segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

É a Gnose Platônica ou Aristotélica?



A Gnose Clássica (ou antiga) não é aristotélica, e sim, Platônica. Muitos de seus conceitos, dentre eles o da DIVINDADE, estão baseados no conteúdo do DIÁLOGO com Fédon (ou das Almas).

Para Aristóteles, a PRIMEIRA CAUSA (Primum Mobile) é Mecânica, que é coincidente com a Causa Cartesiana, mecanicista e inseparável do universo creado e da idéia da divindade. É, portanto, uma divindade inseparável da causa que origina o universo, o espaço e o tempo nos quais tanto vivem os homens quanto os Deuses.
A essência aristotélica é uma abstração ou espírito extraído da união de essência e substância, e, portanto, permanece dentro dela. Da mesma maneira, é inseparável Deus de sua obra. Nesse sentido da Ontologia do Ser, Aristóteles se separa do seu Mestre Platão, para o qual existe um mundo perfeito (Uppertonouranos – Mundo das Idéias) e o mundo visível (Ouranos, Uranus) que é o reflexo daquele mundo invisível.

Do mesmo modo, o Taoísmo chinês distingue o que é chamado de Primeiro Céu do Segundo Céu, com idênticas propriedades. No universo perfeito vive TAI-CHI ou TAO – que é imutável. No segundo universo ou universo creado há a divisão de YANG e YING.

A ETERNIDADE é um plano anterior à creação do espaço-tempo e, portanto, da morada de TAI-CHI – a Consciência Creadora, cujo agente consciente de si mesmo é o Grande Senhor da Eternidade (DEUS).

A Primeira Creação é a dos seres de natureza menos densa e mais próxima da primeira emanação da Eternidade (Deuses Creadores). Mas, já dentro do universo espaço-temporal ao qual pertencem fazem com que o espaço e o tempo de homens e Deuses não coincidam. Jehovah e Abraxas pertencem a este primeiro espaço, bem como outros “Espíritos”. Em novas e sucessivas emanações, cada vez mais densos, surgem outros Seres, como os Demiurgos e os DJINS (Gênios) que deram forma aos universos creados ou emanados da Eternidade. Abraxas, portanto, é dual. Contém o rosto oculto e o rosto manifesto de Deus, ou as Trevas e a Luz.

Santo Agostinho que, antes de ser um “santo cristão” foi um gnóstico, explica esse mistério em sua obra Civitas Dei (Cidade de Deus). Portanto, uma coisa é DEUS NA ETERNIDADE e outra é DEUS NO TEMPO.

Autor: Karl Bunn