sábado, 20 de maio de 2017

Ioga

Ioga ou yoga (em sânscrito e páli: योग, IAST: yoga, IPA: [joːgə]) é um conceito que se refere às tradicionais disciplinas físicas e mentais originárias da Índia. A palavra está associada com as práticas meditativas tanto do budismo quanto do hinduísmo. No hinduísmo, o conceito se refere a uma das seis escolas (āstika) ortodoxas da filosofia hindu, bem como à meta que esta escola procura atingir como suas práticas.

Os principais ramos da ioga incluem a raja-ioga, carma-ioga, jnana-ioga, bacti-ioga, tantra ioga, tao yoga e hata-ioga. A raja-ioga, compilada nos Ioga Sutras de Patanjali e conhecida simplesmente como ioga no contexto da filosofia hinduísta, faz parte da tradição Samkhya.Diversos outros textos hindus discutem aspectos da ioga, incluindo os Vedas, os Upanixades, o Bagavadguitá, o Hatha Yoga Pradipika, o Shiva Samhita, o Mahabharata e diversos Tantras.

A palavra sânscrita yoga tem diversos significados, e deriva da raiz yuj, que significa "controlar", "jungir", "unir" ou "concentração". Algumas das traduções também incluem os significados de "juntando", "unindo", "união", "conjunção" e "meios". Fora da Índia, o termo ioga costuma ser associado tipicamente com a hata-ioga e suas asanas (posturas) ou como uma forma de exercício.

Um(a) praticante avançado(a) da ioga é chamado de iogue.

O termo ioga

No devanágari, alfabeto utilizado no sânscrito, o termo é originalmente escrito desta forma: योग. Provém da raiz sânscrita yuj, que significa "jungir", "cangar", "arrear", "atrelar", "prender", "juntar". Quando se atrela o boi à canga ou jugo, ou ainda quando se junta a parelha de animais, isto significa que se está colocando esses animais em condições para o trabalho. Por isso, a raiz "yuj" também significa "adequar", "preparar" ou "utilizar".

A ideia de que a raiz "yuj" poderia significar "unir" no sentido de "integrar" (física ou misticamente) surge possivelmente a partir de uma afirmação vedantina que define o Ioga como a "união" entre o Jivatma e o Paramatma, que na verdade passam a ser um só. Mas "yuktam" (que é o particípio passado desse verbo) não significa "unido", mas "atrelado", "preparado" ou "adequado".

Ioga interpretado como "união" nos meios vedantinos, carece de sentido principalmente no Advaita Vedanta, onde tudo é Brâman, o Absoluto que abarca tudo o que existe, então não há a necessidade de "união", pois qualquer desunião, separação é mera ilusão (Maya), por isso há a descoberta da união sempre existente, a descoberta de Brahman em todas as coisas, inclusive no próprio indivíduo.

No Ioga Sutra essa interpretação de ioga como "união" também carece de sentido, pois somos e sempre fomos em essência o Purusha, a consciência incondicionada e eterna, que não precisa ser unida a nada, muito pelo contrário precisa ser desidentificada dos processos fenomenológicos da natureza (Prakrti).

Estudos feitos pelo Ph.d em idiomas e culturas da Índia Dr. Edwin Bryant sugerem que a tradução mais próxima do que palavra original representa é "concentração", uma vez que tudo já está unido.

Definições formais nas escrituras

Os textos hindus que discutem aspectos da ioga incluem principalmente os Upanixades, o Bagavadguitá,o Hatha Yoga Pradipika e o texto mais importante de todos, o Ioga Sutra.

No Bagavadguitá:

"É dito que Ioga é equanimidade da mente". (II, 48) "Ioga é a excelência nas ações". (II, 50)

No Ioga Sutra:

"Ioga é o recolhimento das atividades da mente" (I, 2)

Comentários de Vyasa aos Sutras de Patanjali:

"Ioga é Samadhi". (I, 1)

Nos Upanixades:

"Não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do Ioga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção, são os sinais pelos quais o Ioga manifesta seu poder." Upanixade Shvetashvatara (II:12-13).

"A unidade da respiração, da consciência e dos sentidos, seguida pela aniquilação de todas as condições da existência: isso é o Ioga." Upanixade Maitri, VI:25

"Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se Ioga. Mas deve-se estar atento, pois o Ioga vem e vai." Upanixade Katha, VI

Grafia

Particularmente no Brasil, mas também em Portugal e outros países, há uma certa polêmica em relação à ortografia do termo, devido às inúmeras convenções utilizadas para a transliteração de idiomas escritos em caracteres diferentes dos latinos, como o grego, o hebraico e as línguas da Índia. As grafias atualmente propostas aparecem em quase todas as variações possíveis: "yôga", "yoga", "yóga" e, por fim, "ioga", única forma em língua portuguesa que é considerada ortograficamente correta .

A grafia adotada na Wikipédia é "ioga", a forma aportuguesada também utilizada nos dicionários. A exceção é para as citações e nomes próprios de livros ou linhagens, para os quais foram mantidas as grafias originais adotadas na literatura de cada modalidade. Por extensão, é adotada também a forma "iogue" para se designar o praticante de ioga. No entanto, há correntes de estudo que evidenciam que o termo "iogue" deve referir-se apenas àquele que atingiu seu estado mais avançado na prática, ficando o termo "ioguin" reservado a todos os praticantes e aspirantes.

Pronúncia

Na pronúncia do termo sânscrito, ouve-se a primeira e segunda letras (considerando a palavra transliterada para o alfabeto latino) soando rapidamente, o Ô fechado e uma leve prolongação desta letra. O 'ga' é soado rapidamente com o 'g' quase mudo. Podemos ouvir a pronúncia ideal da palavra no subcontinente indiano, principalmente na Índia, já que muitos termos derivados do sânscrito estão sendo preservados pelo hindi, idioma indo-ariano comumente utilizado neste país.

Noutros países em que a filosofia vem sendo praticada com grande entusiasmo observa-se variações interessantes. Na Argentina, a variação é encontrada na pronúncia CHôga, garantindo o som chiado do "y" falado nesta região. No Brasil, a divergência fonética é sobre a letra 'O'.

Estilos

Há centenas de estilos diferentes de ioga no mundo, que propõem diversos caminhos para alcançar o mesmo objetivo: o Samádhi, a Iluminação da Consciência e/ou compreensão da existência.

Vários são os métodos e escolas para se atingir esta meta, porém ela sempre é o referencial. As escolas mais antigas utilizam-se de métodos estritamente técnicos. As escolas mais modernas tem uma conotação tendendo mais ao espiritualismo, fruto da difusão do Vedanta na época medieval. Desenvolveu-se ao longo da história no oriente, particularmente na Índia, e que nos dias de hoje está amplamente difundido no mundo todo, inclusive no ocidente.

Algumas linhas de ioga são: Ashtanga Vinyasa Yoga, Bhakti Yoga, Hatha Yoga, Iyengar Yoga, Jñana Yoga, Karma Yoga, Kriya Yoga, Raja Yoga, Raja Vidya Yoga, Siddha Yoga, Tantra Yoga, Kundalini Yoga, Prakriti Yoga entre outras.

Na Índia, país de origem da ioga, os mestres Krishnamacharya (e seus discípulos B.K.S. Iyengar, Pattabhi Jois, A. G. Mohan e Desikachar), Swami Sivananda, Gurudeva, Swami Vivekananda e Sri Aurobindo são algumas das principais referências.

Ioga Sutra de Pátañjali

A obra Ioga Sutra de Pátañjali (300 a 200 a.C.) é um tratado clássico da filosofia ióguica e contém seus principais aspectos[19]. O sistema filosófico do Ioga como exposto no Ioga Sutra aceita a psicologia, metafísica e fenomenologia da escola Samkhya, por isso pode-se dizer que são duas escolas irmãs, diferenciando apenas no uso do termo Íshvara ("Senhor", um Purusha nunca afetado pela Prakriti): o Ioga usa-o para uma prática chamada Íshvara pranidhána, enquanto o Samkhya não consegue provar ou não provar sua existência.

A obra foi escrita em sânscrito, e oferece uma série de desafios, pois os sutras (literalmente "fio condutor") são aforismos sintéticos, curtos, alguns são tão sintéticos que chegam a ser obscuros. Feitos assim, eles deviam ser decorados pelos alunos e discípulos. E além disso há no texto o uso de diversos termos chave sem sua formalizações, principalmente provenientes do sistema Samkhya que é tomado como base. Por esses motivos o Ioga Sutra se torna de difícil entendimento por aqueles que não fazem parte da cultura do ioga. Assim o Ioga Sutra foi vastamente traduzido e interpretado durante séculos das mais diversas maneiras, por comentadores. O primeiro comentador, além de mais famoso e autorizado, do Ioga Sutra é Vyasa em seu Iogabasya, obra de 500 a 850 d.C.

Ashtanga: os oito pilares da ioga clássica

Referidos como membros ou etapas, são passos que se sobrepõem à medida que se avança no caminho. São:

1 - Yama ou refreamentos
1.1 -Ahimsa ou não violência
1.2 -Satya ou não mentir
1.3 -Asteya ou não roubar
1.4 -Brahmacharya ou não dissipar a sexualidade
1.5 -Aparigraha ou não cobiçar
2 - Niyama ou auto-observações
2.1 -Saucha ou limpeza
do corpo: alimentação, limpezas corporais (shat-karma) e pranayama.
da mente, do intelecto, das emoções
do lugar em que se pratica ioga
2.2 -Santosha ou autocontentamento
2.3 -Tapas ou autossuperação
esforço do corpo, da fala e da mente
2.4 -Svadhyaya ou autoestudo
2.5 -Ishvara pranidhama ou autoentrega
3 - Asana ou posições psicofísicas
4 - Pranayama ou expansão (ayama) da força vital (prána) através de exercícios respiratórios
5 - Pratyahara ou abstração dos sentidos externos
6 - Dharana ou concentração mental
7 - Dhyana ou meditação
8 - Samadhi ou absorção meditativa
Obstáculos: Nove dispersões mentais

Patañjali enumera nove obstáculos ao yoga (Sutra 1.30) que são dispersões ou oscilações mentais, embora outros fatos não enumerados também possam ser considerados obstáculos.

1 - Doença, desequilíbrio do corpo-mente
2 - Apatia, inércia da consciência
3 - Dúvida, conhecimento que oscila entre os pares de opostos
4 - Negligência, falta de investigação dos meios de se alcançar o Ioga
5 - Preguiça, ausência de esforço do corpo e da mente
6 - Incontinência, apetite da consciência pelo gozo dos sentidos
7 - Percepção errônea ou noção incerta, vem do conhecimento errôneo (viparyaya)
8 - Não realização das etapas, é a falha em se alcançar os estados do Ioga
9 - Instabilidade, é a não estabilização da consciência
Aparecem, junto com essas dispersões (Sutra 1.31):

1 - Sofrimento
2 - Angústia, devido à não satisfação de um desejo
3 - Agitação do corpo
4 - Inspiração, uma respiração agitada, sem ritmo, não profunda, rápida, irregular é sintoma de uma mente ainda dispersa
5 - Expiração
Para preveni-las, deve-se praticar disciplina (abhyása) sobre um princípio (tattva) qualquer (Sutra 1.32).




sexta-feira, 28 de abril de 2017

Negacionismo del Holocausto

El negacionismo del Holocausto es una corriente de pensamiento que tiene la finalidad de reinterpretar los hechos acaecidos en Europa entre los años 1941 y 1945, siguiendo «la doctrina según la cual el genocidio practicado por la Alemania nazi contra los judíos y los gitanos no existió, sino que es producto del mito, de la fabulación, del fraude».En general, las tesis de estas reinterpretaciones cuestionan o niegan el asesinato en masa del cual fueron objeto el pueblo judío y otras minorías bajo el Tercer Reich y los países ocupados por éste entre 1933 y 1945.

Los ejes comunes de esta corriente los constituye el rechazo a los siguientes hechos históricos:

Que el régimen nazi tuviese un plan deliberado de exterminar a los judíos o a otros grupos.
Que murieran, asesinados a manos de los nazis, seis millones de judíos durante la guerra, debido a que en fuentes como esta, la cifra asciende a 2,5 millones a lo sumo.
Que existiesen dispositivos funcionales para el exterminio masivo, tales como las cámaras de gas, y por lo tanto, también los campos de exterminio.

También, dentro del negacionismo, se identifican dos posturas en función de su grado de negación de los hechos históricos del Holocausto:

La que niega totalmente el asesinato masivo y por consecuencia también la existencia de cámaras de gas.

La que no niega en totalidad el genocidio ni las cámaras de gas, pero afirma que Hitler no tenía conocimiento ni responsabilidad sobre las ejecuciones en masa. El escritor británico David Irving se caracteriza por defender esta idea.

Es también una opinión mayoritaria entre los negacionistas, de forma implícita o explícita, la consideración del Holocausto como propaganda de guerra sustentada por las potencias aliadas, y que posteriormente habría sido aprovechada por una supuesta conspiración judía, o bien sionista, con el propósito de obtener beneficios a costa de otros pueblos, principalmente de los palestinos y de Alemania. Por ello, el negacionismo está considerado como una teoría de conspiración antisemita y está perseguida penalmente en varios países europeos incluyendo a Alemania y Austria, al entenderse como ocultamiento de genocidio con conocimiento, o consentimiento y aprobación o justificación del mismo.

Terminología

En un principio los negacionistas se hacían llamar revisionistas del Holocausto (concepto extraído del revisionismo histórico). En las primeras décadas posteriores a la guerra, las comunidades judías decidieron no dignificar aquellos presuntos estudios revisionistas con una respuesta, creyendo que contestar sólo llevaría a este grupo a una mayor credibilidad. Más tarde, y con cierta resistencia por parte de la comunidad judía, la historiadora estadounidense Deborah Lipstadt los denominó negadores del Holocausto,ya que no estaban "revisando" la Historia, sino más bien, negando lo innegable. A partir de entonces se adoptó el término negacionismo, que los negacionistas todavía rechazan, por considerarlo despectivo. Esta expresión significa que niegan categóricamente los hechos que abordan sin investigaciones ni pruebas que respalden su postura. En compensación por el uso de este término, los negacionistas se refieren como exterministas o exterminacionistas a aquellos que apoyan y acreditan la evidencia histórica del Holocausto.

Los historiadores académicos no suelen aceptar el término revisionismo del Holocausto aplicado al negacionismo, para establecer diferencias con respecto al legítimo revisionismo histórico que, a diferencia del negacionismo, sí se adecua a los estándares académicos, a las pruebas disponibles y a la metodología científica. La negación del Holocausto es conocida como "negacionismo" siguiendo el término francés négationnisme, propuesto por Henry Rousso en The Vichy Syndrome (Cambridge: Harvard University Press, 1991). Los negacionistas intentan reescribir la historia, minimizando, negando o simplemente haciendo caso omiso de hechos esenciales. Según Jacques Derrida:

En términos generales, el "revisionismo" de la historia es el intento de crítica a los dogmas establecidos, una crítica que no puede de ninguna manera incluirse en el tipo de negacionismo que intenta negar la realidad de hechos reconocidos.

Según Koenraad Elst:

Negacionismo significa la negación histórica de los crímenes de lesa humanidad. No se trata de una reinterpretación de los hechos conocidos, sino la negación de los hechos conocidos. El término Negacionismo ha ganado popularidad como el nombre de un movimiento que niega un crimen de lesa humanidad, el genocidio nazi de los Judíos en 1941-45, también conocido como el holocausto (griego: sacrificio de fuego) o la Shoah (hebreo: catástrofe). El negacionismo es mayoritariamente identificado con el esfuerzo de re-escribir la historia de tal manera que el hecho del Holocausto se omita.

Los historiadores académicos señalan, además, que el Holocausto ha sido objeto de numerosas visiones y revisiones luego de la Segunda Guerra Mundial, tanto en el campo de la inves­tigación académica como en los programas oficiales de educación, por lo cual, el revisionismo histórico no debe confundirse con la corriente conocida en círculos académicos como la negación del Holocausto. Esta situación la comparte con otros genocidios que experimentado su "negación", como el armenio y el de los gitanos durante la Segunda Guerra Mundial.

Historia

Antecedentes

Los estudios acerca de los argumentos del negacionismo han revelado que el antisemitismo ha sido el más importante motor del negacionismo desde sus inicios. Los historiadores sostienen que los primeros negacionistas fueron los propios nazis, a partir de evidencias documentales de que Heinrich Himmler ordenó a sus oficiales que destruyesen grabaciones, instalaciones y otras evidencias que delataban el exterminio masivo de seres humanos, cuando la derrota de Alemania era inminente y los líderes nazis se percataron de que serían capturados y llevados a juicio. Al finalizar la guerra, muchos de los líderes nazis abandonaron Alemania y comenzaron a promover material de propaganda propiamente negacionista que les exculpase, ofreciendo una imagen positiva del nazismo.Otros más consideran a Hermann Göring como el primer negador del Holocausto, ya que durante los Juicios de Nüremberg negó toda acusación relativa a un genocidio.

El testamento de Hitler fue:

una justificación del asesinato en masa y, al mismo tiempo, también fue el primer acto de negación de la existencia del Holocausto: su guerra contra los judíos había sido, según su apreciación, un acto de autodefensa «contra los envenenadores de todos los pueblos del mundo»; él nunca había buscado otra cosa que la paz, y fueron los «financieros internacionales» quienes lo habían obligado a ir a la guerra; gasear y fusilar a los judíos había sido una respuesta a los bombardeos aliados sobre Alemania, unos ataques que, según la visión del mundo de los nazis, eran un acto de agresión «judía» contra la humanidad aria.

Paul Rassinier

Se suele mencionar a Paul Rassinier como el iniciador de esta corriente, al publicar en 1950 el libro Le Mensonge d’Ulysse (“La Mentira de Ulises”), en el cual trata sobre los testimonios de ex-prisioneros de los campos de concentración alemanes y su vivencia en Buchenwald y Mittelbau-Dora, donde estuvo preso por participar en la Resistencia Francesa a la ocupación alemana durante la Segunda Guerra Mundial. Al escribir este libro, Rassinier se ocupó de cuestionar y desmentir los testimonios que existían sobre cámaras de exterminio en el territorio alemán posterior a la guerra, sin embargo admitió su falta de autoridad moral para testificar sobre los demás campos que se hallaban en Europa Oriental, (Auschwitz, por ejemplo), la cual fue ocupada por los soviéticos, y consideró la remota posibilidad de la existencia de las cámaras de exterminio en ese territorio. Sin embargo, tras sus posteriores investigaciones cambió su postura, afirmando que no hubo ejecuciones por gaseamiento en ningún campo.

Sin embargo, los críticos del negacionismo señalan que la visión antisemita de Rassinier condiciona sus opiniones y le resta validez, a la vez que subrayan que ni Buchenwald ni Mittelbau-Dora fueron campos de exterminio, razón por la cual no es extraño que Rassinier no haya visto cámaras de gas.

Los negacionistas han continuado citando hasta hoy sus obras como una investigación que cuestiona los hechos aceptados en torno al Holocausto. Rassinier afirmó también haber buscado durante quince años testigos de los gaseamientos sin éxito y que en los campos, además de contar con atención médica y actividades recreativas, se les remuneraba a los presos por el trabajo forzado. Su influencia sobre los negacionistas permanece porque fue de los primeros en proponer que una supuesta conspiración sionista/aliada/soviética falsificó el Holocausto, un tema luego tratado por otros partidarios de esta creencia.

Harry Elmer Barnes

El historiador estadounidense Harry Elmer Barnes, asumió una postura negacionista en los años más tardíos de su vida. Entre la Primera y la Segunda Guerra Mundial, Barnes se volvió un conocido escritor pacifista y el máximo exponente del movimiento revisionista histórico. Después de la Segunda Guerra Mundial, se convenció de que las acusaciones hechas contra Alemania y Japón, incluyendo el Holocausto, fueron propaganda de guerra usadas para justificar la participación de EE.UU. en la guerra.

Los escritos de Barnes en el campo del revisionismo histórico son todavía citados por algunos escritores anarquistas como James J. Martin. El nombre de Barnes ha sido usado comúnmente por los modernos negacionistas en un intento para dar credibilidad a su causa, como por ejemplo Willis Carto del Institute for Historical Review (IHR).

Einar Aberg

En 1959, el profesor Einar Aberg había publicado en Norniken, Suecia, un cálculo estadístico en el que la cifra de 6 000 000 de judíos muertos no correspondía con la información de algunas fuentes como la American Jewish Committee y la Statistical of the Synagogues of America. Dicho cálculo decía lo siguiente:

Año Número de judíos en el mundo Fuente estadística
1921 11 600 000 Meyers Hand-Lexikon, Alemania
1925 15 630 000 World Almanac, pg. 752.
1930 15 600 000 National Council of Churches
1933 15 316 359 American Jewish Committee
1936 15 753 633 World Almanac, pg. 748
1938 15 748 091 American Jewish Comitee
1939 15 600 000 American Jewish Comittee Bureau of the Synagogue Council
1940 15 319 359 World Almanac, pg. 129.
1941 15 748 091 World Almanac, pg. 510.
1942 15 192 089 World Almanac pg. 849.
1947 15 690 000 World Almanac, pg. 74.
1948 15 600 000 New York Times, 22 de febrero de 1948, Mr. Hanson W. Baldwin
1949 15 713 638 World Almanac, pg. 284.
1961 16 300 000 Statistical Yearbook of Council of Churches, EUA.

David Hoggan

Un prominente precursor del negacionismo fue el historiador David Hoggan, quien escribió en 1969 uno de sus primeros libros donde negaba el Holocausto titulado: The Myth of the Six Million (El mito de los seis millones), y el cual fue publicado por la Noontide Press, una pequeña editora especializada en literatura antisemita.Hoggan se convirtió en una de las primeras personalidades connotadas del negacionismo, ya que él contaba con varios profesorados universitarios.

El Informe Leuchter

El Informe Leuchter es el nombre por el cual se conoce a una investigación pericial fraudulenta realizada en 1988 por el norteamericano Frederick A. (Fred) Leuchter, Jr., que decía ser especialista en el diseño y construcción de equipos para ejecución en las cárceles de Estados Unidos, aunque posteriormente se demostró que carecía de conocimiento alguno sobre cámaras de gas, y fue procesado por ejercer ingeniería sin licencia alguna. El informe fue realizado con el propósito de defender judicialmente a Ernst Zündel, procesado por los cargos de negación del Holocausto y de fomentar el odio racial.

Este documento ha sido la principal herramienta del negacionismo para respaldar su opinión de que en los campos de Auschwitz I, Auschwitz-Birkenau, y Majdanek no existieron cámaras de gas destinadas a la ejecución en masa.

Zündel contrató los servicios de Leuchter en 1988 a cambio de 35 000 dólares, quien se desplazó a Polonia para recoger muestras y tomar imágenes. Sirviéndose de un martillo y un cincel, extrajo sin permiso trozos de pared y de suelo de las cámaras de exterminio y de desinsectación. Las muestras obtenidas de forma subrepticia fueron llevadas a EE.UU. y entregadas al laboratorio dirigido por el químico estadounidense James Roth, sin ser informado de dónde procedían las muestras, sólo que se trataba de un análisis pericial para un juicio.

El informe químico del laboratorio de Roth determinó que las muestras de argamasa extraídas de las cámaras de desinsectación contenían un alto contenido de cianuro y que en cambio las de exterminio contenían un rastro nulo o ínfimo de cianuro. Estos resultados fueron presentados como la ratificación material de sus creencias sobre la inexistencia de las cámaras de exterminio.

Sin embargo, con posterioridad, en una entrevista, el Dr. Roth indicó que el cianuro habría formado una capa extremadamente fina en las paredes, de un grosor de la décima parte de un pelo humano. Leuchter había tomado muestras de un grosor indeterminado y variable. No informado de esto, Roth había pulverizado las muestras enteras, diluyendo drásticamente la capa de cianuro que contenía cada muestra con una cantidad indeterminada de ladrillo, que variaba para cada muestra. Para explicar lo poco fiable de su análisis, Roth ofreció la analogía de que los resultados eran como analizar la madera de una pared cuando lo que se quiere saber es la composición de la pintura.

A partir del análisis de laboratorio de Roth, Leuchter escribió el informe pericial que le encargó Zündel, en el que a través de un erróneo razonamiento científico concluye que "no existieron cámaras de gas para ejecuciones en ninguno de los tres campos, que las cámaras de gas ahí encontradas no podrían haber funcionado nunca para realizar ejecuciones y que únicamente servían para la fumigación de parásitos".

Aunque el testimonio oral de Leuchter fue aceptado en el juicio de Zündel, el informe pericial fue rechazado por el Tribunal por su ausencia de acreditación profesional. En octubre de 1990, un tribunal de Massachusetts procesó criminalmente a Leuchter por ejercer como ingeniero sin tener licencia. Se supo que no sólo no tenía licencia, sino que no tenía ningún estudio relacionado con la ingeniería ni ninguna otra acreditación profesional, solo un BA en Historia, que acabó en 1964. Admitió no tener ninguna formación ni experiencia en toxicología, biología o química. Se descubrió también que, aunque tenía cierta experiencia en sillas eléctricas e inyecciones letales, no tenía conocimiento alguno sobre cámaras de gas, tal y como había afirmado antes.

Pese a quedar totalmente desacreditado, el informe tuvo gran difusión entre los negacionistas, que creyeron encontrar el respaldo definitivo de sus creencias. Sus críticos, sin embargo, afirmaron la imposibilidad de detectar cianuro cincuenta años después con su método (los análisis que se hicieron al finalizar la guerra sobre los conductos de ventilación evidenciaban cantidades significativas de cianuro), sobre muestras supuestamente obtenidas de cámaras que habían sido derruidas por los nazis y parcialmente reconstruidas después. Leuchter desconocía qué parte había sido reconstruida, por lo que no pudo acreditar si las muestras correspondían a las cámaras de gas originales.

Afirmaciones y opiniones de los negacionistas

Las tres afirmaciones básicas de los negacionistas son:

No habría una política oficial, un plan o una intención clara para el exterminio de los judíos durante la Segunda Guerra Mundial.
No habrían muerto seis millones de judíos durante la guerra: esta sería una cifra tremendamente exagerada que no correspondería con la realidad. Dudan que hubiesen muerto más de 800.000 personas en los campos de concentración, de entre las cuales aproximadamente 300.000 serían judíos.13 Aunque la cifra de algo más de 6.000.000 de asesinatos está ampliamente documentada, entre otros, con el famoso Informe Korherr, realizado por Richard Korherr, estadístico en jefe de las SS, cita el número de pérdidas judías como mayor a los 2.454.00014 15 solamente hacia fines de 1942, sin contar las muertes por causa de las duras condiciones en los guetos y en los campos de concentración.
No habrían existido cámaras de gas en los campos de concentración. (No se refieren aquí a las cámaras usadas en la desinfectación para la ropa, colchones, etc. cuya existencia es incuestionable, sino a las cámaras hechas, específica y funcionalmente con el propósito de asesinar personas).

Entre otras afirmaciones se incluyen las siguientes:

La población judía en Europa antes de la Segunda Guerra Mundial no era de 9.500.000 judíos sino que sería menor a los cuatro millones, de los cuales aproximadamente un millón emigraron hacia lugares como Palestina, Estados Unidos, Argentina, Canadá, etc. y más de dos millones emigraron a la Unión Soviética, y sólo 300.000, aproximadamente, murieron en los campos de concentración.
El constante bombardeo aliado causó rupturas a carreteras, puentes y vías férreas, las cuales suministraban alimentos y medicamentos a los diversos campos de trabajo, por esa razón la inanición y las epidemias de tifus exantemático transmitido por el piojo habrían sido los factores decisivos para las bajas de judíos, no judíos y alemanes, sin incluir la vejez y la muerte natural.
No habría existido, o al menos no se conserva, ningún documento nazi que ordene, decrete o manifieste el asesinato en masa por parte de éstos, o que mencione siquiera las cámaras de gas.
La “Solución Final al problema judío” no habría significado la decisión de exterminar al pueblo judío, sino su desplazamiento y reubicación en la isla de Madagascar, y posteriormente en el este de Europa para el nuevo asentamiento del Estado de Israel. Véase: Plan Madagascar.
El Holocausto sería un mito creado inicialmente por los Aliados para satanizar a los alemanes. Los judíos habrían difundido este mito como parte de un complot con la intención de permitir la creación de un hogar nacional judío en Palestina y para continuar apoyando actualmente al Estado de Israel.
Las principales pruebas del genocidio se fundamentarían en testimonios y no en pruebas materiales que demuestren el asesinato en masa.
Las evidencias materiales, como fotografías o el Diario de Ana Frank, habrían sido falsificaciones.
Los testimonios de los sobrevivientes estarían llenos de errores e inconsistencias por lo que no serían fiables.
Las confesiones nazis sobre crímenes de guerra, como la de Rudolf Höss en los Juicios de Nüremberg, habrían sido extraídas bajo tortura.
El trato de los nazis hacia los judíos no habría sido diferente al trato que daban los aliados a sus enemigos en la guerra.
Adolf Hitler y el nazismo serían inocentes, al menos, del crimen de genocidio contra el pueblo judío.
No niegan, sin embargo, la persecución de los judíos y otros grupos bajo el régimen de Hitler, la privación de los derechos de los que gozaban, su separación y deportación a campos de concentración, ni su consecuente padecimiento y muerte por epidemias, incluso la ejecución de algunos judíos y no judíos, bien sea esto por la penalización contra prisioneros que efectuaron actos considerados graves dentro de los campos, o bien simplemente por abuso injusto por parte de algunos oficiales.[cita requerida]

Técnicas utilizadas por los negacionistas del Holocausto

De acuerdo al Proyecto Nizkor, los negacionistas políticamente motivados utilizan técnicas para respaldar sus argumentos que no siempre se perciben para los no especialistas. A veces es difícil para un no negacionista distinguir entre ensayos académicos sometidos a la revisión por pares de algunos best sellers sobre historia sin el mínimo rigor académico. Por ejemplo, hasta que David Irving perdió un juicio por libelo contra la historiadora neoyorquina Deborah Lipstadt, que había calificado a Irving como negacionista18 –considerándose probado que Irving era un "falsificador de la historia"–, la opinión pública no reparó en que sus libros estaban al margen de los cánones académicos aceptables. (Véase: Irving contra Lipstadt y otros)

La distinción entre ambos modos de proceder se basa en las técnicas utilizadas para escribir tales obras. La exactitud y la revisión son fundamentales para los historiadores académicos. Como en cualquier otra disciplina científica, los artículos de los historiadores son sometidos a la revisión por pares, método que deja abierto el trabajo al escrutinio por un número de expertos iguales en rango al autor, como previo a la admisión para publicación en una revista arbitrada. Por el contrario, en lugar de enviar sus obras a publicaciones donde existan tales controles de calidad, los negacionistas reescriben la historia para dar apoyo a una agenda, a menudo política, usando un sinnúmero de falacias lógicas que corroboren sus tesis. A causa de ello, la comunidad de historiadores consideran a estos escritos como defectuosos y no fiables.

Las técnicas retóricas más comunes de los negacionistas son las siguientes:

Teorías de conspiración.
Uso selectivo de hechos.
Negación o burla de hechos conocidos.
Falacias ad ignoratiam, Es decir, pretender que, por el hecho de que algo no se haya probado que es verdad, entonces es falso. (por ello, los historiadores insisten en la importancia de la memoria histórica y estudios históricos).
Suposición de hechos no probados.
Invención de hechos.
Ofuscación de hechos.
Reclamar un "contra-genocidio", haciendo una confusión entre las víctimas y los verdugos (por ejemplo, el bombardeo de Dresde en la Segunda Guerra Mundial es para los negacionistas un "contra-genocidio", transformando así a los alemanes en víctimas y excluyéndolos de cualquier tipo de responsabilidad moral.
Falacias de equivocación y non sequitur.
Apelar a las consecuencias.
Solicitud excesiva de pruebas (debido a la compleja naturaleza de qué puede considerarse como prueba histórica, lo que difiere de una prueba lógica, los revisionistas con frecuencia piden a los historiadores que demuestren un evento el cual ha sido probado razonablemente por estándares históricos y aceptado como un hecho por la comunidad histórica).

Apelar al temor o al rencor.
Falacias de asociación.
Generalización desmesurada .
Uso de eufemismos atractivos o neutrales para disfrazar hechos desagradables que conciernen a su postura.
Uso de eufemismos desagradables para describir los hechos opuestos.
Falacia de justificación de una acción indebida.
Falacias y ataques ad hominem a quienes discuten sus puntos de vista.
Conclusiones irrelevantes.
Declaraciones absurdas.
Inversión de la culpa. (Acusar a los judíos de provocar el Holocausto)

Utilización política del negacionismo

La negación del Holocausto es frecuentemente utilizada por los movimientos antisemitas y neonazis, ya que éstos comparten la opinión exculpatoria de que Hitler no ordenó genocidio alguno, a la vez que niegan y glorifican el Holocausto simultáneamente. Destaca, Horst Mahler, fundador de la Baader-Meinhof y actualmente militante de extrema derecha, quien estuvo en prisión por difundir propaganda antisemita. También el líder del Frente Nacional en Francia, Jean-Marie Le Pen, condenado en varias ocasiones por delitos de complicidad con la apología de crímenes de guerra y negación de un crimen contra la humanidad.

Sin embargo, algunos negadores del Holocausto no son nazis o antisemitas. Joseph Burg, un judío, fue asesor y defensor de Ernst Zündel en su juicio de 1988, lo mismo que David Cole, quien fue llamado traidor por la Liga de Defensa Judía y a quien se le pidió que se retractara, lo cual terminó haciendo. Paul Rassinier fue comunista y miembro de la resistencia francesa en contra de la ocupación alemana. Aunque dominado tradicionalmente por la extrema derecha, en el negacionismo se expresan diversas posiciones extremas. Como por ejemplo, la del profesor Robert Faurisson o la de Roger Garaudy, expulsado del Partido Comunista Francés y convertido posteriormente al Islam, quienes son activos propagandistas del negacionismo.

El negacionismo se expresa también en algunos regímenes islamistas (como Irán), que dan cobertura política al negacionismo al más alto nivel, como lo ilustra la organización de una conferencia mundial negacionista organizada por el propio Gobierno iraní en diciembre de 2006.Según el ministro iraní de relaciones exteriores, "el objetivo de la conferencia no es negar o probar el holocausto, sino ofrecer la oportunidad a investigadores europeos de dar su punto de vista sobre este fenómeno histórico". El entonces ministro de Exteriores de Irán, Manuchehr Mottakí, también añadió en sus palabras de inauguración que "la simple pregunta del presidente iraní: ¿si el holocausto es un hecho histórico, por qué no puede ser estudiado?, provocó una ola de acusaciones contra Irán, sin una respuesta razonada". También acudieron miembros de Neturei Karta,una organización judía ultraortodoxa antisionistas de Europa y Estados Unidos quienes están en contra de la mismísima existencia del Estado de Israel, pero que sin embargo no cuestionan el Holocausto.

Negacionismo del Holocausto y antisemitismo

La Liga Antidifamación (ADL) publicó que "la negación del Holocausto es una muestra más de la doctrina antisemita clásica sobre la diabólica, manipulación y amenazante conspiración judía".El 10 de octubre de 2013, la Alianza Internacional de Recuerdo del Holocausto (IHRA), una asociación formada por expertos de 31 países para promover la memoria del Holocausto, adoptó una nueva definición de trabajo sobre el negacionismo del Holocausto. Dicha definición hace referencia a la base antisemita en la negación del Holocausto:

La negación del Holocausto es el discurso y la propaganda que niega la realidad histórica y el grado de exterminación de los judíos por los nazis y sus cómplices durante la Segunda Guerra Mundial, conocido como "Holocausto" o "Shoah". La negación del Holocausto se refiere específicamente a cualquier intento de reinvocación de que el Holocausto/Shoah nunca aconteció. La negación del Holocausto puede incluir la negación o el poner en duda en forma pública el uso de los principales mecanismos de destrucción (por ejemplo, cámaras de gas, asesinato, hambruna y tortura) o la intencionalidad del genocidio del pueblo judío . La negación del Holocausto, en sus diversas formas es una expresión del antisemitismo. El intento de negar el genocidio de los judíos es un esfuerzo de exonerar al Nacional Socialismo y al antisemitismo de su culpa y responsabilidad en el genocidio del pueblo judío . La negación del Holocausto también incluye el culpar a los judíos de exagerar o crear la Shoah para obtener beneficios políticos o financieros como si este fuera el resultado de una conspiración tramada por los judíos. Así, con el objetivo de hacer a los judíos culpables y al antisemitismo legítimo. Los objetivos de la negación del Holocausto generalmente son la rehabilitación de un antisemitismo explícito y la promoción de ideologías políticas y condiciones adecuadas para el advenimiento del mismo tipo de evento que niega.

Legislación frente al negacionismo del Holocausto

En muchos países, sobre todo europeos, el negacionismo en relación al Holocausto y a otros genocidios se considera una ofensa criminal. El Consejo de Europa lo define como "la negación, trivialización, justificación o aprobación en público de crímenes de genocidio, crímenes contra la humanidad".

Legislación Internacional

Un protocolo adicional a la Convención sobre el Cibercrimen del Consejo de Europa cubre específicamente la negación del Holocausto y de otros genocidios reconocidos como tales por tribunales internacionales desde 1945 (artículo 6, sección 1).

Legislaciones nacionales

En varios países se han promulgado leyes relacionadas con el negacionismo y la expresión de odio (bajo el cual se incluye el negacionismo) como la Loi Gayssot (aprobada en Francia, en 1990), que prohíbe toda expresión "racista, antisemita o xenófoba" y que contempla al menos tres años de cárcel a los negacionistas o personas que expresan dudas sobre el exterminio judío. En 1992, Austria promulgó una ley similar que contempla hasta diez años de cárcel hacia estas personas (artículo 3h Verbotsgesetz, 1947). La «Ley belga sobre Negacionismo» (aprobada en 1995) prohíbe el apoyo, justificación o negación pública del Holocausto en Bélgica. En Alemania está penalizada la negación o dudas del holocausto en público según el artículo 130 párrafo 3 (§ 130 Abs. 3) código penal alemán (Strafgesetzbuch) y se considera como "incitación al odio" (Volksverhetzung). Otros países que tipifican esta conducta como delito en su ordenamiento jurídico son: Suiza (artículo 261bis del Código Penal), Eslovaquia, República Checa, Lituania, Polonia, Canadá, Liechtenstein, Nueva Zelanda, Países Bajos, Rumania y Sudáfrica. Además, bajo la Ley 5710-1950 es también ilegal en Israel.

No sucede lo mismo en Estados Unidos, donde tiene su sede el denominado Institute for Historical Review (Instituto para la Revisión Histórica), considerado la principal organización negacionista del mundo. Estados Unidos considera que disposiciones como la del Consejo de Europa no son compatibles con su ordenamiento constitucional, por lo que no firmó el protocolo.

Entre los cargos comúnmente imputados a los negacionistas que son procesados ante los tribunales, se destacan: ridiculización u ofensa a las víctimas del Holocausto, difamación de la memoria de los muertos, incitación popular, instigación al odio racial, negación del asesinato de seis millones de judíos, negación del exterminio judío (negacionismo del Holocausto), publicación de falsas noticias, antisemitismo, apología del nazismo y apoyo o complicidad indirecta del genocidio. Uno de los casos más conocidos de procesamiento legal, además del de Ernst Zündel, fue el de David Irving quien fue condenado a tres años de prisión el 20 de febrero de 2006 por haber negado abiertamente el Holocausto en 1989.

Los negadores del Holocausto se defienden arguyendo que sus opiniones y obras están protegidas por los tratados europeos sobre libertad de expresión, o como por ejemplo por el artículo 19º de la Declaración Universal de los Derechos Humanos, y que la existencia de estas leyes en su contra, confirmaría una censura deliberada sobre el tema, y opinan que si ellos estuvieran equivocados en sus opiniones, no habría razón para que tales leyes existieran. Algunas personalidades que no niegan el Holocausto defienden el derecho de los negacionistas a difundir sus ideas, como el caso de Noam Chomsky, que se opone a las leyes anti-negacionistas (véase caso Faurisson) en defensa de la libertad de expresión, o Deborah Lipstadt, quien a pesar de su agrio historial con Irving se ha pronunciado contra de la decisión del tribunal austríaco. "Me siento incómoda con que se encarcele a las personas por su discurso. Que le dejen marchar y desvanecerse de todas las pantallas de radar."

En noviembre de 2007 el Tribunal Constitucional de España declaró en una sentencia que castigar la difusión de ideas o doctrinas que cuestionen o nieguen el genocidio supone una vulneración del derecho a la libertad de expresión. La resolución avala la constitucionalidad del artículo 607.2 del Código Penal, que castiga la difusión "por cualquier medio" de ideas o doctrinas que justifiquen el genocidio, pero declara nula la referencia a la difusión de argumentos que cuestionen o nieguen esos hechos, e inconstitucional su sanción penal.

En julio de 2015 el Parlamento español, con los votos a favor del PP y UPN, aprobó una reforma del código penal que, entre otros delitos, persigue expresamente a los negacionistas del Holocausto. Los artículos 510, 510-bis, 511, 512, 515 y 607 del código penal castigan la incitación al odio, violencia y discriminación por motivos étnicos, religiosos, minusvalía, orientación sexual, etc, y la negación o enaltecimiento de delitos de genocidio o sus autores.

Negación del Holocausto en los países árabes

La Negación del Holocausto ha sido regularmente promovida por varios líderes árabes y en diversos medios de comunicación en todo el Oriente Medio.39 La prensa financiada por el gobierno de Arabia Saudita rutinariamente niega la existencia del Holocausto, o minimiza su importancia.El gobierno sirio, así como el grupo político palestino Hamas, han publicado recientemente declaraciones negando el Holocausto.

En agosto de 2002, el Centro Zayed para la Coordinación y Seguimiento, un think-tank de la Liga Árabe, cuyo presidente, Sultán Bin Zayed Al Nahayan, ejerció como vice primer ministro de los Emiratos Árabes Unidos, promovió un simposio de la negación del Holocausto en Abu Dhabi.

Los líderes de Hamas han promovido también la negación del Holocausto: Abdel Aziz al-Rantisi declaró que el Holocausto nunca ocurrió, que los sionistas estaban detrás de la acción de los nazis, y que los sionistas financiaron el nazismo.43 Un comunicado de prensa por parte de Hamás en abril de 2000 desestimó "el llamado Holocausto, que es una historia supuesta e inventada sin fundamento".

La negación del Holocausto ha sido resistida por destacadas figuras intelectuales del mundo árabe. En el 2001, una protesta encabezada por el poeta palestino Mahmoud Darwish, el escritor libanés Elias Khoury y otros provocó la cancelación de una Conferencia sobre la Negación del Holocausto que la organización Institute for Historical Review había planeado celebrar en Beirut.

Revisionismo Histórico

El revisionismo histórico es el estudio y reinterpretación de la historia. Tiene un uso académico legítimo y otro peyorativo. Su uso académico se refiere a la reinterpretación de hechos históricos a la luz de nuevos datos, o nuevos análisis más precisos o menos sesgados de datos conocidos.

El revisionismo presupone que entre los historiadores, o el público general, existe una forma generalmente aceptada de entender un acontecimiento o un proceso histórico y que hay razones para ponerla en duda. Esas razones pueden ser de distinto tipo: la puesta en valor de nuevos documentos, el cambio de paradigma historiográfico; o también el cambio de los valores desde los que se observa el pasado. En los casos de revisionismo no académico o pseudocientífico suele acusarse a quien lo practica de dedicarse al uso político de la historia y de no respetar la neutralidad y el espíritu crítico en la relación con las fuentes considerados básicos en el trabajo del historiador.

El revisionismo académico

En el ámbito académico, la revisión de las formas de entender el pasado forma parte de la tarea del historiador profesional. Una de las grandes polémicas revisionistas vino con el segundo centenario de la Revolución francesa, con la llamada querella de los historiadores. Las explicaciones estructurales y marxistas de la década de 1960 fueron puestas en duda por historiadores que enfatizaban las decisiones políticas y la ideología, y que colocaban al terror como su motor explicativo.A partir de esta polémica ha sido habitual en algunos ámbitos académicos denominar revisionistas a los historiadores que utilizan explicaciones de los procesos históricos en términos de cultura política, ideología y decisión, en vez de estructuras sociales y condicionantes económicos.

En el mundo anglosajón y en menor medida el francófono es muy común que la palabra revisionismo aparezca en el título de obras académicas haciendo referencia a su sentido más literal. Por ejemplo, S. P. MacKenzie, un historiador militar estadounidense, se sintió incómodo con el trato que la historiografía daba al compromiso de los soldados con la causa en los ejércitos revolucionarios. Ya fuese el ejército puritano de Cromwell, el de la leva en masa de la Revolución francesa, el Ejército Libertador de Simón Bolívar, las Brigadas Internacionales en la guerra civil española, o las Waffen-SS de la Alemania nazi durante la Segunda Guerra Mundial, le pareció que en demasiadas ocasiones se atribuían sus buenos resultados militares al compromiso ideológico de los soldados y no a su número, su armamento, o a la pericia de los oficiales. Emprendió entonces una tarea revisionista: se documentó sobre esas unidades militares y su comportamiento en diferentes batallas, victorias y derrotas, y lo comparó con el de las unidades regulares. El resultado le pareció inequívoco: los historiadores en muchas ocasiones habían atribuido los éxitos militares de esas unidades al compromiso de los soldados, aunque la comparación sistemática muestra que en circunstancias similares un ejército regular hubiese vencido de la misma manera.

A veces, el simple paso del tiempo permite cambiar la perspectiva a la comunidad historiadores, pues un punto de llegada diferente invita a evaluar de forma nueva la trayectoria histórica pasada. Por ejemplo, parte de la historia económica y política española de la década de 1960 comparaba la España de Franco con las democracias europeas y veía la trayectoria del país desde siglo XIX como un fracaso: fracaso de la industrialización, fracaso del liberalismo político.3 Durante la década de 1990, desde los mismos valores se podía mirar al pasado, en especial al período de la restauración (1874-1923) y encontrar muchos rasgos positivos que permitieron desembocar a finales del siglo XX en una democracia avanzada. En vez de buscar en la historia los elementos que explicaban el punto de llegada «fracaso» (como la inexistencia de una revolución burguesa), algunos historiadores revisaron la historia y buscaron precursores del «éxito» (Como la práctica parlamentaria casi ininterrumpida entre 1834 y 1923).Estos cambios de interpretación suelen venir acompañados de controversia historiográfica dentro del mundo académico.

El revisionismo no académico y pseudocientífico

Por otra parte, la actividad de revisar el pasado la puede practicar cualquier periodista o investigador aficionado y, salvo en casos excepcionales, está protegida por la libertad de pensamiento y expresión. Además, como la historia es un terreno fecundo para la controversia política y en muchas ocasiones la legitimidad de apuestas políticas del presente se fundamenta en trayectorias históricas del pasado, la revisión histórica puede estar cargada de polémica. (v. Uso político de la historia). Casos famosos, como el del Negacionismo del Holocausto (que niega la existencia de un plan para el exterminio de los judíos en la Alemania Nazi), han dado lugar a legislación en algunos países que tratan esa versión de la historia como delito, considerando que se trata una de «una mentira deliberada, con fines políticos, que no tiene nada que ver con interpretar la evidencia histórica y, en cambio, se aproxima a la apología de un régimen criminal».

En ocasiones, las fronteras entre el revisionismo académico y el seudocientífico son objeto de disputa. A priori, los revisionistas externos al mundo académico pueden hacer un trabajo excelente en términos historiográficos. Del mismo modo, un historiador académico puede trabajar fuera del canon historiográfico y convertirse en una suerte de revisionista no académico. Sin embargo, los revisionistas que han alcanzado mayor resonancia en la opinión pública normalmente se han beneficiado más de la existencia de un público o grupo mediático ávido de polémica, que no de una aportación original al conocimiento histórico. La figura del revisionista no académico suele presentarse como un Quijote que se esfuerza por hacer aparecer una supuesta verdad frente a un establishment que le margina. Algunos editores de historiadores académicos también han descubierto que entrar en polémica con estas figuras mediáticas les sirve para vender más libros.

Las críticas al revisionismo no académico desde la historiografía profesional suelen hacer referencia su carácter seudocientífico, por la utilización fraudulenta de los mecanismos de verosimilitud con los que se construye un discurso histórico:

Utilización acrítica de documentos.
Uso de citas falsas o forzadas.
Falta de contextualización o desvalorización caprichosa de información relevante.

En contrapartida, las críticas a la historiografía académica suelen aducir que ésta nunca ha estado libre de prejuicios ideológicos, y que, por otra parte, cuando se construye como discurso científico neutro no suele interesar al público general y falla en su compromiso cívico.

Corrientes principales de revisionismo histórico

Argentina

En la Argentina, el revisionismo histórico, muchas veces actuando como sostén intelectual del peronismo, se centró en la reivindicación de la figura de Juan Manuel de Rosas y otros caudillos, enfrentándose con la historiografía oficial fundada sobre la obra de Bartolomé Mitre. Esta corriente es también muy crítica de la posición argentina durante la Guerra de la Triple Alianza. Entre los historiadores revisionistas se destacan José María Rosa, Manuel Gálvez, Raúl Scalabrini Ortiz, Milcíades Peña, Rodolfo Puiggrós, Abelardo Ramos, Fermín Chávez, Norberto Galasso, etc.

España

En España, durante la década de los 60 del pasado siglo se empezó a cuestionar la interpretación oficial sobre la Guerra Civil Española (la guerra como «Cruzada» y la sublevación como «Alzamiento nacional») y la década de 1930 empezó a ser tratada como objeto de la historia y no de la propaganda política. Durante la Transición, la concepción de la Guerra Civil como producto de una rebelión militar contra el régimen democrático legítimo (la II República) se convirtió en una versión consensuada, que a su vez sería puesta en cuestión por escritores revisionistas a finales de los años 90. Estos revisionistas afirman que la Guerra Civil Española comenzó en 1934 y no con el Pronunciamiento del 17 y 18 de julio de 1936. Dicha tesis arguye que la izquierda, en particular el PSOE y ERC, conspiró contra la legalidad republicana para imponer un régimen revolucionario que aplastara a la derecha. Según los autores revisionistas, estas intenciones se materializarían en la Revolución de 1934 tras la no aceptación por la izquierda de la victoria de la derecha en las elecciones de 1933, lo que habría motivado y justificado una reacción en respuesta: la sublevación militar del 18 de julio de 1936. Los escritores Pío Moa y César Vidal son los más conocidos difusores de esta corriente, apoyada también por Stanley G. Payne. Una mayoría de historiadores como Paul Preston, Javier Tusell o Ian Gibson se oponen a este revisionismo, amen de negarle originalidad al señalar que recupera argumentaciones franquistas. Más allá de los orígenes de la Guerra Civil, puede decirse que también ha habido una revisión del uso político de la historia en los libros escolares del franquismo.

A mediados del siglo XX surge una corriente historiográfica, aún activa, que intenta ofrecer y divulgar una visión diferente de la conquista árabe-islámica de la península ibérica en el siglo VII, así como del propio proceso de la Reconquista. Esta teoría, de facto, niega que se produjese tal invasión en el citado siglo, sino más bien una lenta islamización y arabización de la población local peninsular (culminadas en el siglo X con el Califato de Córdoba) a partir de la prolongada situación de vacío político originada por el derrumbe del Reino visigodo. Figuras eminentes de esta corriente son el paleontólogo Ignacio Olagüe (que expuso estas teorías en su célebre ensayo La revolución islámica en Occidente), el arabista Emilio González Ferrín (autor de una Historia general de Al Andalus donde ahonda en las teorías del anterior) y, sólo en cierta medida, el hispanista americano Thomas F. Glick. Estas tesis han tenido peso y tienen aún hoy mucho eco en el andalucismo político, así como en ciertos medios académicos del mundo musulmán.

Estados Unidos

Otros casos de revisionismo histórico son los grupos afrocentristas norteamericanos, con teorías como un Egipto clásico de raza negra, implicando que la cultura europea tiene su origen en profundas raíces africanas.

México

En México, se considera revisionista a Salvador Borrego E., cuyas obras (por ejemplo, Derrota Mundial, América Peligra e Infiltración Mundial) han recibido fuertes críticas por su presunto antisemitismo debido a que coloca a los capitales e ideología judía internacional como los causantes de la Segunda Guerra Mundial.

Unión Soviética

En la antigua Unión Soviética, durante el gobierno de Stalin se produjeron diferentes movimientos revisionistas para ignorar o minimizar hechos desagradables del pasado en diferentes actos de propaganda.

Negacionismo del Holocausto

El negacionismo del Holocausto, surgido prácticamente desde el fin de la II Guerra Mundial, es una corriente que cuestiona la realidad acerca del exterminio judío. Actualmente esta corriente es considerada delito en varios países, entre ellos Alemania, Francia, Canadá, Austria e Israel.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Pentagrama Invertido


O pentagrama é basicamente uma figura geométrica plana em forma de estrela com cinco pontas. O traço único de seu desenho indica uma linha contínua, sem início ou fim e se a estendêssemos sobre uma mesa, como a um barbante, poderíamos formar um círculo.
É conhecido por diversos nomes dentro das diversas tradições mágickas, ocultistas e espirituais existentes: Símbolo de Baphomet, Adam Belial, Pentagrama, Estrela Flamejante, Bode de Mendes, Bode Preto e muitos outros.

O ocultismo ocidental da “falsa luz” o interpreta basicamente de duas maneiras. O desenho do pentagrama com uma das pontas voltada para cima simbolizaria o Espírito dominando os quatro elementos.

o desenho com uma das pontas voltadas para baixo representaria o Espírito dominado pelos elementos mais grosseiros de sua própria constituição. Um pentagrama invertido representaria ainda a negação de alguma “trindade sagrada” segundo famosos escritores satanistas, muito embora não vejamos nenhuma relevância em trindades de religiões e correntes espirituais obscuras, controversas e torpes como as cristãs, por exemplo, que precisem ser negadas necessariamente.
O pentagrama simboliza o microcosmo (pequeno mundo) e o microprósopo (pequena face) que, segundo o simbolismo qabalístico e alquímico, são a imagem e a semelhança do macrocosmo (universo ou grande mundo) e do macroprósopo (grande face). A interpretação para essa sentença deve ser estruturada sob a luz da qabalah, ao invés do engodo infeliz das associações “espirituais” da ignorância.

O Homem possui em si, de maneira proporcional, todos os elementos do universo, sendo ele mesmo um universo único que pode ser comparado ao Grande Universo Ilimitado.

Ao Homem cabe a tarefa de construir e expandir seu próprio universo, assim como a tarefa única de sua própria evolução, ou como diriam os adeptos da “falsa luz”, sua própria “redenção”.

Considerando o símbolo dentro da Espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz, não podemos admitir que o mesmo represente o homem dominado por seus instintos grotescos, animais, primitivos e grosseiros. Seria o mesmo que atestarmos nossa fraqueza diante dos elementos que constituem nosso Ser, elementos que não negamos e procuramos não refrear em demasia, elementos pesados na balança da alta Sabedoria e da própria Vida.

Na Espiritualidade “Luciferiana” procuramos estar além da relatividade do Bem e do Mal, além das limitações impostas por dogmatismos esdrúxulos de Branco e Preto. Nossas cabeças acima dos céus e nossos pés abaixo dos infernos!

O Pentagrama representa o número 5, a união do 2 e do 3, um princípio feminino (2) acrescido de um princípio masculino, fálico (3). O Homem comum possui 5 sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. Há 5 dedos em cada mão. Na antiga astrologia havia 5 planetas errantes. A décima sephirah é Malkut e seu número místico é 55 (um duplo 5). O 5 é o número que divide o 10 de maneira perfeita, sendo o 10 o número do Ciclo Eterno. O 5 representa a Essência, o Espírito daquele que incorre nas quatro provas fundamentais do ocultismo: Querer, Saber, Ousar e Calar. O 5 é o facho luminoso que se desprende entre os 4 chifres da Divindade, coroando as 4 virtudes do Homem, a saber: Fé, Inteligência, Força e Sabedoria.

O 5 é o valor gemátrico da letra hebraica Heh, o recipiente e o reprodutor das formas.

As armas elementais são 5: a Espada (Ar), o Pentáculo (Terra), o Bastão (Fogo), o Cálice (Água/Sangue) e a Lâmpada (Espírito).



O pentagrama era o emblema da escola pitagórica e nele encontramos a Razão Áurea, como apresentado na figura abaixo:



Dividindo 228,25356 pela somatória de 87,1851 e 53,88336 obtemos 1,618033 (Razão Áurea).

Obtemos o mesmo valor dividindo 87,1851 por 53,88336.

Não importa a dimensão do pentagrama, se ele for construído simetricamente, a Razão Áurea estará nele.

A Razão Áurea está presente no Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci; nas linhas imaginárias que ligam nossos dedos; nas escamas dos peixes; no marfim dos elefantes; no crescimento das plantas; no Parthenon construído por Phidias.

O pentagrama é também o símbolo de Adam Belial (o Homem Decaído), de Adam Cadmo (o Homem Redimido) e de Adam Protoplasta (a primeira forma do homem), conceitos qabalísticos que também são utilizados para representar o Homem que se espelha em determinadas virtudes e na essência dos caminhos espirituais que “escolheu” seguir ou naqueles em que ele se “espelha essencialmente”.

A ponta inferior do pentagrama “invertido” representa a queda auto infligida pela própria vontade consciente do Homem para dentro de seus planos interiores obscuros e ctónicos. Representa a descida aos mundos inferiores, erroneamente associados à involução espiritual. É também uma alusão à cauda demoníaca que representa a exacerbada espiritualidade da Luz através de Kundartiguador, símbolo da Iluminação alcançada pela vitoriosa exploração e despertar dos chakras (a Kundalini “ao revés”, se preferirem).

Um dos pentagramas mais difundidos foi utilizado e “registrado em cartório” por Anton S. La Vey, sendo que a Church of Satan possui seus “direitos autorais”. Trata-se do símbolo de Baphomet, segundo a definição da Bíblia Satânica.

Baphomet, o andrógino incompreendido, “emprestou” seu nome ao pentagrama, embora sua cabeça não seja necessariamente a cabeça de um bode.

A figura híbrida, imortalizada pela recriação de Eliphas Levi, se tornou uma espécie de ícone satânico, principalmente pela herança medieval dos Cavaleiros Templários. Perseguidos pela Igreja, os Cavaleiros foram torturados e queimados por toda a Europa. Em suas confissões figuravam festins diabólicos presididos por Baphomet. A cerimônia Templária do beijo obsceno inspirou a imaginação de centenas de artistas pelo mundo afora e, numa criação de um “deus macaco”, surgiram estigmas diabólicos e outras imitações bizarras de um deus ainda mais bizarro.

Tradicionalmente, o Osculum Obscenum representaria a fidelidade do Adepto ao “Demônio”. Em antigas interpretações da cerimônia dizia-se que o “beijo da obediência” era dado na face mais bela e oculta. Há citações sobre um rosto escondido que ocuparia o local do ânus, o que justificaria a disposição para o ato. É um símbolo da admissão do adepto ao interior, ao inferior e ao heterodoxo.

A cabeça de Baphomet segundo o desenho de Levi, é formada por caracteres de animais sagrados em antigas tradições, entre eles estão: o burro, o bode, o cão, o touro e o homem. Seus chifres representam as virtudes do Homem. O archote luminoso representa a onisciência auto criada. As mãos humanas representam o trabalho. Os seios revelam os sinais da criação e da maternidade. Seu colo está coberto para ocultar os mistérios da criação universal. De seu manto se ergue um caduceu hermético. O pentagrama em sua fronte representa a inteligência humana.

Baphomet é considerado o guardião da chave do templo e o lado Obscuro da face divina.

Embora a literatura ocultista possua centenas de interpretações para Baphomet, não há evidências históricas que possam corroborar a origem do mito, da imagem ou de seu culto. Há muitas conjecturas e muitas hipóteses relevantes, cabendo somente ao próprio Iniciado o trabalho de reunir os elementos fundamentais para uma compreensão adequada ou assimilar as interpretações clássicas daqueles que nos procederam.

O bode representa os instintos carnais exaltados, a licenciosidade, a luxúria, a força bruta e a persistência, características inerentes, embora não dominantes na constituição da espiritualidade Luciferiana.

Em antigas celebrações judaicas, na cidade de Mendes, dois bodes eram consagrados, um para representar a pureza e outro a impureza. O puro era sacrificado e o impuro era posto em liberdade sob o pretexto da “expiação dos pecados”, esse era o Bode de Mendes. Pode-se aludir à benção de Caim, que para ser ouvido, derramou o sangue de seu irmão Abel, sendo depois marcado na fronte para que ninguém o ferisse.

Ao redor do Símbolo de Baphomet tradicional, como o utilizado pela Church of Satan, está escrito o nome Leviathan em hebraico.

O nome Leviathan é citado no Velho Testamento por 5 vezes, sendo que os primeiros cinco capítulos que o compõe são chamados de Pentateuco.

Segundo a mitologia hebraica e o Zohar, Leviathan foi criado no 5° dia e ele representa as forças pré-existentes do caos.

O valor gemátrico da palavra Leviathan é 496, o que a torna equivalente à palavra Malkut, cujo valor gemátrico também é 496. Malkut é a Esfera do planeta Terra e também sua Alma, local onde “habitamos”.

O Zohar diz que Leviathan foi criado como um monstro marinho. Ele é associado ao Dragão Theli e é o Arqui-Demônio que melhor representa Malkunofat, o 23° kala ou Túnel de Set (2+3=5). Malkunofat é conhecido como a morada dos Profundos, identificados com os deuses e demônios ctónicos.



Na antiga mitologia hebraica, Leviathan está associado aos peixes marinhos da mesma forma que Behemoth é associado aos animais terrestres. A palavra e a letra hebraica “Num” significam peixe e “Mem” as águas do oceano. O peixe nada coberto pelas águas do mundo oculto. A água é também o sangue, o elemento que compõe oceanos fluídicos para a exploração dos Túneis de Set.

Concluímos então que a ponta inferior do pentagrama também representa essa jornada de queda auto infligida, rumo às regiões do submundo, do inconsciente e das profundezas abissais dos oceanos fluídicos. Uma das tarefas primordiais e primárias do Iniciado é a conquista do plano material associado à Malkut. O indivíduo deve se tornar mestre de seu redor e de si mesmo antes de se lançar abruptamente nos caminhos da magia e da espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz. Como alguém poderia querer dominar a energia, as forças da natureza e a tenebrosa Sombra sem antes compreender e dominar as forças que atuam em si mesmo?

Os rituais do pentagrama costumam ser a maneira mais difundida para ajudar o Iniciado a compreender e a dominar os elementos fundamentais “presentes” em Malkut. Aleister Crowley atribuía significado especial ao ritual do pentagrama menor, sobre o qual escreveu: “Aqueles que consideram esse ritual como um mero artifício para invocar ou banir espíritos não são merecedores de possuí-lo. Propriamente entendido, ele é a Medicina dos Metais e a Pedra do Sábio.”.

Texto e pantáculo de apresentação por PHARZHUPH, Lucifer Luciferax III

Kenneth Grant O Renascer da Magia



De modo extremamente resumido, pode-se dizer que "O renascer da magia" pretende, através de uma espécie de história das idéias mágicas, estabelecer o vínculo existente entre o sistema crowleyneano e o culto a Shaitan, cuja origem se perde nos aeons passados e remonta a períodos incrivelmente longínquos, anteriores mesmo aos acádios e sumérios. Esse culto antiquíssimo originou, milênios mais tarde, o culto egípcio a Set, onde a invocação preliminar da Goétia do Rei Salomão tem sua origem e, através desta, a Goétia medieval. Crowley e Thelema representam, portanto, o renascimento de uma corrente mágica tão (ou mais) antiga que a própria humanidade.

Esse renascimento ocorreu, segundo Crowley, em 1904, na assim chamada Operação do Cairo. Durante os dias 8 a 10 de abril daquele ano, entre o meio-dia e uma hora da tarde, o Sacerdote e Escriba dos Príncipes Ankh-af-na-Khonsu (o Sagrado Anjo Guardião de Crowley) recebeu da entidade praeter-humana Aiwass os três capítulos que resumem o Liber Al Vel Legis, iniciando assim uma corrente oculta de magnitude cósmica que seguiu ao equinócio dos deuses e o fim da castradora Era de Peixes. A operação do Cairo é o marco do advento da Era de Aquário e o resgate da liberdade e da sexualidade mágicas.

Os símbolos das divindades empregados por Crowley ao se referir a esse renascimento são praticamente todos do panteão egípcio. O sistema thelêmico tem como essência a ação recíproca e equilibrada entre "o puxão demoníaco para baixo e ascensão espiritual", utilizando majoritariamente métodos de Mão Esquerda e, talvez por isso mesmo, promoveu a subversão de todos os sistemas mágickos, preparando o terreno para o sucumbir de todas as verdades cristalizadas. Por tal razão, embora os termos egípcios prevaleçam, o uso dessas formas-deus tem relação direta com a filiação draco-tifoniana que se pretendia dar a Thelema, mesmo sabendo que essas forças ancestrais tenham assumido muitos e diferentes nomes ao longo dos aeons e culturas. Dentre os nomes recorrentes em todo o livro estão:

Nuit: a consciência e subjetividade absolutas. A imensidão do cosmo, infinito, noite sem fim, nada absoluto, ausência de pensamento;

Hadit: é a manifestação da consciência, a objetividade concreta, o impulso criador. Seus símbolos são o falo e a Besta;

Ra-Hoor-Khuit: o reflexo de Hadit na forma do universo objetivo. Filho de Hadit e Nuit;

Babalon: Lua, Mulher Escarlate, a escuridão da matéria, o mênstruo lunar, fertilidade;

Hoor-paar-kraat (Hipócrates ou Harpócrates): Aiwazz, Set;

Aeon: palavras com diversos sentidos em todo o livro. Significa ciclo de tempo (sempre muito longo) e também é nome do deus fálico-solar dos illuminati. É empregado intercambiavelmente com Abrasax, divindade com corpo de serpente e cabeça de leão dos gnósticos, e também com Harpócrates. De Abrasax se desenvolveu a palavra ABRAHADABRA, que resume todos esses conceitos.

Esses nomes simbolizam forças e tendências que no aeon atual – o Aeon de Hórus – atuarão como pólos restauradores das antigas tradições sumérias. Desses nomes, o principal é Set:

“No aeon anterior (de Osíris), Set ou Satã era considerado maligno, pois a natureza do Desejo era mal compreendida; ele era identificado com o diabo e o mal moral. No entanto, este diabo, Satã, é a verdadeira fórmula da iniciação. Chamado de maligno para esconder sua santidade, é o desejo que incita o homem a conhecer a si próprio – através de outrem (ou seja, através de seu próprio duplo ou “diable”). Quando a necessidade é voltada para dentro ao invés de para fora, como normalmente ocorre, o ego morre e o universo objetivo se dissolve. À luz dessa iluminação, a realidade, a gnose, é tudo o que resta” (página 26)

Set, Shaitan, Satã: nomes diferentes, mesmo significado ancestral. Sua raiz etimológica remonta ao simbolismo – antiquíssimo, perdido nas umbras da pré-história e do mito – do número 7. Os cálculos mais antigos do tempo não eram baseados no tempo solar, mas sim na movimentação das estrelas e especialmente a revolução da serpente (Draco ou Nuit) em torno da Canícula (Hadit). Set, a estrela de Sothis, é o nome do número sete, número de Sevekh ou Vênus, que muito mais tarde se transformou no correspondente planetário dos conceitos estelares originais. A estrela de sete raios de Babalon se filia a essa mesma simbologia, assim como a Besta de Sete Cabeças (as setes estrelas da Ursa Maior). Nota-se que essas luzes não eram nem o Sol nem a Lua, mas conceitos estelares anteriores. Set e Hórus, antes considerados como poderes iguais brigando pela supremacia das águas do espaço, começaram a se tornar cada vez mais dissociados entre si, conforme ocorria a migração dos homens rumo ao norte africano. Antes cíclico, o poder entre os deuses pendeu para Hórus, como supremo e ressurgente Sol/Filho da Mãe (Nuit) enquanto Set ficou abaixo da linha do horizonte como senhor dos Infernos. Os deuses gêmeos se atomizaram em aspectos excludentes, com a “vitória” de Hórus. Set, considerado no Sul o deus do Verão, com a migração dos povos ao norte associa-se ao inverno e transforma-se em sinônimo de escuridão e morte. Passa-se de uma concepção de tempo estelar para uma solar-lunar que, posteriormente, com a descoberta de que o brilho da Lua provinha na verdade do Sol, foi aniquilada, com a preponderância desse último. Assim, a Lua foi degradada e ignorada como as estrelas anteriormente, e anatemizada como um repositório de forças malignas e incontroláveis. No Livro dos Mortos, Set é descrito como tendo um rosto avermelhado; tal característica o fila ao sangue menstrual e lunar como fonte de criação. Nuit diz que a cor de Set “é negra para o cego, mas azul e ouro são vistos pelo vidente” (azul é a cor de Júpiter, ouro se relaciona com o Sol). Os cultos solares – neles incluídos o cristianismo – atribuem ao lado negro das forças espirituais uma coleção infinita de simbologias negativas, como forma de instigar o medo e impedir que os homens tenham acesso ao saber que dali emana. Mais de uma cultura já retratou isso em suas mitologias: que um conhecimento vasto, antigo e superior se encontra interdito aos homens comuns, protegido pelos mais mortíferos perigos. Esses perigos advém de fontes distintas, sendo que uma delas é a pesada carga simbólica que os cultos dos deuses ressuscitados, alimentada por milênios de culpa e preces motivadas por pensamentos amedrontados, reuniu ao redor de si: um amontoado de forças malignas e seres de baixa frequência que arrastam os homens aos seus labirintos de agonia. O pentagrama invertido de Set-Shaitan, cuja ponta para baixo indica o Sul – sua morada ancestral no solstício de inverno – é o símbolo do Grande Iniciador, daquele que promove o acesso ao conhecimento oculto que, vencidos os perigos que o circundam, permite ao homens realizar sua essência divina.

A realização da centelha divina passa, portanto, pela iniciação, experiência transfiguradora que desperta as potencialidades silenciadas no homem. J. W. Parsons, citado por Grant, é brilhante na explicação de seu significado:

“Para ir fundo é necessário rejeitar cada fenômeno, cada iluminação, cada êxtase, indo sempre para baixo, até chegar aos últimos avatares dos símbolos que também são os arquétipos raciais: neste sacrifício aos deuses abismais está a apoteose que os transmuta em beleza e no poder que é a sua eternidade, e na redenção da espécie humana. Neurose e iniciação são a mesma coisa, exceto que a neurose não prossegue além da apoteose, e as forças tremendas que moldam toda a vida estão conquistadas – curto-circuitadas e feitas venenosas. A psicanálise transforma os falsos símbolos do ego e os exterioriza em falsos símbolos sociais; é uma confusão de conformidade e cura em termos de comportamento de grupo. Mas a iniciação deve prosseguir até que a barreira seja ultrapassada, até que os nebulosos bastiões dos infantis Trawenfells se tornem as rochas e penhascos da eternidade” (52)

Iniciação como experiência radical para além de toda segurança emocional/social/pessoal. Experiência limite, apaga as fronteiras entre o eu e o outro, não para nos arremessar em uma amorfa comunhão hippie com o cosmo, mas para evidenciar que não somos nem Isso nem Aquilo mas um elemento antigo e novo ao mesmo tempo, imutável e também em constante transformação. Dos destroços da Personalidade Tirânica criada pela demência demiúrgica brota, através da iniciação, a Vontade Única que eleva os iniciado a um patamar onde começa a caminhada para o além-do-humano. Dentro da esfera de influência das religiões dos deuses ressuscitados (Osíris, Jesus, Odin, etc) não há formas de se alcançar tal nível de evolução espiritual. As religiões do Livro são as piores nesse sentido: castradoras em sua essência, condenam a sexualidade e maculam a mulher como um poço de desejos irracionais e animalescos, colocando uma interdição fundamental ao maior dos portais para a prática mágica e realização do divino – o sexo.

Convém agora falarmos um pouco sobre a figura feminina e seu papel no sistema mágicko de Crowley. Como dito anteriormente, a Era de Aquário representa a restauração da liberdade e da sexualidade mágickas, perdida aeons atrás, e objeto de interdição pelas religiões dos deuses ressuscitados. Nesse contexto, a mulher tem um especial valor, como repositória da voluptuosidade potencialmente mágicka. O símbolo da Mulher Escarlate é marcante nesse contexto. Segundo Crowley, determinadas características indicam na mulher a aptidão para a prática mágicka, tanto físicas (formas avantajadas, olhos brilhantes, cabelos volumosos) como morais (comportamento libertino e independente). Nas palavras de Crowley:

“Como a Mulher Escarlate, cavalgando a Besta, está indo, bebendo o sangue vital dos santos; adúltera; senhora da mudança, da energia, da vida; enquanto a “mulher modesta”, “Maria inviolada”, é fechada, estagnante; impotência e morte (...) Assim a mulher modesta, a mãe, é para mim um símbolo da derrota e da morte; a mulher escarlate que cavalga a grande besta selvagem, que drena o sangue dos santos em sua taça, que é adúltera, que exige a mudança, é a vitória e a vida”

A mulher liberada e dona do próprio prazer aproxima-se do conceito da prostituta, entendida aqui como veículo da lascívia que, canalizada magickamente, proporciona transformações na consciência e gnose espiritual. Entretanto, tal conceito também tem uma outra acepção, que vincula a prostituta com a magia negra e a feitiçaria envolvendo entidades como Equidna, Melusina, Lâmia e certos aspectos destrutivos e viciosos de Kali e Kundry. Nessa rubrica, a prostituta se configura como portal para um tipo de lascívia exclusivamente carnal e estéril. O sexo, portanto, é uma via de acesso poderosa, mas também perigosa, onde o magista deve aprender a canalizar sua vontade para além do Desejo, sublimando-o (o Caminho da Mão Esquerda é sempre assim: iluminação poderosa, mas que se conquista através de provações extremas). É essa sublimação que Austin Osman Spare alude ao dizer: “Ao desvincular-se de concepção a crença e o sêmen, estes se tornam simples e cósmicos”. Somente quando se torna cósmico o êxtase, que caracteriza Kia, é capaz de despertar a consciência individual; nesse ponto não se trata mais de consciência personalizada (e por isso limitada) mas sim cósmica e livre para desfrutar-se eternamente. O desejo deve abraçar tudo, até esquecer a si mesmo e tornar-se nada.

É por isso que na busca spareana de “insaciedade de desejo, autoindulgência valente e sexualismo primevo”, a figura da bruxa é colocada de modo bastante, digamos, interessante: para Spare a bruxa precisa necessariamente ser “mundana e libidinosamente entendida” mas também “tão sexualmente atraente quanto um cadáver”. Justamente por suas características abomináveis, ela se torna o veículo completo da consumação, destruindo toda e qualquer cultura estética pessoal, tornando a mente e o desejo amorais, liberando o sexo do desejo mundo e o ego de suas prisões demiúrgicas. Nesse sentido, Spare se distancia de Crowley na forma de sublimação do desejo.

Gnose Luciferiana



“A mente é seu próprio lugar, e dentro de si
Pode fazer um Inferno do Céu, do Céu um Inferno”
(Paraíso Perdido, John Milton)



A Origem do Arquétipo



Entre as fontes da palavra “Lúficer” a mencionada mais frequentemente é a antiga poesia Romana. Lá ela significa “a estrela da manhã” e está relacionada ao termo Grego “eosphoros” (“portador da Aurora”). Aparece na Odisseia de Homero, Teogonia de Hesíodo, Geórgicas de Virgílio, e Metamorfoses de Ovídio. E apesar de “a estrela da manhã” ser mais frequentemente identificada com Vênus, há também teorias de que este termo se refere ao antigo deus da luz, também relacionado com este planeta. Na Grécia antiga este conceito foi  simbolizado por duas divindades: Eosphoro (Phosphoros) e Hespero (Vesper, Nocturnus, Noctifer), que correspondem a dois aspectos distintos de Vênus: A Estrela da Manhã que aparece na aurora, e a sua luz na escuridão da noite. A descrição desses dois irmãos divinos é encontrada na Ilíada, quando Phosphoros emerge do oceano para proclamar a vinda da luz divina, enquanto Hespero é visto como a mais esplêndida estrela no céu noturno. Phosphoros, o deus da aurora, era o filho da deusa Eos. Ele era retratado como um menino alado desnudo com uma tocha, em frente de sua mãe ou do deus sol Helios. A tradução Romana do nome “Phosphoros” é “Lúcifer”.

Este mito pode ser a mais primitiva fonte da lenda sobre este anjo brilhante. Mas nós não podemos esquecer sobre outro conto Grego com esta figura nas interpretações modernas. Esta, claro, é a famosa história de Prometeu. Deixe-nos relembrar rapidamente esta lenda mítica: Prometeu foi um dos Titãs e o criador da humanidade a quem moldou da argila misturada com lágrimas, e cuja alma era a centelha do fogo divino que o Titã roubou da carruagem do Sol. Então, vendo que o homem é fraco, ele roubou o fogo dos deuses novamente e o trouxe para a terra. Ele ensinou aos humanos como usar o fogo para criar artes e ofícios. Desta maneira ele despertou o espírito humano e deu à humanidade o potencial para governar o mundo. Por seu amor aos humanos ele foi severamente punido pelos deuses: eles o acorrentaram a uma rocha e todos os dias seu fígado era devorado por uma águia (ou um abutre) e crescia novamente para que esta dor pudesse durar para sempre. Esta lenda foi identificada com Lúcifer por causa de seu papel como o iniciador dos humanos: aquele que dotou o homem com a alma, o fogo divino, e mostrou a ele como se tornar igual aos deuses. A interpretação esotérica do mito explica a dádiva do fogo como o despertar da centelha interior no homem, a fonte do poder espiritual que corresponde ao conceito Tântrico da serpente Kundalini. O fogo de Prometeu é a centelha da divindade que quando despertada, pode se tornar a tocha de um potencial espiritual infinito. Assim como Prometeu ensinou a humanidade como se tornar semelhante aos deuses, então Lúcifer mostra ao homem o caminho da independência e a via para sua própria divindade.

Outra figura mítica, muitas vezes associada com Prometeu e Lúcifer é o Loki Escandinavo. Semelhante aos dois personagens acima mencionados, ele representa forças que ameaçam a ordem divina e cósmica. Ele é o portador da Luz / Fogo e ao mesmo tempo ele é o destruidor com um imenso potencial destrutivo. Seu nome se refere a “logi” (“chama”, “fogo”) ou ao verbo “lúka”, ou “lukijan”, significando “trancar”, que aponta para seu papel no fim do mundo existente (Ragnarök), o fogo final no qual o mundo e seus deuses irão arder. Ele é o pai de monstros mitológicos: o lobo Fenrir que irá devorar Odin no tempo de Ragnarök, a deusa cadáver Hel, e a serpente cósmica Jormungandr. Ele é o trapaceiro que constantemente desafia os deuses e sua ordem e leis fixadas. Ele também é o pai das disputas e mentiras. Mas ele também é o iniciador da humanidade a quem ele traz a dádiva do fogo divino – assim como Prometeu. Finalmente, ele também sofre um tipo similar de tormento: ele é punido sendo acorrentado às rochas, sobre sua cabeça há uma serpente venenosa que goteja veneno no rosto de Loki. Quando o deus treme de dor, suas convulsões causam terremotos ou desastres.

Um personagem similar também é encontrado no folclore Espanhol / Mexicano onde ele carrega o nome Luzbel. Luzbel é mencionado em textos Espanhóis do século dezesseis no México ou em grimórios tais como El Libro de San Cpriano (El Tesoro del Hechicero) e El Libro Infernal. Ele parece ser uma forma sombria de Lúcifer, um desafiador da ordem divina e o Portador da Luz como o fogo da divindade individual.



A Interpretação Cabalística



Nas teorias Cabalísticas, Lúcifer corresponde à Sephira oculta Daath. Contudo, a fim de entender esta atribuição, nós primeiro devemos retornar ao momento em que a Árvore da Vida era uma harmonia cósmica ideal e sua contraparte escura não existia. A Árvore Cósmica Perfeita consistia de dez níveis e vinte e dois caminhos como agora, mas então não havia plano material. Em vez disso, a Árvore da Vida continha Daath como uma parte integral da harmonia cósmica. Daath estava mais perto da tríade superior: Kether, Chokmah e Binah, acima da sephira central Tiphereth. Ela era o segundo sol que brilhava sobre as sephiroth vizinhas. Enquanto Tiphereth era o sol mais baixo que lançava seus raios sobre as regiões inferiores, Daath iluminava a parte superior da árvore da vida como o segundo sol místico. Suas luzes assinalavam dois “mundos” representados pelas sephiroth: o inferior (abaixo de Tiphereth), e o superior (circundando Daath). Ambas estavam harmoniosamente ligadas uma a outra. O sol mais baixo era governado pelo Arcanjo Miguel, o superior por Lúcifer: o Portador da Luz. Lúcifer era o anjo que residia mais próximo da trindade divina. Ele era o guardião e mediador entre a luz divina e as esferas inferiores, o que é refletido em uma antiga lenda de que ele era o mensageiro de Deus na terra que observava todos os eventos terrenos e os reportava ao Criador.

Na Árvore da Vida original, Yesod, a sephira mais baixa, era um reflexo ideal de Kether, a mais alta. Porque era o mundo astral do homem, ele foi considerado como uma imagem ideal de Deus. Yesod, entretanto, é também a esfera da sexualidade, existindo na árvore da vida em uma forma sutil e dormente. A razão da queda de Lúcifer e outros anjos não está clara dessa perspectiva. Talvez eles começassem a desejar o homem por causa de sua perfeição (“Os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram atraentes, e eles tomaram como esposas todas as que eles escolheram” Gênesis 6:2). Lucifer-Daath caiu / desceu para o nível do homem e despertou nele o poder da criação e energia sexual, que é representada pela dádiva dos frutos do Conhecimento, oferecidos pela Serpente bíblica. Dessa forma o homem ganhou acesso ao conhecimento que até aquele momento era reservado para Deus e entidades superiores. A queda dos anjos e sua união sexual com o homem foram a união proibida dos mundos. O homem ganhou o potencial da criação (de dar a luz a uma nova vida), e a harmonia cósmica ideal foi perdida. Onde uma vez existia Daath, um abismo se abriu e separou a tríade divina dos níveis inferiores. O homem foi expulso de seu Éden astral e habitou a nova sephira Malkuth, no plano material, enquanto os portões do Jardim divino foram fechados para ele: “Então ele baniu o homem e no lado leste do jardim do Éden colocou Querubins e uma espada flamejante que se movia em todas as direções, para proteger o caminho para a Árvore da Vida” (Gênesis 6:24). A sephira Daath juntamente com Lúcifer perdeu seu lugar próximo ao trono de Deus (Kether) e se tornou o abismo, o portal dos anti-mundos Qliphoticos nos quais Lúcifer estabeleceu seu Pandemônio.

Um adepto do caminho da Luz busca reconstruir a ordem cósmica original e a reunião com a perfeição divina. A morte de Cristo na cruz é uma metáfora de criar uma ponte sobre o abismo e unir o homem com Deus. O adepto do Caminho da Mão Esquerda procura aprofundar a queda e levar o processo de destruição até o final, de modo a acender sua própria centelha da divindade na absoluta escuridão do abismo. Completando o trabalho que foi iniciado com a degustação dos frutos do Conhecimento, o homem pode apanhar os frutos da Árvore da Vida.



A Jóia do Abismo



Quando Lúcifer estava caindo do Céu no abismo da escuridão, uma joia caiu de sua fronte, o emblema de sua beleza e perfeição. Foi a esmeralda, a joia considerada pelos alquimistas  como a pedra de Mercúrio, o personagem que pertence à esfera do meio, nos sentidos alquímico e mitológico. Mercúrio é o mensageiro celestial, o intermediário entre os mundos, e o guia das almas mortas (psychopompos) para o Outro Lado. Na Alquimia ele é o emblema do fluxo e transformação – transmutação de matéria e espírito do mais baixo para o mais alto, forma efêmera em sólida. Ele é, portanto, o elo entre o Céu (espírito) e a Terra (matéria). Na visão bíblica de São João: “Aquele que estava assentado era semelhante às pedras de jaspe e sardônio: e ao redor do trono havia um arco-íris, à vista semelhante a uma esmeralda” (Apocalipse 4:3). O arco-íris é um símbolo popular de uma ponte entre mundos (ex.: o Bifröst Nórdico). A esmeralda que caiu da fronte de Lúcifer é também o elo entre o Céu e a Terra, ela representa a perda do monopólio da imortalidade que até aquele momento tinha sido reservado somente para a trindade divina. De acordo com a lenda, a partir desta joia os anjos entalharam o Graal e quando ele foi preenchido com o sangue de Cristo, os portões do Céu, que foram trancados após a queda de Lúcifer, agora abriram novamente. A esmeralda também se assemelha a pérola da fronte de Shiva que no simbolismo Hindu representa o terceiro olho e está relacionado ao conceito de infinito.

A esmeralda também é a joia que os antigos Romanos associaram com o planeta Vênus. Como nós já dissemos, Vênus está relacionado a Lúcifer em muitos aspectos mitológicos. Era considerado o planeta representando vida e luz, assim como escuridão e morte. Ele foi chamado de a Estrela da Manhã e a Estrela da Noite. Os antigos romanos acreditavam que ele anunciava a morte e o renascimento. No México era temido como uma estrela da destruição. Jacobe Boehme, o famoso místico, o identificou com a Luz Divina do Criador.

A busca pelo Graal significa a peregrinação pelos diversos caminhos espirituais a fim de encontrar a luz interna e o poder oculto que constitui a base de toda a realidade. Ela é ilustrada pelo princípio alquímico V.I.T.R.I.O.L (Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem), e a joia que representa a coroa do caminho espiritual é a esmeralda ou o diamante – o emblema da perfeição e luz que brilha mesmo no mais remotos recessos do abismo.



A Estrela Guia no Caminho para a Divindade



No Caminho Draconiano Lúcifer faz aparição pelo menos várias vezes. Pela primeira vez as energias Luciferianas podem ser experienciadas integralmente no nível de A’arab Zaraq, a quarta qlipha (contando a partir de Malkuth / Lilith) na Árvore da Noite Cabalística. É o nível planetário conectado com as energias planetárias de Vênus. Na brilhante Árvore da Vida a contraparte de A’arab Zaraq é a sephira Netzach que tem correspondência com a forma brilhante da Deusa. Sua imagem sombria é Vênus Illegitima, a deusa da perversão. Ela representa o amor estéril no plano material que, todavia, dá frutos nos níveis mais altos. Através dela o adepto é renascido como seu próprio filho e se torna um com o Daimon, o eu superior. A Vênus Negra é a mãe do Daimon, o princípio que pertence ao próximo nível da Árvore cósmica – a qlipha Thagirion.

A’arab Zaraq é a esfera do lado sombrio dos sentimentos e emoções que surgem à luz da consciência e manifestas na forma de expressão criativa. Por isso essa qlipha é associada com arte e música. Aqui nós experienciamos a liberdade Luciferiana, que é a libertação das
estruturas e limites que restringem a consciência. Ela é a rebelião contra a realidade circundante – cheia de paixão e energia criativa. Na demonosofia de Rudolf Steiner, Lúcifer é o irmão de Cristo, aquele que rejeitou os planos de Deus de salvação do mundo e ousou propor o seu próprio. Ele incorpora o sonho eterno de auto-divinização, o caminho do progresso espiritual individual e a busca da perfeição. Ele é o patrono das artes, especialmente as enlevadas, das emoções, imaginação e criatividade:

“A perspectiva Luciferiana é baseada em idealismo, espiritualidade é incomparavelmente mais importante do que a existência no mundo material… A meta da iniciação Luciférica é Liberdade sem limites, que é possível alcançar somente quando se transcende sua natureza humana e se torna um deus. Libertação dos limites impostos pelo mundo material e dogmas que restringem o ego, nos dá uma possibilidade de criação ilimitada. A iniciação Luciférica é próxima do Caminho da Mão Esquerda mágico.”2

Enquanto nos colocamos em uma missão na busca pela joia Luciferiana, nós gradualmente passamos através de sucessivos níveis de despertar da consciência, até o nível de Satariel (Binah) nós experimentamos a abertura do “Olho de Lúcifer”. A serpente Kundalini desdobra suas asas e se torna o Dragão. Então abre o olho que vê o invisível. Este processo começa no primeiro passo do Caminho Draconiano quando o adepto entra no portal pelo “ventre de Lilith” – a primeira qlipha na Árvore da Noite Cabalística. Ela inclui onze níveis qliphóticos e nove estágios. Eles representam nove noites e nove mundos na iniciação mitológica de Odin. É por isso que o Olho de Lúcifer é chamado também de o Olho de Odin assim como ele é o símbolo da conclusão de certo estágio no processo iniciático. A iniciação Draconiana é baseada em nove fases de despertamento da “visão clara” (da palavra Grega “Drakon” – ver), e também inclui o ponto de partida e a meta à qual o processo inteiro conduz. Juntos, constituem onze níveis. O ponto de partida é o mundo da ilusão em que nós vivemos. Quando nos tornamos conscientes do mundo existente além da realidade percebida, nossa consciência se volta para o “Outro Lado”, ou “o Lado Esquerdo”. Uma fenda no véu da ilusão se abre e através dela nós podemos entrar em na realidade alternativa. Assim nós passamos através do portal de Lilith e começamos a jornada iniciática no mundo da Escuridão. Gradualmente o Olho de Lúcifer se abre em nossa consciência e sua luz brilha como uma tocha na escuridão do abismo até ele estar completamente aberto no nível de Satariel (8.0.) e arder com a luz da Divindade no nível de Ghagiel (9.0.)



Gnose Satânica



Na discussão do papel de Lúcifer nós não podemos esquecer-nos da sua função na tradição ocidental de magia negra e Satanismo. Grimórios que apareceram nos últimos séculos associaram-no com muitos atributos e qualidades. No Grimorium Verum Lúcifer é um dos três principais governantes do mundo, os outros dois sendo Beelzebub e Astaroth. Ele governa Europa e Ásia, junto com seus dois demônios serventes: Satanachia e Agalierap. Neste grimório ele é descrito como um belo jovem que se torna vermelho quando zangado ou furioso.De acordo com o Dicitionaire Infernal por Collin de Plancy, Lúcifer é o rei do Inferno. Ele tem o rosto de uma bela criança jovem, que muda para monstruosa e inflamada quando ele está zangado. No Grimoire of Honorius do século 16, ele também é o Imperador Infernal. O texto contém o conselho para invoca-lo nas Segundas-Feiras. Entre três e quatro horas ou entre onze e doze. O operador tem de sacrificar um rato em um ritual, caso
contrário a operação falhará.

Em outros textos ele é às vezes identificado com Satã ou superior a ele na hierarquia infernal. Ele é também identificado com Lucifuge Rofocale, o que, entretanto, é uma atribuição incorreta porque “Lúcifer” significa “o Portador da Luz”, enquanto “Lucifuge” é “o que evita a Luz”, e essas duas figuras são completamente diferentes em demonologia. Nos textos sobre bruxaria nós podemos encontrar narrativas de que Lúcifer muitas vezes acompanha as bruxas em seu voo para o Sabbat. Às vezes ele as puxa de suas vassouras e lhes dá uma carona em seus ombros. Lúcifer é descrito lá como uma figura cinzenta com braços azuis e calções vermelhos decorados com fitas.

Na demonologia tradicional Lúcifer governa o elemento ar e a direção leste, junto com três outros reis infernais que dirigem os outros elementos e direções: Leviathan (água, oeste), Belial (terra, norte), e Satan (fogo, sul). Na Tradição Faustiana ele é o governante chefe do Inferno. É com ele que Fausto entra em pacto, enquanto Mephistopheles é o mediador e executor de suas ordens.



Uma Palavra de Conclusão



Acredita-se que Lúcifer é o principal personagem do poema épico “Paraíso Perdido” de Milton, apesar de que no texto ele é chamado de Satã. Mas a palavra “Satã” significa “Adversário”, “o Oponente”. E o Satã de Milton é o opositor de Deus realmente. Contudo, sua imagem está longe de um estereótipo de um demônio sombrio e astuto, como ele é descrito pela tradição Cristã contemporânea. Em vez disso ele é o anjo que traz a luz, que ousa desafiar Deus e deixar o Céu a fim de criar seu próprio reino no abismo da escuridão. Ao mesmo tempo, entretanto, ele não perdeu sua beleza, esplendor ou orgulho. Ele é o Adversário, o rebelde que rejeita a obediência a Deus, o orgulhoso governante e príncipe das
trevas. Ele representa o princípio da “contradição”, tão essencial na continuidade da existência do mundo e da harmonia cósmica.

No Caminho da Mão Esquerda, ele incorpora a busca da própria divindade. Ele não está satisfeito com o espaço limitado e a função a que Deus atribuiu a ele. Através de sua queda ele se tornou o emblema da vontade livre e forte que prova que se pode existir sem Deus e a luz divina, e que se pode tornar seu próprio criador e moldar seu próprio mundo nas profundezas do abismo, onde reside o potencial infinito da criação. Lúcifer inspira aqueles cuja vontade é forte o suficiente para seguir seus passos e caminhar no Caminho da Mão Esquerda; aqueles que gostam de acreditar que “É melhor reinar no Inferno do que servir no Céu”.

Texto escrito por: Asenath Mason (Extraído de “The Sinister Path, Vol 1”, Magan Publications, 2011)

traduzido por :Robert Pereira