FRANCO-MAÇONARIA
Uma Escola de Iniciação
História e Origens
É útil e importante conhecer a filiação institucional da qual a Franco-Maçonaria é o resultado e a continuação.
Todos os historiadores e comentaristas concordam em dizer que a Franco-Maçonaria tem suas origens nas Confrarias de Construtores das grandes catedrais européias da Idade Média.
Essas Confrarias tinham íntima ligação com a Ordem do Templo. Não só acompanharam os Cavaleiros Templários como corpo de ofício especializado, encarregado das construções e fortificações, como, após a dissolução do Templo, por força da Inquisição, serviram de abrigo a muitos Cavaleiros que em seu seio se refugiaram. Dessa forma, a ligação da Maçonaria com a Ordem do Templo se assevera inegável, não apenas na qualidade de iniciadora, mas também como depositária das principais tradições.
Essas associações construtoras ligadas aos Templários eram herdeiras das Corporações de Bizâncio que, por sua vez, tiveram origem nos collegia romanos, especialmente os tignarii, carpinteiros e construtores de casas, criados pelo rei Numa por volta de 715 antes da nossa era. Mas, vestígios de agrupamentos profissionais, particularmente de construtores, nos levam aos gregos - heterias, dionisianos - e até aos egípcios.
Após a queda de Roma ocorreram muitas perturbações na ordem social e o que restou das Confrarias integrou-se nas Ordens Monásticas que, então, se multiplicavam no mundo cristão. Os fortes muros dessas instituições ofereciam um refúgio seguro para a manutenção da tocha das artes e ciências, e permitiram aos Construtores escapar da repressão e circularem com liberdade. Assim, construíram igrejas e monumentos nos séculos VI e VII. Aos poucos a crescente paz da segurança material e a migração dos artífices permitiram que as fraternidades de Mestres Construtores se reagrupassem.
Cada Corporação tinha uma sede na qual os artífices se reuniam em determinados dias para confraternizar, unidos por sentimentos de intensa solidariedade. Lá eles também faziam, presididas pelo Mestre da Confraria, refeições em comum cujo sentido religioso era incontestável. Segredos da Arte de Construir eram transmitidos e zelosamente guardados. Sua reputação como Construtores os fez serem requisitados pelos nobres da época.
Para os Antigos Construtores todos os atos da vida estavam permeados de significado religioso. O trabalho tinha um caráter sagrado porque simbolizava a criação dos seres e das coisas pela Divindade. Desse modo eles trabalhavam nos canteiros ou nas Lojas, onde somente pessoas da profissão eram admitidas e os segredos da Arte de Construir eram transmitidos de Mestre a Aprendiz. Mas isso não era tudo, porque as imponentes catedrais foram e ainda são o Verdadeiro Livro Esotérico da Sabedoria no qual os Mestres daquele tempo inscreveram, ocultos nos símbolos, o Conhecimento herdado dos Mistérios da Antigüidade. Durante a construção desses monumentos os membros se reuniam para trabalhar na pesquisa metafísica e nos ensinamentos filosóficos.
O fim do grande período "operativo" da construção marcou o início do trabalho "especulativo", no qual o aspecto filosófico do trabalho iniciático continuou até os dias de hoje.
Sem dúvida, o recuo na história, através das Confrarias de Construtores, nos leva às importantes Escolas Iniciáticas do Antigo Egito.
FRANCO-MAÇONARIA
Uma Sociedade de Iniciação
A Franco-Maçonaria moderna almeja construir o Templo Interior e, para isso, símbolos são colocados à disposição dos afiliados para permitir que todos, através de seus próprios esforços, criem as relações necessárias ao seu próprio crescimento espiritual.
A Franco-Maçonaria é uma autêntica instituição iniciadora porque transmite a verdadeira iniciação e traz, por meio de seus rituais e símbolos, o ensinamento das antigas escolas de mistérios, dos quais é depositária e herdeira.
A Iniciação confere uma influência espiritual particular, formalizada por ritos cuja efetividade ultrapassa a interpretação dada e encontra sua vastidão na legitimidade de sua filiação.
Todo passo iniciático autêntico visa despertar o Iniciado. A melhor das instruções não pode dar o Conhecimento, porque o despertar não pode ser provocado senão por uma introspecção sistemática, que deve ser sustentada pelo conhecimento de profundos mecanismos psíquicos.
O RITO E SEUS PRINCÍPIOS
A Franco-Maçonaria do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim ®, instituição humanitária, filosófica, iniciática e espiritual, tem por base essencial a crença em um Poder Supremo expresso e invocado sob o nome de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO ou SUBLIME ARQUITETO DOS MUNDOS.
Ela não impõe limite à livre pesquisa da VERDADE e é para garantir essa liberdade que ela exige de todos a tolerância.
A Franco-Maçonaria recomenda aos seus membros o respeito às leis dos países em que habitam e considera a obrigação do trabalho como uma lei imperiosa.
A Franco-Maçonaria é uma associação de seres humanos independentes, livres e de bons costumes, que estão sujeitos apenas à sua própria consciência e que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz, de amor e de fraternidade.
A Franco-Maçonaria tem por objetivo o aperfeiçoamento moral da humanidade e propaga uma verdadeira filantropia, pelo emprego de fórmulas simbólicas e esotéricas, que só podem ser reveladas e explicadas pela INICIAÇÃO.
Seu objetivo é a aplicação da ARTE REAL, formando iniciados, isentos de quaisquer influências, livres, mestres soberanos de si mesmos, que pensem com independência, sem sofrer a tirania dos preconceitos reinantes, tendo sacudido o jugo das paixões, e conscientes de suas responsabilidades.
A Franco-Maçonaria, avessa a quaisquer influências sectárias, impõe aos seus membros o respeito aos outros, sejam quais forem as suas opiniões, a fim de constituir um centro permanente de união fraternal onde reine plena harmonia de pensamentos.
O Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim ® admite mulheres em absoluta igualdade aos homens, praticando o Rito em Lojas Masculinas, Lojas Femininas e Lojas Mistas.
O NOME DO RITO
Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim
Rito: É o conjunto de regras e cerimônias praticadas em nossa Tradição. O Rito é um caminho iniciático em si mesmo.
Antigo: Originalmente em nosso Rito encontramos o Rito de Misraim (Veneza, Itália-1788) e o Rito de Memphis (Montauban, França-1815). Foi o Grão-Mestre Giuseppe Garibaldi quem preparou e viabilizou a fusão dos dois Ritos em l88l.
Primitivo: O atual Rito de Memphis-Misraim tem uma primeira filiação que vem do Rito Primitivo, de Paris, em 1721, e do Rito Primitivo dos Philadelphos, Narbonne, em 1779.
Memphis: Cidade do antigo Egito, situada no delta do Nilo. Ali foi criado o Rito por iniciados que estavam em contato com essa antiga civilização.
Misraim: Essa palavra é a forma plural de "egípcio". O Rito aparece em Veneza, num grupo de inianos. A patente constitucional foi dada por Cagliostro.
Soberano Santuário
Termo específico do Rito de Memphis-Misraim. É a Direção do Rito como um todo, seguindo antigas Tradições.
HISTÓRIA DO RITO DE MEMPHIS-MISRAIM
Essa Obediência Maçônica, que celebrou seu bicentenário em 1988, surgiu quando os dois Ritos, de Memphis e de Misraim, foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi, que se tornou seu primeiro Grão-Mestre.
O Rito de Misraim foi fundado em Veneza em 1788. Sua filiação veio através de Cagliostro, que o erigiu com os Graus Menores da Grande Loja da Inglaterra e os Altos Graus da Maçonaria Templária Alemã.
O Rito de Memphis foi constituído em Montauban em 1815, por Franco-Maçons que em 1799 haviam participado com Napoleão Bonaparte da Missão do Egito. A esses dois Ritos foram adicionados os Graus Iniciáticos que vieram de Obediências Esotéricas do século XVIII: do Rito Primitivo e do Rito dos Philadelphos, entre outros.
O Rito de Misraim
A primeira menção ao Rito foi feita em Veneza em 1788. Ele se difundiu rapidamente em Milão, Gênova e Nápoles e apareceu na França com Michel Bedarride, que recebeu o Grão-Mestrado em 1810, em Nápoles, do Irmão De Lasalle. De 1810 a 1813 os três Irmãos Bedarride desenvolveram o Rito na França, de certa forma sob a proteção do Rito Escocês. Ilustres Maçons pertenceram a ele, como o Conde Muraire, Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito, o Duque Decazes, o Duque de Saxe-Weimar, o Duque de Leicester e o Tenente Coronel de Teste, entre outros.
O Rito de Memphis
A maioria dos membros que acompanharam Bonaparte na Missão do Egito eram Maçons pertencentes a antigos Ritos iniciáticos: Philalètes, Irmãos Africanos, Rito Primitivo e Grande Oriente de França. No Cairo eles descobriram uma sobrevivência gnóstico-hermética e no Líbano entraram em contato com a Maçonaria drusa, a mesma encontrada por Gérard de Nerval, remontando assim à Maçonaria "operativa" que acompanhava os seus protetores, os Templários. Conseqüentemente, os Irmãos da Missão do Egito decidiram renunciar à filiação maçônica vinda da Grande Loja da Inglaterra. E assim nascia em 1815 o Rito de Memphis , em Montauban, sob a direção de Samuel Honis e Marconis de Negre, com numerosas Lojas no exterior e personalidades ilustres em suas fileiras, como Louis Blanc e Giuseppe Garibaldi, ele que em breve se tornaria o unificador de Memphis e de Misraim.
O Rito de Memphis-Misraim
Até 1881 os Ritos de Memphis e Misraim seguiam rotas paralelas e concordes, no mesmo clima particular. Os Ritos começaram então a agrupar Maçons interessados no estudo do simbolismo esotérico da Maçonaria, gnose, cabala e até mesmo no hermetismo e no ocultismo.
O Rito de Memphis-Misraim perpetua sua Tradição na fidelidade aos princípios de liberdade democrática e das ciências iniciáticas.
MEMPHIS-MISRAIM
Um Rito do Futuro
O Rito de Memphis-Misraim, através de seus Rituais e do seu repositório iniciático, põe à disposição do Franco-Maçom os instrumentos de que ele necessita para resgatar os valores que sustentam a verdadeira evolução, de acordo com o destino que orienta para o aperfeiçoamento individual e a harmonia universal.
Toda a Maçonaria é em essência iniciática, e a Luz dada ao profano é a mesma, qualquer que seja a Obediência que a difunde. É somente no desenvolver dessa Luz que se definem as diferentes orientações.
A Franco-Maçonaria de amanhã será mais unida, contribuindo para que o ser humano esteja amplamente comprometido com os ideais de amor e solidariedade.
De acordo com a sensibilidade e as aspirações de cada um, apoiados em fundamentos humanistas, sociais, espirituais e esotéricos, os seus membros estão distribuídos em diferentes Obediências e praticam vários Ritos.
Porém, quaisquer que sejam as suas especificidades, todos os Ritos se encontram nos três primeiros níveis, ou graus, que constituem um centro não dogmático de aperfeiçoamento individual e são a base da Maçonaria Universal.
Nota:
O Memphis Misraïm dirige seus ensinamentos com de 99 graus, divididos em 3 séries, tornando-se desta forma o Rito Maçónico com mais graus dentro da Maçonaria Universal actual.
Após os três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre),o Rito de Memphis-Misraïm tem os seguintes graus filosóficos::
* 4.º Grau (Mestre Secreto)
* 9.º Grau (Mestre Eleito dos Nove)
* 13.º Grau (Real Arco)
* 14.º Grau (Grande Eleito da Sagrada Abóbada)
* 18.º Grau (Cavaleiro Rosa-Cruz)
* 28.º Grau (Cavaleiro do Sol)
* 30.º Grau (Cavaleiro de Kadosh)
* 32.º Grau (Príncipe do Real Segredo)
* 33.º Grau (Soberano Grande Inspetor Geral)
A partir do 33º grau, o Rito de Memphis-Misraïm é composto pelos graus Esotéricos:
O 66.º Grau (Patriarca Grande Consagrador) somente é conferido a alguns Irmãos que podem ser convocados como Consagradores, e uma certa preparação é exigida. Alguns o compararam a uma Consagração Episcopal.
Os Graus 87.º, 88.º, 89.º e 90.º englobam o que os livros mencionam como Arcana Arcanorum (os Arcanos dos Arcanos).
Os que são admitidos até o Grau 99.º convertem-se em protetores e conservadores do Rito, como o seu nome indica: Patriarca Grande Conservador. É entre eles que o Grão Mundial escolhe os membros que servirão no Soberano Santuário Internacional, corpo governante supremo do Rito.
Além disso, os graus 66.º, 90.º e 95.º podem ser conferidos a Maçons, como recompensa pelo seu valor, seus conhecimentos e sua fidelidade.
Outros graus, tais como o Real Arco, não são obrigatórios e são deixados à escolha dos Irmãos. A consagração como cavaleiro é transmitida a alguns Irmãos com o Grau 20 (Cavaleiro Templário ou Cavaleiro do Templo), derivados diretamente da Antiga e Estrita Observância Templária e dos Cavaleiros Beneficentes da Cidade Sagrada de Jean-Baptiste Willermoz.
As lojas do Rito do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraïm trabalham no Rito Egípcio. Sobre os seus altares, eles acrescentam, ao compasso e esquadro, a régua.
Referencias:
http://www.memphis-misraim.org.br/Historia