segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Diário Mágico

Frater Aussik-Aiwass, 718 U X° O.T.O.
&
Soror Tanith Potnia Therion, 789 U IX° O.T.O.

Doc. 011 – 2005 e.v.

04-8/02/2005 e.v.

Loja Shaitan-Aiwaz

Nu-Isis Templum O.T.O.

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Lembro-me de que eu deveria ter anotado o trabalho ritual que fiz com Frater O.R.I., 280 U na última segunda feira. Fora uma operação em que trabalhamos com Yesod. Consagramos um sigilo (primeiro pantáculo da Lua) para que sirva de portal para o aterramento de nossa vontade: todigavomimu! Trabalho exclusivamente cerimonial, e trabalhamos exclusivamente a metodologia qabalística cerimonial.

Ainda, na quarta feira, eu e Soror Tanith,[1] 789 U fizemos um trabalho com o Tarot. Em duas consultas que fiz onde utilizava os Arcanos Maiores como representação pessoal e os menores como manifestações de minhas inquietações. Esta consulta me sugeriu o trabalho em dois caminhos da Árvore da Vida, p e x.

5 de Fevereiro – Sábado:

[718]

5:00 a.m. Prática meditativa com o Caminho de p. O aroma do Templo era absinto e o ambiente era iluminado apenas pela luz da vela da mesa de trabalho. 718 e 789 sentaram frente à mesa para começarem a meditação.

Após um período de adaptação do corpo em ásana, 718 começou a visualizar a letra p enquanto vibrava mentalmente o mantra pé.

De alguma maneira 718 não conseguia acessar àquele caminho, mas ao contrário, enquanto vibrava omantra via a letra pulsar em sua frente emitindo rajadas brilhantes de luz vermelha tracejada e negro e esmeralda que, por coincidência, são as cores atribuídas ao caminho de p na Escala de Cor da ‘Filha’ em 777. Enquanto a luz pulsava e invadia sua aura, ele recebia informações importantes a respeito da Operação que seria realizada as 22:00 com os Túneis de Seth, exatamente o Caminho oposto a este, i.e. o 27° Caminho, Túnel ou kala, Parfaxitas.

Até este momento 718 ainda não havia idealizado a Operação Mágica que seria realizada. Segundo as informações recebidas por Aussik,[2] ele deveria erguer um Altar principal para Parfaxitas no Templo. Este Altar seria a ‘Pedra’ ou ‘Palavra’ de Parfaxitas, uma vez que se relaciona com p, que significa ‘boca’.

O título Yetzirárico deste caminho que liga Hod a Netzach é ‘A Inteligência Ativa ou Excitante’. Sua atribuição astrológica é 5 e por esta razão este Caminho repete as atribuições vibratórias de Geburah, é claro, em um plano menos espiritual. Horus, o Senhor da Dupla Baqueta, Mentu, o Deus da Guerra Egípcio, Ares e Marte, dentre tantos outros, são atribuídos a este Caminho. Àqueles magistas que sob a luz da Árvore da Vida adentram aos Palácios de Ferro do Caminho de p são recebidos com honras pelas Valkírias, donzelas armadas que transitem a Vontade e os Pensamentos de carnificina dos campos de batalha de Odín, o Deus da Guerra.

Frater Aussik-Aiwass, 718 U e Soror Tanith Potnia Therion, 789 U


Passes do Transe Ofidiano

O simbolismo da ‘Boca’ e da ‘Torre’ são de importante significância, pois se relacionam com o Aeon de Maat; IPSOS é a fórmula da ‘Torre’, o Falo em erupção e a ejaculação (via meato, a ‘boca’ de baixo) da Palavra do Aeon de Maat, a Palavra que se estende do ‘fim da terra’ (Maat = 442 = APMI ARTz = ‘o fim da terra’). A Terra está sob o domínio do Príncipe do Ar (i.e. Shaitan), mas os espaços além estão sob o domínio do Senhor do Aethyr, o Abutre. Assim, nos Túneis de Seth, essa é a ‘Boca do Abutre’.

Frater Aussik tem por metodologia de trabalho sempre fazer uma interpretação sexual dos mistérios porque acredita que a verdadeira iniciação está atrelada a magick-sexual e que a verdadeira prática da Bruxaria, do Vodu e da Magick em geral somente é plenamente eficaz quando ocorre a utilização de algum método sexual.

O Simbolismo da ‘Torre’ e da ‘Boca’ estão conectados com a emissão da Palavra-Vontade e é através da ‘boca’ que a magick se manifesta efetivamente como Palavra.

Entretanto, este Caminho nos indica uma certa disciplina. Frater ADN BN Aiwass, [3] 525 U nos diz em sua monografia da Sociedade Thelêmica de Estudos que “Como palavra, Peh significa boca, um orifício relacionado com a ingestão de alimentos e com a emissão da fala. No primeiro caso, podemos inferir que é através da função desse devastador Caminho que as energias superiores são transmitidas para a Personalidade. Além do mais, enquanto o alimento espiritual entra no sistema, através da sua boca simbólica, a fala também passa por ela rumo ao exterior.”

Este simbolismo, quando interpretado sob a luz do Soberano Santuário da O.T.O. identifica o processo de emissão da Palavra conectado ao Aeon de Maat com um de seus principais totens, o Abutre que chora, Mu.

Uma das atribuições mais notórias do Caminho de p na frente da Árvore da Vida é que ele está Consagrado a Operações de Ira e Vingança. Assim, ele se conecta a Heróis como Hércules, Aquiles e Alexandre o Grande; todos relacionados à natureza marcial.

Isso nos remete a uma profunda descoberta relacionada a este Caminho, o domínio do medo, uma dasnidanas mais nocivas ao caminho espiritual. Os personagens históricos acima citados têm em suas míticas façanhas, relatadas através dos tempos, lutado contra seus mais íntimos medos com tamanha paixão a fim de atingir seus sonhos e suas causas. O próprio Alexandre disse: “vençam seus medos e vencerão a morte”.

Um dos títulos conectados a este Caminho é “O Senhor das Hostes do Poderoso”, um dos atributos dos Reis da O.T.O. que, ao atingirem seu reinado como “Reis da Terra”, carregam em sua Coroa a ‘Marca da Besta’ U, i.e. o X° Grau da Ordo Templi Orientis. Este atributo dado aos “Reis da Terra” concerne a Falange de Ancestrais e Mestres Anciões que compõem seu Exército Espiritual. A Iniciação no X° O.T.O. é a Consagração do Adepto como o Comandante de uma Grande Legião de Seres Espirituais que o acompanham em grandes campanhas nas suas batalhas iniciáticas.

Por isso é comum vermos os relatos de Adeptos neste Grau passarem por experiências iniciáticas acompanhados de inúmeros ancestrais espirituais.

O coração do Sigilo de Nodens[4] é idêntico a Marca da Besta: U a fusão do ‘O’ e o ‘X’ que produz o flash do raio. Nodens é o Deus das Profundezas ou Abismo, microcosmicamente idêntico ao inconsciente. Ele reina sobre o Abismo controlando e limitando seus raios. “Brilho rápido e ascendente do raio das profundezas” descreve o ato envolvido no estabelecimento do Assento. O Assento de Pedra é Isis,[5] e sobre esta fundação a Deusa é estabelecida regulando os céus, a terra e as profundezas abaixo da terra. Em outras palavras, a Deusa que garante todos os desejos é invocada pela união do ‘X’ e do ‘O’ (o Falo e a Kteis), o Assento sendo o veículo de seu poder. Isis é, portanto o seu veículo, pois Isis carrega o fogo de Nodens nos limites de seu ventre, e o veículo dela no macrocosmo é o planeta transplutoniano conhecido na tradição oculta também como Isis.

[789]

Ao iniciar a prática de p, comecei visualizado a Carta da Torre e os elementos que compunham este Caminho. Vi-me montada em um cavalo percorrendo um túnel de cores esmeralda e vermelho rajado de preto que parecia um turbilhão, e junto a mim havia um lobo correndo. Quando o túnel parou de girar vi Guardiões vestidos de armaduras vermelhas e lanças em punho, enfileirados em uma única coluna. Cavalguei até Netzach para sentir sua energia e depois até Hod.
[Comento de 718]

Soror 789 identificou-se com as energias marciais deste Caminho. O curioso é ver que um lobo a seguia. Neste lado da Árvore, os animais típicos são o urso e o lobo. Nota-se cabalmente que o lodo que a seguia era um atavismo que posteriormente, na Operação Parfaxitas, seria trago a tona.

Montada sobre um cavalo denota a natureza marcial latente em 789, uma vívida representação de uma Valkíria. O simbolismo da Valkíria ainda pode ser expresso pela Babalon que cavalga a Besta, uma vez que este é o condutor das energias marciais aéreas.

[718]

22:00 718 & Tanith, assim que finalizaram as práticas do dia, arranjaram o Templo para o trabalho comParfaxitas. No centro do Templo havia o Altar de Parfaxitas; cinco colunas consagradas circundavam o Templo na forma de um pentagrama, a figura geométrica deste Túnel ou kala 27°.

Nós começamos o Ritual às 22:00. Consagramos a S\N\ e começamos a B\o Templo com o Rubi Estrela. O Sacerdote notara que fora incrivelmente difícil realizar este Ritual. A Limpeza no ambiente foi muito profunda porque o trabalho qliphótico exige um bom B\.

Fizeram as circumbulações canalizando mais energia, força e poder. O Nu-Isis Templum O.T.O. tem uma série de invocações e evocações entre as etapas do Ritual, e cada um destes pontos forma à estrutura esquelética do Ritual.

Após a abertura dos portais utilizando os hexagramas nas oito dimensões do espaço, deu-se início o trabalho com o 27° Túnel.

Parfaxitas soma 450, o número de ThN, ‘Dragão’. Ele é a raiz de Leviathan. Tan, a fêmea Thanith, é o Grande Dragão das Profundezas que se manifesta na terra como Babalon, a Sacerdotisa especialmente consagrada ao Trabalho da Corrente Draconiana.

A fórmula de Parfaxitas é a do VIII°(+) O.T.O., que comporta a assunção astral de formas animais para reificação de energias atávicas. No Culto da Serpente Negra esta fórmula é chamada de Mystère Lycanthropique, descrita como O Mistério do Templo Vermelho da Magia Atlantida que envolve a mágica transformação em homens-animais pela magick sexual.

Esta operação na O.T.O. envolve o trabalho sexual solitário onde o magista veste-se com máscaras animalescas consoantes com a natureza do atavismo que ele pretende recriar. Alguns magistas da atualidade, assim como os mais remotos xamãs, vestem-se completamente com formas animalescas e bestiais para que a assunção astral ganhe mais substância. No momento da emissão da semente a forma-divina é projetada além da aura do magista e é nutrida por sua energia. Ela é reificada no plano astral e às vezes no etérico onde ela se une sexualmente com uma entidade similar projetada pela Sacerdotisa que trabalha no mesmo rito. O sucesso de uma operação dessas é raro, mas nos casos em que as entidades agem de acordo com seu objetivo existencial, o resultado deste congresso é a geração de um muito poderoso vórtice de energia nos planos astrais de consciência. Isso permite que entidades, energias super-humanas de atavismos primevos, sejam atraídas por este vórtice para se manifestarem na consciência do magista.

O Túnel de Parfaxitas é habitado por criaturas híbridas que são o resultado de operações praticadas imperfeitamente desta natureza. Os animais associados com este raio são a coruja, o lobo e o abutre, daí Mystère Lycanthropique. Gigantescos Ciclopes, aberrações solitárias e isoladas, habitam este Túnel destruindo qualquer presença estranha.

O número de Parfaxitas – 450 – é o de KShPIM, que significa ‘encantamentos’, ‘bruxaria’, ‘feitiçaria’; e de PShO, ‘transgressão’, que neste contexto denota o cruzamento o mundo astral ou espiritual.

O sigilo de Parfaxitas mostra uma fortaleza (Torre) com uma porta e duas janelas (olhos) superpostos acima das letras SUE, que somam 71, o número de LAM. A fortaleza é magicamente protegida pelas letras MVNDVSD (170). O número 71 é ALIL, ‘nada’, ‘uma aparição’, ou ‘imagem’ mostrando assim a natureza astral (e não física) da fórmula de Parfaxitas. Também é o número de ChZVN, ‘visão’ e AIMK, ‘o terror’ e o ‘silêncio’. Por outro lado, 170 é ativo e é o número de MQL, ‘baqueta’ ou ‘báculo’, i.e. o falo do magista. Uma indicação peculiar é que também é o número de NPIL, Nephilim, ‘gigante’, a mítica designação para deus ou ser extraterrestre; uma palavra derivada do Egípcio Nepr, ‘um deus’. Estes dois números portanto denotam a fórmula do VIII°(+) O.T.O., que envolve o uso da Torrente de Silêncio e da Torre de Shaitan (i.e. a baqueta), que em isolamento conjura as imagens ou visões do Vazio.

Aussik chegara ao Túnel acompanhado de suas Legiões de Guerreiros Ancestrais, previamente invocados por ele enquanto adentrava em Daäth. Montava seu cavalo negro com olhos escarlates:Aster. Ele vestia uma armadura negra brilhante. Em seu peito o Lamen da O.T.O. estava estampado na cor de esmeralda adornado com lírios e orquídeas também na cor esmeralda. Vestia uma capa escarlate. Empunhava a espada que Nodens utilizou para moldar o Trono da Deusa; O Assento de Pedra, o Trono, o foco da Deusa cuja fórmula é Nu-Isis. Esta espada é forjada de matéria estelar cuja fórmula é Ixaxaar, a ‘Pedra 60’ ou ‘Selo Negro’ completamente situada acima do Golfo das Terras dos Neteru onde se esconde o reflexo terrestre da Corrente Ofidiana. De sua cabeça dois robustos cornos saiam e entre eles, a Marca da Besta estava estampada. Suas legiões empunhavam as Bandeiras exibindo o Sigilo Nu-Isis.

Tanith ali não se encontrava. Isso era um impedimento a seus objetivos.

Tudo é pó e cinzas. O chão, que percebe-se ser esmeralda, está completamente deteriorado. Era o mundo vermelho, mas seu céu era negro. Aussik e suas Legiões cavalgam por muito tempo sem nunca parar.

Quando se deparam com a Torre de Parfaxitas no horizonte encontram um exército formado por lobisomens hostis – deformações do Abismo, corujas assassinas e gigantescos Ciclopes acompanhados por uma horda de abutres carniceiros. A batalha começara. Uma verdadeira carnificina ocorrera. Com a espada de Nodens ele se dirigia em direção a Torre de Parfaxitas (a única ali) se defrontando com lobisomens que o atacavam ferozmente. Suas Legiões atacavam os terríveis Ciclopes como um grande tufão estelar.

A Torre ainda estava muito longe!

O caminho acima deste Túnel é consagrado a Ira e a Vingança, traços marciais que caracterizam a natureza da corrente que – no Túnel abaixo – é interpretada na forma de atavismos primevos.

Aussik precisava projetar a besta que estava gerando. Mas quando o fora fazer sentira grandes dores na nuca e uma terrível falta de respiração. Perdeu a consciência por alguns instantes, acabara de entrar em um transe. Tudo foi muito rápido, mas quando sua consciência voltou a Makkuth, todas as suas costelas doíam. Neste transe ele fora projetado ao céu deste Túnel e jogado para fora. Não conseguira projetar a Besta, falhou!

6 de Fevereiro – Domingo:

[718]

20:00 O Trabalho Mágico da noite anterior forma em demasia pesado. O Sacerdote acordou com dores nas costelas e pontas dos dedos. As dores na cabeça o deixavam tonto e com mal estar durante todo o dia. Uma sensação de morbidez acometia não somente ele, mas Soror 789.

Cabe fazer aqui um interessante comentário sobre o Lamen da O.T.O. estampado no peito de Aussik. Isso normalmente não ocorre porque ele sempre se apresenta com seu selo pessoal.

Um dos totens de Ta-Urt é a Pomba. Ela aparece no Lamen da O.T.O. como o pássaro Draconiano do Sangue. A vesica é um Portal Venusiano – d – cujo número é 4. O Olho no Triangulo ou Pirâmide do Espírito é 370. A Pomba, o Espírito Santo, denota o elemento Ar e a letra a, 1. O Cálice ou Graal é representado pela letra j, 8; e o y nele é a secreta semente ou bindu no coração do yantra é 10. Sua numeração total é 393. Este é o número de Aussik. O ‘ausente’ ou 4 oculto é o Círculo Venusiano no coração do sigilo de Aussik:

Este sigilo é carregado de grandes significados na Gnosis Draconiana. Descrevê-los aqui seria sair do objetivo destas anotações, contudo seria interessante enfatizar que 393 é menor que 666 (Choronzon-Shugal) por 237, o número de AVR GNVZ, a ‘Luz Oculta’ e também de ARBO, que significa ‘quatro’ neste caso da ‘Luz Oculta’ do Portal (d) no coração do sigilo de Aussik. Ainda, 393 é menor que 718 por 325, o número místico de Marte, o veículo planetário de Ra-Hoor-Khuit e das energias concernentes ao caminho de p e Parfaxitas.

Estas considerações comprovam a natureza da Operação e seus resultados; os elementos venusianos e marciais estão presentes neste Caminho nos dois lados da Árvore. Apenas elementos de característica marciais podem fazer a ligação entre Hod e Netzach, pois a Iluminação tem sua origem nas fontes ocultas de poder que aterrorizam a mente do ignorante.

O Sacerdote não tem problemas com as energias marciais nesta densidade da Árvore da Vida, mas quanto ao seu reverso, elas são para ele muito mais aterrorizantes.

A Sacerdotisa não se sentira à vontade durante o Ritual e assim não conseguiu se projetar além deDaäth. Falhou!

7 de Fevereiro – Segunda Feira:

[718]

20:00 O Sacerdote adentrou para fazer novamente suas práticas mágicas com Parfaxitas. O Templo se encontrava “aberto” desde o último Ritual. Entretanto, desta vez ele entrou sozinho. Isso ocorreu porque os trabalhos de Ira e Vingança somente são reais neste Túnel no sentido de purgação, o ‘sangue da vida’. 789 fará esta prática no seu próximo período lunar.

Após a consagração da S\N\ 718 sentou-se frente o Altar de Parfaxitas. Ao seu redor as colunas consagradas a este trabalho flamejavam. Ele começou sua meditação concentrando-se no sigilo deParfaxitas.

Ao adentrar em Daäth se protegendo com o Sinal de Proteção, foi sugado. Literalmente é isso que ocorre. Daäth funciona como um grande buraco nego que suga os magistas que ali tentam explorar para as mais recônditas distâncias espaciais. Àqueles que não possuem o devido treinamento nessa área são sugados e se perdem nos golfos do abismo.

Um dos perigos mais eminentes de se praticar o VIII°(+) O.T.O. é que se o magista não tiver uma firme concentração e deixar vagar sua mente na hora da prática, estará gerando e dando forma a vampiros mortais que aterrorizarão seus sonhos até o fim de sua jornada. Tais vampiros povoam a mente do magista enquanto ele viver! O resultado é aparente, sua transformação em uma abominação.

Para elucidar o que na frente há por vir, é pertinente que façamos uma pausa em nosso estudo no intuito de relatar um notório caso ocorrido nos limites da O.T.O. O que se segue é um extrato de um diário mágico do Sacerdote de Março de 2004 e.v.:

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Em meados do ano de 2003 e.v, Victor Hugo de Castro Dutra, um membro da O.T.O., agora inativo, dirigia um pequeno grupo de estudos Thelêmicos filiado a O.T.O. Certa tarde, ele convidou-me para assistir uma das reuniões deste grupo. Eles estavam reunidos em um bairro distante do centro de Juiz de Fora.[6] Reuniam-se no terraço da casa de um dos membros do grupo.

Quando lá cheguei, conheci o então membro do grupo que se mostrou, na época, muito simpático. Ele logo se ofereceu para adentrar a O.T.O.

Com o passar do tempo ele conquistou a confiança dos líderes da Ordem que lhe ensinaram, ao longo de sua estadia, alguns mistérios da O.T.O.; por sorte, nem tantos, pois posteriormente ele se mostraria definitivamente inapto para os trabalhos da Ordem.

Ele recebera o VII° Grau estritamente honorário, significando assim que deveria concluir todas as etapas da ‘Pirâmide de Poder’ para de fato ser efetivado no Grau. Posteriormente, ele recebera também o VIII° & o IX°, também honorários. Com relação a sua evolução nos Graus da O.T.O., foi um erro, e o tempo nos mostrara como este erro foi fatal, deixarmos que ele adentrasse aos portais da Ordem. De fato ele nunca fez um diário, nunca entregou um relatório, e sempre falhou em seus mais simples ordálios.

Frater Ankh-f-n-Ammon-Ra, 193 U X° O.T.O.[7] sempre enfatizou que este membro, conhecido na Ordem como Tau Merkurius, 696[8] U, somente se aproximara da O.T.O. “para conseguir dinheiro e mulher” (sic). Nós deveríamos tê-lo escutado!

Citei na Lança de Seth vol. II, no. 3 o porque de seu afastamento da Ordem:

A adoração do fogo no coração do altar, mencionado nos Vedas e em outros textos religiosos, é o emblema do Fogo na zona de poder vaginal da suvasini. Este cakra tem uma função dual no tangente que pode receber e transmitir vibrações que destroem ou criam, de acordo com a influência atraída sobre ele. Esta é a razão pela qual há uma extrema gentileza com a suvasinino rito. Ela é coberta com flores e óleos frios adequados aos marmas para que permaneça fria e receptiva. Se está irritada, tanto física como mentalmente, ela chega a agitar-se e a vagina emite emanações venenosas; é por conseqüência extremamente perigoso ter contato com ela através de lábios ou língua.

Vem-me agora um caso ocorrido com Frater 696 U da O.T.O. que em um Templo seu, dedicado a um antigo sistema da Ordem, levou para seu Circulo Mágico uma mulher despreparada espiritualmente e magicamente para a práticas de ritos tântricos. Eu o havia advertido muitas vezes para que não o fizesse, pois ele não era um Adepto preparado para tais práticas, muito menos a mulher em questão. Pelo que me lembro, foi uma série de trabalhos. O resultado destes trabalhos foi seu considerável afastamento da O.T.O. e diversos problemas de saúde que o incapacitaram de viver normalmente por alguns meses. O beber dos fluídos venenosos é um cuidado que os Adeptos e verdadeiros Iniciados têm de tomar.

Eu nunca fiz uma análise mais apurada do assunto,[9] mas 696 foi aterrorizado pelos vampiros que gerou.

Quando o conhecemos ele se dedicara exclusivamente ao sistema proposto por Soror Nema e acreditava ser um Magister Templi da A\A\. Posteriormente, já não mais acreditando ser um M\T\, se auto-proclamou um Adeptus Minor alegando estar em completa comunhão com o seu Daemone. As condições de sua alegação são hilárias. Segundo os relatos de Victor Hugo de Castro Dutra, 696 dizia ter adquirido a “Conversação & a Consecução com o Sagrado Anjo Guardião em um dia de meditação comum. Eu estava fumando maconha e ele apareceu”.

Para os Adeptos, nenhuma palavra a mais sobre o assunto é necessária!

Voltando aos episódios ocorridos na O.T.O., 696 fora expelido da Ordem, seus documentos de Grau caçados, após se levantar contra o líder da O.T.O.

Naquela ocasião, ele era um bom ajudante, e nada mais. Seus vícios, alimentados por práticas equivocadas do Soberano Santuário gerando larvas e vampiros, faziam com que 696 ficasse perdido no mundo dos Qliphoth e lá, aterrorizado pelos habitantes do abismo, padece na sombra, vivendo em uma escura caverna habitada por gigantescas hienas que devoram sua carne. Está realmente em casa!

Os eventos que o levaram a ser expelido da O.T.O. formam uma cadeia de episódios. Ao se apaixonar por uma profana que somente lhe cedera a cama por intermédio mágico de uma singular pessoa que o ajudara, cavou sua cova. Quando a ajuda cessou, ela não mais lhe quis. Pronto! Novamente lá estava ele, atirado aos porcos da solidão sem ninguém para tirá-lo da pocilga! Por quanto tempo mais ele sofreria aquelas desilusões? Para que servia a O.T.O. se não podia dar a ele a mulher de seus sonhos? Para que servia a O.T.O. se não podia dar a ele o dinheiro necessário para viver? Onde estavam seus irmãos da Ordem quando mais necessitava? A resposta é simples: os irmãos estavam onde sempre estiveram, labutando na Grande Obra. Mulheres e dinheiro, conseqüências óbvias de um trabalho espiritual efetivo.

A O.T.O. provou a este Frater ser para ele uma escola de evolução! Não se importando com suas condições limitadas, o tratou como um verdadeiro Iniciado. Entretanto não faz parte das obrigações da O.T.O. para com seus afiliados servir de canal para aquisições egóicas de uma personalidade extraviada. 696 gerou, alimentou e fortaleceu suas frustrações internas. Sombras que o assombram e que não mais o deixam viver em paz. A conseqüência era óbvia: morder a mão que o alimentou!

Como dizia o Ritual Carbonário da Maçonaria: “Fidelidade com Amor; Coragem com Respeito; Perjúrio com Vingança”.

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Este extrato de diário ilustra como práticas mal formuladas dos mistérios que envolvem o Soberano Santuário da O.T.O. engendram formas decadentes de vida.

Aussik se encontrava novamente com suas Legiões frente à colina da Torre do Silêncio. Entre eles, um exército de abominações. Lobisomens montados em gigantescas hienas, abutres malignos, corujas assassinas e abelhas nocivas. Fora um confronto amargo. Aussik cavalgava contra hostes de sombras e em horas de grande desespero Legiões de Bruxas atingiam com suas flechas, raios do Vazio, as terríveis criaturas. Era o purgatório!

A Operação mostrou-se uma grande limpeza etérica. As sobras estavam sendo conquistadas. 718 transformava-se. Seu corpo aumentava. Já podia lutar contra gigantescos ciclopes que protegiam a Torre. Sua força era infinitamente maior. Quando se jogou às portas da Torre e adentrou no Castelo das Sombras foi sugado por um magnífico vórtice: a Torre o cuspia para o êxtase e lá ele escutou: RPSTOVAL. As asas dos abutres escondiam a Torre do Silêncio; as abelhas o carregavam e seu zumbido era uma deliciosa canção: IPSOS.

Quando o Sacerdote voltou do transe se encontrava nu, aos pés do Altar de Parfaxitas.

A Palavra do Aeon de Maat, segundo Soror Nema, é IPSOS, que significa ‘a mesma boca’. No ‘AL vel Legis’ (II: 76) há uma cifra criptógrafa que possui o mesmo valor que IPSOS. De fato, duas maneiras diferentes de se ler Ipsos produzem números equivalentes ao grupo de letras do AL: RPSTOVAL, que possui o valor qabalístico de 696 e 456, de acordo de como se lê a letra ‘S’, sendo s ou c. Similarmente, com Ipsos ocorre o mesmo. Portanto ambas as palavras são equivalentes. Ipsos, sendo a boca, é o órgão da Pronúncia da Palavra, da Alimentação, da Sucção e do Beber, i.e. não somente o órgão da pronúncia, mas também do recebimento da Palavra. Tendo toda fórmula aspectos micro e macrocosmicos, a fórmula RPSTOVAL é assim um processo especificamente fisiológico que envolve a boca (útero) em sua mais recôndita fase.

A boca como Maat, a Verdade, a Palavra; Mat, a Mãe; Maut, o Abutre, são atribuições implícitas no simbolismo da Torre. A erupção ou pronunciamento da Torre (falo) é a vibração da Palavra dentro dos espaços além da terra que estão ligados ao aethyr do Louco.

O Caminho do Louco (undécimo caminho) é uma secreta extensão do Caminho da Torre (Atu XVI) e a compreensão deste simbolismo é a chave para o Aeon de Maat que é resumido pelo número 27 (11+16). Eu já sugeri em meus escritos que RPSTOVAL se refere aos kalas psico-sexuais formulados pela interpenetração da polaridade sexual.

A interpenetração da vagina e do falo (i.e. a boca e a torre) é resumida sob a fórmula eroto-oral conhecida popularmente como sessenta e nove (69). Mas há aqui implicações que devem ser apresentadas. Os números 6 e 9 denotam o sol e a lua, Tiphereth e Yesod; e em termos dos 32kalas, 6 e 9 se referem a Leão e Peixes. As implicações importantes para ‘esta anotação’ (porque há inúmeras), é que 69 é a energia fálico-solar do Anjo derramando-se na boca, cálice ou útero da Lua para se unir ao kala q. O resultado desta mistura é o vinum sabbati, o Vinho do Sabbath das Bruxas que pode ser destilado, de acordo com antigos grimórios, “quando o final da Torre estiver obscuro (ou velado) pelas asas do abutre”.

Um peculiar choro sai da boca do abutre. Este peculiar choro ou palavra é notado por Crowley como Mu. Seu número é 46, a ‘chave dos mistérios’ e o número de Adão (homem). Mu é a semente masculina, mas ela também é a água (i.e. sangue) com o qual o homem se fez carne.

As visões de Soror Tanith e de outros Adeptos da O.T.O. concernente ao Abutre de Maat, as Abelhas de Sekhet, a Torre do Silêncio e a Serpente que vibra IPSOS podem ser percebidas na pintura do frontispício: O Abutre na Torre do Silêncio.

Demonstrei em Por dentro da Zona-Malva, vol. III, onde um profundo estudo sobre o Aeon de Maat foi feito (As Bases Draconianas dos Mistérios de Maat), que Liber Pennae Praenumbra compreende grande feição como o Oitavo Grau Draconiano, com os Mistérios de Lêng do Necronomicon, com os Mistérios de Maat expostos por Frater Achad e desenvolvidos por Nema e o Culto Lamal (Lam sendo o transmissor da Corrente-Aiwass do Universo ‘B’ (LA) para o Universo ‘A’ (AL) via o Aeon da Filha (Mâ). Estes traços não apenas dependem inteiramente da similaridade mágica das técnicas empregadas dos mistérios que expressam esta Corrente, mas também da linha de evolução tracejada por Crowley ao receber o ‘AL vel Legis’.

A fórmula da Missa de Maat – Ipsos (“pela mesma boca”) – se refere à boca que é o útero da Palavra e que reifica a Palavra. A Palavra ou Manifestação de Maat é sua Filha, Mâ, como a Palavra de Seth éLa. A letra ‘t’ é o agente Tau (Terra). Assim, Malat e Talam são os kalas gêmeos do Senhor das Abelhas que, carregados com o manta Hum é Ta Lam ou a encarnação da terra (Ta = terra) de Lam. Em outras palavras, é a completa manifestação de Lam (como Aivaz) na consciência física. VejaPsiconautas do Mundo dos Sonhos (‘Lança de Seth’ vol. IV, no. 2) por Frater Zivo Aivaz, 65 U.

Finalizando esta anotação, dando continuidade a explicação das conseqüências de práticas como aqui descritas, me lembro de um membro da O.T.O. que sigilizou um “desejo de realizar um espírito réptil”. Ele primeiro baniu de sua mente todas as idéias ou ‘espíritos’ e se concentrou em um sigilo. Enquanto o fazia utilizou mantras Tibetanos em conjunção com o VIII°(+) O.T.O. Após cair em um sonho magnético e voltar a Malkuth, ele nunca deixou de ser um réptil.

8 de Fevereiro – Terça Feira:

[789]

Antes de entrar no Caminho de p senti alguns seres limpando minha aura. Após isso uma cápsula de luz começou a se formar acima de minha cabeça e cresceu até envolver todo meu corpo. Após isso entrei no Caminho. Desta vez não montei um cavalo, de início nem o vi. Estava vestida com armadura vermelha carregava uma espada. Caminhava ao lado do lobo. Paço pelos seres marciais em posição de combate a procura da esfera. No céu passava uma espécie de águia como se vingasse. Quando chegava perto da esfera achei o cavalo e quando pulamos, eles entraram em minhas costas. Lá passei por uma iniciação (Netzach). Ai sair eles saíram de minhas costas e fomos à procura de Hod. Lá ocorreu quase a mesma coisa, mas minha iniciação não foi completa.

[Comento de 718]

Os comentários de 789 estão vagos e não fazem sentido no atual contexto. Suponho por ser a forma distinta que ela adotou para trabalhar magicamente. Todavia, o material acima descrito por ela comprovam seu período de estadia iniciática neste Caminho.

Netzach significa triunfo ou vitória. Sua natureza é a do amor e da força de atração; o poder de coesão no universo, unindo uma coisa à outra e atuando como a inteligência instintiva entre as criaturas vivas. O planeta Vênus, emblema do amor e da emoção, é atribuído pelos filósofos da magia a essaSephirah; da mesma maneira, a cor verde, tradicionalmente pertencente à Afrodite, como as forças pertencentes a essa Sephirah estão peculiarmente ligadas ao cultivo, à colheita e à agricultura tradicionalmente falando.

Em oposição a Netzach está Hod, esplendor ou glória, que é uma qualidade feminina repetindo as características de Chockmah num plano menos exaltado e sublime. Representa essencialmente uma qualidade mercurial das coisas – sempre fluindo, em metamorfose constante e fluxo contínuo, tendo sido denominada, acredito, “mudança na estabilidade”. Se 789 passava por tais iniciações é uma boa indicação de seu desenvolvimento na frente da Árvore.

Amor é a lei, amor sob vontade.

[1] Karen Kelly née Liguori, Grã-Sacerdotisa do Templo Nu-Isis. A raiz do nome, Than significa Dragão. O Dragão Draconiano das Profundezas, i.e. do Ar ou Espaço (Outer Ones), ou Água ou Plano Astral (Deep Ones). Ela representa a Dupla Corrente, Horus (93) + Maat (696), somando assim 789. Tanith representa a Corrente Draconiana ou Ofidiana. Como TNIT, ela equipare-se a 78, o número de Aiwass, o mensageiro ou Anjo de Hoor-paar-Kraat e com Mezla, ‘a influência provinda do além’ (i.e. além de Kether, Yuggoth). 789 é densamente carregado pela Gnosis Draconiana: IPSOS (696) + ALALLA (93); AIWASS (418) + ShAITAN (371); IPSOS (456) + IXAXAAR (333); IPSOS (456) + ChVRVNZVN (333). Finalmente, 789 = PTN, o monograma mágico da Alta Sacerdotisa da O.T.O. que tem no presente transmitido os mais poderosos complexos de energia mágica.

[2] Fernando Liguori, Frater Aussik-Aiwass, 718 U X°, O.H.O. da Ordo Templi Orientis. Aussik é o nome de um Great Old One, uma entidade extraterrestres que, junto a Aiwass, mantém uma ligação de dupla-via com a consciência mundana através da O.T.O. Este é o nome mágico do presente líder de Ordem. 718 é um número carregado na Qabalah Thêlemica-Draconiana sempre conectado ao nome Shaitan-Aiwass. Neste sentido, deve ser lembrado que 718 é QVRI OKIBISh, ‘a Rede da Aranha’. Satan, ShTN + ShTN = 718, uma expressão da Dupla Corrente; e ainda Z-AIN, o “Um-Olho-Espada”. 718 é conectado com a Estela da Revelação, que também é conhecida como Shiq-qutz Shomen, a ‘Abominação da Desolação’. É o glifo da fórmula Nu-Isis pois 718 = 7 + 1 + 8 = 16 (Sodashi), 1 + 6 = 7 (Seth). O número ‘1’ em 718 é o Falo de Osíris dividido por Seth (7) e Isis (8). Seth-Isis = Sothis.

[3] Antônio Pereira. O mote é o notariqon de Auxiliante Deus et Natura ben Aiwass, o que significa ‘Auxiliar de Deus e da Natureza Filho de Aiwass’. O nome está relacionado a Geburah e sua aplicabilidade mágica é ‘servir ao Aeon de Horus’. O número deste notariqon é 525, o número de IHVH TzABAVT, Senhor da Hostes, i.e, das Estrelas; um nome associado ao Planeta Vênus. 525 soma 12, O Homem Dependurado, o XII Atu de Thoth. Se relaciona a letra men e ao elemento Água representando o batismo, uma forma de morte. É o trabalho do Iniciado de se conscientizar de que é um ser cósmico e transferir esta compreensão para a sua realidade física, i.e. perceber a mesma não mais de um ponto de vista do senso comum.

[4] Nodens, Deus das Profundesas, também, nome mágico atribuído ao presente autor como Sacerdote do Nu-Isis Templum O.T.O. construído sob os auspícios da Loja Shaitan-Aiwaz em Março de 2004. O lócus de Nodens é Daäth.

[5] O nome Isis significa literalmente ‘o assento de pedra’. Veja o Atu II, a Alta Sacerdotisa. “Infinite Space & the Infinite Stars”. Frater Achaddefiniu este notariqon explanando melhor do que ninguém a natureza de Isis como a Suprema Zona de Poder Cósmica que, em conjunção com Nu, Nuit, constitui a Corrente Nu-Isis, irradiando sua influencia de espaços profundos transplutonianos.

[6] Este incidente ocorreu durante o estágio formativo de uma Loja da O.T.O. que eu fundei com o propósito de canalizar específicas influências mágicas de uma fonte transputoniana simbolizada por Nu-Isis.

[7] Alex Barbosa Elias, um dos fundadores do Nu-Isis Templum O.T.O. 193 indica as habilidades hipnóticas através do nome do feiticeiroAfricano e Asiático e encantador de Serpentes, conhecido como ESSASUA. A Serpente se refere especialmente à Corrente Draconianarepresentada pelo Dragão cujo zootipo é o Crocodilo. 193 é, ainda, QPVZ é a ‘Serpente que ejacula veneno’; LZNVNIM, ‘a fonte de magick da Mulher Escarlate que domina o Trabalho noturno. (Ver doc. 006-2005 O.T.O., “Os Reis da Terra”.)

[8] 696 enumera dua fórmula mágicas de importância fundamental: RPSTOVAL do Aeon de Horus e IPSOS do Aeon de Maat.

[9] Posteriormente fora escrita uma novela de 21 capítulo baseada nos fatos ocorridos com Frater 696.


Ritual Safira Estrela


A busca pelas raízes tântricas do deus Seth nos leva a um ritual desenvolvido por Crowley, baseado, uma vez mais, nos ritos da Golden Dawn, sociedade secreta na qual ele foi iniciado e que continuou a influenciar sua visão mágica do mundo por toda sua vida. Eu me refiro ao Ritual Safira Estrela ou Liber XXXVI, como é mais conhecido.

Esse ritual foi publicado em O Livro das Mentiras com a finalidade de substituir o Ritual do Hexagrama da Golden Dawn. A Golden Dawn possui dois rituais funcionais que todos os membros tinham de aprender e executar. Um deles é o Ritual do Pentagrama, usado tanto em invocações quanto em banimentos, dependendo da direção que os pentagramas são traçados. O pentagrama se relaciona aos quatro elementos mais o espírito. Este é o ritual fundamental da Golden Dawn e versões dele têm sido adaptadas e vastamente utilizadas por inúmeros grupos hermetistas há mais de cem anos, inclusive wiccanos que, na grande maioria das vezes, ignoram as origens desse ritual às vezes chamado de a Invocação das Torres de Vigia, uma referência direta aos rituais da Golden Dawn, largamente baseados na Magia Angélica do magista elizabetano John Dee e seu médium, Edward Kelly, quem Crowley acreditava ser uma reencarnação.

O outro ritual, mais complexo, é a cerimônia conhecida como o Ritual do Hexagrama. Neste ritual, cada uma das seis pontas do hexagrama é designada a um dos seis planetas visíveis, com o centro representando o sol. Assim, dependendo da maneira como é traçado o hexagrama, invoca-se ou bane-se a influência desses planetas.

Crowley produziu uma versão thelêmica destes dois rituais. O pentagrama foi substituído pelo Rubi Estrela, também conhecido como Ritual da Estrela de Sangue, cujos nomes angelicais – Michael, Rafael, Gabriel e Uriel – foram substituídos por formas divinas mais apropriadas a Thelema: Therion «a Besta», Nuit, Babalon e Hadit.[1]

Contudo, concernente ao Ritual do Hexagrama, uma mudança fundamental ocorre, embora não seja óbvio em um primeiro momento. Este foi o ritual que atraiu a atenção de Theodor Reuss, o principal fundador da O.T.O., quem visitou Crowley em Londres acusando-o de publicar o segredo central da Ordem em seu livro, por volta de 1912. O ocorrido levou Crowley a receber o IXº. Ele já era um iniciado do VIIº, mas não fazia a menor ideia de que os Graus superiores da Ordem eram baseados nos mistérios sexuais. Crowley, ao escrever seus rituais sexualmente carregados, estava sendo apenas ele mesmo. Ele afirmou que a Safira Estrela lhe ocorreu quando se encontrava com a consciência iluminada, da mesma maneira que os Livros Sagrados, como discutimos anteriormente. Foi Reuss quem lhe revelou o Arcano fundamental do ocultismo ocidental, cujo escopo das práticas – da alquimia a magia cerimonial – eram sexuais em natureza e que a iconografia do ocultismo – incluído rasacrucionismo, alquimia, misticismo e magia – oculta segredos sexuais ou, mais apropriadamente, psico-biológicos.

Crowley reformulou os rituais da O.T.O. ao se tornar líder da Ordem nos países de língua inglesa e posteriormente de todos os países após o episódio conhecido como a Conferência Weida, por volta de 1925. Portanto, esse ritual merece uma análise mais acurada, pois ele foi o catalisador que levou Crowley a se tornar o líder mundial da O.T.O. Ele é também, segundo o próprio Reuss, «o Segredo do IXº em forma impressa». Adicionalmente e mais importante no caso de nosso estudo, o ritual coloca Seth, o Senhor das Trevas, na frente e no centro de sua execução. Portanto, o que mais nos interessa nesse momento, é encontrar a percepção que Crowley tinha de Seth no contexto thelêmico.

O ritual começa com a frase: « Que o Adepto seja armado com seu Crucifixo Mágico e provido com sua Rosa Mística». Essa foi à frase que chamou a atenção de Reuss. O Crucifixo Mágico é a vara ou baqueta e se refere à cruz na qual Cristo foi crucificado. A Cruz e a Rosa são os símbolos da sociedade secreta mais famosa da Europa, a Rosa Cruz. Assim, podemos considerar que essa instrução é, senão inocente, destituída de qualquer conotação sexual quando colocada sob a perspectiva das sociedades secretas da Europa do Séc. XVII. Contudo, o resto do ritual coloca essa frase em um contexto completamente diferente.

Após a execução dos sinais de L.V.X. e N.O.X. – que tiveram sua origem também na Golden Dawn – o adepto é instruído a ir nos quatro quadrantes do espaço, começando pelo Leste, procedendo no sentido horário aos outros quadrantes, pronunciando uma série de fases em latim na medida em que traça o hexagrama de cada direção. A tradução das frases em latim segue:

Pai e Mãe, Um Deus, ARARITA.

Mãe e Filho, Um Deus, ARARITA.

Filho e Filha, Um Deus, ARARITA.

Filha e Pai, Um Deus, ARARITA.

Ararita é a mesma palavra que aparece na versão do Ritual do Hexagrama da Golden Dawn e é um acrônimo da frase em hebraico que diz: «Um é seu início. Um é sua individualidade. Sua permutação é Um». No fim, o adepto retorna ao centro e é instruído a «executar o sinal da Rosa Cruz», repetindo Ararita três vezes, após o que ele faz:

Os sinais aí devem ser os de Set triunfante e de Baphomet. Também Set aparecerá no Círculo. Que ele beba do Sacramento e comungue do mesmo.

A instrução segue com outras frases em latim e seu significado é importante para o entendimento do mecanismo do ritual:

Tudo em Dois; Dois em Um; Um em nenhum; estes não são Quatro nem Tudo nem Dois nem Um em Nenhum.

Glória ao Pai, a Mãe, ao Filho, a Filha e ao Espírito Santo de fora e ao Espírito Santo de dentro que foi, é e será, para todo o sempre, seis em um através do nome sétuplo ARARITA.

A ênfase nessas frases que reduzem toda dualidade na unidade é uma evidência do fascínio que Crowley tinha sobre o conceito hindu de advaita ou não-dualidade.

Crowley insistia no fato de que não havia percebido o segredo do IXº até que Theodor Reuss lhe revelou, enfatizando que este era o segredo por trás de todo ocultismo ocidental. Crowley escreveu essa instrução na forma de um ritual sexual e explicou sua intenção em um capítulo posterior da obra, denominado O Caminho para o Êxito e o Modo de Chupar Ovos,[2] mas ele estava completamente inconsciente do que havia tropeçado. Pode ser que ele apenas estivesse reinterpretando os rituais nos termos sexuais ao invés de ter descoberto e propagado o Arcano por trás deles. Mas o que Seth tem a ver com tudo isso? E por que ele é «triunfante»?

Este ritual sendo interpretado de maneira sexual, como foi à intenção de Crowley, somos deixados com a inconfortável percepção de que três dos quatro «pares» do ritual têm a natureza incestuosa: Mãe e Filho, Filho e Filha, Pai e Filha. Crowley foi delicado o suficiente ou pragmático o suficiente de não incluir Mãe e Filha ou Pai e Filho, provavelmente porque a cópula do IXº seja necessariamente heterossexual no qual tanto os fluídos masculinos e femininos são requeridos para criação do Sacramento. Este Sacramento deve ser consumido pelo adepto e depois partilhado. A última palavra é proveniente da Missa Latina e indica que o Sacramento deve ser partilhado para que aqueles que partilham comunguem da força espiritual invocada. Na Missa Latina isso é feito através do pão e do vinho transmutados no corpo e sangue de Cristo, para todos aqueles que comungam, quer dizer, tomam a comunhão, partilharem da experiência do contato com Jesus, o deus morto e ressurreto.

No Ritual Safira Estrela, notoriamente sexual, o Sacramento é composto dos fluídos masculinos e femininos e é na forma de uma Missa Gnóstica mais resumida. O mistério do Sacramento reside no fato de que ele não é simplesmente composto do material grosseiro dos fluídos sexuais, mas sim uma substância transmutada através da execução do ritual. Portanto, ele contém qualidades ocultas que o sêmen ou as secreções vaginais – seja a menstruação ou a secreção da mucosa da vagina – não possuem em si mesmos. Essas qualidades não têm nada a ver com o processo de reprodução física, quer dizer, o Sacramento não é destinado a produzir uma criança humana. Um elemento essencial neste ritual – e de fato de toda magia sexual – é o contato com forças que estão além do mundo físico para que todo processo grosseiro do intercurso sexual como os desejos, a excitação, o coito, o orgasmo e os fluídos resultantes possam ser reimaginados, transformados e transcendidos.

Sendo um ritual de sexualidade transgressiva, fica fácil entender o papel de Seth. Seth é «triunfante» – de acordo com os textos egípcios até agora decifrados – em situações de homicídio, estupro, sodomia etc. Quando Seth está defendendo a barca de Rá, sua violência é direcionada ao bom serviço do panteão, ocasião em que ele se torna triunfante a destruir a serpente Apep ou Apófis, quem, paradoxalmente, ele é às vezes identificado. No Ritual Safira Estrela os poderes transgressivos de Seth primeiro são identificados e então empregados em um ato designado a colocar o adepto em contato com seu Sagrado Anjo Guardião, como o próprio Crowley aponta no capítulo 69 de O Livro das Mentiras, onde o tema sobre o hexagrama é discutido nos termos sexuais, incluindo uma referência explícita a «postura 69» de sexo oral mútuo.

As instruções da Golden Dawn sobre o Ritual do Hexagrama deixam claro sua característica macrocósmica (relacionado aos sete planetas da Árvore da Vida), diferente do Ritual do Pentagrama cuja característica é microcósmica (relacionado aos quatro elementos mais o espírito). Nós podemos dizer então que o Ritual do Hexagrama, tanto o original da Golden Dawn quanto a reformulação de Crowley, é um ritual celeste enquanto que o Ritual do Pentagrama é terrestre.

Portanto, a invocação de Seth Triunfante no clímax do ritual indica a abertura do Portal entre este mundo e o outro, não o Portal aberto por Osíris. Ele não tem nada a ver com a morte ou a ressurreição, mas a abertura do Portal do Lado Noturno da Árvore da Vida que Grant chama de Túneis de Seth. Aqui, novamente Crowley demonstrou a verdadeira natureza por trás do mito, em um ritual concebido em um estado alterado de consciência similar ao que deu nascimento ao Livro do Coração Cingido pela Serpente: um livro que conecta Crowley o magista ao visionário Lovecraft.[3]

Na religião, os humanos são subservientes a Deus ou aos Deuses, especialmente as religiões abraâmicas e monoteístas. Em Thelema a ênfase é revertida com foco total no potencial humano. Não existem dogmas religiosos na magia, tanto quanto possa parecer estar implícito. Magistas se atrevem a fazer o que as pessoas devotas e religiosas não têm coragem: abordar ativamente o Trono dos Deuses utilizando qualquer meio que esteja à disposição, até mesmo os mais blasfemos. Os Deuses podem ser mais poderosos e até mesmo mais perigosos, mas o magista apropriadamente treinado pode navegar pelos céus ou infernos com impunidade.

Caos e Babalon – ou Seth e Ishtar, Dumuzi e Inanna, Śiva e Śakti – representam um processo oculto profundo que subjaz o jogo de māyā, a ilusão da criação. Caos e Babalon são portais para o Lado Negro da criação, da mesma maneira que a sexualidade humana é um portal para os processos e funções da poderosa mente subconsciente. Essas são as forças irracionais que apavoraram Lovecraft: elas são imunes à razão e o entendimento científico da mesma maneira que a vastidão profunda do espaço reside fora da habilidade da mente em poder contemplá-la.

Os outros deuses – Ísis, Osíris, Hórus, Thoth, Anúbis etc. e não apenas deidades egípcias, mas gregas, romanas, africanas, chinesas, indianas e muitas outras de outros panteões – são aspectos básicos e fundamentais destes dois, Caos e Babalon. Por conveniência, eles podem ser considerados refinamentos de aspectos específicos, pontos de vista, componentes químicos, secreções fisiológicas e qualidades biológicas – e isso não denigre seu valor ou importância ao magista. Qualquer uma dessas deidades é uma força potente muito superior a qualquer capacidade humana de contê-la.

A Tradição Tifoniana, de acordo com a tese de Grant, é mais antiga que todas as tradições e cultos religiosos. Sua origem é nas estrelas e ela reside no âmago de todos os cultos que se desenvolveram posteriormente. Isso significa que seus deuses são os protótipos de todos os outros deuses posteriores e seus rituais a forma mais prístina de todos os cultos que se desenvolveram no percurso dos tempos. Portanto, suas Trilogias Tifonianas não são apenas guias pelos quais podemos transitar pelos Túneis de Seth no Lado Noturno da Árvore da Vida: eles são avisos sinceros, diferente dos avisos fantasiosos de Lovecraft.

A fim de compreender essas forças, é necessário ver como elas foram invocadas nos rituais secretos e profanos dos cultos mais sombrios ao redor do mundo. Mas isso é tema para outro estudo oportuno.

[1] No texto original de O Livro das Mentiras, Crowley havia substituído os nomes angelicais por Caos, Babalon, Eros e Psique, com o objetivo de mantê-lo completamente alinha a tradição grega. Depois ele mudou os nomes para uma nomenclatura adequada a Thelema. Contudo, Caos e Babalon parecem ser mais apropriados, especialmente sob a luz do Credo da Missa Gnóstica, discutido anteriormente.

[2] Capítulo 69.

[3] Existe a execução do ato sexual e a consumação do sacramento. Isso demonstra que a prática thelêmica envolve o contato com o Senhor das Trevas, Seth, o deus oculto, na tese grantiana.

Extrato do texto «A Redescoberta da Tradição Sumeriana», que será publicado integralmente na Revista A Lança de Seth, Vol. I, No. 2.

Hieros Gamos e Magia Sexual


Na Antiguidade, entre os estudiosos, sacerdotes e iniciados, o sexo era considerado algo sagrado e uma maneira de se reconectar com o EU divino que habita cada um de nós, como uma das formas mais bonitas de “Religare” e sempre esteve associado a muitas comemorações e rituais de fertilidade.
O reino do sexo mágico é o domínio e o poder do feminino.

Durante esta relação, o casal canaliza e amplia suas energias através de seus chakras, desde o Muladhara na penetração, despertando a Kundalini (serpente sagrada), florescendo por entre os nadis dos amantes até o Sahashara, gerando um fluxo gigantesco das energias telúricas e projetando-as para o universo, ou utilizando estas sobras de energia para a realização de determinados rituais.

Através do sexo sagrado, o corpo da mulher se torna um templo a ser venerado e o enlace entre o sacerdote (que assume o papel de um deus) e a sacerdotisa (que assume o papel de uma deusa) adquire uma conotação ritualística capaz de despertar grandes energias e até fazer com que eles cheguem à iluminação (e a orgasmos muito mais fortes!).

Suméria

Os rituais sexuais existem desde os primórdios da humanidade e estiveram presentes em todas as grandes culturas da humanidade. As primeiras referências a eles, e também a mais famosa, é o Hieros Gamos, ou “Casamento Sagrado”. Este ritual era realizado na Suméria, 5.500 anos atrás. Nele, a alta sacerdotisa assumia o papel do Avatar da grande deusa Inanna e fazia sexo com o rei ou imperador, que assumia o papel do deus Dumuzi, para mostrar sua aceitação pela deusa como governante justo daquela região.

Isto era feito diante da corte, pois naquele tempo não haviam tabus para se praticar sexo em público se fosse em uma cerimônia religiosa. O símbolo desta união era um chifre, também chamado de “cornucópia” (uma referência clara à vagina da Grande Deusa em sua abertura e o falo do grande deus em seu chifre), do qual brotavam frutas, verduras e toda a fartura dos campos. Era uma associação óbvia entre os rituais sexuais de fertilidade e as colheitas que se originavam das plantações energizadas por tais rituais. O símbolo da cornucópia foi eternizado na Mitologia grega, através dos ritos Dionísios com sua forte presença no Olimpo, e mantém-se até os dias de hoje como símbolo de fartura.

No Egito, existiam primariamente três classes de sacerdotes iniciados: o Culto ao Templo Solar, cujo templo principal ficava em Hélios, baseado nos misterios de Osíris de sua morte e ressurreição, da conspiração de Seth, da vingança de Hórus e seu triunfo. Este culto lidava essencialmente com energias MASCULINAS em seus rituais, baseados na força e simbolismo do sol, movimentando os aspectos de Yang (positivos, fortes, racionais, diretos). Desta ordem surgiam os comandantes dos exércitos do Templo e, posteriormente, os Cavaleiros Templários e a Maçonaria, descendente direta dos templários. Esta é a razão pela qual apenas HOMENS são iniciados na maçonaria. Não se trata de um “clube do bolinha” ou de nenhum preconceito com as mulheres, como muitos detratores alegam, mas, essencialmente, os rituais maçônicos são de energia Yang e a presença de uma mulher no templo em uma loja solar apenas atrapalharia toda a egrégora (existem organizações para-maçônicas como as Fraternidades Femininas e ordens como as Filhas de Jó para mulheres, mas a ritualística é outra, especialmente voltadas para as meninas e mulheres.

Além desta Ordem, existia a Ordem dos Mistérios de Ísis, voltada apenas para MULHERES. Estas ordens lidam com a energia lunar, com o Yin, com a intuição, com a sedução, com as emoções sutis que pertencem ao campo do feminino. Da mesma forma, era proibida a presença de homens em uma loja de Ísis. Ísis recebeu vários nomes em seus cultos: Islene, Ceres, Rhea, Venus, Vesta, Cybele, Niobe, Melissa, Nehalennia no norte; Isi com os hindus, Puzza entre os chineses e Ceridwen entre os antigos bretões.

O terceiro tipo de Ordem eram as Ordens de Ísis e Osíris, ou as ordens mistas. Estas eram ordens espirituais, preocupadas com o estudo das ciências e dos fenômenos naturais. Pode-se dizer que foram as primeiras ordens de cientistas do planeta, estudando ao mesmo tempo fenômenos físicos, matemáticos e espirituais. Destas ordens, Grandes iniciados como o faraó Tuthmosis III, Nefertitti, Akhenaton (ou Amenhotep IV) e Moshed (ou Moisés para os íntimos) estabeleceram as bases de praticamente todas as escolas iniciáticas que surgiram, inclusive todos os ramos das Ordens Rosacruzes.

Cada templo era formado por até 13 membros (do sexo masculino/solar, feminino/lunar ou misto, com qualquer número de homens e mulheres, dependendo da ordem). Quando haviam mais iniciações, estas lojas eram divididas em mais grupos contendo 5, 7 ou 11 estudiosos. Era comum que membros da Ordem do Sol ou da Lua participassem nestas ordens mistas, assim como até hoje é comum maçons ou wiccas participarem das ordens rosacrucianas.

Treze pessoas em um grupo era considerado o ideal, pois constituía um CÍRCULO COMPLETO, cada um dos iniciados representando um dos signos do zodíaco, ao redor do Grande Sacerdote. Como veremos mais para a frente, isto será válido em outras culturas como a celta, romana, bretã e até africana.

Um quarto grupo era formado por sacerdotes especialmente escolhidos do Templo do Sol e do Templo da Lua, para as festividades das Cheias do Nilo, Morte e Ressurreição de Osíris, Início do ano e várias outras celebrações importantes. Estas celebrações eram Hieros Gamos, onde um sumo-sacerdote coordenava (mas não participava!) do sexo ritualístico entre 6 casais (totalizando 13 pessoas). Estes casais eram geralmente (mas não obrigatoriamente) casados e assumiam suas posições no círculo formando o hexagrama, com o sacerdote ao centro. Estes rituais poderiam ser realizados em um Templo ou em alguns casos, dentro de pirâmides, que estavam ajustadas para as freqüências que eles desejavam ampliar para o restante da população (ou do planeta). Mais tarde, o mesmo princípio será usado nos festivais celtas, mas já chegaremos lá.

Em grandes festividades, outros iniciados participavam (fora do círculo principal, que era formado pelos casais mais poderosos), formando um segundo círculo externo ou grupos, dependendo do número de pessoas. Estas sacerdotisas assumiam a representação da deusa Meret, a deusa das danças e das festividades, e os sacerdotes assumiam a representação de Hapi, deus da fecundidade e das cheias do Nilo.

É importante ressaltar que nestes rituais cada sacerdote transava apenas com a sua parceira.
Era comum o uso de máscaras (com cabeças de animais representando os aspectos relacionados ao ritual/deus que estava sendo realizado), o que mais tarde dará origem ao Baile de Máscaras (que secretamente abrigavam Hieros Gamos) e posteriormente ainda os Bailes de Carnaval. Após as festividades, havia dança, celebrações e sexo não-ritualístico/hedonista.
Estas sacerdotisas eram chamadas de Meretrizes, nome que mais tarde foi deturpado pela Igreja Católica.

Do lado complementar das Meretrizes estavam as Virgens Vestais, que eram virgens que trabalhavam um tipo diferente de energia e eram consideradas as Protetoras do Fogo Sagrado. Elas existem desde o Egito mas ficaram mesmo conhecidas no período grego e romano. Falarei sobre elas daqui a pouco.
Paralelamente aos ritos egípcios, existiam rituais sexuais ligeiramente diferentes na Índia, mas baseados nos mesmos princípios de união dos chakras para despertar a kundalini.

Tantra

A palavra tantra vem do védico e pode significar “teia” ou “libertação da escuridão” ou ainda “aquilo que amplia o conhecimento”. Basicamente, o tantra possui uma filosofia de amor. Amor ao semelhante, à natureza, à vida, ao sexo, ao despertar. O ato sexual mágico dentro do tantra é apenas UMA das manifestações desta filosofia maravilhosa (o tantra é uma maneira de se viver, que inclui vegetarianismo, cultivo ao corpo, mente e espírito, respeito pelas coisas vivas, paz, harmonia com o cósmico, à devoção ao feminino, ao estudo da poesia, música, etc.). O grande problema disso para as “otoridades” é que um homem tântrico está mais preocupado em tratar bem sua(s) amante(s), apreciar um bom vinho ou fazer uma boa massagem em uma amiga do que pegar em armas e ir até um país distante chacinar seus inimigos para que as otoridades adquiram mais poder… para isso, precisam de soldados cruéis, sem compaixão e sem sentimentos (“certo, seu zero-dois?”). Então, quando os Arianos tomaram a Índia, lá por 2.000 AC, eles tornaram esta religião proibida (de onde veio o significado de “libertação da escuridão” pois o movimento acabou caindo na escuridão/clandestinidade).

O principal ritual de sexo tântrico é chamado de Maithuna. Neste ponto, existem 3 vertentes do Tantra: o Caminho da mão esquerda, que prega a realização destes rituais com estranhos, para atingir um máximo de erotização, voltado para o prazer e que deu origem a livros e textos como o Kama-Sutra, o Caminho da mão direita, que prega que o Maithuna deve ser feito apenas com sua companheira, o que gera uma intimidade maior e uma energia muito maior no ritual e finalmente o Caminho do Meio (meu favorito) que prega um meio termo: rituais sexuais para serem desenvolvidos com uma parceira, mas não excluindo a participação de amigas ou conhecidas no processo.

Durante o ato sexual, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti. O papel da mulher é sempre o de uma deusa a ser venerada e existe todo um ritual antes do sexo: ela depila todo o corpo (pode ser feito no dia anterior), prepara um banho com ervas e perfumes e se arruma ritualisticamente, o homem prepara os incensos, música e o ambiente. Uma relação de Maithuna demora no mínimo 4 horas, mas há relatos de rituais que chegam a demorar 21 dias (já não se fazem mais iniciados como na Antiguidade… tsc tsc). O Maithuna é programado segundo o ciclo dos signos e as fases da lua (na lua cheia Shakti tem mais potência sexual e na lua crescente Shiva está mais viril. Na lua nova, ambos estão relativamente sexuais e na minguante a energia pode não estar muito propícia). A preocupação com os exercícios para desenvolver os chakras, a vestimentas (nada sintético ou que bloqueie os chakras), a alimentação (nem pense em fazer um Maithuna com um bicho morto no seu estômago!!!), a meditação e concentração, os incensos… TUDO é importante neste tipo de ritual.

Rituais Tântricos

Ao contrário da ritualística egípcia, que é extremamente rígida em relação a escolha dos parceiros, as festas tântricas eram basicamente hedonistas (voltadas para o desenvolvimento do ser humano através do prazer e felicidade), podendo haver troca de parceiros (caminhos central e da mão esquerda somente), mais de uma parceira/parceiro em uma transa, etc. As palavras chaves nestas festas são o respeito entre todos os participantes e a consensualidade. Pode-se dizer que estes grupos mantiveram-se sempre de maneira secreta em praticamente todas as sociedades, até os dias de hoje nas casas de swing (ou “troca de casais”, como a mídia adora colocar, dando a falsa impressão que as mulheres nestes locais nada mais são do que “moedas de troca” quando uma idéia melhor seria “compartilhar” – É… eu sou muito chato com os termos corretos, porque palavras têm poder). Hoje muito do conceito destas festas foi distorcido e estragado (com direito até a pessoas que contratam garotas de programa para montar casais falsos e participar das putarias), embora dentro deste universo existam ainda grupos que agem como verdadeiras Sociedades Secretas, com regras de conduta muito rígidas e mantém as idéias originais das FESTAS HEDONISTAS com o respeito e a seriedade que elas deveriam ter.

Grécia e Roma

O culto a Ísis e Osíris migrou do Antigo Egito para a Grécia, onde Toth tornou-se Hermes e os misterios de Osíris tornaram-se o culto a Dionísio (Dyonisus).
Antes de mais nada, quem era Dionísio? Nascido de Zeus e Perséfone, Dionísio atraiu a fúria de Hera, que enviou os titãs para mata-lo. Zeus o protegeu enviando raios e trovões para despedaçar os titãs, mas quando conseguiu derrota-los, sobrou apenas o coração de Dionísio. Zeus colocou seu coração no ventre de Semele, uma de suas sacerdotisas, que se tornou sua segunda mãe… portanto Dionísio era conhecido como o “nascido duas vezes”. Curioso não?

Novamente temos o culto a morte e ressurreição de Osíris na iniciação e os rituais que demonstravam claramente a vida após a morte. Interessante notar que Semele era uma sacerdotisa do culto a Zeus, e portanto uma virgem vestal. Vocês perceberão que ao longo da história, muitos iniciados nasceram de “virgens” (cujo termo possuía o significado real de “espiritualmente pura”). A título de curiosidade, Hórus, Rá, Zoroastro, Krishna, Platão, Apolônio, Pitágoras, Esculápio e aquele outro cara famoso na Bíblia também nasceram de “virgens”.

Os cultos de Dionísio também eram conhecidos pelo nome de culto ao Deus Baco (Bacchus) e suas sacerdotisas iniciadas nos cultos lunares eram conhecidas como Menades ou Bacantes. O poeta Homero escreveu que elas “iam para as montanhas e realizavam estranhos rituais”. O culto começou na Grécia mas sua popularidade cresceu a ponto de se tornar conhecida em Roma a partir de 200 AC.
Registros famosos destes rituais de Bacchanalia foram escritos por uma sacerdotisa e poetisa chamada Sappho, cujo templo de Mytilene ficava na Ilha de Lesbos, por volta de 600 AC. Estes textos retrataram alguns dos rituais envolvendo sexo mágico entre as iniciadas e uma série de poemas narrando o amor entre mulheres. Da perseguição religiosa, surgiram as palavras Safada (no sentido depreciativo para a mulher) e Lésbica.

Os cultos solares eram mais populares em cidades como Esparta, cujos exércitos voltados para o aperfeiçoamento do corpo e da mente usavam os treinamentos físicos desenvolvidos pelos Guardiões do Templo, incluindo muitos ritos de iniciação (especialmente um dos mais importantes, que é mostrado no filme/HQ “300 de Esparta”, quando Leônidas precisa, quando jovem, enfrentar um período de tempo no deserto/montanha e matar um lobo com as próprias mãos, trazendo sua pele para comprovar o feito de coragem). Mais tarde falaremos novamente sobre capas vermelhas nos celtas.
Nos cultos de Dionísio, o Hieros Gamos também assumia a forma de relações sexuais entre os deuses, para a realização de diversas comemorações ou rituais. Vamos ao chamado “panteão Olímpico”: Zeus, Hera, Poseidon, Afrodite, Ares, Atenas, Hermes, Hefesto, Apolo, Ártemis, Demeter e Hestia. Exatamente 6 homens e 6 mulheres. Completando com Dionísio como sumo-sacerdote, estava preparado o Círculo Completo para o Hieros Gamos (como curiosidade, cada deus desse estava relacionado a um signo do zodíaco, mas se quiserem saber, vão fazer a lição de casa, eu não vou falar quem é o que). Também relacionando com as Linhas de Ley, o Monte Olimpo fica “coincidentemente” em um destes cruzamentos energéticos do planeta.
As reuniões destes grupos recebiam o nome de Orgion (palavra em grego que significa “ritual secreto”) e eram presididas pelo Orgiophanta. Da latinização surgiu a palavra Orgia, e nem preciso dizer o que aconteceu com o significado desta palavra.

Em 180 AC, o senado editou o “Senatus consultum de Bacchanalibus” estabelecendo regras claras para a realização destas festividades e ritos. Desnecessário dizer que os cultos secretos continuaram, apenas caíram na clandestinidade dentro das Ordens Secretas. Os Hieros Gamos continuaram ocorrendo, com a latinização dos deuses envolvidos.

As principais festas aconteciam nos Solstícios e Equinócios, especialmente o Sol Invictus (quem assistiu aquele filme “de Olhos bem fechados” pode ver um ritual de Hieros Gamos moderno, ocorrendo justamente no Natal/Dies Natalis Solis Invicti… quer dizer, uma pequena parte dele).

O culto Solar ganhou muita força em Roma, através do culto a Mithra, o Deus-Sol, El Gabal, Sol Invictus (e, como devoto deste deus, farei uma coluna dedicada a ele em breve). O exército romano usava todos os símbolos do Templo Solar, inclusive a famosa “saudação a Mithra”, que mais tarde foi usada pelos exércitos de Hitler, um dos maiores ocultistas do século XX, como a saudação tradicional nazista, e também usada por Francis Bellamy para a saudação à bandeira americana (que foi substituída em 1942).

As Vestais

Além dos cultos solar e lunar, existiam também as Vestais (sacerdos vestalis) que eram as sacerdotisas da deusa Vesta e encarregadas de manter aceso o Fogo Sagrado de Vesta. Este fogo era o santuário mais importante de cada cidade romana e deixar uma chama destas apagar era passível de pena de morte. Caso uma chama se apagasse, os sacerdotes precisavam acender uma tocha em um templo vestal em uma cidade próxima e trazer este fogo sagrado até o altar.
Se você pensou em “tocha olímpica”, acertou… é a origem da tocha. Agora algo que você não sabia: A origem sagrada deste fogo remonta ao fogo que Prometeu roubou dos deuses e que lhe custou o castigo eterno.

Outra das coisas que provavelmente você não saiba é que Prometeu é citado pelo poeta Ascilus e Hesíodo como “o Portador da Luz”, cujo nome em grego é Phosporos. Talvez você não reconheça o nome dele em grego, mas em latim eu tenho certeza que você conhece: “Lúcifer – A Estrela da Manhã, o Portador da Luz”.
Surpresos? Bem… hoje vocês aprenderam que aquele bando de esportistas carregando aquelas tochas na olimpíada e toda aquela festa serve para manter viva a chama de Lúcifer. Bacana, não?

As Vestais tinham de ser virgens, pois a energia e os chakras delas vibram e podem ser trabalhados de maneira diferente. Os ocultistas chamam isto de Chastitas, de onde vem a palavra castidade. Na rosacruz chamam estas meninas de columbas e elas são responsáveis por algumas das partes mais bonitas da ritualística.

A Chastitas não precisa envolver a falta de amor. Aliás ele desenvolve nas sacerdotisas/sacerdotes que escolhem este caminho a virtude do Ágape, ou amor pela humanidade. O iniciado Platão foi um dos que mais estudou este tipo de ritualística, de onde se originou o termo “amor platônico”.
Sócrates estudou este processo e desenvolveu o chamado Chastitas Pederastia, que é uma relação de amor casto entre um jovem e um adulto do mesmo sexo (normalmente um guerreiro mais velho e o aprendiz de soldado, especialmente nos exércitos gregos). Mas este “amor” a que ele estava se referindo não era o amor homoerótico (que incluía sexo), mas sim o amor fraternal de um Mestre de Guilda para com o Aprendiz. Para tentar traçar um paralelo, pode-se pensar na relação entre o Batman/Robin, o sr. Miagui/Daniel-san e jedi/padawan.

A Igreja deturpou a palavra “pederasta” como sinônimo pejorativo para homossexual. Disto seguem aquelas lendas absurdas que os soldados gregos eram gays. Também foi uma das acusações mentirosas que a Inquisição usou contra os Templários, já que esta tradição da pederastia se estendeu para o conceito de Cavaleiro/escudeiro ou Mestre/aprendiz.

A Castidade funciona através de uma alquimia diferente, transformando o que seria o desejo carnal e sexual em uma energia espiritual através do desenvolvimento dos chakras superiores e do controle dos chakras inferiores. Exemplos deste tipo de iluminação incluem os monges budistas, monges shaolins, os padres da Igreja, algumas santas e outros eremitas da literatura religiosa e ocultista.

A Igreja Católica tentou copiar estes preceitos de monges nos padres, mas esqueceu de avisá-los que isso precisa ser treinado. O resultado disto são pessoas que “fazem votos de castidade” mas não sabem exatamente o que estão fazendo e não acreditam em chakras. E com isso ficam todos complexados e cheios de necessidades carnais, naturais de todos os homens. E esta é a origem dos coroinhas…

A narrativa por três pontos de vista diferentes: o masculino, do Templo Solar, que regeu basicamente os exércitos e guerreiros, o feminino, do Templo Lunar, que coordenava as sacerdotisas, e as Fraternidades Mistas, que formavam a maioria dos grupos envolvidos nas festividades pagãs do Hieros Gamos.

Prostitutas Sagradas

Voltando um pouco na nossa narrativa, ainda na Babilônia, o culto a Ishtar era famoso pelos templos dedicados a Inanna e Ishtar (ou Astarte), a grande deusa da Babilônia. Nestes templos, ficavam as mais sagradas das sacerdotisas, dedicadas à deusa do amor e da sexualidade. O nome Prostituta vem de “Aquelas que se prostram (diante de Ishtar)” ou “Aquelas que se expõem”.
Nestes templos, as “Ishtartu” ou “Damas dos prazeres” tinham o domínio sobre sua sexualidade, oferecendo-se para estranhos em troca de donativos para o templo, em rituais de adoração a Ishtar. Mulheres que desejavam se casar, para obter as bênçãos de fertilidade da deusa, precisavam passar um período de sete dias na porta do templo para obter dinheiro suficiente para a doação, no chamado “dote”. Este ritual pré-nupcial era chamado “Fornicatio”, de onde surgiu mais tarde a palavra “fornicação”, tão odiada pelos fundamentalistas. O local onde ocorriam estas negociações era chamado de “Fornix” (Câmaras Arqueadas – ver imagem acima – mais tarde “Fornix” se tornaria sinônimo de bordel – Thanks Zatraz). Durante este tempo, recebiam instruções das sacerdotisas nas artes de amar e de agradar aos homens.

Muitas famílias nobres enviavam suas filhas para servirem como Harlots (o termo em inglês hoje em dia é utilizado com o sentido de prostituta, sem tradução para o português) por anos. A Harlot entrava em um templo como uma Virgem Vestal e sacrificava sua virgindade ritualisticamente para o sacerdote que a iniciaria nos mistérios do Hieros Gamos. Esta primeira relação era muito importante pois o sacrifício de sangue para Ishtar marcava a iniciação destas sacerdotisas e era algo considerado muito sério e muito importante (até os dias de hoje, dentro de algumas Ordens Invisíveis). O linho na qual ficavam as manchas de sangue era queimado e dedicado às deusas, consagrado em uma grande festa de acolhida.

Mais tarde, de uma maneira completamente deturpada pelos profanos, isto acabaria dando origem a dois costumes medievais: a “Prima Noche”, na qual o Senhor Feudal requisitava o direito de transar com qualquer mulher que fosse se casar e a exibição do lençol sujo de sangue como “prova” da virgindade da “mercadoria” com a qual o nobre havia se casado.
Outra curiosidade era que, se a garota não havia “dedicado” sua virgindade à deusa Ishtar, e transado sem as devidas ritualísticas (ou seja, fora do templo de Innana/Ishtar), dizia-se que havia “perdido” sua virgindade e não podia se tornar uma prostituta sagrada. Seu dote, obviamente, era muito menor do que o das Harlots.
As Harlots eram tão procuradas que, após este período de dedicação ao templo, havia muitos pretendentes que se apresentavam para pagar o dote destas garotas a fim de poder se casar com elas.

Curiosamente, apesar de todo o culto de sexo sagrado, Ishtar é reverenciada com o nome de “a virgem”, implicando com isso que seus poderes e sua criatividade não dependiam de nenhuma influência masculina. As mulheres detinham o poder e o controle. Para os gregos, era conhecida como Afrodite ou Vênus (para os romanos).

A partir do Código de Hamurabi, em aproximadamente 1750 AC, tudo isso mudou. A mulher passou a necessitar da permissão de seu marido ou pai para tudo, o poder das sacerdotisas foi massacrado e Innana e Ishtar perderam muito do prestígio que possuíam, tornando-se divindades menores e, posteriormente, demônios da luxúria. Muitos dos templos, para não serem fechados por ordem dos governantes, precisaram forjar casamentos falsos para que pudessem continuar funcionando, mas as mulheres passaram a ter de obedecer a estes maridos, o que acabou dando origem aos primeiros “cafetões”. Em menos de 100 anos, os Templos de Prazer acabaram se tornando algo muito mais parecido com o que temos hoje, com o afastamento da ritualística e apenas a troca de moedas por sexo (geralmente para as mãos do homem que controlava estes grupos). A adoção de escravas para suprir as necessidades dos homens e a degradação do valor das mulheres acabou jogando estes locais para a margem da sociedade, onde estão até os dias de hoje, infelizmente.

Enquanto isso, no mundo dos machos…

Conforme estávamos discutindo, o Culto Solar era composto apenas por homens e girava em torno do uso da magia para expandir as habilidades de batalha, capacidade de raciocínio matemático, engenharia, construções utilizando a geometria sagrada, táticas de combate e filosofia.
Na medida do possível, eles tentavam proteger as sacerdotisas, mas o próprio fato de não haverem mulheres nos exércitos e as Ordens serem quase totalitariamente militares tornava tudo muito complicado. As Ordens lunares tornaram-se secretas, abrigadas entre os celtas e romanos e bem longe das garras judaico-cristãs. Já as solares haviam adquirido um poder sem precedentes.

Suas características ocultistas principais estavam no posicionamento e construção de obeliscos nas Linhas de Ley para marcar os principais locais de rituais e conectar outros monumentos nestas linhas invisíveis. Estes monumentos servem para ajudar a ajustar a Terra para permitir melhores colheitas, paz, harmonia e prosperidade nas regiões ao seu redor. Um Obelisco representa acima de tudo um Raio de Sol Petrificado (isso é bem óbvio, mas é uma coisa que as pessoas nunca param para pensar… ) que cai sobre a terra em um ponto específico.

Uma segunda característica era muito importante dentro dos cultos solares, que era a iniciação de seus principais guerreiros e líderes. Como eu havia dito na outra coluna, esta iniciação dos comandantes era feita enviando-o para algum lugar bastante inóspito armado apenas com uma adaga e esperava-se que ele não apenas sobrevivesse como trouxesse uma prova de suas capacidades de caçador.

Esta prova era a pele do animal (um lobo, urso ou veado). Nos celtas, bretões e druidas, o mais tradicional eram os gamos ou alces, que o iniciado precisava também remover os chifres e traze-los presos em sua cabeça. A capa vermelha do rei simboliza a pele coberta de sangue do animal. As capas dos soldados romanos, dos exércitos de Esparta e dos guerreiros celtas (além das bandeiras nazistas) simbolizavam este poder. Nos nórdicos, eles vestiam as peles de ursos (Bersekir, da onde se originou o termo Berserker para designar os guerreiros imbatíveis do norte que lutavam sob o efeito de poderosos rituais xamânicos).

Os chifres na cabeça representam o deus das florestas encarnando naquele sacerdote/guerreiro, o que seria de vital importância no Hieros Gamos, pois mostraria que aquele iniciado estava apto a incorporar o avatar de Cernunnos/Baco/Dionísio/Dummuz nos rituais.

Este hábito iniciático de usar os chifres na cabeça do principal sacerdote do Hieros Gamos é a origem da COROA (que nada mais é do que chifres simbolizados em metal nas pontas da coroa, somados às jóias da sabedoria divina). Estes chifres às vezes eram simbolizados por aquele “penacho” que vocês já devem ter visto nos legionários romanos, ou então pela coroa de louros dos gregos/imperadores.

Tropa de Elite, osso duro de roer…

Estas ordens solares (e conseqüentemente a maioria dos exércitos da Antigüidade) estavam organizadas da seguinte forma: Cada Centurião (também chamado Hekatontharchos em grego) comandava uma Centúria, que era formada por 100 soldados, organizados em 10 conturbernium, e comandada por um Decurion. Estas contubernia eram formadas por 8 combatentes (chamados de octeto) e mais 2 não combatentes (que cuidavam dos cavalos, comidas, armas e armaduras do octeto). Estes grupos eram tão unidos que acabavam sendo punidos ou recompensados como um todo. Caso algum dos membros de um contubernium cometesse algum ato de covardia ou traição, o grupo todo era escolhido para pagar. Neste caso, os dez soldados pegavam palitos de trigo e aquele que tirasse o menor palito era apedrejado pelos nove colegas. Desta prática, chamada Decimatio, surgiu o conceito do “puxar o palito menor” como sinônimo de má sorte, além da origem da palavra “dizimar” como matança.

Cada seis centúrias formavam uma Cohorte e o conjunto destas cohortes formava a Legião. O Grão Mestre destas ordens era chamado de Monos Archen (que significa em grego “Um comandante”). Monosarchen é a origem da palavra Monarca (Monarch em inglês).

Ok… mas o que esta história sobre exércitos romanos têm a ver com a Teoria da Conspiração? MUITO… Mas por enquanto, não vou contar o por quê. No momento, basta que vocês saibam que uma Cohorte nos tempos de Jesus era formada por 600 homens pesadamente armados.

Celtas, Druidas e a Bruxaria

Fora dos cultos altamente secretos das Bacantes ou dos soldados do Templo Solar, o culto à natureza continuava a todo vapor entre os celtas, druidas e bretões.
Os druidas traçam suas raízes em 300 AC. Os primeiros registros deles foram feitos pelo escriba grego Sotion de Alexandria no século II AC. Os pitagóricos os chamavam de Keltois (Aquele que domina o carvalho). Em latim eram chamados de druides (que tem a mesma origem da palavra Dríade, que significam as “ninfas da floresta” na mitologia grega, que nada mais eram que as sacerdotisas celtas que realizavam seus ritos nas florestas).

Do Egito, os ritos migraram tanto para a Grécia quanto para as Ilhas. Da mesma maneira que os sábios gregos construíam panteões, templos e obeliscos utilizando-se da geometria sagrada, os bretões e celtas erguiam círculos de pedra com a mesma função. Enquanto os gregos realizavam as Bacchanalias, os celtas e bretões realizavam os festivais de Solstícios e Equinócios, bem como as Festas de Beltane e Samhain, onde eram celebrados os Hieros Gamos.

Nos ritos sagrados, o aspecto masculino da divindade era representado primariamente por dois deuses: Cernunnos e o “Green Man” (Homem Verde). Cernunnos é o Deus Chifrudo das florestas, representando todas as forças viris da natureza. Seus chifres podiam ser tanto de carneiro (com toda a simbologia fálica que eu comentei semana passada) quanto de gamos (representando a iniciação dos sacerdotes dentro da tradição solar). De qualquer forma, era a personificação do poder masculino do universo. O Grande Deus. Era sempre representado vestindo peles de animais e muitas vezes com o casco de bode. Cernunnos possui as mesmas atribuições do deus Pan (grego) e do deus Pashupati (hindu). A título de curiosidade, o nome Pan vem do grego Paon, que significa “Pastor”… ah, a ironia…

Agora… deus chifrudo? com pés de bode? Aparecendo nos Sabbaths?… onde a gente já ouviu falar disso? Ah, claro! A Igreja Católica espalhou pelo mundo afora que esta era a imagem do diabo !!! do tinhoso !!! do inominável !!! do coisa-ruim !!! que todos deviam temer e fugir. Estes ataques virulentos continuam até os dias de hoje, não apenas pela Santa Igreja mas também por todas as suas descendentes evangélicas. Eles diziam (dizem) até que as bruxas transavam com bodes, com o demônio e com os outros sacerdotes durante os rituais “satânicos”.

Outra das personificações do Grande Deus era o chamado “Green man”. Uma imagem construída a partir da própria floresta, cujo rosto formado por plantas (ou um sacerdote com o corpo pintado de verde) representava a FERTILIDADE, o renascimento das plantas após o inverno…
Onde já vimos o culto a um deus verde? Bem… a resposta para esta charada está nas imagens da semana passada.

Da parte da Deusa, as sacerdotisas representavam o poder feminino. Eu vou falar mais sobre os ritos quando falar especificamente sobre Bruxaria e as origens da Wicca. Por ora, basta dizermos que mulheres peladas dançando ao luar associadas a livres pensadores não agradavam em nada ao controle da Igreja e, desta forma, a nudez e o sexo foram automaticamente associados ao PECADO (até os dias de hoje).

Devemos grande parte disto a um babaca chamado Santo Agostinho, que por volta de 400 DC reescreveu a gênesis associando a expulsão de Adão e Eva do Paraíso ao sexo e ao tal do “pecado original”.

A partir de então, bruxaria foi associada ao satanismo e qualquer desculpa era uma desculpa para mandar estas pessoas para a fogueira, e assim tem sido até os dias de hoje.

O Carnaval

Com a perseguição religiosa, os Hieros Gamos passaram a ser celebrados disfarçados de bailes de máscaras, também conhecidos como Carnavais. A origem do Carnaval remonta das Saturnálias, que eram festas romanas em honra ao deus Saturno, organizadas entre 23 de Dezembro e 6 de Janeiro, regadas a muito sexo, danças, sacrifícios aos deuses e troca de presentes entre as pessoas (Saturnalia et sigillaricia, que deu origem às trocas de presentes no natal). Para não coincidir com as festividades de Solis Invictus, os romanos acabaram jogando esta data mais e mais para a frente no calendário até chegar a janeiro/fevereiro.

A origem do nome Carnaval vem de “Carrus Navalis” (Carro Naval) simbolizando a barca de Apolo que era levada através das multidões nas ruas. Esta barca, desnecessário dizer, era a versão romana da Barca de Caronte, que por sua vez, era a versão grega da Arca da Aliança, que era a versão judaica da Barca de Ísis.
As máscaras de carnaval são versões das máscaras dos deuses egípcios nos rituais que eu mencionei aqui. Desta maneira, os sacerdotes dos deuses antigos (agora já totalmente escondidos em sociedades secretas) podiam se reunir em Bailes de Máscaras e, longe dos olhares da Igreja, realizar seus rituais em paz.

Ou seja… da próxima vez que você assistir um desfile de carnaval na televisão, lembre-se que tudo aquilo começou com as pirâmides da Atlântida e as iniciações dos Faraós… 

Magia sexual homossexual

Para finalizar, infelizmente, sinto dizer que não existem rituais sexuais homossexuais, por uma razão que, se vocês acompanharam estes textos desde o capítulo dos chakras, deve estar evidente. Todo o fluxo de energias sexuais, do tantra ao Hieros Gamos, opera na diferença energética entre os chakras masculinos e femininos, como uma bateria eletromagnética onde os chakras de cada participante fazem as vezes de pólos positivos e negativos. No caso de APENAS pessoas do mesmo sexo (isso não vale, por exemplo, se estiverem duas mulheres e um homem ou dois homens e uma mulher em um ritual tântrico) esta conexão não funciona. É como tentar fazer uma bateria com dois pólos positivos ou negativos.

As mulheres possuem uma vantagem sobre os homens neste aspecto. Durante a magia, a utilização de fluídos corporais potencializa os resultados do ritual. Em ordem de poder temos: a saliva, sêmen, líquidos vaginais, sangue e, finalmente, o mais poderoso de todos: o sangue menstrual (chamado Menstruum).

Por isso, determinados ritos femininos (as Bacantes, por exemplo) eram realizados em certas luas (e as leitoras sabem que quando muitas mulheres convivem juntas, os ciclos menstruais tendem a se alinhar). Desta maneira, as sacerdotisas estariam em seus períodos menstruais em determinados rituais e este “extra” compensa a presença de um homem.
Já para os homens, não há nada que se possa fazer.

Mas isto poderia ser contornado? Talvez… em teoria. Aleister Crowley foi um dos primeiros a estudar variações destes rituais para homossexuais masculinos, em 1874, chegando a inventar um 11º grau na OTO apenas dedicado a este tipo de magia (a OTO vai apenas até o grau 10). Oscar Wilde, George Cecil Ives e Montague Summers tentaram alguma coisa semelhante em 1899, através de uma Ordem Secreta composta apenas de homossexuais chamada “Order of Chaeronea”, que durou pouco tempo.

Fonte:https://www.deldebbio.com.br/hieros-gamos-e-magia-sexual/