quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O karma da Índia (Annie Besant)


Há muito tempo, o East and West, jornal do Sr. Malabari, publicava um artigo que dizia que o karma da Índia seria o de ser conquistada – obviamente uma verdade, caso contrário essa conquista não teria acontecido – e que ela deveria, portanto, aceitar seu destino de servir e não modificar as condições existentes – o que é, obviamente, um erro. 
O conhecedor de karma teria dito: Os hindus não foram os donos originais deste país. Eles vieram da Ásia Central, conquistando a terra, subjugando os povos que ali viviam e reduzindo-os à servidão. Durante milhares de anos, conquistaram e governaram, e geraram o karma nacional. Pisotearam as tribos conquistadas, fizeram-nas suas escravas, oprimiram-nas, aproveitaram-se delas. O mau karma assim produzido trouxe para eles, por sua vez, muitos invasores: gregos, mongóis, portugueses, holandeses, franceses, ingleses. Ainda assim, a lição do karma não chegou a ser aprendida, embora os milhões de intocáveis sejam uma prova viva das perversidades que sofreram. Agora, os hindus pedem para fazer parte do governo de seu próprio país, e estão sendo prejudicados por esse mau karma nacional. Que tratem de pedir enquanto podem o aumento de liberdade para si mesmos, que tratem de resgatar o que foi feito a esses intocáveis, dando-lhes liberdade social e elevando-os na escala social. A Índia deve redimir-se do mal que fez e limpar suas mãos da opressão que antes exerceu. Assim, modificará seu karma nacional e construirá o alicerce da liberdade. O sentimento público pode ser mo dificado, e toda pessoa que falar com amabilidade e bondade com um subalterno estará ajudando nesse sentido. Entrementes, todos os que foram levados para essa nação pelo seu karma individual devem reconhecer os fatos como são, mas trabalhar pela modificação dos que são indesejáveis. O karma nacional pode ser modificado, assim como o karma individual, porém, do mesmo modo como as causas não tiveram continuação, o mesmo deve acontecer com os efeitos, e as novas causas adotadas apenas podem modificar lentamente os resultados que vêm se ampliando desde o passado.