sábado, 20 de maio de 2017

Samadhi

Samādhi (समाधि) ou samádi (do sânscrito samyag, "correto" + ādhi, "contemplação") pode ser traduzido por "meditação completa". No ioga é a última etapa do sistema, quando se atingem a suspensão e compreensão da existência e a comunhão com o universo. No Budismo é usado como sinônimo de concentração ou quietude da mente.

Budismo

No cânon em páli o termo é usado como sinônimo de concentração, calma, pacificar a mente.É um dos sete fatores da iluminação, e apresentado como o último elo do Nobre Caminho Óctuplo, "concentração correta" (ou também a seção do mesmo que engloba 'plena atenção correta', 'concentração correta' e 'esforço correto'). Pode referenciar diretamente os Jhanas, estados de absorção.

Há três tipos de Samadhi:

Khaṇika Samādhi - Concentração temporária e frágil.
Upacāra Samādhi - Semelhante à anterior, mas com maior duração.
Appaṇā Samādhi - Samadhi refinado, neste caso os Jhanas.

Ioga

Segundo Vyāsa, "Yoga é samādhi": controle completo (samādhana) das funções da consciência, que resulta em vários graus de aquisição interna da verdade (samapātti). A primeira parte dos Yoga Sutras se chama Samādhi-pāda, por ser o samādhi seu objeto. O significado da palavra é diferente em outras tradições religiosas hindus, como o hinduísmo e o budismo.

O samādhi é o terceiro dos três "tesouros do Yoga", ou seja, o fruto colhido pela prática dos demais membros do ashtanga (os oito membros do Yoga). Pela observância de yama e niyama, pela prática de asanas, pranayama e pratyahara, e pelo dharana ("concentração estável num único ponto"), se chega ao dhyana ("meditação") e se pode atingir samādhi. Esse capítulo contém o famoso verso "Yogaś citta-vritti-nirodhaḥ" ("Yôga é o freio das modificações mentais" ou "Ioga acalma os distúrbios do mental").

Tipos de samádi

Há dois tipos principais de Samadhi, a saber: Savikalpa Samadhi (Samadhi com resíduos de ego) e Nirvikalpa Samadhi (Samadhi sem resíduos de ego). O iogue que experiencia Savikalpa Samadhi sente-se inundado pela graça da união, do amor, da alegria, da gratidão e da bondade divinas. Sua consciência atinge patamares de conhecimento além do intelecto.

No entanto, o êxtase de união vivenciado não é constante. Graduando-se cada vez mais na vivência de Savikalpa Samadhi, o iogue realiza a consciência de Nirvikalpa Samadhi, que é um estado de infinita beatitude e poder. Ele passa a viver em constante êxtase. Este é o verdadeiro estado iogue, a verdadeira realização em Yoga, visto que a consciência individual unificou-se à Consciência Universal Eterna.

Porém, assim como existem níveis de consciência progressivos para o iogue que realizou Savikalpa Samadhi, para o iogue que realizou Nirvikalpa Samadhi também existem outros níveis que culminarão no Nirvana e além. Para que o iogue consiga permanecer em ininterrupto estado de união e bem-aventurança divinas e, ao mesmo tempo, funcional na vida cotidiana, ele deve buscar com afinco realizar Sahaja Samadhi, o perfeito estado natural da consciência, sendo assim um iogue autolúcido em qualquer situação de sua existência.

Mahāsamādhi

Mahāsamādhi (literalmente, "grande samādhi") é a palavra hindi para a saída consciente do corpo físico por um iogue realizada na hora da sua morte.

Carma-ioga

Carma-ioga (sânscrito कर्म योग, transl. Karma Yoga) é a integração (ioga) pela dedicação de todas as ações e seus frutos à divindade. É a execução da ação em união com a parte divina interior, ficando distanciado dos resultados, e mantendo o equilíbrio seja em face do sucesso ou do fracasso.

Segundo Swami Shivananda, a carma-ioga é o serviço desinteressado para a humanidade. É a ioga da ação que prepara o antahkarana(coração e mente) para receber a Luz Divina, ou Conhecimento do Si-Mesmo.

A ação prende a pessoa ao mundo fenomênico (samsara) quando é ditada pelo ego, quando está inbuída do senso de fazer-e-receber. Então ela é karma bindu, a pessoa se liga à ação. Mas quando a ação é desinteressada, sem se esperar frutos, ela é libertadora. Então, o carma se torna carma-ioga.

A prática da ação sem esperar por seus frutos liberta do medo e do pesar. O praticante de Karma Yoga deve se libertar da ambição, do desejo, da raiva e do egoísmo. Deve ter um grande coração, amar a sociedade com os homens de todos os tipos. Ao praticar a carma-ioga, essas qualidades vão se tornando parte da pessoa.

Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi - 1869/1948) utilizou e difundiu o yama ahimsa, ou de resistência pacífica (política de não-violência) a partir da carma-ioga citado no Bhagavad Gita, onde Sri Krishna ensina a Arjuna, príncipe-guerreiro pandava, sobre ioga e samkhya.

Bhagavad Gita

No Bhagavad Gita, Krishna diz a Arjuna que se ele praticar a ação desapegada (Seva ou karma yoga) se tornará livre do cativeiro kármico do qual surge os ciclos repetidos de nascimentos e mortes (2.39 e 2.40).

A carma-ioga é um dos temas centrais do Bhagavad Gita e permeia toda a obra, nos verso 2.47 a 2.51 pode-se ler o básico do karma-yoga:

Somente tens direito ao trabalho, não a seus frutos. Que esses frutos nunca sejam o motivo de seus atos, e nunca deverás ficar inativo.

Faça as suas ações no melhor de suas habilidades, Ó Arjuna, com sua mente ligada ao Senhor, abandonando a preocupação e o apego egoísta para os resultados, permanecendo calmo tanto no sucesso como no fracasso. O serviço sem egoísmo traz paz e tranqüilidade da mente, que conduz a união com Deus.

O trabalho feito com motivo egoísta é inferior e está longe do serviço desapegado. Portanto, seja um trabalhador desapegado, Ó Arjuna. Aqueles que trabalham apenas para o gozo dos frutos dos seus trabalhos são infelizes (porque não se tem controle sobre os resultados).

Um carma-iogue, ou uma pessoa desapegada, torna-se livre tanto da virtude como do vício em sua vida. Portanto, esforce-se por serviço desapegado. Trabalhar o melhor das suas habilidades, sem apegar-se egoisticamente pelos frutos do trabalho, chama-se Karmayoga ou Seva.

Os carma-iogues estão livres do cativeiro do renascimento, devido a renúncia do serviço desapegado aos frutos de todo trabalho, alcançando um divino estado de salvação ou Nirvana.

Dhyana

Dhyāna é um termo Sânscrito que se refere a um dos tipos ou aspectos da contemplação (meditação). É conceito chave no Hinduísmo e Budismo. Equivale aos termos jhāna, em Pāli; "chán", em Chinês, "seon", em Coreano, e "zen", em Japonês.

Dhyāna no Budismo

No Cânone Pali, o Buddha descreve os oito progressivos 'estados de absorção', ou 'Jhana'. Os quatro primeiros estão conectados ao mundo físico, e os últimos quatro, apenas ao mundo mental (q.q.d. não há nenhuma experiência corporal nos quatro maiores Jhanas). Deve-se notar que estes estados não são a meta final ensinada pelo Buddha, desde que todos ainda estão dentro do campo da mente e da matéria. A meta final Nibbana (Sânscrito: Nirvana) é um experiência além da mente e da matéria.

Na Ásia Ocidental, várias escolas de Budismo achavam que o foco era no dhyana, sob nomes Chan, Zen, e Seon. De acordo com a tradição, Bodhidharma levou o Dhyana para o templo Shaolin na China, onde surgiu a transliteração "chan" ("seon" na Corea, e então "zen" no Japão).

Jhanas são descritos pelos fatores mentais que a apresentam no estado:

1. Inicial Vitakka
2. Sustentada Vicara
3. Êxtase Piti
4. Felicidade Sukkha
5. Um-ponto Ekaggata

Quando o praticante atinge a primeira vez o Jhana, ele pode meditar sem ser perturbado por qualquer pensamento ou desejo, mas os pensamentos ainda estão aqui.

Segundo Jhana: Piti, Sukkha, Ekaggata
Todos os processos mentais cessam. Existe apenas êxtase, felicidade, e objeto.

Terceiro Jhana: Sukkha, Ekaggata
O êxtase desaparece.

Quarto Jhana: Upekkha, Ekaggata
Mesmo a felicidade desaparece, levando a um estado nem de prazer, nem de sofrimento. Buddha descreve os Jhanas como "os passos de tathagata".
Tradicionalmente, este quarto Jhana é visto como o começo da aquisição de poderes psiônicos.

Estes quatro são rupajhana, jhanas material, os quatro adicionais, chamdos de arupajhana consistem em dois fatores Upekkha e Ekaggata.

Arupajhanas são jhanas não materiais e são descritos por propósito mental:

Quinto Jhana: espaço infinito
Sexto Jhana: consciência infinita
Setimo Jhana: nada
Oitavo Jhana: nem a percepção nem a não-percepção
Jhanas são apresentados como partes da prática de Samatha, como se opondo a Vipassana. Mas Vipassana jhanas também é mencionada. Quando o despertamento ergue-se e ultrapassa as sensações físicas e se mantém durante os quatro primeiros Jhanas eles são chamados Vipassana Jhanas.

Dhyāna no Hinduísmo

De Acordo com o Yoga Sutra, dhyana é uma das oito práticas do Yoga. (Os outros sete são Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, e Samadhi).

No Ashtanga Yoga de Patanjali, o estágio de meditação que precede o dhyāna é chamado de dharana. No Dhyana, o praticante é consciente do ato de contemplação e do objeto de meditação. Dhyana é diferente de Dharana no fato de que o praticante torna-se o objeto da sua contemplação e é capaz de manter este estado por 144 inspirações e expirações.

O Dhyana no Yoga é especificamente descrito por Sri Krishna no capítulo 6 do famoso Bhagavad Gita, em que explica os diferentes tipos de Yoga ao seu discípulo, Arjuna.

Asana

Ássana, asana ou asana é uma palavra de origem sânscrita (em devanágari, आसन, significando "assento") que nomeia as diferentes posturas utilizadas pela ioga para suprimir a atividade intelectual. São diversos os tipos de asanas: entre os principais, estão o padmasana, o bhadrasana, o vajrasana, o virasana e o svastikasana. Nos Ioga Sutras de Patanjali, se menciona a execução de asanas como o terceiro passo do Raja yoga.

Dentro da tradição indiana, a sua origem é atribuída a Shiva, que as teria ensinado a sua esposa Parvati.

A ideia original de ásana se refere a uma contemplação (meditação) em posição sentada por longos períodos. Hoje em dia, é considerada uma posição psicofísica do ioga.

Patañjali, nos Ioga Sutras, descreve asana como sentar em posição firme e confortável para a contemplação (ou meditação), onde a contemplação é o sadhana (o caminho) para se compreender o si.

A prática de asana desenvolve uma musculatura flexível, e ossos e tendões resistentes, bem como o massageamento de órgãos, e o equilíbrio das funções de diversas glândulas internas. A tradição indiana também enumera, como benefício, a melhoria do fluxo de prana (uma espécie de energia vital; qi em Chinês; ki em Japonês (esta informação é apenas ilustrativa, pois trata-se de filosofias distintas)) para permitir o equilíbrio dos kosha e o fluxo de energia pelas nadi (sistema circulatório energético).

O aspecto físico das ássanas foi muito popularizado no ocidente por diversas celebridades como Madonna, Danielle Winits e Sting. Destituído da sua base filosófica, o ioga, o ásana se tornou parte das práticas de Hatha Yoga em diversas academias.

Nos Ioga Sutras, Patañjali descreve asana como o terceiro dos 8 ramos do Raja Yoga Clássico. Ou outros oito ramos são yama (regras de conduta para lidar com o mundo exterior) e niyama (regras de conduta para lidar com seu íntimo), asana (posição), pranaiama (respiratório), pratyahara, (estado distração ou sensação de recolhimento), dhárána (concentração), dhyána (meditação) e samadhi (autoconhecimento pleno, megalucidez).

Condições e orientações para praticar um bom ásana

O ásana deve ser firme e confortável. Ele não deve ser a causa de nenhum tipo de desconforto. Qualquer retesamento ou tensão observada no corpo deve ser conscientemente relaxada. Esta posição deve ser tão confortável que você possa ficar na mesma por um longo período. O ásana deve ser um esforço de corpo e mente. A sensação de se estar absolutamente confortável é sinal de um asana perfeito. A respiração deve ser normal e ritmada, iniciada nas narinas, e terminada no abdômen. Pode-se utilizar respiração abdominal ou completa (baixa, média e alta).

De acordo com os praticantes de Hatha Yoga, quando você consegue gerenciar o controle corporal, você se libera da chamada 'dualidade dos opostos', como o calor e o frio, a fome e a gula, alegria e a tristeza, assim por diante.

Abaixo, estão relacionadas as orientações para realizar o Yogasana:

Um copo de água deve ser tomado antes da pratica de asanas.
O estômago deve estar vazio. ásanas devem ser praticados 8 horas após o almoço, 2 horas após um copo de leite e uma hora após se comer uma fruta.
Sempre praticar asanas de manhã. Se isto não for possível, próximo ao entardecer.
Comidas gordurosas, muito secas, congeladas, muito quentes ou em excesso devem ser evitadas.
Não se deve forçar ou pressionar nada quando praticar ásanas.
Não se deve sair no frio após praticar asanas.
Mover a cabeça lentamente; se o asana afetar seu equilíbrio.
A respiração deve ser controlada e deve ser sempre pelas narinas. Os efeitos expressivos dos ásanas aumentam se for praticado o pránáyáma simultaneamente.
Se o corpo estiver estressado, praticar o Shavasana.
Ásanas devem ser praticados em uma sala limpa e bem ventilada. A atmosfera deve ser clean.
Durante a gravidez, após o terceiro mês, exercícios que exigem que se deite sobre o estômago devem ser evitados (posições invertidas devem ser evitadas especialmente no terceiro semestre. Este site é recomendado para grávidas: [1]. Se não tiver certeza, peça orientação de seu médico.)

Ássana (posições e posicionamento)

Em 1975, como oferenda a seu guru (professor), Swami Kailashananda Maharaj, Sri Dharma Mittra fez um catálogo de um vasto número de asanas do Yôga. Pesquisando em antigos textos, livros, com estudantes, professores, e seu próprio vasto conhecimento, ele compilou 1 300 variações. Elas foram originalmente publicados como "Guia gráfico do ioga clássico" , e 608 destas posições foram recentemente disponibilizadas em um pequeno compêndio intitulado "Asanas: 608 posições de ioga". Embora não haja nenhum modo de estabelecer exatamente a quantidade de posições, este trabalho é considerado como a definitiva coleção para estudantes e iogues.

Não existe uma codificação dos ásanas por enquanto e os nomes continuam diferentes em cada linhagem. Existiu uma idealização de codificação universal dos ásanas, inserindo os diversos nomes das técnicas. Entretanto, ainda não fora concluída. Boa parte dessa codificação, terminada em mais de 2000 ásanas, consta no livro Tratado de Yôga, do DeRose. Lá se encontram inúmeras variações em nomenclaturas tradicionalmente usadas nas Escolas que ele estudou na Índia (Shivánanda Ashram, Aurobindo Centre, etc).



Permanência

O período em que um praticante se mantém estável no ásana é denominado tempo de permanência, e é medido pela quantidade de respirações (inspiração, retenção e expiração) realizadas durante a realização do ásana. Depende muito dos objetivos do praticante e seu treino e afinco. É deveras importante que o praticante saiba elevar seu tempo de permanência sem agredir seu corpo, executando de forma metabolizável e incrementando a permanência com o tempo.

Surya Namaskar

Surya Namaskar, ou saudação ao Sol, é um coreografia composta de 12 ásanas em sequência. Existem tradições que orientam para duas sequências, sendo a segunda compensando as asanas realizadas na primeira.

Asana no mundo

Na França, se faz referência ao estado psicofísico e a compensação de cada ásana.
Na Alemanha, se posiciona contra a utilização de espelhos na sala de prática, e se preconiza a utilização do Surya Namaskar (Saudação ao Sol) como prática obrigatória de asanas.
Os Estados Unidos são a principal base deste artigo. Nesse país, existe um enfoque para modismo, além de se preconizarem saltos durante o Surya Namaskar.
No Brasil, além da compensação e coreografia, é necessário ter a atenção na passagem coreográfica entre as asanas. E algumas escolas usam regras gerais de execução.
Na Índia, não existe yogasana sem uma filosofia que una as práticas para um objetivo concreto.
Entretanto isso depende muito da Escola e menos do país que é executado.

Meditação de Transmissão

A Meditação de Transmissão é a fusão de dois Yogas: Karma Yoga, o Yoga do Serviço, e Laya Yoga, o Yoga dos Chakras.

Essa meditação é feita em grupo e praticada por pessoas que desejam servir à evolução da humanidade. Elas se reúnem regularmente e juntas dizem, em voz alta, A Grande Invocação, mantra que foi divulgado ao mundo em 1945 por Maitreya.

Durante as sessões, os participantes permanecem em silêncio com a atenção focalizada no centro Ajna (entre as sobrancelhas). A mentalização do mantra OM é utilizada quando a atenção divaga. Ao manter o foco no centro Ajna, o alinhamento entre o cérebro físico e alma (nível búdico) é produzido. Forma-se então um canal entre o grupo e a Hierarquia dos Mestres da Sabedoria. Os grupos que praticam a Meditação de Transmissão atuam como subestações (pontos de entrada) de energias espirituais. Os Mestres enviam as energias condicionadas de forma adequada aos chakras de cada indivíduo do grupo, assim tornando-as mais acessíveis e úteis para a humanidade.

Diferentemente de outras práticas, a Meditação de Transmissão está sob o controle dos Mestres e caracteriza-se pela simplicidade. Os grupos não tentam enviar tais energias a nenhuma pessoa, grupo ou país. São os Mestres que realizam o redirecionamento necessário. A Meditação de Transmissão é uma atividade não sectária e portanto não interfere com outras práticas religiosas e espirituais. Pode ser feita de forma segura por qualquer indivíduo com mais de 12 anos de idade. Há centenas de grupos de Transmissão em todo o mundo que se reúnem de uma a três vezes por semana, a uma certa hora e dia marcados, convenientes aos membros do grupo.

Om

O Om ou Aum (ॐ) é o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do universo e a semente que "fecunda" os outros mantras.

Significado

O som é formado pelo ditongo das vogais a e u, e a nasalização do m no final fecunda o mantra universo krishna, representada pela letra m. Por isso é que, às vezes, aparece grafado como Aum. Estas três letras correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho. "Este Átman é o mantra eterno Om, os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e estes três estados são os três sons" (VIII).

A Mandukya Upanishad contém uma descrição detalhada do Om, dando sua interpretação simbólica:

Om, aquele imutável (akshara), é tudo o que existe. O que foi, o que é e o que será, tudo é realmente a sílaba Om; e tudo o que não está submetido ao tempo triplo é também, realmente, a sílaba Om. (Mandukya Upanishad, 1)

"O pranava — o mantra Om significa padme hum — é a jóia principal entre os outros mantras; o pranava é a ponte para atingir os outros mantras; todos os mantras recebem seu poder do pranava; a natureza do pranava é o Shabda Brahman (o Absoluto). Escutar o mantra Om é como escutar o próprio Brahman, o Ser. Pronunciar o mantra Om é como transportar-se à residência do Brahman. A visão do mantra Om é como a visão da própria forma. A contemplação do mantra Om é como atingir a forma de Brahman" Mantra Yoga Samhitá, 73.

Na Índia, o mantra Om está em todas partes. Hindus de todas as etnias, castas e idades conhecem perfeitamente o seu significado. Ele ecoa desde a noite das idades em todos os templos e comunidades ao longo do subcontinente.

Vocalização

Como fazer a vocalização correta sem nunca haver escutado este mantra da boca de alguém que sabe? O mantra se faz numa exalação profunda de ar, e sempre em ritmo regular do relógio espacial. Após a exalação vem uma inspiração nasa fogo prolongada. Não pode haver tremor na voz ao repetir o mantra. A nota musical em que se emite o som não interessa em absoluto. É aquela que resultar mais natural para você. Quando houver mais pessoas junto, todos devem tentar afinar-se.

O Om começa com a boca aberta, emitindo um som mais parecido com um a, mantendo a língua colada no fundo da boca e a garganta relaxada. O som nasce no centro do crânio, se projeta para frente e vibra na garganta e no peito. Após alguns segundos de vocalização, a língua deve recolher-se para trás. Assim, aquele som similar ao a, se transforma numa espécie de o aberto, que vai fechando progressivamente.

No final, sem fechar a boca, a língua bloqueia a passagem de ar pela garganta e o som se transforma em um m, que em verdade não é exatamente um m, mas uma nasalização. Esta nasalização se chama anunásika em sânscrito, que significa literalmente com o nariz, e deriva da palavra násika, nariz. Mais claro, impossível. Em verdade, o mantra poderia grafar-se Aoõ. Neste ponto, o ar sai pelas narinas e o som vibra com mais intensidade no crânio. Aconselhamos que você treine colocando uma mão no peito e a outra na testa para perceber como a vibração vai subindo conforme o mantra evolui.

Porém, se você prestar atenção à vibração que acontece durante a vocalização, perceberá que ao emitir a letra o inicial (que começa como um a, não esqueça), a nasalização do m já está contida nela. Ou seja, é um som que se faz com o nariz, e não uma letra m. Ao perseverar na vocalização, você sentirá nitidamente que a vibração se origina no centro da cabeça e vai expandindo até abranger o tórax e o resto do corpo. resumindo, o Om começa com a boca aberta e termina com ela entreaberta.

Vibração

Om é a vibração primordial, o som do qual emana o Universo, a substância essencial que constitui todos os outros mantras, sendo o mais poderoso de todos eles. Ele é o gérmen, a raiz de todos os sons da natureza.

"Com Om vamos até o fim o silêncio de Brahman (o Absoluto). O fim é imortalidade, união e paz. Tal como uma aranha alcança a liberdade do espaço por meio de seu fio, assim também o homem em contemplação alcança a liberdade por meio do Om."

Essa técnica é uma das mais antigas e eficazes que existem no Yoga. Estimula o ájña chakra, na região do intercílio, sede de manas, o pensamento, e buddhi, a intuição ou consciência superior. Existem sete formas diferentes de vocalizar o Om. Aqui veremos especificamente a sua utilização como dháraní, suporte para concentração.

Além desses bíja mantras principais, aparece ainda sobre as pétalas de cada chakra uma série de fonemas do alfabeto sânscrito são os bíjas menores, que representam as manifestações sonoras do tipo de energia de cada chakra. Desta forma, cada sílaba de cada mantra estimula uma pétala definida de um chakra particular. Este é o motivo pelo qual o sânscrito é considerado língua sagrada na Índia seu potencial vibratório produz efeitos em todos os níveis.


Mantra

Mantra (do sânscrito Man, mente e Tra, controle ou proteção, significando "instrumento para conduzir a mente") é uma sílaba ou poema religioso, normalmente em sânscrito. Os mantras se originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no budismo e jainismo, bem como notoriamente por práticas espirituais que não têm vínculo com religiões estabelecidas. No tantrismo, são usados para materializar as divindades.

O mantra é uma fórmula mística e ritual recitada ou cantada repetidamente pelos fiéis de certas correntes budistas e hinduístas. O termo é uma palavra em sânscrito que significa 'controle da mente'. O mantra é repetido de forma a auxiliar a concentração durante a meditação. Alguns mantras famosos são 'Namo Amito' (glória a Buda) e 'Om Sri Shanaishwaraya Swaha' ('Om' e 'saudações a Saturno, o planeta dos ensinamentos').

Os mantras Tibetanos são entoados como orações repetidas. O budismo mahayana do Tibete usa mantras em tibetano, o zen-budismo do Japão os usa em japonês. John Blofeld encontrou, em Hong Kong, no começo do século XX, mantras cuja língua ninguém sabia identificar, e que pareciam uma alteração de um original sânscrito.

Para algumas escolas, especificamente as de fundamentação técnica, mantra pode ser qualquer som, sílaba, palavra, frase ou texto, que detenha um poder específico. Porém, é fundamental que pertença a uma língua morta, na qual os significados e as pronúncias não sofram a erosão dos regionalismos por causa da evolução da língua. Existem mantras para facilitar a concentração e meditação, mantras para energizar, para adormecer ou despertar, para desenvolver chacras ou vibrar canais energéticos a fim de desobstruí-los.

Mecanismo de funcionamento

Ao longo dos anos, os ocidentais que chegaram ao oriente tentaram explicar porque os mantras produzem os efeitos esperados. Blofeld, que estudou por dentro as culturas indiana e chinesa, notou que não é necessário saber o significado das palavras ditas.

Alguns psicólogos ocidentais defendem que o mantra possui uma energia sonora que movimenta outras energias que envolvem quem o entoa. Blofeld observou que não importa a correção da pronúncia: encontrou o mesmo mantra entoado de forma muito diferente em países diversos, e sempre produzindo os efeitos esperados.

Outra explicação seria a mesma usada para explicar o efeito dos mudras: um gesto repetido por tantas pessoas durante tantos séculos teria criado um tipo de "caminho energético" - que podemos chamar de marca no akasha, ou no inconsciente coletivo - que é rapidamente seguido pela psique da pessoa que o executa.

Muito comum é o apoio do japamala, uma espécie de rosário utilizado para contar a repetição obrigatória de 108 vezes da entoação de um mantra.

Alguns mantras comuns

Asa To Ma (Védico)
Gayatri mantra (védico)
Om namah Shivaya (shivaísta)
Om namah shiva lingan (shivaísta)
Shiva Shiva maha dêva (shivaísta)
Om shiva Om Shakti Namah Shiva Namah Shakti (shivaista)
Om namah kundaliní (sânscrito)
Om mani padme hum (sânscrito)
Om namo bhagavate vasudevaya (do sânscrito)
Om tare tütare ture soha (tibetano)
Om tare tam soha (tibetano)
Nam myoho rengue kyo (Saddharma-pundarika Sutra, em sânscrito)
Maha-mantra (sânscrito)
Namerarenguékioh kioh namere klatisfas
Om bazara tamaku hakani yasha han

O Maha Mantra

A vibração transcendental estabelecida pelo canto do Maha Mantra Hare Krishna permite a purificação gradual dos corpos materiais, do mais denso ao mais sutil, e restabelece a consciência no seu estado original de sat cit ananda - eternidade, conhecimento e bem-aventurança.

O Kalishantarana Upanishads recomenda, de forma acertada, que cantemos:

Naradah punan prapaccha tannama kimiti sa hovaca hiranyagarbah:

hare krsna hare krsna krsna krsna hare hare hare rama hare rama rama rama hare hare

isti sodashkam namnam kalikalmasanasanam annatah parataropayah sarvavedesu drisyate sodasakalavritasya jivasyavaranaviasanam tatah prakasate param-brahma meghapaye raviasmimandaliveti (2)

Como vemos, primeiramente vem Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare e, depois, hare rama hare rama rama rama hare hare.

No Yoga e outros Darshanas

No Sanatana Dharma e nos seus principais Darshanas (no Yoga, chama-se Japa-Yoga ou Mantra-Yoga), o Mantra exerce importância singular por dois grandes motivosː primeiramente, por tratar-se de Angas, partes ou sequências dos hinos dos livros sagrados (Vedas ou derivações autorizadas dos Mesmos, como os Upanishads), e também por se tratar de instruções na forma de palavras ditadas diretamente pelos Ríshis ou sábios, ou devido aos Lilas do Senhor (ditados diretamente por Ele ou por seus emissários). Em segundo lugar, por tratar-se da personificação do Nome ou Nama do Senhor Supremo ou Brahman em Si mesmo, na forma escrita e articulada sonoramente. Os Mantras devem tão somente ser emitidos sob a restrita autorização do Guru ou Mestre Espiritual, de acordo com a forma que Este orientar. No mais das vezes, os Mantras são articulados na forma de Japa, ou repetição curta, com o uso de um Mala com 108 contas. Este processo pode ser em três níveis, a saber: sussurrado, cantado ou mentalmente. Quanto mais desenvolvida a concentração do Sadhaka (praticante), maior será a sua capacidade de mantralização na forma mental, ou Manasika-Mantra. Há um processo chamado Ajapa-japa, que é a repetição de determinados Mantras conforme a respiração, ou Pranayama.

O praticante deverá ter a devida reverência ou vênia espiritual para com o seu Guru, a Sampradaya ou família espiritual à qual Ele pertence, e jamais pensar que Nama (nome) e Rupa (forma) são distintos do Senhor em Si mesmo. Por conseguinte, um pretendente não deverá cantar Mantras sem a devida autorização do seu Mestre Espiritual, porque é mais danosa uma prática sem orientação do que nenhuma prática. Assim diz a tradição de Sadhu-Guru e Sastra (conforme a sabedoria dos mestres nas Escrituras). Hari Om Tat Sat