Entre as muitas dádivas esclarecedoras transmitidas pela Sociedade Teosófica ao mundo ocidental, a que se refere ao conhecimento do karma talvez seja a segunda em importância, depois da lei da reencarnação. O conhecimento do karma afasta o pensamento e o desejo do homem do âmbito dos acontecimentos arbitrários, levando-os para a região da lei, colocando assim o futuro do homem sob seu próprio controle, a partir da extensão do seu conhecimento.
A principal concepção de karma – “Tal como o homem semeia, assim colherá” – é fácil de apreender. Contudo, a sua aplicação detalhada na vida diária, o método de ação desse princípio e suas consequências a longo prazo são dificuldades que se tornam desnorteantes para o estudante, à proporção que amplia o seu conhecimento. Os princípios em que as ciências naturais se fundamentam são, em sua maioria, facilmente assimiláveis para as pessoas de regular inteligência e instrução comum; contudo, quando o estudante passa dos princípios para a prática, do esboço para os detalhes, descobre que as dificuldades pressionam e que, se quiser dominar totalmente o assunto, será obrigado a tornar-se um especialista e a devotar longos períodos para desembaraçar os emaranhados com que se defronta. O mesmo acontece com a ciência do karma: o estudante não pode permanecer sempre no período das generalidades. Deve estudar as subdivisões da lei primeira, deve procurar aplicá-la a todas as circunstâncias da vida, deve aprender até onde ela o obriga e de que forma é possível a libertação. Deve aprender a observar o karma como lei universal da natureza, e entender também que, ao considerar a natureza como um todo, só poderá conquistá-la e dominá-la obedecendo às suas leis.