Segundo o pensamento do mundo exterior, bem longe das ideias de reencarnação e karma, são muitas e opostas as opiniões. Robert Owen e sua escola veem o homem como criação das circunstâncias, não considerando a hereditariedade um reflexo superficial científico do karma; eles consideram que a mudança de ambiente pode mudar o homem, e isso com maior eficácia se a criança for retirada desse ambiente antes de formar maus hábitos. A criança tirada de um mau ambiente e colocada em ambientes bons cresceria para ser um bom homem. O fracasso da grande experiência social de Robert Owen mostrou que sua teoria não continha toda a verdade. Outros, compreendendo a força da hereditariedade, quase deixaram de considerar o ambiente. “A Natureza” – disse Ludwig Buchner – “é mais forte do que a alimentação.” Em ambos esses pontos de vista, tão extremos, há verdade. De vez que a criança traz com ela a natureza construída no seu passado, mas reveste-se de uma nova natureza emocional e de uma nova mentalidade, nas quais suas faculdades e qualidades autocriadas já existem como germes, e não como forças inteiramente desenvolvidas, esses germes podem ser alimentados para ter um crescimento rápido, ou podem se atrofiar pela falta de alimento, e isso é forjado pela influência do ambiente bom ou mau. Além do mais, a criança apresenta o revestimento de um novo corpo físico, com sua própria hereditariedade física, projetado para a expressão de alguns dos poderes que traz consigo, e isso pode ser amplamente afetado pelo seu ambiente e desenvolvido de uma forma saudável ou doentia. Esses fatos ficam à margem da teoria de Robert Owen e explicam o sucesso obtido por instituições filantrópicas como os Dr. Barnardo’s Homes nos quais os germes do bem são cultivados e os germes do mal deixados à míngua. O criminoso congênito, entretanto, e demais seres dessa espécie, não se podem redimir numa só vida, e esses representam, em vários graus, os insucessos do benevolente salvador.
Igualmente é uma verdade, segundo afirma a escola oposta, que o caráter inato é uma força com a qual todo educador tem de contar. Ele não pode criar faculdades que não existem; não poderá erradicar inteiramente tendências que, abaixo da superfície, lançam raízes em busca de alimento apropriado. Algum alimento, vindo da atmosfera do pensamento em derredor, alcança essas raízes, bem como as alcançam as más formas de desejos que surgem do mal nos outros, e tais coisas não podem ser inteiramente lançadas fora, a não ser por meios ocultos, desconhecidos pelo educador comum.