A ideia de causação tem sido contestada nos tempos modernos. Huxley, por exemplo, sustenta, na Contemporary Review, que nós conhecemos apenas a sequência não a causação. Disse ele que quando uma bola se move, depois de atingida pelo bastão, não diríamos que o golpe do bastão foi a causa do movimento, mas que esse golpe foi seguido pelo movimento. Esse ceticismo extremo foi fortemente demonstrado por alguns dos grandes homens do século XIX em reação contra a pronta credulidade e as muitas suposições não comprovadas da Idade Média.
Essa reação teve sua utilidade, mas agora está desaparecendo aos poucos, como sempre acontece com os extremos.
A ideia da causação nasce naturalmente na mente humana, embora não possa ser provada pelos sentidos. Quando um fenômeno for invariavelmente seguido por outro fenômeno durante longos períodos de tempo, os dois se tornam vinculados um ao outro em nossa mente, e quando um aparece, a mente, por associação de ideias, espera o segundo. Assim, o fato de a noite seguir-se ao dia desde tempos imemoriais dá-nos a firme convicção de que o Sol se levantará amanhã, como se levantou em incontáveis ontens. Contudo, a sucessão, por si só, não implica forçosamente uma causação. Não vemos o dia como causa da noite, nem a noite como causa do dia pelo fato de invariavelmente se sucederem um ao outro.
Para confirmar a causação precisamos mais do que de uma sucessão invariável.
Precisamos que a razão veja aquilo que os sentidos não são capazes de discernir: uma relação entre as duas coisas, relação que produz o aparecimento da segunda quando a primeira aparece. A sucessão do dia e da noite não é causada por nenhum desses dois fenômenos: ambos são causados pela relação da Terra com o Sol. Essa relação permanece imutável, e o dia e a noite serão os seus efeitos. Para que se veja uma coisa como causa de outra, a razão deve estabelecer entre elas uma relação que baste para que uma seja produzida pela outra. Então, e só então, poderemos de fato afirmar que houve causação. Aos vínculos que jamais são rompidos, e são reconhecidos pela razão como relação ativa, trazendo manifestações do segundo fenômeno sempre que o primeiro se manifesta, podemos chamar causação. Esses vínculos são a sombra das inter-relações existentes no Eterno, fora do espaço e do tempo, e se estendem sobre a vida de um universo sempre que existam condições para a sua manifestação. A cau sação é uma expressão da natureza do Logos, uma emanação da Realidade eterna. Sempre que existir interrelação no Eterno, demandando sucessão para sua manifestação no tempo, há causação.