segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Gnose:Os Suttas Gnósticos Buddhistas


O tema de hoje denominamos de “Os Suttas Gnósticos Buddhistas”. O Mestre Samael escreveu dezenas de livros. Além disso, dispomos hoje de centenas de conferências gravadas e transcritas, as quais podemos denominar de “suttas gnósticos”. A palavra sutta ou suttra significa, em tradução livre, “discurso, aula, conferência, cátedra”.

Nós mesmos, através do PALTALK, desde 2005 proferimos mais de cem aulas. Todos estão disponíveis em nosso site, o que quer dizer também que esse sistema gerou mais de cem suttas, tomando como base a doutrina gnóstica. Diante de tanto material disponível por onde começar o estudo? Por onde começar nosso trabalho?

Esta é uma pergunta bastante freqüente e comum que nos chega por meio do “fale conosco”. Muitas vezes o excesso de material, de informação, o excesso de apoio oferecido, acaba tornando-se um obstáculo em vez de uma ferramenta de apoio, mas, enfim, isso já não nos diz respeito. Por onde começar a sua jornada, a sua caminhada, o seu estudo?

Só o estudante pode decidir. No caso do estudo teórico, filosófico ou dos conteúdos gnósticos, cada um pode começar por onde achar melhor. Sabemos que uma das dificuldades mais comuns, apresentada a todo iniciante, é, ao iniciar seus estudos, deparar-se com aparentes contradições. Isso não ocorre só na Gnose; no buddhismo também existem contradições acentuadas.

Em qualquer outra doutrina também existem contradições, mas que, com o tempo, com a compreensão, com a visão de toda a doutrina, desaparece ou vai desaparecendo. Nem tudo é dito de uma só vez e nem sempre aquilo que é dito uma primeira vez anula ou desdiz aquilo que é falado posteriormente ou vice-versa.

Em realidade, são complementos e, muitas vezes, especialmente ao iniciante, falta essa visão, essa percepção, essa sensibilidade de fazer compreensão buscando o que está oculto na informação morta ou na letra morta. Nós, aqui, no caso da Escola Gnóstica, para justamente apoiar os estudantes em suas dificuldades iniciais, organizar o pensamento, criamos e hoje está disponível um Curso de Gnose em CD. Este é um material muito indicado para esses que têm dificuldade de organizar a massa de informação que é oferecida. Pelo menos, ali tem toda uma estrutura que encadeia e direciona ou encaminha o pensamento do iniciante; há uma direção; ele pode tomar esse curso como base fundamental do desenvolvimento da visão gnóstica.

Em relação à parte prática da doutrina, aí já somos bem mais específicos ou devemos ser bem mais específicos, e até a própria Gnose é bem especifica em relação a isso. O Mestre sempre deixou muito claro nos seus suttas, nas suas conferências, nos seus livros, que o início do trabalho gnóstico se dá pelo despertar da consciência. 

Se afirmamos ser necessário despertar algo, significa que, no caso, a consciência dorme. Como podemos saber e reconhecer que a consciência dorme? Só mediante um criterioso trabalho de auto-observação. Por exemplo: observar os lapsos, as ausências, as “viagens”, as distrações, os devaneios, as projeções da mente, as fantasias, etc.

Esses são apenas alguns exemplos de ausência de consciência. Em Gnose, aprendemos que devemos permanecer alerta e vigilantes de momento a momento e nunca nos esquecermos de nós mesmos sob nenhuma circunstância. Não nos identificarmos com nada nem conosco mesmos, nem com nossa dor, nem com nosso sofrimento, nem com as coisas que nos foram dadas, não nos identificarmos com absolutamente nada, nem com a vida, porque tudo é passageiro.

Aqui tudo é ilusão (samsara) e o buddhismo, em vez de ensinar auto-observação, ensina a atenção plena. É a mesma coisa. Só o indivíduo plenamente atento a si mesmo consegue perceber seus lapsos de consciência ou as ausências de si mesmo quando sua mente, distraidamente, passeia pelos mundos das fantasias que ela mesma cria durante o dia, quando estamos aqui, com nosso corpo, andando para cima para baixo nas ruas, no escritório.

Essas fantasias apresentam-se a nós como meras distrações; ou fantasias como dizemos, justificamos e explicamos a nós mesmos. Se, de repente, cometemos um erro no trânsito, a gente diz: “Ah!… Eu estava distraído”. A tradução disso é: Eu estava adormecido; eu estava ausente de mim mesmo; eu estava longe de mim mesmo; meu corpo aqui como cadáver presente estava, mas minha consciência ausente estava.

À noite, como o corpo está dormindo na cama, essas fantasias tornam-se reais porque nós passamos a viver no mundo da mente, o mundo das ilusões, das projeções, das fantasias. Chegam às vezes, nem a todo mundo, lembranças de sonhos esquisitos, confusos, mas nada mais eram do que nossas fantasias que projetamos na matéria mental.

A primeira grande prática gnóstica, e que também não deixa de ser uma grande prática buddhista, é desenvolver a auto-observação ou exercitar a atenção plena de si mesmo. Esta é uma prática para uma vida toda, não termina nunca; deve ser exercitada de momento a momento, a cada segundo. A atenção plena sobre si, sobre o que se faz, pensa, sente, sobre a tomada de consciência do lugar que estamos em determinado momento, isso é o que precisa ser feito. Isso é a grande prática de momento a momento – não se ausentar de si mesmo.

O exercício diário e permanente da auto-observação ou da atenção plena permite-nos identificar também, e daí a importância desse exercício, nossas próprias incoerências, contradições, apegos, desejos, cobiças, medos, orgulhos, vaidades, raivas, enfim, os agregados psicológicos como se diz em Gnose ou os venenos da mente como se diz no buddhismo. Esses venenos, aos quais o Buddha Sakyamuni referia-se, em seu tempo, são substâncias e energias destiladas em nossa mente pelos egos ou agregados psicológicos. O Buddha Lanto ensinou-nos que o surgimento dos agregados deu-se devido ao nosso contato com o mundo físico, tendo como assento básico as sensações relacionadas com os cinco sentidos. Os sucessivos retornos, mortes e renascimentos fortaleceram esses agregados…

Sabemos, hoje, que esses agregados surgiram e até ganharam força porque éramos, e ainda somos, inconscientes da sua presença em nós. Achamos que a vida é e sempre foi assim; nem remotamente suspeitamos de que a realidade da vida é bem diferente disso que tomamos como real hoje em dia. O que é real para essa humanidade?

Para esta humanidade, a realidade da vida é o futebol, o mercado, a profissão, casar, gerar filhos, tirar férias, viajar, festar, comprar carro novo, usar roupas de marca, etc. E assim passamos pela existência e, um dia qualquer, a morte nos leva, alguns nos acompanham até o túmulo, compram-se algumas coroas de flores, choram nossa partida, e tudo termina aí para quem fica e para quem foi.

Se nós queremos, de fato, conhecer a realidade da vida, a vida em si mesma, devemos ir muito além desses convencionalismos familiares, sociais, profissionais, desta cultura popular vigente que foi colocada em nossa mente nos primeiros anos de vida sem que, na época, tivéssemos defesa nenhuma, não importa a razão, até pelos desvios da educação que não nos ensina a questionar positivamente.

É preciso romper com as idéias aceitas, investigar além das crenças estabelecidas e vigentes no momento, questionar positivamente o fato de estarmos aqui, sair por aí de fato indagando sobre os reais propósitos da vida, do mundo, do Universo. Se nunca fizermos isso, sempre seremos “maquininhas humanas” a serviço da natureza, sempre seremos escravos da vida. Não podemos conhecer o real ou a realidade se seguirmos o programa cultural vigente, implantado em nossa mente dessa forma inocente. Nossos pais, inocentemente, fizeram isso porque assim aprenderam com seus pais e assim sucessivamente.

Se queremos a liberação é preciso romper com tudo isso. É preciso conhecer-se além de nossos músculos, nervos, células, da fisiologia e também do mero intelectualismo cultural que conhecemos e em torno do qual gira nossa vida e nossas atividades urbanas da vida moderna. É preciso darmo-nos conta do que somos, fazemos e também em que nos transformaram. É preciso darmo-nos conta de nosso adormecimento e acordar para a vida como se diz, para a realidade, para a vida como ela é, não como a imaginamos e nos fizeram acreditar que é, que seja ou que fosse.

Isso só pode ser feito mediante uma verdadeira revolução interior. O fermento para desenvolver essas idéias revolucionárias, aqui e agora dentro de nós, não é encontrado nos best sellers, nem na literatura acadêmica, nem no pastor, no padre, no bispo ou no pregador local. Essas idéias revolucionárias são trazidas ao mundo pelos Buddhas, pelos Cristos, pelos Avatares e Profetas. É nessas fontes que devemos buscar as boas sementes para semear nossa mente e nossa alma com novos valores, novas idéias, novas concepções.

Enquanto seguirmos a doutrina morta dos teóricos, dos intelectuais da vida, dos materialistas, céticos, ateístas, jamais nos transformaremos em revolucionários positivos, não passaremos de vacas de presépio a balançar a cabeça de um lado para outro ou seguiremos sendo escravos dos senhores do mundo e serviremos alegremente a eles. Somente os Buddhas, os avatares, os cristificados, são revolucionários positivos; só eles trazem idéias luminosas; são eles que trazem do Alto as idéias luminosas capazes de liberar-nos das amarras do mundo ou dos ciclos mecânicos de mortes e renascimentos, que no buddhismo é conhecido como Samsara.

Buddha falou sobre o sofrimento humano do mesmo modo que falamos hoje sobre doença, enfermidade, com uma pessoa que está enferma, simplesmente para ajudá-la a compreender que não está bem, que há algo errado com sua saúde. Se não houvesse cura para o sofrimento ou para a enfermidade, nem haveria porque discutir isso. Mas o fato concreto é que existe cura e isso faz com que seja de capital importância reconhecermos o sofrimento como algo fundamental na vida humana, porque assim podemos começar a encontrar a sua cura.

Todos os sofrimentos têm como base primeira, mais antiga e mais enraizada dentro de nós, que podemos colocar ou expressar com a palavra “ignorância”. Ignorar ou desconhecer os mistérios da vida e do ser humano é abrir as portas para toda sorte de erros e de atos geradores de karmas, por extensão, de sofrimentos.

As doutrinas que esses seres superiores sempre ensinaram, levam o indivíduo a se autoconhecer em profundidade, pois, em superficialidade, qualquer livro de auto-ajuda diz o que fazer. Só o conhecimento de si evita o nascimento de novos agregados e o fortalecimento dos antigos; evita que se formem novos e se fortaleçam os antigos.

É preciso, portanto, viver cada momento em atenção plena, em auto-observação permanente, porque um indivíduo que esteja atento a si mesmo, que não ignora o que acontece dentro e fora de sim a cada momento, pode transformar as impressões brutas da vida que chegam às nossas mentes, a cada momento, por meio de nossos cinco sentidos. A Gnose ensina a transformar as impressões, inclusive isso é motivo de um sutta, de uma aula, de uma conferência que está disponível em nosso site. Se as impressões chegam à mente em forma bruta, alimentam os agregados existentes e contribuem também para a formação de novos agregados.

Uma mente distraída, indisciplinada, sem foco, sem concentração alguma, não serve para nada. É como dizia o Mestre Samael: “uma mente assim é como um barco sem leme”. Por outro lado, para consolidar o que tantas vezes mencionamos aqui, a mente é pacificada e disciplinada mediante o exercício diário da meditação. Quando alguém começa a meditar, que está aprendendo a meditar, que não está familiarizado com a disciplina da meditação, vai perceber que sua mente rebela-se com a idéia de se manter focada, voltada ou concentrada a um único objeto, mas com o treino e a dedicação paciente, com o tempo, conseguimos dominar a mente, focá-la ou concentrá-la num único propósito.

É evidente que o total domínio da mente só se dará quando tivermos eliminado os agregados, se não totalmente, ao menos em grande parte, porque com poucos agregados podemos, mediante a meditação, alcançar o estado de jhannas como menciona o buddhismo. Esse estado de jhannas é de concentração profunda, por conseguinte, mais profunda se tornará nossa meditação também.

Resumindo: os agregados são criados pelas sensações, as sensações são captadas e transmitidas à mente pelos cinco sentidos. As sensações são classificadas por nós como agradáveis ou desagradáveis; às sensações agradáveis chamamos de prazer, às desagradáveis chamamos de dor, mas ambas geram sofrimentos. As sensações captadas e transmitidas pelos cinco sentidos não são a realidade em si, são apenas sensações, são ilusões ou projeções da realidade que a mente toma como reais, concretas, mas que não são reais, não possuem realidade em si.

Creio que todos nós temos a marcada tendência de nunca abrir mão de nada, nunca sacrificar nada; sempre preferimos ficar com tudo e, se der, mais um pouco ainda. Só o tempo, a maturidade, ensina-nosl aprendemos com o tempo e as experiências que não podemos ter tudo ao mesmo tempo; não podemos, por exemplo, ter prazer e felicidade. Muitos confundem prazer com felicidade e isso é a armadilha das sensações que geram sofrimentos porque o prazer sempre exige o sacrifício da felicidade, e estamos falando aqui da real felicidade. Muita gente acha que felicidade é ter acesso aos bens deste mundo, aos prazeres que o dinheiro pode comprar, às comodidades e confortos que um bom salário pode proporcionar; a isso chamam de felicidade.

Mas nós, aqui, que buscamos o caminho, sabemos que a felicidade advém da encarnação da Divindade interior; não há outra felicidade a não ser a felicidade proporcionada pelo fato de ter Deus dentro de si. Isso nos faz lembrar, tempos atrás, alguém nos comentava algo sobre isso e expressou diretamente: o prazer é Satan! Satan é uma palavra composta de Sat + an; an é negação de Sat; Sat é a Grande Realidade. Por conseguinte, Satan quer dizer “a negação da grande realidade”, ou a “negação de Deus”.

Satan vive e se mantém em nós pelo prazer, pelo dinheiro e pela vaidade. Todos os três são fontes de prazer, como sabemos. Sendo Satan o oposto de Deus, aquele que se opõe a Deus evidentemente não pode proporcionar-nos felicidade. Criar Sat dentro de nós sim, mas deixar que Satan se cristalize dentro de nós, não.

Conclusão: somos livres para escolher entre Deus e o Diabo, dizemos no popular. Se escolhemos o prazer, o mundo das sensações, cairemos no inferno das gratificações sensoriais e, por conseqüência, afastamo-nos do mundo real, onde não há sensações, mas a pura realidade. Essa realidade, em muitos lugares, recebe o nome de Deus. Deus não pode ser reconhecido pelos cincos sentidos. Para conhecer ou reconhecer Deus, precisamos abrir os sentidos internos de nossa alma. Como podemos abrir os sentidos internos de nossa alma com uma mente não disciplinada, desgarrada, que pula de árvore em árvore, de desejo em desejo, feito macaco irrequieto?

É muito difícil para nós entendermos de maneira simples que os prazeres proporcionados pelas sensações ou a satisfação das sensações viciam como qualquer outra droga. Esse vício de satisfação, de gratificar-se mediante sensações, torna-se uma sede que nunca termina; quanto mais gratificamos os sentidos, mais gratificações eles exigem de nós.

Tomemos o caso concreto de um bêbado. Ele se embebeda porque se gratifica com o álcool, com a bebida alcoólica, com o estado de torpor que o álcool proporciona à sua mente ou a alguns dos seus sentidos. Tomemos o caso do devasso sexual. Ele é vitima desse vício que se chama gratificação sensual, sensorial, usando o sexo para tal. Quem quer ou busca a realidade da vida sacrifica os prazeres, acaba com o vício da gratificação dos sentidos, exercita a atenção plena, volta-se para si mesmo – si mesmo esse bem entendido; volta-se para a realidade interior.

O buddhismo ensina, claramente, que sacrificar os prazeres significa libertar-se do fardo mental que, com freqüência, está ligado à manutenção deles, dos próprios prazeres. Há até uma história que descreve um antigo rei que, depois de tornar-se monge, em certa ocasião sentou ao pé de uma árvore e exclamou: “Que felicidade! Que felicidade!” Os colegas monges que estavam por perto pensaram que o ex-rei estava desejando novamente os prazeres que desfrutava quando era rei ou vivia em palácio, porém mais tarde o ex-rei explicou ao Senhor Buddha a qual felicidade estava se referindo debaixo da árvore e disse: “antes, quando era um rei, tinha guardas postados dentro e fora dos aposentos, dentro e fora da cidade, da área rural, mas mesmo estando guardado dessa forma, protegido, vivia com medo, agitado, desconfiado, amedrontado, porém agora, indo sozinho para uma floresta, para o pé de uma árvore ou uma cabana vazia, eu fico sem medo, agitação, confiante e destemido, despreocupado, calmo, minhas necessidades satisfeitas e com minha mente solta.”

Num sutta do Theravada encontramos a seguinte passagem também, que anotamos para compartilhar com vocês. Se compararmos os prazeres, ou as gratificações do sentido como sendo esses docinhos que consumimos de vez em quando para gratificar alguma coisa dentro de nós e, inocentemente, acabamos viciando-nos no consumo desses docinhos, em pouco tempo acabamos desenvolvendo o vício de consumir um docinho depois do almoço ou no meio da tarde, assim como alguém tem esse inocente vício de consumir uma balinha, um chiclete. Outros têm outros vícios tipo cigarro, bebida… Mas há outra classe de vício que não percebemos normalmente; referimo-nos aos “docinhos” do olho, do ouvido, do nariz, do paladar, do corpo. São esses “docinhos sensoriais” que estimulam as qualidades negativas em nós e são esses docinhos ou essas gratificações sensoriais que bloqueiam as qualidades necessárias para a paz interna.

Isso ocorre porque, como mencionamos, trata-se de uma sede insaciável. Mesmo que tivéssemos todo tempo e energia do mundo, a busca desses prazeres afastar-nos-ia cada vez mais do objetivo real de nossa existência. Nós podemos superar esses obstáculos a partir do momento que colocarmos em prática isso que é conhecido como pensamento reto . O pensamento reto, aqueles que compreenderam a natureza do pensamento reto, sabem que, para se ter o reto pensar , é preciso abrir mão de todo pensamento que envolva cobiça sensual ou desejos sensuais, sensoriais. Abrir mão da má vontade e de tudo aquilo que é prejudicial.

Quando falamos aqui em cobiça sensual ou sensorial, não estamos falando apenas de um desejo sensual ou ligado ao sexo, como geralmente somos inclinados a acreditar e aceitar, mas sim falamos aqui dos prazeres dos cinco sentidos, porque são os cinco sentidos que formam nosso aparelho sensorial e é isso que perturba a paz interior.

Se quisermos alcançar a paz interior devemos superar, vencer os vícios dos cinco sentidos, aqueles docinhos com os quais nos gratificávamos anteriormente. Renunciar a esse desejo de satisfação é o primeiro grande passo. É evidente que resistir a essa idéia, opor-se a essa idéia ou a essa determinação é uma característica humana presente em todas as raças e países do mundo porque todas as pessoas em todos os lugares deleitam-se com suas paixões. E o que são as paixões senão satisfações sensoriais?! Até mesmo o Buddha, no começo da sua caminhada, admitiu aos seus discípulos que quando iniciou o caminho da prática, o seu coração não saltou de alegria com a idéia de ter que renunciar aos prazeres sensoriais, e ele também, no começo, não percebia que a renúncia podia proporcionar-lhe a paz.

Mas nós aqui, no Ocidente, temos um elemento adicional: com a psicologia acadêmica, aprendemos que a única alternativa para cortar nossas paixões e gratificações sensoriais é reprimirmo-nos, mas a repressão é contrária à compreensão; a repressão baseia-se no temor do que a paixão poderia fazer se expressada ou permitida na consciência. Por outro lado, o contrário da repressão é a entrega total ou parcial a esses prazeres ou uma entrega baseada no temor da privação e do monstro no qual a paixão poderia converter-se caso fosse resistida ou reprimida. Reprimir ou entregar-se oferece complicações; é preciso achar um caminho alternativo ou do meio.

Esse caminho do meio já foi dito e voltamos a repetir: somente o reto pensar permite-nos evitar cair na armadilha da repressão ou da entrega pura e simples aos prazeres. Porém, há que se entender que o reto pensar só se conquista, surge, aparece, quando tivermos o reto entendimento ou a compreensão das leis da vida. E como é que no dia-a-dia isso acontece, expressa-se, como vivemos isso?

A manifestação mais hábil se dá com a aplicação do pensamento concentrado, voltado para um único objeto. É impossível termos sucesso ou êxito nessa busca, se não temos ou desenvolvemos ainda a concentração correta. Reto pensar vem do reto entendimento, que é a compreensão daquilo que vamos fazer.

Muitas vezes afirmamos aqui que, em Gnose, nada se faz sem prévia compreensão da natureza ou operação que se vai levar adiante. Quando compreendemos a natureza de algo ou o propósito de algo, a concentração correta torna-se algo simples e natural. Portanto, uma mente distraída, que não foi dominada, que vive em fantasia, distancia-se da realidade e não se presta a esse tipo de trabalho.

A concentração reta sempre é feita na direção do centro de nós mesmos, da nossa realidade interior, do nosso mundo espiritual, podemos dizer assim. Entendimento reto dá-se mediante a compreensão do porquê das coisas – a vida, as Leis, o Universo – são como são. Nós somos filhos do Universo, da vida. Ao nascermos e surgirmos, tudo isso já havia, com suas Leis, suas ordens, suas hierarquias, sua organização. Não cabe aqui nenhum tipo de questionamento no sentido de por que as coisas são assim, querendo com isso propor, desenvolver alternativas; mas a nós cabe o entendimento, a compreensão e a aceitação disso que é, porque assim poderemos viver de acordo com essas Leis, poderemos harmonizar nossa vontade com a vontade universal, harmonizar nossa vida com a grande vida universal. Nisso consiste a chamada felicidade; é claro que em tudo isso há níveis e níveis de compreensão, de reto pensar ou de reta concentração. Também é evidente que só a prática constante e o tempo, isso que chamamos de tempo, levar-nos-á à perfeição ou à excelência ou aos níveis mais profundos de nós mesmos.

Nunca é demais repetir que, tanto na Gnose quanto no buddhismo, é enfatizada muito a idéia de matar o desejo ou sacrificar todas as formas de desejo. Desejo e cobiça andam de mãos dadas; aquilo que desejamos é aquilo que cobiçamos e o que cobiçamos é o objeto de nosso desejo. Quando nossa compreensão estiver completa, então, sim, abandonaremos naturalmente essas necessidades sem fundamento nas quais estamos apegados; só depois disso poderemos depararmo-nos com o ouro puro de uma liberdade tão abrangente que não tem como descrever em humanas palavras.

Até aqui nossas palavras iniciais; ficamos agora à disposição de todos para aprofundar determinadas idéias aqui colocadas, pedindo apenas que não nos desviemos do tema; vamos manter o foco no tema tratado.

Perguntas 

P: O ego ainda tem sensações depois de desencarnado e já nas regiões infernais? 

R: Sim, não podemos esquecer de que o ego é um produto da mente, é uma forma mental petrificada. Assim sendo, ele tem as sensações mentais ou as memórias dessas sensações e busca satisfazer-se. Como? Muitas vezes baixando em centros de mediunidade, não importa a linha que seja. Se um ego que seja forte pode descer, incorporar, pois ele desce e incorpora; se dá um nome importante, fala e faz algum discurso, mas o seu objetivo mesmo é satisfazer-se, satisfazer alguma sensação. O ego continua buscando gratificar-se mesmo depois de haver perdido o corpo físico ao qual estava ancorado e é justamente esse o tormento da consciência condicionada e aprisionada nestas formas egóicas.

P: Quando falamos vou cortar isso, vou parar com isso, nada mais é que nos repreendermos e não compreendermos; o reto pensar ou compreender se dá quando nós entendermos por meio de um estudo contemplativo que as coisas são como são. 

R: Isso é verdade, é exatamente isso, a compreensão dá-se como afirmamos em outras ocasiões aqui. A compreensão não é algo que você vê andar pelas ruas, não é um individuo que tem um endereço certo, RG e CPF; a compreensão é algo que se dá naturalmente como um relâmpago na noite se forem criadas as condições necessárias para isso. E uma das melhores maneiras ou métodos de se alcançar ou criar as condições necessárias para compreender é colocar a mente no estado contemplativo, um estado de pensar sem pensar.

P: O que fazer quando a vontade do trabalho, que já existe, é eclipsada quando as vontades antagônicas nos mergulham em um transe de inconsciência? O que fazer quando ainda somos “possuídos”? 

R: Isso só se vence com perseverança mesmo, porque toda guerra é feita de muitas batalhas e a guerra contra nós mesmos é levada adiante através de pequenas batalhas diárias ao longo de 15, 20, 30 anos até. Não há alternativa: é seguir batalhando dia após dia. Um dos fatores que leva a maioria dos buscadores a desistir do caminho espiritual é porque chegam às nossas escolas com uma fantasia. Quero me referir especificamente a de que alguém, fazendo meia dúzia de dias de práticas, vai ter alguma iluminação, algum insight, alguma compreensão ou algo assim – e isso não ocorre. A iluminação é um trabalho para uma vida; temos de sacrificar muitas coisas pessoais e dar o melhor de nós para esta busca. Enquanto tivermos como prioridade a vida comum e corrente da humanidade, é muito difícil alcançarmos graus de consciência, muito difícil. Claro que não se faz disso ou não se alcança vitória do dia para a noite; é um trabalho de uma vida toda; devemos sustentar diariamente este pensamento. O pensamento reto é manter o pensamento focado num propósito previamente compreendido.

P: Fale um pouco mais sobre questionamento positivo! 

R: O questionamento positivo é aquele que não envolve julgamento, crítica, ataque, rejeição. Questionar positivamente a vida é se perguntar: “por que isso ocorre?” e não dizer: “ah… Isso está errado! Isso não deveria ser assim!”. Que tipo de resposta te dará um questionamento negativo? Nenhuma. Agora, se você questionar-se positivamente, buscará e questionará tudo positivamente no sentido de buscar respostas. “Por que isso funciona assim? Por que isso não poderia funcionar assim?” e assim sucessivamente.

Para cada fenômeno existe uma lei, uma causa. Essa causa pode ser expressa, manifesta, conhecida ou desconhecida. Os ateístas materialistas acreditam que o Universo surgiu por acaso e todos os questionamentos que fazem nesse sentido não são positivos, sempre os levam a desvios. Por outro lado, se alguém entra numa religião e diz: “Deus criou o mundo!”; e aceita pacificamente isso, não está nem questionando; é um crente. Agora, o estudante que busca a iluminação ou auto-realização ele questiona as causas da existência, do sofrimento, da injustiça humana. Não fica buscando justificar, por exemplo, que o aumento da criminalidade no Brasil deve-se às injustiças sociais. As causas não só da violência, não só das injustiças, das diferenças sociais, estão dentro do próprio homem, quais são?

Jesus já trouxe essas respostas, Buddha trouxe essas respostas, as religiões antigas trouxeram essas respostas. Por isso, dissemos hoje que temos de buscar a ciência que veio do Alto, não essa criada, gerada, alimentada, propagada, defendida pelos teóricos, céticos, intelectuais, indivíduos que nada sabem, objetivamente falando.

P: Qual a diferença entre meditação e contemplação? 

R: Nenhuma, contemplar é meditar, meditar é contemplar.

P: Quando afirmamos com palavras normalmente “caímos do cavalo”, o melhor seria afirmar com a mente para não cair? 

R: Acaso o cavalo não está em sua mente, meu amigo? Você pode não cair aqui, mas cai lá.

P: Qual a diferença entre mente e intelecto? 

R: Intelecto é a forma da mente humana, assim como o instinto é a forma da mente animal. Sobre esses questionamentos que vocês apresentaram agora, fazem-me lembrar certa passagem do ensinamento buddhista que diz o seguinte: “a maioria de nós prefere olhar a janela; aquele que busca a iluminação olha o espelho. Quem olha pela janela vê o mundo, quem olha o espelho vê a si mesmo”. Ampliem essa idéia por conta própria porque é disso que se trata: ver a si mesmo, contemplar a si mesmo, observar a si mesmo, não o mundo, o exterior.

P: Em casos de muitas dificuldades com a eliminação dos defeitos podemos suplicar ajuda à Lei Divina? 

R: Sem dúvida, diria mais: agora, nesse preciso momento, se não apelarmos para a Lei Divina, dificilmente um defeito é eliminado; por que o que nos impede de avançar? Vamos supor um estudante que está 7, 10, 12 anos; se ele não avançou nada ou avançou muito pouco, isso é devido, além da sua conduta não reta, é claro, também aos defeitos kármicos, defeitos sobre os quais a lei do karma age ou atua. Para que ele avance rapidamente precisa compor com a Lei Divina uma maneira de pagar, quitar esse débito com a grande vida; assim poderá avançar mais rapidamente com menos esforço, menos dor, menos sofrimento.

P: A preguiça em suas diversas manifestações está ligada ao demônio da má vontade? 

R: Não necessariamente. A preguiça não é obrigatoriamente expressão da má vontade, se bem que muitas vezes a má vontade lança mão ou se expressa em forma de preguiça. A preguiça se dá por outros fatores; dá-se, por exemplo, por gratificação – faz parte da gratificação sensual ou sensorial. Ficar deitado numa rede, por exemplo, não fazer nada, isso é um prazer e precisa ser estudado desta forma.

P: Enfrentar o ego como uma sombra dotada de uma chispa de consciência doada por nós mesmos implica dizer que podem existir momentos em que a enfrentamos como enfrentamos alguém dotado de inteligência ou intelecto? 

R: Exatamente. A consciência engarrafada pelo ego age e reage segundo os condicionamentos do ego e ela própria passa a agir e a reagir segundo estes condicionamentos. Portanto, descondicionar a mente, desmecanizar a mente ou o pensamento faz parte, está integrado aos primeiros passos dessa disciplina que é dominar a mente.

P: Má vontade está ligada ao desânimo, ao boicote que fazemos no próprio caminhar? 

R: Sem dúvida, o demônio da má vontade disfarça-se mais como desânimo e boicotes, porque o demônio da má vontade é o rei do boicote.

P: Quando você se refere à Lei Divina, está referindo-se a Deus ou a um conjunto de Deuses? 

R: Quando mencionamos aqui “Lei Divina”, estamos referindo-nos a Deus e também aos Deuses, porque em Gnose se diz que Deus são Deuses e a vontade de nosso Pai que é Deus no céu é exatamente a mesma vontade única que é a única Lei do Universo. Se os Anciãos dos quais somos Filhos rebelassem-se, o Universo desabaria, todos Eles seguem estritamente à vontade do Absoluto; à vontade de um Ancião dos Dias, o qual é exatamente a mesma vontade do eterno Pai cósmico comum, é a mesma vontade.

P: Deus neste caso é o próprio Absoluto? 

R: Esta é uma das idéias de Deus que temos, porque podemos falar em Deus Manifestado que é o Grande Arquiteto Do Universo e em Deus Imanifestado; este é o Absoluto, mas no fundo, tudo isso não passa de jogos da mente; são idéias de Deus; não é Deus em si mesmo. Deus em si mesmo só pode manifestar-se quando os sentidos divinos estão presentes dentro de nós mesmos; temos que despertá-los para, daí, experimentar a liberdade, a vida livre em seu movimento.

P: Como eliminar a ira que sempre vem com a correria diária? 

R: Eliminar a ira, a preguiça, a raiva, a gula, o procedimento é o mesmo. Se não há estudo, análise, compreensão, não há eliminação. A eliminação dá-se naturalmente, apelando-se à Mãe Divina depois de termos feito nossa parte. Se não fazemos a lição de casa, não há eliminação não só da ira como de nenhum outro defeito.

P: Na Gnose o que podemos entender da palavra paz? 

R: Paz, como podemos entender aqui, agora, é “mente serena”, mas a substância da paz vai muito além da mente. A paz é uma das qualidades ou atributos divinos; a paz se dá com o amor e o amor está no Cristo; encarnemos o Cristo e teremos a paz absoluta; encarnemos o Buddha íntimo e teremos a paz dos Buddhas. Os Buddhas não vivem em guerras; nunca se soube que no Nirvana houvesse uma guerra entre os Buddhas. Ninguém nunca quis tomar o poder no Nirvana; conseqüentemente, paz é porque não há conflitos, divisão, competição; existe compreensão, luz, entendimento, cooperação. É o conjunto de virtudes da alma ou do Ser que nos proporciona a paz da qual tanto falamos, mas da qual estamos muito distantes.

P: Poderíamos dizer que ter paz é ter dentro uma parte do Pai, de Deus, ter Deus dentro? 

R: Sim, porque a verdadeira paz, dizia o Mestre Samael, é o coração tranqüilo. Como pode o coração estar tranqüilo se é tomado pelos demônios? Então a paz, repetindo, é ter pelo menos o Buddha íntimo encarnado, porque esse é um grau que efetivamente nos traz paz. Sabem por quê? Porque no grau de Buddha cristificamos nossa mente; uma mente cristificada torna-se um veículo adequado para servir de canal para a paz divina. Abaixo disso não é possível; abaixo disso fluem pingos, gotas da paz do Cristo, da paz do Buddha ou do Addi-Buddha.

P: Você comentou que o ego manifesta-se após a morte do corpo físico através de um médium, seria todas as vezes que ele se manifesta que se fortalece dessas energias? 

R: Não é que ele se fortalece, mas no sentido de alguém que está faminto e faz uma boa refeição, nesse sentido sim. Agora, ganhar mais força, não; ele se satisfaz, sai em busca e, se encontra um canal para se expressar ou utilizar, ali ele ocupa.

P: A ansiedade está ligada a qual dos sete braços do ego? 

R: A todos, porque a ansiedade no fundo, no fundo, é um desejo não atendido ainda; é uma cobiça não atendida ainda. Agora, de qual tipo de desejo, de cobiça, você está falando? Então, a ansiedade caracteriza-se por um estado de viver fora do aqui e agora e quaisquer dos sete grandes defeitos conhecidos podem gerar ansiedade.

P: Os Mestres da Loja Branca conhecem-nos, sabem do potencial de cada um, porém como saber a manifestação de um deles em nosso caminho? 

R: Sabendo, meu amigo, experimentando. Como é que alguém se torna um mestre em vinhos? Experimentando muitos vinhos, lendo, educando-se, treinando seus sentidos e, então, torna-se um mestre de vinhos, um enólogo. Como é que alguém vai saber da manifestação de um deles em nosso caminho? Tendo manifestações, encontros… Enquanto não tiver encontros, cada um de nós pode projetar fantasias acerca do que é um Mestre da Loja Branca; cada um de nós pode imaginar como é um Mestre. Mas essa imaginação, idéia, conceito, pode não corresponder à verdade. Tanto isso é real e puro, concreto, que muitas pessoas, quando tomam contato com a realidade tal qual ela é, frustram-se, sofrem, porque os Mestres da Loja Branca não são aquele protótipo que imaginamos de amor, de afagos, de estar sempre disponíveis para nós. Não estão. Por isso, com justa razão, é dito que “quando o discípulo está preparado, o Mestre aparece”, porque se aparecer antes mata o discípulo de diversas formas; afugenta o discípulo.

P: Tomar consciência é isolar o ego e suas manifestações, só é possível eliminá-lo através do Grande Arcano? 

R: Não! Tomar consciência é ter conhecimento de algo. Como é que eu tomo conhecimento de que o fogo queima se ninguém, supostamente, nunca me ensinou o que é fogo? nunca tenha visto fogo na minha vida e nem sei o que é queimar, nem sei o que é fogo? Como que você toma conhecimento que aquilo é fogo e queima? Primeiro, você deve ver o fogo, depois colocar a mão no fogo e aí nunca mais esquece.

Como alguém aprende ou toma consciência que tomar muito vinho pode provocar uma reação terrível? Por inconsciência, ou consciência, você passa pela experiência; tomar consciência é viver, vivenciar e depois fazer análise, o estudo, aprender e, oxalá, nunca mais repita as experiências negativas, aquelas que não somam Luz.

Os egos, em realidade, são frutos de nossas experiências não compreendidas ou de gratificações, que também são uma forma de experiência, e que ninguém nunca nos disse que fazer aquilo viciava, gerava agregados. Agora, a eliminação de um ego depois de identificado, analisado, estudado, compreendido e levado à Grande Mãe, nossa Divina Mãe Kundalini, aí sim Ela tem o poder de eliminar. O Mestre Samael, sobre isso, dizia que a potência máxima de Devi Kundalini Shakti dá-se no AZF. Só isso que disse: a eliminação não se dá só na hora do arcano. Ali está a máxima potência. A Mãe Divina elimina quando achar que deve eliminar, segundo a Lei, durante ou depois do arcano e até sem arcano algum, se você tiver mérito.

P: Quantos e quais são os Anciãos considerados nossos Pais? 

R: Cada indivíduo na Terra tem um Ancião, como dizia o Cristo: “Há tantos Pais nos céus quantos filhos há na Terra”.

P: Uma das primeiras virtudes que o estudante deve desenvolver é a humildade? 

R: A humildade é a virtude mais sutil, delicada, de todas para ser desenvolvida porque o simples pensamento de querer ser humilde já é querer ser algo e querer ser algo é falta de humildade. A humildade é uma virtude que se dá quando estivermos mortos totalmente.

Autor: Karl Bunn