quinta-feira, 9 de maio de 2019

Legemeton Grimorium


“Lemegeton” foi o nome dado, provavelmente por volta dos anos 1650, ao conjunto de grimórios Salomônicos que compreende conhecimentos acerca das práticas mágicas utilizando os mais variados elementos, como anjos, demônios e forças planetárias.

Estes livros, ou seu conjunto, são citados em várias obras durante a história do ocultismo, e datam de épocas muito remotas, tendo sido recuperados totalmente ou em parte a partir de diversos manuscritos. As versões mais atuais foram recuperadas pela Aurora Dourada e seus membros, que também realizaram aprimoramentos dos métodos e experimentos quanto a seu conteúdo.

A CHAVE MENOR DE SALOMÃO

Os livros de Magia Salomônica, ou “chaves de Salomão”, que compõem o Lemegeton, se baseiam em métodos de magia atribuídos ao Rei Salomão, por serem supostamente dominados pelo Sábio Rei durante seu domínio sobre Israel, ou mesmo adaptados das práticas do Rei. Porém, sabe-se que alguns destes não foram originalmente escritos pelo Rei Salomão, como é o caso do Ars Paulina, recebido pelo apóstolo Paulo por meio de visões.

As versões às quais temos acesso hoje destes livros foram compiladas, adaptadas e aprimoradas por vários magistas ao longo dos séculos, como os estudiosos Dr. Rudd e Colin de Plancy, e os membros da Golden Dawn, como Aleister Crowley e Arthur Edward Waite. Muitos tratam-se ainda dos grimórios individuais de alguns magistas, portanto contendo impressões particulares dos mesmos obtidas nos rituais, assim como variações nos números e nomes das entidades descritas, bem como suas aparências.

Embora “Clavícula” signifique apenas “chave pequena”, ou “chave menor”, os nomes dos livros que falam sobre uma ou mais destas partes são os mais variados possíveis. Por vezes, chama-se “Clavícula” ou “Chave maior” o compilado de métodos para obter objetivos mundanos, assim como a descrição dos materiais, porém sem envolver a evocação de Daemons. Em outros casos, os nomes “Clavícula” ou “Chave menor” são utilizados para se referir à Ars Goetia, contendo a descrição dos 72 daemons. Porém, na maioria dos casos, “Clavícula” é o nome utilizado para se referir a um dos cinco livros do Lemegeton, o Ars Notoria.

OS CINCO LIVROS DO LEMEGETON

Os cinco livros geralmente compreendidos no Lemegeton são o Ars Theurgia, o Ars Goetia (por vezes unificados como Theurgia-Goetia), o Ars Paulina, o Ars Almadel e o Ars Notoria. Tratam, respectivamente, e de forma extremamente simplificada, de: líderes espirituais, demônios, planetas, anjos, e selos mágicos.

ARS THEURGIA

A Arte da Theurgia faz parte do Lemegeton, e trata de explicações detalhadas sobre os espíritos de naturezas variadas que aparecem vindo de cada uma das direções cardeais. Este livro foi primeiramente compilado por Trithemius em sua Steganographia, em 1500.

Na hierarquia apresentada no Ars Theurgia, os espíritos Caspiel, Carnesial, Amenadiel e Demoriel são citados como imperadores das direções Sul, Leste, Oeste e Norte, respectivamente. São apresentados também outros 12 espíritos correspondentes aos flancos de cada uma das direções (8), e às direções intermediárias (4).

CHEFES, IMPERADORES, REIS E DUQUES INFERNAIS

Estes 16 espíritos, que também possuem hierarquia de Duques, podem ser evocados à frente do magista, ou então invocados para dentro de um cristal com cerca de 10 centímetros de diâmetro, e então os pedidos podem ser realizados.

A prática de sigilização utilizada na Magia do Caos tem entre suas bases a Ars Theurgia, sendo teorizada inicialmente por Austin Osman Spare, que codificava seus pedidos aos espíritos teúrgicos por meio de conjuntos de símbolos e palavras criptografadas. Porém, no caso da sigilização, Spare não possuía o hábito de discriminar a qual espírito estava sendo feito o pedido, assim como sua direção ou horário.

ARS GOETIA

A Arte da Goécia, ou apenas “Goetia”, é um livro derivado da Theurgia Goetia, que foi explorado e aprimorado por diversos magistas ao longo dos séculos, e também faz parte do Lemegeton. É muitas vezes chamada “A Chave Menor de Salomão”.

Neste livro, são descritos 72 espíritos infernais (na maioria das versões, uma vez que os espíritos e sua quantidade podem variar), e em algumas versões também são descritos 72 anjos que os contrabalanceiam e regulam.

OS 72 DEMÔNIOS

Estes 72 espíritos seriam os responsáveis por realizar tarefas específicas para o magista, desde que comandados por seus respectivos reis, dependendo da direção cardeal correspondente. Geralmente se apresentam na forma de animais ou combinações dos mesmos, dependendo da simbologia aplicável às suas funções. Seus nomes são:

• Baal • Agares • Vassago • Samigina • Marbas • Valefor • Amon • Barbatos • Paimon • Buer • Gusion • Sitri • Beleth • Leraie • Aligos • Zepar • Botis • Bathin • Saleos • Purson • Marax • Ipos • Aim • Neberius • Glasya-Labolas • Bune • Ronove • Berith • Astaroth • Forneus • Foras • Asmoday • Gaap • Furfur • Marchosias • Stolas • Phenex • Halphas • Malphas • Raum • Focalor • Vepar • Sabnock • Shax • Vine • Bifrons • Vual • Hagenti • Crocell • Furcas • Balam • Alloces • Camio • Murmur • Orobas • Gremory • Ose • Amy • Orias • Vapula • Zagan • Valac • Andras • Haures • Andrealphus • Cimeies • Amdusias • Belial • Decarabia • Seere • Dantalion • Andromalius •

Em outra visão, estes espíritos seriam deuses de outras culturas, sendo que sua natureza e os rituais de evocação foram comunicados a Salomão por suas várias esposas, ou mesmo pelos daemons que o próprio Rei aprisionou com auxílio do anjo Miguel. Referências a isto são encontradas na Bíblia, no Alcorão, e no Testamento de Salomão. Também são encontradas referências na literatura sobre a descoberta das urnas onde Salomão teria aprisionado os espíritos, e mesmo à quebra de algumas delas durante as escavações, quando os espíritos teriam retomado sua liberdade.



ARS PAULINA

A Arte Paulina deriva seu nome da hipótese de ter sido ensinada primeiramente ao apóstolo Paulo, que subiu aos céus, segundo a Bíblia, e aprendeu os segredos da comunicação com os espíritos, incluindo visões apocalípticas.

INVOCAÇÃO NA GOETIA

Neste livro, são descritos 24 anjos correspondentes às horas do dia e da noite, assim como instruções sobre a comunicação com os mesmos. A comunicação é feita primordialmente pela técnica de Skrying, utilizando a Tabula Sancta popularizada e aprimorada por John Dee em seus trabalhos sobre magia enoquiana.

Os anjos também são relacionados, no Ars Paulina, aos 360 graus da roda zodiacal, com seus 12 signos e 7 planetas principais. Os selos planetários apresentados, assim como o selo principal que engloba todos eles, são geralmente utilizados na magia planetária, buscando-se atrair as qualidades de cada um dos planetas ou signos, por intermédio dos anjos.

ARS ALMADEL

Baseando-se na magia Árabe com círculos, também chamados al-Mandal (mandalas), a Arte Almadel consiste na conjuração de anjos utilizando uma tábua de cera, e recorrendo aos anjos das quatro altitudes, Ayres ou Aethyres.

INVOCAÇÃO DE ANJOS

Os 30 anjos superiores podem ser evocados usando o Almadel, e possuem atribuições específicas baseadas no Coro ao qual fazem parte. Suas aparências são de crianças com coroas de flores, anjos carregando estandartes, meninas com folhas nos cabelos e meninos carregando pássaros.

Os anjos do primeiro coro são associados à fertilidade vegetal, animal ou humana, e os do segundo a bens e riquezas, mas as atribuições dos anjos do terceiro e quarto coros não são descritas nas poucas versões disponíveis do Ars Almadel, assim como nos manuscritos, que se limitam a descrever diferenças e semelhanças que concernem à aparência e aos aromas associados aos coros.

ARS NOTORIA

A Arte Notória refere-se à prática de magia utilizando notas (símbolos, selos ou sigilos), para obter os mais variados objetivos. É muitas vezes chamada “A Clavícula de Salomão”, e pode compreender também uma parte chamada a Arte Nova ou Ars Nova, que se baseia na mesma técnica de elaboração de Notas para variadas finalidades.

A CLAVÍCULA DE SALOMÃO

Dentre os principais objetivos da Ars Notoria, podem ser citados a ativação da memória, a previsão de eventos futuros e recordação de acontecimentos passados, a atração de parceiros amorosos e a facilitação no aprendizado de ciências.

Em vários manuscritos, a Ars Notoria é citada como um dos motivos pelos quais o Rei Salomão possuía vasto conhecimento em várias artes e ciências. Tais selos teriam sido passados a ele pelo anjo Miguel, e poderiam ensinar qualquer assunto a qualquer pessoa em apenas alguns segundos, com o auxílio de forças espirituais superiores.


Rei Salomão


Salomão foi um Rei muito sábio, que tem diversas obras atribuídas a si, desde decisões de guarda entre duas mulheres que se diziam mães da mesma criança, até a posse de inomináveis riquezas e maravilhas arquitetônicas, incluindo o Templo de Salomão (reconstruído diversas vezes em Israel e replicado posteriormente em diversos lugares do mundo) e as Minas do Rei Salomão (que se tornaram tema de vários livros e filmes).

O Rei Salomão é conhecido por ter acumulado um vasto conhecimento em diversas vertentes científicas, e também em sistemas mágicos e ocultismo. Várias fontes cristãs, islâmicas e judaicas citam histórias onde o Rei possuía o poder de evocar e comandar espíritos. Em algumas versões, os poderes do Rei teriam vindo de suas práticas para entrar em contato com Deus e anjos, já em outras os ensinamentos teriam sido passados a ele por meio de suas muitas esposas, descendentes de diversos países.

VIDA E REINADO

A história de Salomão é, sem dúvida, complexa, não só devido às diversas fontes que apresentam diferentes versões dos fatos, mas também por causa da ausência de comprovações escritas para a maior parte do conhecimento, que antigamente era passado entre as gerações de forma oral. De qualquer forma, são histórias que transcendem uma só religião, e influenciam as mais variadas correntes de pensamento e vertentes do ocultismo moderno.

O FILHO DE DAVID

O Rei Salomão reinou em Israel de cerca de 970 a cerca de 930 Antes de Cristo, antes da divisão do reino em Israel Meridional e Israel Setentrional. Salomão era filho de Davi, e foi quem recebeu do anjo Miguel a Estrela de Davi para proteção de seu reino. Posteriormente, seu filho Roboão se tornou Rei de Israel Meridional, chamada também Reino de Judá.

SALOMÃO NO OCULTISMO

Dentre as capacidades de Salomão para com os espíritos, podem ser citadas interrogatórios, aprisionamento, solicitação de desejos e tarefas importantes, assim como auxílio na construção e ampliação de seu templo em Jerusalém – com movimentação de pedras e madeira em grandes quantidades e por longas distâncias. Além das habilidades relacionadas a espíritos, são atribuídas a Salomão outras vertentes da chamada Magia Salomônica, como a invocação e a evocação de poderes planetários, anjos, líderes infernais, e a ativação mágica de selos ou sigilos.

O TESTAMENTO DE SALOMÃO

O Testamento de Salomão, ou o livro dos Atos de Salomão, é uma compilação de histórias protagonizadas pelo Rei Salomão descrevendo sua implacável jornada para controlar e aprisionar os daemons com auxílio das forças de Deus, por intermédio de seus anjos. A versão mais famosa deste livro foi obtida a partir de um manuscrito grego que data dos séculos primeiro a quinto Depois de Cristo.

O Testamento inicia no decorrer da construção do Templo de Salomão, possivelmente sua ampliação, uma vez que o referido Templo já passou por várias modificações e demolições ao longo da história, algumas mesmo durante a vida do Rei. Nesta ocasião, um demônio chamado Ornias passa a ser obsessor de um dos trabalhadores preferidos de Salomão, sugando sua energia vital todos os dias após o pôr-do-sol. Salomão solicita ajuda a Deus, e recebe a visita de Miguel, que entrega a ele um anel com um selo sagrado, posteriormente chamado Estrela de Davi ou Selo de Salomão.

Usando o anel, Salomão consegue comandar Ornias, pedindo a ele que traga até ele Belzebu, mestre dos demônios, quando então solicita que o mestre traga à sua presença cada um dos demônios. Neste processo, Salomão prende os demônios, um a um, comandando-os para que façam o trabalho de construção do templo (por exemplo, cortar e carregar pedras, trançar cordas de cânhamo e preparar argila). Também aprende, neste processo, os anjos que regulam cada daemon e as estrelas e corpos celestes com os quais eles se relacionam.

72 ESPÍRITOS, DEMÔNIOS, DAEMONS OU DJINNS

Salomão lidava tanto com espíritos angelicais quanto com os demoníacos, chegando a considerar que parte de sua tarefa no mundo era a de controlar o poder dos espíritos infernais. No livro Ars Goetia, que atualmente possui várias versões e cuja origem é atribuída ao Rei Salomão, são descritos 72 destes espíritos, assim como as técnicas de invocação dos mesmos.

O número e a descrição dos daemons são alterados entre os diferentes grimórios, e mesmo em relação ao Testamento de Salomão, mas os poderes destes possuem claros paralelos entre as obras, possivelmente tendo sido derivados de uma mesma versão de escritos mais antigos.

O TEMPLO DE SALOMÃO

O Templo de Salomão ficava localizado na região ao Sul de Jerusalém onde hoje se encontra a Mesquita de Al-Aqsa, e apenas o pátio do antigo templo ainda existe nos dias atuais. O Templo em si foi destruído e reconstruído diversas vezes, supostamente com ajuda dos daemons controlados pelo Rei e mesmo por seus sucessores, como Herodes e Juliano (já sob império Romano).

Em todas as suas versões, o Templo foi considerado de grande importância, assim como o local onde ficava localizado. Sua construção deveria seguir as regras descritas nas Leis, por exemplo sem uso de instrumentos feitos de ferro (conforme Deuteronômio, 27:5-6).

Segundo o Testamento de Salomão, os daemons não podem tocar em ferro, e isso seria um dos motivos pelos quais esta Lei foi instaurada.

Houve acidentes e acontecimentos sem explicação em várias das reconstruções do templo, como bolas de fogo e terremotos no ano 363 D.C., conforme relatos de São Cirilo de Jerusalém, e novamente em 1536 D.C., quando o Sultão Suleiman (nomeado em homenagem ao Rei Salomão) tomou a decisão de usar o Selo de Salomão, ou estrela de Davi, para ornamentar a cidade ao redor do Templo e assim protegê-la.

AS MINAS DO REI SALOMÃO

Outra região geográfica relacionada a Salomão é a das minas que se localizam no deserto ao Sul de Jerusalém, próximas à fronteira com a Jordânia. As Minas do Rei Salomão ficaram famosas por meio do romance de 1885 escrito pelo inglês Sir H. Rider Haggard, no período vitoriano.

A comprovação histórica da existência das minas ainda é escassa, porém em 2013 uma equipe de estudiosos da Universidade de Tel-Aviv encontrou indícios de que as minas localizadas no parque arqueológico do Vale Timna, em uma região conhecida como o Monte dos Escravos. Anteriormente atribuídas aos egípcios, estas minas foram datadas novamente por meio de análises de radioatividade do carbono contido nos objetos encontrados, e concluiu-se que o campo estava ativo durante o período de influência do Rei Salomão sobre a região, possivelmente sendo operado por uma etnia nômade conhecida como Edomita.

Sendo primordialmente utilizada para a extração de cobre, foram encontrados na região resíduos de fornalhas, além de cerâmica, cordas trançadas com uma tecnologia avançada, e vários tipos de instalações utilizadas para metalurgia.

SALOMÃO NO CRISTIANISMO

Na Bíblia, em 1 Reis 11, é descrita a vida do Rei Salomão, sendo citados seus diversos casamentos com mulheres de outros reinos: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hitéias; mesmo que isso fosse proibido pelos costumes da época.

No auge de seu império, Salomão teria prestado culto aos deuses de suas esposas, entre eles Astarte, Melcom, Moloc, Camos, e outros. Estes deuses, inclusive, teriam sido os próprios daemons com os quais Salomão entrou em contato por meio de outras manifestações, e cujos nomes foram distorcidos nas versões dos grimórios que estão disponíveis atualmente.

Este trecho da Bíblia termina com a consideração de que Salomão se afastou do Senhor, e não cumpriu suas ordens, e que todos estes aspectos estariam melhor descritos no livro dos Atos de Salomão, ou o Testamento de Salomão.

SALOMÃO NO ISLAMISMO

O Alcorão cita diversas obras do Rei Salomão, e entre os seus súditos e seus exércitos sempre cita animais e gênios, em possível alusão aos daemons ou djinns controlados pelo Rei. Em uma das passagens mais famosas, na Surata 27, um pássaro avisa a Salomão que existe em Sabá uma rainha mulher, Balkis, que possui um belo trono e grandes riquezas. Salomão, então, convocou a rainha ao seu palácio, para conhecer os segredos que se escondiam no Reino de Sabá.

Porém, antes que Balkis chegasse ao seu palácio, Salomão pede a um de seus gênios que traga o trono da Rainha, para que esta seja surpreendida. Salomão também usa de ilusão de ótica para que Balkis pense que o chão é feito de água. Assim, Salomão consegue impressionar a Rainha, que, segundo algumas versões, chega a se casar com ele, transmitindo seus ensinamentos Ocultos e possivelmente levando para a Etiópia a Arca da Aliança, que ficava protegida sob o Templo de Salomão.

Os Reis Magos

PAIMON, VUAL, GREMORY

Após o nascimento de Jesus, era necessário que sua energia fosse conectada aos 3 níveis do universo: físico, etérico e espiritual. Para isso, 3 reis magos chegaram montados em seus dromedários (ou camelos) e trouxeram ouro, mirra e incenso.

O ouro é o mais perfeito dos elementos telúricos, estabelecendo a ligação ao mundo físico. A mirra é utilizada em defumadores para limpar as energias do campo etérico, e o incenso transporta os pedidos do magista para o mundo espiritual (a análise da sua fumaça também permite entrever este reino, durante a evocação de daemons, por exemplo).

Na Goetia, existem 3 daemons diretamente relacionados a dromedários, e estes animais representam a capacidade de sobreviver a longas jornadas. Estes são Paimon, Vual e Gremory. Enquanto Paimon pode conceder conhecimento sobre tudo que está sobre as terras ou as águas (mundo físico), Vual influencia a mente de amigos e inimigos (mundo etérico), e Gremory está ligado a conhecimentos mais gerais sobre passado, presente e futuro (mundo espiritual). Porém, de forma geral, estes 3 daemons possuem conhecimentos valiosos, adquiridos em suas jornadas pelos desertos do Cosmos.

Invocação e Evocação Goetica


Os rituais de Goécia podem ser realizados de diversas formas, tanto em termos do referencial em relação ao qual as entidades serão direcionadas, quanto em termos do ritual, e mesmo do arcabouço de símbolos utilizado.

EVOCAÇÃO E INVOCAÇÃO

Os dois tipos básicos de referencial utilizados para direcionamento das entidades são:

Evocação
Invocação

A palavra “evocar” deriva diretamente da expressão “chamar para fora”. Na evocação, as entidades (sejam elas Anjos, Daemons, ou outras) são direcionadas para o lado externo da mente do magista. Entende-se a evocação como uma conclamação a aparecer à frente do magista, em um triângulo, ou em um instrumento de Skrying como uma bola de cristal ou espelho, para que o diálogo se dê de forma direta e explícita.

Muitas vezes, os Daemons tomam formas visualmente detectáveis, ou se apresentam por meio de sinais, como variações na luminosidade ou na fumaça de velas e incensos, emitindo sons ou emanando aromas. As aparências adotadas podem ser aquelas descritas nos grimórios, ou variações das mesmas, dependendo do arcabouço simbólico do magista.

Já a palavra “invocar” significa “chamar para dentro”. Na invocação, as entidades são conclamadas mentalmente, e se apresentam como visões durante uma meditação de olhos fechados, ou mesmo durante sonhos ou momentos de transe.

A invocação permite ao magista utilizar as qualidades atribuídas aos daemons, obter os conhecimentos ensinados por eles, ou mesmo decidir por quais caminhos seguir, por meio de conselhos. Neste caso, os rituais podem ser mais simplificados, ou mesmo complexos, dependendo do paradigma utilizado, e as aparências adotadas pelos Daemons também podem variar.

PARADIGMAS GOÉTICOS

Os rituais em si podem seguir três tipos gerais de paradigma:

Goécia Tradicional
Goécia de Mão Esquerda
Goécia Arquetípica

TRADICIONAL OU SALOMÔNICA

Na Goécia Tradicional ou Goécia Salomônica, o tipo mais ortodoxo e milenar de prática goética, os rituais utilizam os poderes de forças de concentração, manutenção e controle (ditos de mão direita, ou popularmente “magia branca”), e que prezam pela ordem divina, para impelir os Daemons a realizarem os pedidos. Geralmente, são mencionados nomes de Deus, Arcanjos e Anjos, que irão imbuir o magista de autoridade para que os Daemons realizem suas intenções.

Este tipo de paradigma foi usado por homens da Igreja, como pode ser verificado nos grimórios de vários clérigos, e também é o descrito na maioria das versões do Lemegeton, assim como no Testamento de Salomão. Entende-se, neste caso, que os Daemons são instrumentos para a Providência Divina, e que o magista age de acordo com a ordem e o destino, apenas utilizando estas ferramentas, com o aval de forças superiores e benéficas.

QLIPHÓTICA, SATANISTA E LUCIFERIANA

No caso da Goécia “de Mão Esquerda”, que possui diversas ramificações como a Goécia Qliphótica, a Goécia Satanista e a Goécia Luciferiana, os rituais recorrem a forças de evolução, dispersão e individualidade (ditas de mão esquerda, ou popularmente “magia negra”) para obter transcendência individual, e suas intenções, por meio de conversas e barganhas com os Daemons. A autoridade do magista, neste caso, é interna, e seu nível vibracional é baixado até níveis compatíveis com os Daemons, para que a comunicação ocorra de forma mais próxima.

Caso haja menção a outras divindades superiores, são geralmente as de dispersão, como Lúcifer, Samael e Lilith. Entende-se, neste caso, que os Daemons são entidades que auxiliam na jornada individual para se tornar um Deus, e que eles agem em consonância com a própria Vontade do magista.

ARQUETÍPICA

Já na Goécia Arquetípica, o magista leva em conta os arquétipos utilizados na ritualística, e dos Daemons em si. Geralmente é realizada por meio de meditação, e com rituais mais simples, utilizando símbolos de vários outros sistemas mágicos, desde que relacionados ao objetivo desejado.

Os animais e elementos que fazem parte da manifestação de cada Daemon, por exemplo, podem ser entendidos como características psicológicas que se deseja atrair ou repelir, e a comunicação pode se dar de forma verbal, ou apenas mentalização. Meditações e estudos pela vertente arquetípica podem auxiliar também nos tipos mais ritualísticos da Goécia, estudando-se e compreendendo-se as energias de cada Daemon antes da evocação.

RITUALÍSTICA

Quanto aos detalhes da ritualística em si, também pode haver variações dependendo do grimório utilizado, das preferências da ordem mágica à qual o magista faz parte, ou mesmo das adaptações e dos aprimoramentos acrescentados por cada praticante. Porém, de forma geral, os elementos principais da ritualística se mantêm.

Os elementos geralmente utilizados são um círculo ou ambiente delimitado, onde ocorrerá o ritual, objetos que representam os quatro elementos – terra, água, fogo e ar (geralmente moedas, cálice, bastão e adaga), incensos e velas para aprimorar a conexão espiritual, além de banimentos e/ou ritualísticas de abertura, diálogo, e fechamento.

RITUAL DE GOÉCIA NA PRÁTICA

A versão mais conhecida dos rituais da Goécia é a descrita por Mathers, derivada diretamente da magia descrita no Lemegeton e atribuída ao Rei Salomão.

Veja mais detalhes práticos de invocação e evocação de Daemons.
Além do ritual descrito por Mathers, há outras vertentes ligadas ao Lemegeton que acrescentam ou modificam alguns elementos da cerimônia.

A Goécia do Dr. Rudd, por exemplo, indica que os Selos dos Anjos correspondentes (que também são 72) sejam desenhados na parte de trás dos selos dos Daemons.

Já no Grimorium Verum, os espíritos descritos são diferentes dos 72 de Mathers, sendo que o ritual, ligeiramente diferente, pode ser utilizado também para evocação dos 72 Daemons. Já no caminho da mão esquerda, Ford apresenta, em seu livro, uma descrição dos rituais de Goécia Luciferiana, e Karlsson apresenta rituais ligados às Qliphoth, desenvolvidos pela ordem Dragon Rouge.

Oraculos


A prática de divinação consiste em captar relances de informações não conhecidas a priori pelo magista. Os canais para esta captação podem ser os mais variados, usando apenas a intuição ou instrumentos.

Existem diversos oráculos largamente difundidos para tal, como o iChing, o Tarot e as Cartas Ciganas. Porém, observa-se que muitos dentre os 72 Daemons da Goécia, e também dentre os 72 anjos correspondentes, possuem a capacidade de informar sobre os mais variados temas, e sobre o passado, o presente o futuro.

ARQUÉTIPOS

Cada um dos Daemons corresponde a aspectos da natureza, elementos mentais e situações que podem ser vividas por uma pessoa. Desta forma, estão relacionados a arquétipos que podem ser analisados mais profundamente e, dessa forma, utilizados para fins de divinação.

Neste sentido, os Daemons geralmente estão relacionados a aspectos de dispersão e evolução, e os Anjos a aspectos de concentração e manutenção, mas realizando uma análise profunda percebe-se que cada par Anjo/Demônio corresponde a uma mesma energia arquetípica, manifestada de duas formas diferentes.

INTUIÇÃO E PERGUNTAS

Além da intuição do magista, os Daemons (e Anjos) podem responder a perguntas durante rituais ou meditações direcionadas. Para tal, podem ser utilizadas cartas com os selos destas entidades, e a pergunta pode ser feita de forma verbal ou a nível mental.

A resposta pode ser obtida meditando-se sobre um selo específico e aguardando-se a comunicação da entidade, que virá como um lampejo de inspiração a nível mental, por vezes também com sons, imagens e visões.

Outra forma de obter estas respostas é sortear uma carta de um baralho contendo Daemons e/ou Anjos, e analisar como os arquétipos daquela entidade se relacionam com a pergunta que foi realizada.

BARALHO DE DAEMONS

Um baralho de Daemons e um baralho de Anjos são instrumentos muito úteis para a prática de divinação descrita anteriormente. Este baralho contém os números, os nomes e os selos de cada entidade, porém suas aparências e manifestações ficam em aberto, pois podem variar dependendo do ritual utilizado e do magista (como amplamente registrado na literatura mágica).

As cartas podem ser sorteadas individualmente ou em grupo, ou ainda podem ser selecionadas uma ou mais cartas para meditação. Além disso, para aqueles que estão iniciando os estudos, pode ser vantajoso anotar em cada carta, de forma removível, uma palavra ou expressão que resuma o significado daquela Daemon ou Anjo, para facilitar a leitura.

EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

Um exemplo de aplicação é a resposta a uma pergunta simples, como “Qual curso devo fazer para me aprimorar profissionalmente?”. Se uma pessoa sorteia uma carta e obtém o Daemon Agares, por exemplo, pode ser avaliado que seria vantajoso iniciar um curso de Línguas, uma vez que este Daemon se relaciona ao aprendizado de linguagens.

Como outro exemplo, um magista pode estar tentando desvendar o motivo da morte de uma pessoa, e obtém o Anjo Nemamiah. Este anjo influencia generais e combatentes, portanto a resposta pode estar relacionada à atuação da Polícia ou do Exército.

Ainda num terceiro caso, um magista pode estar tentando descobrir quem cometeu um roubo. Neste caso, pode ser escolhida a carta referente a Valefor, um Daemon que traz os ladrões para serem punidos, meditando-se sobre ela e mentalizando-se fortemente sua intenção. Ao meditar, o nome ou o rosto da pessoa que cometeu o roubo irá se manifestar na mente do magista.

As cartas de Anjos e Demônios podem ser utilizadas separadamente, ou de forma conjunta, em qualquer método de tiragem que seria usado para Tarot ou Cartas Ciganas, como por exemplo tiragens de 3 cartas, de 5 cartas, de 10 cartas pelo método da cruz celta, ou de 9 cartas no método do quadrado.

Goetia Salomônica


A Goécia Tradicional ou Goécia Salomônica é o tipo mais ortodoxo e milenar de prática goética. Nesta vertente, os rituais utilizam os poderes divinos de concentração, manutenção e controle (de mão direita, ou popularmente “magia branca”) para impelir os Daemons a realizarem os pedidos. Geralmente, são mencionados nomes de Deus, Arcanjos e Anjos, que irão imbuir o magista de autoridade para que os Daemons realizem suas intenções.

Vários homens da Igreja realizaram este tipo de prática, e deixaram como legado seus grimórios, entre eles o de alguns Papas da Igreja Católica. Os rituais descritos na maioria das versões do Lemegeton, bem como no Testamento de Salomão, são referentes à Goécia Salomônica.

Na Goécia Salomônica, o caráter divino inicial se dá pelos nomes que são escritos em torno do círculo cerimonial. Dentro do desenho de uma cobra ou Ourobouros, são escritos os nomes de anjos planetários e dos arcanjos mais importantes das hordas celestiais. Estas são as entidades angelicais que irão auxiliar o magista a subjugar os Daemons para que estes realizem seus desejos. Além dos anjos, são utilizados vários nomes de Deus para a prática.

Podem ser utilizados instrumentos referentes aos quatro elementos, sendo eles a baqueta, a adaga, o cálice e o cristal para fogo, ar, água e terra, respectivamente. Todos os materiais, bem como as vestimentas, são purificados pelos poderes divinos durante a preparação do ritual.

No início da cerimônia, o magista é imbuído com as forças de diversas manifestações ou diferentes nomes de Deus, entre elas El, Elohi, Asher Ehyeh, Zabaoth, Elion, Iah, Tetragrammaton e Shaddai. Também pode ser realizado um banimento pelo Ritual menor do Pentagrama (RmP), citando-se os nomes de Deus e dos anjos das quatro direções cardeais, sendo eles Javé/Miguel, Adonai/Gabriel, Eheieh/Uriel e Agla/Rafael, para Leste, Sul, Oeste e Norte, respectivamente.

Em seguida, solicita-se que o espírito apareça, aplicando-se punições e fazendo-se ameaças cada vez mais poderosas caso isto não ocorra. O selo do espírito é levado ao fogo, em uma das últimas evocações, obrigando-o a se revelar.

Após a realização do ritual, o espírito é saudado e convidado a se retirar, se prontificando a aparecer novamente caso solicitado. Durante toda a cerimônia, os nomes de Deus são utilizados para manifestar a pureza e a retidão do magista, levando à subserviência dos Daemons.

Em suma, observa-se que a Goécia Salomônica é caracterizada como de mão direita, e neste caso é mais usual que se solicitem elementos que venham a manter a Ordem Divina, e que ajudem o magista na sua transcendência, mas sempre de acordo com a Providência. O magista se torna guardião do Destino pré-definido do Universo.

Goetia Luciferiana



A Goécia Luciferiana, assim como a Goécia Qliphótica e a Goécia Satanista, podem ser consideradas práticas de Goécia “de Mão Esquerda”. Neste caso, os rituais recorrem a forças demoníacas de evolução, dispersão e individualidade (de mão esquerda, ou popularmente “magia negra”) para obter transcendência individual, realizando conversas e barganhas com os Daemons.

Na Goécia Luciferiana, a autoridade do magista é interna, e seu nível vibracional é levado até níveis próximos aos dos Daemons, para que a comunicação ocorra de forma mais próxima. As entidades superiores evocadas em busca de autoridade são geralmente as de dispersão, como Lúcifer, Samael e Lilith, além de outros líderes demoníacos.

Os círculos mágicos da Goécia Luciferiana apresentam uma serpente ou monstro marinho (Leviatã) contendo os nomes de Sabaoth, Adonai, Azal’ucel, Babalon e Lilith, que são associados respectivamente ao Rei de Sabá (Zabbathi), a Lúcifer, a Azazel (imbuído com os poderes de Lúcifer), a Hécate (ou, em geral, ao poder demoníaco feminino) e à Rainha de Sabá. Além disso, no triângulo é representado o nome de Azazel, contraparte demoníaca do anjo Miguel.

Podem ser utilizados instrumentos referentes aos quatro elementos, sendo a adaga para o ar, a baqueta para o fogo, o cálice para a água e o cristal para a terra. Os instrumentos e os outros materiais utilizados no ritual, como medalhas e pentáculos, são consagrados aos príncipes infernais, que representam as forças de dispersão e evolução.

As forças das direções cardeais atraídas no início dos trabalhos são as de quatro Príncipes – Lúcifer, Leviatã, Satã e Belial – e quatro Sub-Príncipes – Samael, Azael, Azazel e Mahazael -, que correspondem, respectivamente, a Leste, Oeste, Sul e Norte.

Em seguida, solicita-se que o espírito apareça, o que pode se dar de diversas formas. Uma delas é o auto-encantamento, onde o magista baixa seu padrão vibratório para que esteja sintonizado com os Daemons, e possa conversar com os mesmos. Outras técnicas possíveis seriam a do espelho negro, onde o Daemon é convidado a se manifestar em uma superfície semi-reflexiva, a do vaso, onde o Daemon é impelido para dentro de um recipente construído de forma específica, ou a magia sexual, onde o Daemon pode ser contactado durante o êxtase de um orgasmo.

Após a realização do ritual, pode ser utilizada qualquer técnica de banimento, agradecendo-se ao espírito e declarando-se que o trabalho terminou. Diferentemente da Goécia Salomônica, não são utilizados nomes divinos, mas é sempre mencionado o merecimento do magista em realizar tal evocação, devido aos poderes internos que acumulou em sua jornada.

Em suma, observa-se que a Goécia Luciferiana é caracterizada como de mão esquerda, e por isto é mais usual que em seus rituais sejam pedidos aspectos que venham a auxiliar na transcendência pessoal, com quebra de estruturas e de paradigmas, criando-se uma nova ordem. O magista se torna demiurgo de sua própria realidade.