quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O nosso ambiente (Annie Besant)


A nação e a família na qual um homem nasce dão-lhe o campo apropriado para que ele desenvolva as faculdades de que necessita, ou para exercitar as faculdades que recebeu e que são necessárias para ajudar os outros, nesse lugar e nesse tempo. 
Às vezes, uma trabalhosa vida passada na companhia de superiores, vida que estimulou capacidades latentes, estimulando simultaneamente o crescimento das faculdades em germinação, é seguida por uma outra vida, calma, entre pessoas comuns, a fim de que seja testada a força adquirida e a solidez do aparente domínio sobre o Eu superior. Às vezes, quando um ego chegou a ganhar definitivamente certas faculdades mentais como parte do seu aparelhamento mental pela prática constante, nascerá em lugar onde essas faculdades serão inúteis, e enfrentará tarefas das mais incompatíveis. Uma pessoa ignorante do karma irá irritar-se e encolerizar-se. Realizará, murmurando, suas desagradáveis tarefas, e pensará, pesaroso, em seus “talentos desperdiçados, enquanto o idiota do vizinho ocupa um cargo que não tem capacidade para exercer”. Ele não compreende que o vizinho tem de aprender a lição que ele próprio já aprendeu, e que ele próprio não evoluiria mais se continuasse a fazer as coisas que já havia feito. Em situação semelhante, a pessoa que conhece o karma estudará serenamente o ambiente, compreenderá que nada irá ganhar fazendo o que para ele seria fácil fazer, isto é, aquilo que já fez bem no passado, e se voltará, contente, para a tarefa pouco agradável, procurando ver o que essa tarefa pode ensinar-lhe e dispondo-se, resolutamente, a aprender uma nova lição.