quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Justiça perfeita (Annie Besant)


Da agonia física infligida resulta agonia física suportada, porque karma é a restauração do equilíbrio perturbado. O motivo, nesse caso, não suaviza, assim como a dor da queimadura não é aliviada por ter sido adquirida quando se salva uma criança do fogo. Quando um bom motivo existe, embora intelectualmente mal orientado – como salvar almas das torturas do inferno, no caso do inquisidor, ou salvar corpos das torturas das doenças, no caso do vivisseccionista – ele mostra seu resultado completo na região do caráter. Assim, podemos encontrar uma pessoa que nasceu deformada com um caráter delicado e paciente, mostrando que em sua vida passada lutou para estar certo e fez o errado. Os Anjos do Julgamento são perfeitamente justos, e o fio de ouro do amor mal compreendido pode brilhar ao lado do fio negro tecido pela crueldade. Não obstante, o fio negro dará ao autor da crueldade um corpo disforme. Por outro lado, quando a cobiça do poder e a indiferença pela dor alheia misturaram suas malignas influências no ato de infligir a crueldade, uma deformação mental e emocional será o resultado. Um caso histórico é o de Marat, que em vez de expiar a crueldade do seu passado, intensificou-a com novas crueldades na própria vida em que estava colhendo a safra do mal desse passado. Doenças hereditárias e congênitas são, também, uma reação contra más ações passadas. O bêbado de uma vida passada nascerá numa família na qual a embriaguez deixou doenças nervosas – a epilepsia, e outras assim. O libertino nascerá numa família infectada por doenças causadas por vícios sexuais. 
Uma “hereditariedade má” é reação contra atividades erradas do passado. Muitas vezes o homem que está colhendo uma triste safra mostra, em sua natureza moral, que se remiu do mal, embora a safra física permaneça. Paciência inabalável, uma forma doce e resignada de sofrer, mostra que o mal ficou para trás, que a vitória foi ganha, que as feridas recebidas no conflito doem e afligem. Muitos soldados, duramente atingidos em batalhas violentas, permanecem mutilados pelo resto de sua vida física, e ainda assim não lamentam, de qualquer forma, a angústia e a perda, pois estas constituem uma prova de que ele cumpriu gloriosamente seu dever para com a pátria. E esses guerreiros, que assim venceram um combate maior, não precisam lamentar com demasiada amargura a fraqueza ou a deformi-dade de um corpo que revela suas lutas no passado, mas podem usar pacientemente a insígnia reveladora de um combate contra o mal que conseguiram dominar, sabendo que na outra vida nenhuma cicatriz dessa luta permanecerá. 

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...