoria que floresceu na Ásia, frutificando-se no pensamento do mundo. Grande é a mente que reconhece a grandeza de outras mentes. O tributo de Max Heindel à memória de Blavatsky e seus Mestres é verdadeiramente um belo gesto num mundo em que se torna cada vez mais raro tão gentis impulsos.
Vive-se  num código de críticas e condenações com poucas apreciações aos trabalhos dos outros. Seitas e credos constroem muralhas em torno de si, e somente almas heroicas em suas percepções espirituais estão verdadeiramente capacitadas à sobrepor-se a tais imaginárias limitações. Volte seus pensamentos para os livros que você tem lido e note quão raro é algum escritor falar bem de outro. Cada homem, firme em suas próprias opiniões são raramente cortezes com as opiniões dos demais. Há muitos mestres neste mundo que instruem com palavras, porém apenas poucos que instruem com o nobre exemplo de atos generosos.
Em seu tratado de metafísica cristã, The Rosicrucian Cosmo-Concepion (O Conceito Rosacruz do Cosmos), Max Heindel refere-se à madame Blavastky como "uma fiel discípula dos Mestres Orientais" e no mesmo parágrafo ele qualifica a Doutrina Secreta, o grande livro de H.P. Blavatsky como "Um excelente trabalho". Com sua apreciação de profundo valor espiritual, Max Heindel estava eminentemente capacitado para reconhecer o mérito fundamental do trabalho de madame Blavatsky. O místico cristão é aqui revelado como um sincero estudante do ocultismo oriental. Seu sumário da Doutrina Secreta, na última parte deste livro revela um notável conhecimento dos relevantes princípios das monumentais tradições espirituais da Ásia.
Em poucas, breves e simples palavras o Sr. Heindel aborda a cosmogenese, a criação do mundo e a antropogenese, a criação do homem. Ambos, rosacrucianos e teosofistas, de fato, todos os sinceros estudantes de ciências ocultas, farão proveito em considerar este sumário.
O manuscrito do presente livro pode ser provavelmente considerado como a primeira produção literária de Max Heindel. Foi o começo de uma considerável literatura metafísica dedicada à aplicação do idealismo místico aos problemas vitais de uma humanidade sofredora e aflita. Tem sido escrito que "o primeiro será o último". Este pequeno livro constitui o único manuscrito remanescente não publicado de Max Heindel. O manuscrito original consistia das notas de duas conferências pronunciadas na Sociedade Teosófica em Los Angeles. Nos anos que sucederam a preparação destas palestras Max Heindel ampliou grandiosamente seu acervo de conhecimento místico e tem sido reconhecido justamente como o mais famoso mistico cristão da América. Sua admiração e respeito por madame Blavastsky não se alterou, todavia, sendo que até o dia de sua morte física ele sempre se referiu a ela em termos da mais elevada admiração. Foi através dos escritos de Blavastsky que Max Heindel recebeu em sua vida seus primeiros conhecimentos de ciencias ocultas. Ele reconhecia a gratidão como a primeira lei no ocultismo e sua refinada alma preservou até o final de sua existencia terrena um belo espírito de gratidão pela inspiração e instrução obtida na Doutrina Secreta.
Ambos, madame Blavatsky e Max Heindel, dedicaram suas vidas ao serviço pela humanidade. Cada um devotou-se à disseminação do conhecimento espiritual. ambos receberam em troca na maioria dos casos, ingratidão, perseguição  e inconpreensão. Ambos sofreram pela falsidade de amigos e aprenderam quão cruel pode ser o mundo para aqueles que se esforçam para educá-lo e impulsioná-lo. Somente o líder de um movimento espiritual pode compreender quão pesada uma responsabilidade de liderança pode se tornar. Madame Blavatsky já havia passado ao mundo invisível antes de Max Heindel iniciar seu ministério. Eles nunca se encontraram no plano físico. Mas Max Heindel veio a compreender a grande ocultista oriental com íntimo conhecimento de causa, através de similar serviço dedicado à elevados ideias. Ele veio a compreendê-la como somente um místico pode. Sua apreciação da lealdade e paciência de Blavatsky foi aprofundada pelas adversidades que ele próprio sofreu.
Ambos H.P. Blavatsky e Max Heindel deram suas vidas num bele serviço pelas necessidades espirituais da raça humana. Ambos se foram precocemente, desgastados por responsabilidades e perseguições. Cada qual legou uma incalculável herança espiritual para as gerações futuras, uma literatura metafísica que sobreviverá as vicissitudes do tempo.
Os verdadeiros propósitos do misticismo são: perpetuar, interpretar e atualizar o idealismo da raça. Os homens tomam a religião como direção, encorajamento e alívio. Buscamos a religião para nos elevarmos vivendo com honestidade as nossas vidas. Reconhecemos existirem grupos de pessoas em várias partes do planêta cultivando valores espirituais, num mundo dominado por manifestações materiais. Buscamos ideais, um propósito digno para nos unir em ação. Desejamos estabelecer neste vale de lágrimas uma estrutura espiritual que nos elevará acima da rotina. Queremos expandir a vida e reconhecemos nossas instituições espirituais como oáses num deserto de materialismo.
A civilização vive a agonia de um grande período de reconstrução. Como nunca se viu na história, os homens estão buscando soluções para iminentes problemas. A incompatibilidade entre a Igreja e o Estado cede à compreensão da demanda de cooperação em favor da humanidade.
Em toda parte do mundo civilizado há homens e mulheres dedicados à interpretação mística da vida. Estes homens e mulheres estão dedicados a um código de ética espiritual que tem como fundamento dois grandes princípios : a paternidade de Deus e a fraternidade dos Homens. Estes estudantes estão na maior parte organizados em vários grupos,grandes e pequenos para o expresso propósito de auto-melhoramento e aperfeiçoamento social. Tais grupos podem ser classificados sob duas ordens: primeiro, aqueles cuja inspiração é fundamentalmente cristã; segundo, aqueles de inspiração fundamentalmente oriental. Mesmos que estes grupos estejam essencialmente divididos, por ênfase, o propósito fundamental que aspiram alcançar é idêntico . como iluminados movimentos espirituais tem como meta e propósito, a regeneração do homem, individual e coletivamente.
Max Heindel foi um pioneiro em cristianismo místico e madame Blavatsky foi uma pioneira em ocultismo oriental. ambos estabeleceram sistemas de pensamento  que se propagaram rapidamente através de uma humanidade animicamente faminta. Não legaram apenas suas próprias organizações, mas sementes que plantadas nos corações dos homens tem gerado muitos frutos em várias partes do mundo, onde outras organizações tem sido estabelecidas segundo linhas semelhantes. Há um considerável corpo de místicos e ocultistas na América e seu número é incrementado a cada dia por diligentes homens e mulheres cujos corações e mentes estão aspirando por alguma explanação racional para as mudanças que estão ocorrendo na sociedade.
Quase todos os estudantes de ciencias ocultas na América conhecem o trabalho que madame Blavastky e Max Heindel estabeleceram. As vidas destes dois fundadores espiritualistas são exemplos da grandeza do esforço espiritual e da mais altruista devoção. Se admiramos estes grandes líderes, desejaremos promover seus trabalhos para a continuidade inteligente de seus ensinamentos através da palavra e da ação. Durante o período da Grande Guerra Mundial, a metafísica perdeu uma grande oportunidade em contribuir de forma efetiva em prol da raça humana, permitindo-se divisões por discrepancias e controvérsias. Organizações que deveriam ter se dedicado a um generoso serviço pela humanidade desperdiçaram suas energias em vãs disputas acerca de temas pessoais de pequena ou nenhuma importância.
Nossa presente crise ( Hall se refere à chamada grande depressão economica de 1929) difere das condições da Grande Guerra Mundial. Todo o mundo civilizado está lutando contra o egoísmo e a corrupção. Uma nova e grande oportunidade está a mão para a aplicação de soluções espirituais aos problemas materiais. É dever de todos os individuos espiritualmente iluminados e de suas organizações esquecer todas as diferenças, sacrificar todas as ambições pessoais, e dedicar-se novamente aos grandes ideais que dizeram nascer tais ordens e sociedades.
Durante o grande "boom", período de expansão imediatamente precedente a presente crise econômica, até as organizações místicas foram infectadas pelo "bacilo" da opulência, ambição pessoal e exploração.Personalidades eclipsaram princípios e indivíduos e organizações se afastaram das verdades simples que constituem a essencia de uma existência inteligente. Então veio o colapso. Valores materiais comprometeram o promissor desenvolvimento. Ambições provocaram dispersões aos ventos e a raça humana foi confrontada com problemas que somente poderiam ser resolvidos através da restituição dos valores espirituais e da rededicação dos homens e organizações aos princípios do altruismo e da verdade.
Suponha que H.P.Blavatsky, a leoa da Sociedade Teosófica, retornasse dos planos invisíveis demandando contas aos membros da Sociedade  que fundou. Quem poderia levantar-se ante ela e dizer honestamente, " amada mestra, temos feito o melhor que podemos; temos seguido com fidelidade a ti e aos mestres pelos quais falaste." Quantos poderiam dizer, " temos sido honestos, bons, justos e impessoais; respondendo fielmente à sabedoria que recebemos; temos propagado a tua mensagem; temos permanecido absolutamente livres, como tu nos orientastes de toda controversia.  Quantos poderiam dizer, "aqui está a nossa sociedade tão pura quanto nos deixaste." Poderia os teosofistas proclamar tais palavras ou ficariam cabisbaixos e envergonhados em encarar o grande semblante e os luminosos olhas da primeira e maior teosofista? Poderia madame Blavatsky caminhar através dos corredores de Adyar e voltar-se àqueles que a representaram no século XX e dizer, " bem fizeste bons e fieis servos?" Se não pudessem dizer isso, por que seria? Teriam lembrado seu nome e esquecido o seu trabalho? Seria porque fracos e débeis, homens e mulheres, estariam esquecendo o grandioso bem ao elevarem-se a si mesmos ao poder a partir do enfraquecimento dos ideais? Teosofistas de todo o mundo, dediquem-se novamente ao nobre espírito que esteve presente entre vós, cujos trabalhos constituem a vossa riqueza, cujos ideais constituem o vosso propósito e cujo generoso e desprendido sacrifício vem a ser a pedra angular da vossa organização!
Suponha do mesmo modo, que Max Heindel retornasse aos campos de seu trabalho na Terra e num simples gabardine caminhasse no meio de seus seguidores. Suponha que ele perguntasse: "Irmãos e irmãs, tem vocês cultivado o amor uns aos outros? Eu plantei um roseiral de virtudes; tem vocês o cultivado com dedicação? Meu nome está em seus lábios, porém está meu trabalho também em seus corações? Tem sido verdadeiros uns com os outros? Estão trabalhando com generosidade, impessoalmente? Tem amado tão grandiosamente nosso Pai celeste a ponto de abranger no amor todos os seres humanos? " Como poderiam responder a ele os rosacrucianos? Poderiam dizer, "amado irmão, nossa constante inspiração, temos cumprido o trabalho, que iniciaste, com simpatia e bondade. Entre nós não há orgulho, egoísmo, personalismo, nem pequenas ambições. Aqui está a Fraternidade que tu nos confiaste com cuidado, tão pura, tão formosa e tão unida em santo propósito como tu te esforçaste que fosse. Não observamos títulos que distinguem ou discriminam. Não estamos unidos por coisas insignificantes, mas por grandes coisas. Nestes quinze anos, desde que você foi chamado à vida superior temos procurado realizar o trabalho que você iniciou. Somos como você desejou: homens e mulheres desprovidos de todo engano." Seriam verdadeiras estas palavras? Se não, por que não seriam verdadeiras? É o homem tão débil para empreender um bom trabalho? É sua pequenês tão grande e sua grandeza tão pequena?
Se aspiramos sentir o chamado de nossos líderes poderemos retomá-los novamente e reconhecer que temos falhado com eles. Vamos então novamente rededicar-nos à eles. Que o espírito de H.P. Blavatsky possa renascer no coração de cada teosofista e que o espírito de Max Heindel vibre novamente no coração de cada estudante rosacruz. Quando chegar esse tempo e ele pode chegar, os místicos e os ocultistas do mundo inteiro poderão estreitar suas mãos ultrapassando o abismo de suas diferenças e unidos em propósito, se tornarão soldados da reconstrução espiritual marchando como os antigos profetas na vanguarda do progresso. 
MANLY P. HALL
Em 1933

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...