sábado, 21 de agosto de 2021

Ordem Cabalística da Rosa-Cruz

 

Nascimento da Ordem Cabalística da Rosa-Cruz (Ordre Kabbalistique Rose-Croix) 

O visconde Louis-Charles-Édouard de Lapasse, médico e esoterista, foi o animador da primeira Rosa-Cruz em Toulouse por volta de 1850.

Esta tradição regional permitiu o encontro entre a tradição mística e simbólica alemã e as herméticas correntes mediterrânicas. É assim que estas se integraram em sua herança cristã esotérica, as ciências herméticas, alquímicas, astrológicas e teúrgicas.

A Rosa-Cruz francesa era independente da Maçonaria. No entanto, muitos de seus iniciados estavam ativos em vários ritos maçônicos com tendências herméticas, cabalísticas e egípcias.

Em 1884, o Marquês Stanislas de Guaita entrou em contato com os irmãos Péladan, que estavam ligados à tradição da Rosa-Cruz da qual falamos. Firmin Boissin era então o Grão-Mestre. É dele que Stanislas de Guaita recebeu a transmissão da corrente hermética dos Rosacruzes, uma grande parte de seu ensinamento e missão. Ele foi encarregado de reunir em uma Ordem, a autêntica iniciação Rosa-Cruz composta de uma formação teórica de qualidade centrada nas ciências tradicionais associadas com cerimônias ritualísticas de alta qualidade e poder. O único aspecto que permaneceu visível depois foi o ensino e os estudos.

Respeitando seus compromissos, foi em 1888 que Stanislas de Guaita, então com 27 anos, fundou a "Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix", (O.K.R.C. - Ordem Cabalística da Rosa-Cruz).

Esta data não foi escolhida aleatoriamente. A Fraternidade da Rosa+Cruz de Ouro Alemã originou-se em um ciclo de 111 anos e seu sistema de patentes foi reorganizado em 1777. Seguindo as instruções recebidas, Stanislas de Guaita externalizou a Ordem 111 anos depois.

Entre os membros mais conhecidos da "Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix" dessa época, podemos citar: Papus, Paul Adam, Jollivet-Castelot, Marc Haven (Dr. Lalande), Paul Sédir (Yvon Le Loup), Pierre Augustin Chaboseau, Erik Satie, Emma Calve, Camille Flammarion e muitos outros.


Desenvolvimento da Ordem

Paradoxalmente, pouco se sabe sobre a Ordem Interna. Como a maioria de seus rituais permanece desconhecida, alguns historiadores algumas vezes duvidam da natureza de sua estrutura iniciática. Mas como poderia ter sido assim, quando conhecemos as personalidades que presidiram seu despertar?

Todos concordam que a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz foi a inspiradora secreta das mais famosas correntes ocidentais e iniciáticas ocidentais.

A Ordem manifestou um paradoxo que nos coloca na mais pura tradição esotérica do Ocidente: uma visibilidade cultural e espiritual da Ordem e dos ritos iniciáticos secretos.

Foi neste espírito que a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz foi concebida e continuou a ser perpetuada externamente e internamente. De um modo oculto, sua tradição foi mantida pelo Colégio Invisível dos seis irmãos da Ordem e o Patriarca liderando este grupo.

Deste ponto de vista da Ordem Interna, a sucessão ininterrupta sempre foi transmitida conforme a exigência da Ordem Rosa-Cruz original e na região que sempre foi o cadinho do esoterismo Rosa-Cruz: Sudoeste da França. A linhagem interna é clara e inequívoca. Como diz o ditado, sempre se reconhece a árvore pelos seus frutos.

Respeitando o ciclo tradicional de reativação da Ordem, foi em 1999 que a Ordem Interna pôde retomar seu trabalho oculto. Em 2006, ao final de um período de ativação de 7 anos, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz, novamente vivificada pela contribuição esotérica, hermetista, Rosa-Cruz e Martinista, pôde retomar suas atividades, transmitir novamente iniciações e abrir seus capítulos de acordo com os princípios internos da Augusta Fraternidade.

Presente hoje como antes, seu legado preservou o vigor e a riqueza que sempre lhe permitiram adaptar-se à sua época, irradiando a chama de sua iniciação.


Sobre o percurso iniciático


Em uma organização autêntica, os ritos iniciáticos têm um lugar central. Sua potência espiritual e teúrgica repousa sobre vários fatores essenciais. Eles devem ser conhecidos apenas pelos iniciados e praticados pelos Oficiais que tenham sido treinados para trabalhar nos planos visíveis e invisíveis.

É por essa razão que é importante, para obter um resultado em sua evolução pessoal e interior, pedir sua iniciação em um Capítulo da Ordem. 

A iniciação recebida diretamente pelos Oficiais da Ordem devidamente formados é um processo teúrgico capaz de de lhe transmitir uma ajuda real para a transformação de seu ser e de sua vida! Você não pode fazer tudo sozinho! A iniciação é um processo teúrgico poderoso e respeitável, que vai lhe permitir ir mais rapidamente, mais longe.

O processo iniciático é a primeira etapa da Grande Obra de sua realização. Esse trabalho não é somente simbólico, é operativo e lhe abrirá as portas do progresso nos graus iniciáticos. Não é absolutamente perigoso, na medida em que você está protegido pela poderosa egrégora da Tradição Cabalística da Rosa-Cruz. Mesmo sendo evidente, devemos dizer que as iniciações não são nenhum tipo de pactos com o diabo ou qualquer potência má, assim como não implicam nenhum sacrifício. 

Quando você tiver recebido essa iniciação, poderá participar nas diferentes práticas de grupo que estão associadas ao grau no qual você se encontra.


Iniciações transmitidas nos Capítulos


GRAU DO LIMIAR

- INICIAÇÃO DE SUPERIOR INCÓGNITO


Apresentação: Esse grau preliminar constitui o fundamento moral e espiritual da Ordem. É o pré-requisito. 

No século 17, um francês com o nome de Louis-Claude de Saint-Martin, foi iniciado nos ritos ocultos do esoterismo cristão por seu mestre Martinès de Pasqually. Alguns anos após a morte desse último, aquele que foi apelidado de « Filósofo Desconhecido », se afastou de seu mestre para fundar uma « pequena escola em Paris ». Essa comunidade tinha por objetivo a prática de uma espiritualidade pura. Ele integrou as doutrinas ocultas de Martinès às suas e instituiu como único grau o de Superior Incógnito. Saint-Martin escolheu instituir uma transmissão antes de tudo moral e espiritual. Tratava-se de receber a chave que abre a porta interior da alma pela qual se comunica com as esferas do Espírito. Somente é necessário uma manifestação do desejo, um compromisso da alma e um despertar da vontade correta. Isso é o que era o Martinismo das origens.  

Desde sua criação, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz sempre considerou esse grau como uma condição moral no percurso iniciático. Portanto, esse grau é essencial e fundamental. Paradoxalmente só é necessária uma formação teórica mínima. É espiritual e constitui um passo interno inevitável.  

Desde o começo de sua existência, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz utiliza uma cerimônia iniciática de Superior Incógnito associando a dimensão mística a um ritual teúrgico muito poderoso que remonta às origens autênticas do martinismo.


Duração do grau: 6 meses


Práticas e ritos desse grau: Documento preparatório à iniciação; Ritual operativo martinista; Instruções martinistas; Ritos de consagração de ferramentas e vestimentas rituais; Práticas martinistas do SI.


GRAUS DO CAPÍTULO


1- INICIAÇÃO do 1º GRAU

Apresentação: A iniciação do primeiro grau se enraíza na Cabala hebraica e mágica (prática). Essa é a base da tradição esotérica judaico-cristã que se encontra parcialmente nas escolas ocultistas do século 19. Durante o curso da história, poucos ritos foram transmitidos fora dos círculos kabbalistas judeus que praticavam esse tipo de kabbala mágica. Entre os textos fundamentais dessa tradição, três têm um lugar particular. Trata-se do Zohar, do Sepher Yetzirah e do Sepher Ha-bahir. A Ordem Cabalística da Rosa-Cruz não se limita ao ensinamento teórico dessas obras. Para atravessar os véus dos Mistérios sagrados e obter uma verdadeira transformação do iniciado, é obrigatório viver os ritos iniciáticos dos quais esses livros são a expressão teórica e pública. É isso que permite esse ritual iniciático do 1º grau. Lembramos que as iniciações de nossa Ordem nunca foram publicadas, assim conservaram sua autenticidade e potência. É por essa razão que somente esse tipo de iniciação é capaz de acompanhar o iniciado ao coração dos Mistérios.

Recepção do grau: O candidato deve ter completado seus 6 meses de formação no grau anterior, memorizado suas instruções e praticado seus ritos individuais. 

Duração do grau: Conjunto de 22 reuniões práticas em Capítulo.

Práticas associadas a esse grau: Como em todo grau da Ordem, existe um conjunto de práticas espirituais e psíquicas ensinadas oralmente no Capítulo. Permitem, antes de tudo, o aprofundamento e a apropriação de certas partes do ritual de iniciação. Também constituem um aprendizado oral dos segredos da tradição associada ao grau. Nesse primeiro grau, as práticas são evidentemente centradas na Cabala Judaico-cristã mágica e prática.


2- INICIAÇÃO do 2º GRAU


Apresentação: A iniciação do segundo grau desvela o coração da tradição esotérica cristã assim como foi conjstituída na Idade Média, na França e Itália. Alguns conhecimentos derivados do hermetismo foram associados ao Renascimento. Em suas obras, Dante Alighieri, autor do século 13, frequentemente apresenta de maneira poética a tradição oculta ocidental. Mais especificamente, seu livro chamado « A Divina Comédia » desvela a estrutura dos mundos espirituais e das hierarquias angélicas transmitidas desde a antiguidade.  

Nós também sabemos que os trovadores da Idade Média assim como certos « Cavaleiros do Templo », conservaram um conhecimento dos Mistérios antigos associados ao esoterismo cristão mais original.

Segundo o processo descrito para o primeiro grau, a segunda iniciação se baseia nessa herança medieval para acompanhar o candidato no caminho iniciático descrito por Dante. Isso é o que Stanislas de Guaita e Joséphin Péladan entenderam.

Recepção do grau: O candidato deve ter completado as 22 reuniões práticas do grau anterior, memorizado suas instruções e ter terminado a segunda etapa da Archiconfrérie de Ieschouah.

Duração do grau: Conjunto de 32 reuniões práticas em Capítulo.

Práticas associadas a esse grau: Nesse segundo grau, as práticas se relacionam com a tradição esotérica cristã, os mistérios da encarnação e da ascensão celeste, os mistérios angélicos, a autêntica Rosa-Cruz, assim como a cavalaria do templo.  


2- INICIAÇÃO do 3º GRAU

Apresentação: A iniciação do terceiro grau desvela um aspecto bem pouco conhecido da tradição esotérica cristã. Constitui a origem do que foi desvelado na Idade Média, associado à Cabala ao Renascimento e que deu nascimento ao ocultismo na França do século 19. Entre os séculos 1 e 5, várias correntes gnósticas cristãs se desenvolveram no Egito e em muitos países do Oriente Médio. Não falamos aqui das recriações gnósticas do século 19, simples cópias da Igreja católica romana, mas das escolas gnósticas originais. Muitas delas incorporaram conhecimentos mágicos e religiosos das tradições pré-cristãs. Seus ritos e segredos foram muito interessantes e poderosos. É sem dúvida por essa razão que a maioria desses grupos foram eliminados pela igreja cristã exotérica que conhecemos hoje. Embora certo número de textos foram recentemente descobertos, é extremamente difícil estudá-los e entender seu funcionamento ritual. Entretanto, essa terceira iniciação dá a possibilidade de receber esse conhecimento original naquilo que tem de mais autêntico. A fonte original da gnose se torna então acessível, desvelando a verdadeira natureza da tradição que deu nascimento à Rosa-Cruz.

Recepção do grau: O candidato deve ter completado as 32 reuniões práticas do grau anterior, memorizado suas instruções e ter terminado a quinta etapa da Archiconfrérie de Ieschouah.

Duração do grau: Conjunto de 40 reuniões práticas em Capítulo.

Práticas associadas a esse grau: Nesse terceiro grau, as práticas dizem respeito a certas tradições gnósticas originais, o cristianismo original, as tradições gnósticas medievais como o catarismo. Diferentes chaves ocultas vindas de tradições pré-cristãs são também ensinadas.

GRAUS DO GRANDE CAPÍTULO

CONSAGRAÇÃO DE PATRIARCA ROSA-CRUZ


Apresentação: Os Patriarcas R+C são irmãos e irmãs que seguiram o percurso dos quatro graus da Ordem, receberam a iniciação de Cavaleiro Rosa-Cruz (responsável de Capítulo) que atingiram o terceiro sacerdócio da Archiconfrérie de Ieschouah.

Essa consagração transmite a autoridade sacerdotal assim como foi instituída na tradição esotérica cristã original.

Recepção do grau: O candidato deve ter completado as 40 reuniões práticas do grau anterior, memorizado suas instruções e ter terminado o segundo sacerdócio da Archiconfrérie de Ieschouah.

Práticas: Os estudos e práticas acontecem em três níveis. O Patriarca trabalha primeiro no círculo oculto dos Patriarcas Rosa-Cruz. Ele também realiza um trabalho individual regular resultante das consagrações sacerdotais recebidas. Ele também está em relação estreita e regular com um iniciado mais experiente que o acompanha nos exercícios espirituais fundamentais. 

Paralelamente à prática diária de seus deveres espirituais, ele é preparado à realização das grandes operações teúrgicas de invocação dos seres de luz.


Apresentação de um Capítulo


Um capítulo é um agrupamento local de membros iniciados da Ordem. Eles se reúnem em um local especialmente preparado para a prática dos ritos privados.  

Um Capítulo é dirigido pelos iniciados que têm o nome de Oficiais. São necessários cinco para constituir um Capítulo. Esse é dirigido por um Cavaleiro Rosa-Cruz, nomeado para uma duração específica.  

Os três Oficiais principais recebem uma consagração e uma iniciação próprias a seu papel iniciático. É fundamental que os que transmitem uma iniciação e as práticas tenham recebido uma autoridade espiritual verdadeira. Essa última deriva diretamente de uma cadeia de transmissão oculta, como é o caso tradicionalmente. Esses Oficiais também são iniciados que têm uma experiência reconhecida pela hierarquia da Ordem. Ela os treina para sua tarefa e garante regularmente a boa prática dos rituais.


A obra do Capítulo


O papel de um Capítulo é transmitir as iniciações rituais, os ensinamentos orais e as práticas psíquicas. 

Nós descrevemos os diferentes graus do percurso iniciático em outra página. Essas iniciações são transmitidas durante cerimônias privadas, que ocorrem no templo do Capítulo. 

As reuniões rituais são organizadas regularmente em todos os graus. Elas reúnem as irmãs e irmãos que receberam a iniciação desse grau.

Geralmente, uma reunião mensal abre no primeiro grau, enquanto que uma segunda reunião é organizada alternadamente no segundo e terceiro graus. Consequentemente os iniciados do primeiro grau se reúnem uma vez por mês, enquanto os iniciados do segundo e terceiro graus se reúnem duas vezes por mês.

Uma reunião de grau inclui um ritual de abertura e de fechamento em relação direta com a iniciação correspondente. Nenhuma discussão administrativa é autorizada no espaço sagrado do templo. 

Entre essas duas sequências rituais, estudos simbólicos e espirituais são propostos aos iniciados. As práticas são transmitidas oralmente pelo Cavaleiro Rosa-Cruz e praticadas imediatamente em grupo no templo. Esse é um elemento essencial e fundamental. Essas práticas estão em relação direta com a iniciação do grau e em seguida são utilizáveis individualmente. Essas características fazem do trabalho no Capítulo um meio de aprofundamento da iniciação recebida. Esse procedimento permite que cada iniciado continue sua obra pessoal de aperfeiçoamento e torne capaz de transformar sua vida pela utilização das chaves práticas recebidas. Embora o aprendizado intelectual seja útil, apenas um trabalho interno é capaz de conduzir rapidamente a uma verdadeira evolução individual. 


Criação de um Capítulo


Os Capítulos são regularmente criados para dar a oportunidade aos membros de receber as iniciações, as práticas psíquicas e os ensinamentos orais. Para poder criar um Capítulo, basta ser membro da Ordem e receber a iniciação em um Capítulo existente.

Essa criação segue um procedimento simples e tradicional, de acordo com as indicações transmitidas pela hierarquia da Ordem.


Jacques Bergier - Melquisedeque

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