Quem vê hoje o Movimento Gnóstico espalhado pelo mundo, com milhares de centros, escolas, grupos, associações, nem sempre se dá conta ou tem consciência de como foi o começo. Em outros textos, aqui neste Portal, você encontra mais informações a respeito; agora, aqui, queremos destacar um dos mais importantes aspectos dessa história inicial: a construção do Summum Supremum Sanctuarium pelos primeiros discípulos do então jovem Mestre Aun Weor na Serra Nevada de Santa Marta, localizado próximo ao Mar do Caribe, onde a Cordilheira dos Andes tem suas últimas montanhas.
Nas palavras do próprio Mestre Samael, ditas no Congresso de Guadalajara em 1976 a Julio Martinez, “foi com esses homens que formei o Movimento Gnóstico”. E não foram muitos os que viveram nessa região, tendo iniciado em meados de 1952. De forma permanente, nos começos, ali residiam cerca de 14 pessoas adultas, entre homens e mulheres (mais as crianças). Quando havia algum evento ou reunião maior, acorriam ao SSS algumas dezenas, que viviam nas cidades próximas, e alguns, até mesmo vinham de cidades distantes.
Segundo relata Julio Medina Vizcaino (VM Gargha Kuichines), o primeiro discípulo de Aun Weor, “foram os irmãos Hortua que fizeram o convite para o Mestre Aun Weor ir conhecer essas terras virgens de espessas montanhas, com abundantes rios e remansos aquáticos. Então, Aun Weor subiu às montanhas em meados de 1952, e ali conheceu outros vizinhos dos Hortua, como Pedro López Lindo, seu irmão Celestino Lopez Lindo e suas respectivas famílias; e também os amigos dos Lindo: Demetrio, Joaquim e Ignacio Amortegui Valbuena; conheceu ainda Epifanio Beltrán, Carlos Jiménez, Julio Martínez (na época com menos de 16 anos de idade e ainda vivo em nossos dias), Filadelfo Novoa, Casimiro Güete, dentre outros”.
O Mestre, depois, (em agosto) aceitou o convite dos Hortua e foi viver em Serra Nevada, onde permaneceu até os começos de 1955, quando, por instrução interna, teve que abandonar o país devido às perseguições movidas pela igreja católica e pelos médicos. Ao chegar ao alto da montanha Aun Weor encontrou já uma cabana pronta que Hortua e seus vizinhos haviam construído para ele e sua família.
Nesse período, entre 1952 e 1954, bastava Aun Weor descer a montanha para ser preso, sob qualquer acusação; e Júlio Medina sempre tinha que ir libertá-lo, as vezes com mandado judicial. Foi durante uma dessas prisões que Aun Weor escreveu seu livro Diário Secreto de um Guru. Foi ainda durante sua permanência em Serra Nevada que Aun Weor escreveu seu livro Medicina Oculta, resultado de dois anos de pesquisas e investigações das plantas da região.
O acesso ao SSS era muito difícil; eram necessárias cerca de 8 horas para subir a montanha, até chegar ao local. Tudo que lá era utilizado ou necessário, era transportado nos ombros daqueles que ali viviam ou para ali acorriam. Essa natural dificuldade oferecia, ao mesmo tempo, forte proteção ao Mestre Aun Weor, pois muitas expedições enviadas para prendê-lo, malogravam. Conta Julio Medina que certa ocasião, uma dessas expedições ficou presa entre dois caudalosos rios, devido a uma forte (e misteriosa) tempestade, fazendo com que nem pudessem avançar nem retroceder por 2 dias.
O dia a dia em Serra Nevada era duríssimo. A comida era escassa e totalmente vegetariana; ninguém tinha recursos para comprar nada; vivia-se do que ali era plantado ou comprado nos povoados da planície. O templo subterrâneo do SSS foi escavado com pá e picareta por esses poucos voluntários, ao longo dos anos. Primeiro foi aberta uma área de 4 x 3 metros, que abrigava pouquíssima gente. Depois, foi ampliada a área do templo para 14 x 6 metros. Por conta disso, o teto começou a desmoronar devido ao peso da terra e à falta de estrutura para segurá-lo. Isso ocorreu porque nenhum dos engenheiros que haviam se comprometido a fazer um projeto estrutural cumpriu a palavra. A solução veio por meio de uma visão de Ignacio Amortegui Valbuena, pessoa simples e destituída de qualquer cultura ou escolaridade; toscamente desenhou num papel o que havia visto em visão de sonhos. Só bem mais tarde foi possível fazer um teto de concreto sobre o qual foi depositada a terra removida anteriormente e foram plantados pequenos arbustos. Todo o cimento, ferro, areia, foi levado montanha acima nos ombros dos moradores locais. Não sem razão o jovem Mestre os chamava de “pequenos titãs”.
Além do templo, foram erigidas algumas casas, que, em verdade eram cabanas rústicas, cobertas de folhas de palmeira; serviam de abrigo para aqueles que ali viviam, tudo edificado a mão, com troncos cortados da selva adjacente. Em paralelo à construção do templo e das cabanas, o jovem Mestre Aun Weor impôs uma terrível disciplina mística ou monástica aos que ali viviam e trabalhavam. Todas as noites havia aulas e instrução. Muitos chegavam a dormir nas aulas devido ao cansaço dos pesados e extenuantes trabalhos diários e a alimentação muito pobre e escassa… Quando isso ocorria, o Mestre dispensava a todos com palavras jocosas ou bem humoradas…
Cada um ali era acompanhado espiritualmente direta e pessoalmente pelo Mestre, de modo que o avanço interno era visível e notável. Houve um tempo em que o Mestre pediu que fosse realizada uma cadeia ou corrente de orações e pedidos de forma permanente, por causa dos ataques dos irmãos das sombras e das peerseguições movidas contra a obra e as pessoas que ali viviam. Essa cadeia perdurou, sem nunca ter sido quebrada, por dois anos (2 anos). Os turnos que cabiam a cada irmão/irmã variavam de 3 a 6 horas diárias, dia e noite, sem nunca interromper. Por falta de gente, quando necessário, até mesmo crianças de 8, 9 ou 10 anos turnavam entre si para manter inquebrável essa cadeia, independente de ser dia ou noite.
As cadeias eram realizadas numa espécie de santuário junto ao pequeno templo do SSS, ainda em construção. Para piorar, havia uma razoável distância (800 metros)entre o templo e as casas onde viviam os discípulos com suas famílias. O percurso era feito agarrando-se a árvores e cipós; só mais tarde é que foi aberto outro caminho, coberto, com cerca de 200 metros de distância. Como a região era (é) muito chuvosa, sempre ocorriam fortes e inesperadas tempestades que formavam riachos com a água da chuva que descia da montanha em forte correnteza, fora a existência de cobras, aranhas e insetos peçonhentos. Isso era especialmente difícil na realização das cadeias quando mudavam os turnos da noite, pois a distância entre as casas e o templo era percorrida no escuro, com lua ou sem lua; com ou sem chuvas e tempestades.
Mas nada disso impediu que o trabalho prosseguisse, como, de fato, avançou. Concluída a etapa de construção do templo, a ampliação das casas para os moradores locais e para hospedagem de visitantes, com a saída do Mestre da Colômbia rumo ao México, por muitíssimos anos ali funcionou não só o Templo Maior como também a Escola de Formação de Missionários. Em 1976 veio a Ordem Superior para o SSS fosse recolhido. Então, fisicamente, em nosso mundo, as instalações ainda permaneceram, mas interna ou espiritualmente, o templo foi ou passou a ser recolhido a partir desse ano de 1976.
Toda essa disciplina espiritual e todo o trabalho que ali era desenvolvido geravam muita força espiritual, fazendo com que muitos boddhisattwas fossem atraídos pela grandiosa missão de forjar e de fazer parte do Movimento Gnóstico. Vários deles, cada qual no seu devido tempo, foram morar em Serra Nevada, ali vivendo por maior ou menor tempo; outros, apenas compareciam ocasionalmente ao local, enquanto realizavam e prosseguiam com o trabalho de formar grupos em diversos Departamentos (Estados).
A maioria desses boddhisattwas era formada de pessoas muito humildes e pobres. Todos deviam pesados karmas de vidas anteriores. Aqueles que aceitavam de bom grado as instruções e orientações do Mestre Aun Weor, avançavam de forma surpreendente. Outros, pelas pesadas dívidas de vidas passadas, tardavam bem mais para receber qualquer grau interno, ou mesmo, simplesmente, ser aceito na Via Iniciática. Não há muita informação disponível a respeito desses ‘pequenos titãs’ dos primeiros tempos. Ainda assim, aqui publicamos resumidamente o que pudemos reunir e coletar ao longo de nossa própria trajetória, a partir de que entramos nas filas do Movimento Gnóstico em 1973, junto aos contatos que fomos criando e desenvolvendo com muitos irmãos de diversos países.
Nenhum de nossos comentários têm aqui qualquer ânimo de crítica ou julgamento, contra quem quer que seja. No entanto, não podemos omitir ou alterar a realidade dos fatos ocorridos, segundo as fontes disponíveis. Como narra Julio Medina em sua História da Gnose, “desde o começo de nosso trabalho, tivemos que enfrentar múltiplos ataques dos tenebrosos e dos rebeldes. Os primeiros ataques foram das Escolas Espiritualistas colombianas da época. Depois, à medida que o Movimento Gnóstico crescia e tomava corpo, começaram a surgir os traidores do Movimento”.
Segundo consta no livro História da Gnose, o primeiro traidor foi o boddhisatwa do V.M. Sum Sum Dum (José Avendaño que numa encarnação antiga fora Joana D´Arc); este desobedeceu ao Mestre Aun Weor no Templo. Mais tarde, o Mestre Interno (Sum Sum Dum) pediu outro corpo e então lhe foi dado corpo de mulher, Yolanda de la Hoz, sobrinha do próprio Julio Medina. Em resumo, esse boddhisattwa fracassou nesse seu retorno, não tendo se re-unido com seu próprio Ser.
Depois, em Cali, surgiu o Mestre Johani, internamente um Iniciado de Sétima Maior que também se rebelou contra Aun Weor. Seu processo para despertar foi direto; seu boddhisattwa, Enrique Benar, despertou no Templo da Serra Nevada, e ali se deu conta de seu Real Ser que havia encarnado no passado como João de Patmos, autor do Apocalipse. Tendo despertado sem os requisitos de conquistar as Iniciações passo a passo aqui neste mundo, se deu conta que na época era de maior Grau Esotérico que Aun Weor, que estava vivendo e repassando suas Iniciações passo a passo em carne e osso neste mundo e que então se encontrava apenas na Segunda Maior.
E aqui nos deparamos com duas versões, dadas a conhecer por duas fontes. Segundo Julio Medina, o Mestre Johani quis ser o dirigente de Aquário e pediu ao Mestre Aun Weor que entregasse a ele o exército já formado, para ele (Johani) seguir à frente como comandante geral. Por sua vez, a outra fonte, Julio Martínez, comenta que, sendo Johani um grande clarividente, conhecia a vida íntima de cada um dos seus estudantes, e assim acabou escrevendo e publicando alguns comentários acusatórios contra a esposa de Aun Weor, além de manifestar algumas discordâncias sobre a forma de Aun Weor conduzir sua missão. O fato concreto é que depois (1954) Enrique Benar se afastou de Aun Weor com todo o grupo de 90 estudantes que formara em Cali.
Na sequencia, Aun Weor enviou Julio Medina a essa cidade para formar novo grupo, tendo triunfado nessa missão, enquanto que Benar viu seu grupo ser dissolvido com o passar do tempo. Bem mais tarde no tempo, internamente Johani e Aun Weor voltaram a se reconciliar…
Outro que teve trajetória similar, segundo relata Julio Medina, “surgiu o V.M. Sanfragarata, no Quindio, Calarca; esse boddhisatwa se rebelou com mais de mil seguidores. Para lá foi novamente, por ordem da Venerável Loja Branca, o Venerável Mestre Gargha Kuichines (Julio Medina) a restabelecer a ordem; caiu em desgraça o boddhisattwa de Sanfragarata, que acabou se unindo a um espírita chegado da Índia, Bapack Subub; este dirigente chegou a Cali e levou mais de 500 estudantes de gnose do grande guerreiro do Quindio, os quais, com seu chefe, caíram sem se darem conta do engano cometido (por seguirem homens)”.
No dia 27 de outubro de 1954, ocorreu o advento de Samael no boddhisattwa de Aun Weor. Descreve Julio Medina: “Às duas da tarde os irmãos do Templo, mais 11 Mestres de Mistérios Menores e Maiores, nos reunimos com Aun Weor. O Mestre Aun Weor foi deitado sobre uma mesa dura, fizemos uma grande cadeia ao seu redor e em pouco tempo tanto o Mestre Aun Weor como os que o defendíamos, começamos a receber ataques de todo tipo. O Iniciado de maior grau era Johani (Henrique Benar). Quando os ataques recrudesceram, Johani ordenou aos Mestres presentes esgrimir as espadas ritualísticas, e assim fizemos”.
“A cerimônia durou 4 horas; no seu transcurso, o Mestre Aun Weor ficou como morto; isso encheu de terror a todos os que presenciamos o evento. Uma grande tensão nervosa nos sacudia a todos; as forças tenebrosas cobriram com vendas negras vários membros da cadeia, para que não pudessem ver nem trazer recordações”.
“Ao fim, depois de 4 horas de luta, o corpo do Mestre se moveu sobre a mesa, e assim ocorreu o Advento de Samael no corpo do seu boddhisattwa. (Detalhes de todo esse processo espiritual somente foram vistos pelos clarividentes ali presentes.) Mas todos sentimos grande alegria e gritamos simultaneamente: ‘Triunfamos, triunfamos’!”
“Nos mundos internos escutava-se música inefável, e sons de sinos anunciavam o Advento. Quando o Mestre despertou, perguntou: “Onde me encontro?” E depois disse: “Me sinto duplo, que aconteceu?” – e sacudia a cabeça”.
“A partir desse dia notamos maior lucidez em suas idéias e conceitos. Algo grandioso havia sucedido em todo seu Ser. Por isso, hoje celebramos com grande regozijo esta data magna, 27 de outubro, para que os povos da Terra recordem a data do Advento do Novo Redentor, do Quinto Anjo do Apocalipse, do Avatar de Aquário”.
Estes foram os irmãos e boddhisattwas que estiveram presentes e testemunharam o advento de Samael em Serra Nevada (nem todos os presentes ao evento na época estão aqui mencionados):
Arnolda Garro Mora de Gómez (VM Litelantes)
Julio Medina Vizcaino (VM Gargha Kuichines)
Enrique Benard (VM Johani, que dirigiu todo o processo)
José Avendaño (VM Sum Sum Dum)
Nereo Ospina (VM Andrés)
Rafael Romero Cortés (VM Kefrén)
Casimiro Güete (VM Jonas)
Celestino Lopez Lindo (VM Kristón)
Joaquim Amortegui (VM Rabolu)
Juan Sanches (VM Zankario Correnza)
Filadelfo Novoa (VM Sabaoth)
Hernando Recio Guarin (VM Paconder)
David Valencia (VM Safragarata)
Casimiro Guete (VM Jonas)