sexta-feira, 10 de março de 2017

A História da O.T.O. (Especial)


Fundada em 1904 na Alemanha com o objetivo de atuar como uma Academia para maçons de altos graus, a Ordo Templi Orientis foi a primeira a aceitar como base filosófica e mística a Lei de Thelema, tal como fora recebida por Crowley em 1904 e proclamada no Livro da Lei (Liber AL vel Legis). Disso resultou uma completa reestruturação organizacional, iniciática e filosófica, que terminou por colocar a O.T.O. em uma estrada totalmente nova e desvinculada de todos os grupos de caráter maçônico, rosacruz ou semelhantes; uma estrada norteada pela Lei do "Faze o que tu queres".

Esta Lei, ainda que utilizada por muitos como uma mera desculpa para licenciosidade e irresponsabilidade, é justamente o oposto de tal comportamento. A Lei de Thelema é o supremo chamado para que cada ser humano assuma para si a plena responsabilidade por sua vida, por cada uma de suas decisões e as consequências delas, e ainda a responsabilidade por seu próprio autoconhecimento, rumo à descoberta do objetivo central de sua existência: a sua Verdadeira Vontade e a realização deste objetivo. Esse é, para o thelemita (seguidor da Lei de Thelema), o verdadeiro significado de Liberdade.



A Ordo Templi Orientis busca congregar em seu meio homens e mulheres que compartilhem tais objetivos, cada um com seu próprio método e visão de caminho, buscando estabelecer núcleos sociais livres fundamentados na filosofia thelêmica, através do fornecimento de auxílio mútuo como informação, aconselhamento, auxílio ritualístico e iniciático, companheirismo e irmandade. Com isso, a O.T.O. estabelece como um de seus principais objetivos a luta pela Liberdade do Ser Humano, de modo que cada um possa atingir a plena realização de seu máximo potencial.

Esta união de pessoas se dá através de grupos chamados Corpos Locais, espalhados por várias cidades ao redor do mundo. Há três tipos deles, por ordem de complexidade administrativa e responsabilidades: Acampamentos, Oásis e Lojas. A maioria dos membros da Ordem participa diretamente de um ou mais Corpos Locais. A maior parte deles oferece instruções, práticas ritualísticas coletivas e atividades culturais, artísticas e sociais. Os membros são estimulados a manter estudos e práticas em temas tão variados como Magick, Cabala, Tarô ou outros temas que lhes sejam interessantes individualmente ou em grupo. Muitos Corpos Locais também mantêm atividades virtuais como sites, blogs, listas de e–mail ou comunidades em sites de relacionamento. É também comum que publiquem jornais ou revistas com artigos próprios, traduções ou notícias.

Membros que residam em localidades que não disponham de um Corpo Local são aconselhados a manter frequente contato com seus irmãos e irmãs por meios eletrônicos ou tradicionais para atualização de seus estudos, troca de informações sobre práticas etc., bem como a estarem presentes sempre que possível aos principais ritos do Corpo Local mais próximo.

A Ordo Templi Orientis é uma organização independente, sem vínculos com qualquer outro grupo de caráter religioso, político, inciático, místico ou de quaisquer outras orientações. Não reconhecemos equivalência de Graus Iniciáticos com nenhuma organização ou prestamos obediência a qualquer outro grupo. A política operacional da O.T.O. é a de respeito ao trabalho de qualquer outra organização e não intromissão em seus assuntos, postura da qual se espera reciprocidade.

Mesmo que oficialmente fundada no princípio do Séc. XX e.v., a O.T.O. representa a exteriorização e confluência de divergentes correntes de sabedoria e conhecimento esotérico, que eram originalmente divididas e guiadas à contra cultura pela intolerância política e religiosa durante as idades negras.

Ela remete às tradições dos movimentos Maçônico, Rosacruciano e Iluminista dos Sécs. XVIII e XIX, às cruzadas dos Cavaleiros Templários da Idade Média, ao recente Gnosticismo Cristão e às Escolas Pagãs de Mistérios. Seu simbolismo contém uma reunificação das tradições ocultas do Ocidente e do Oriente, e a resolução destas tradições permitiu–a reconhecer o verdadeiro valor da revelação do Livro da Lei de Aleister Crowley.

O Pai Espiritual da O.T.O.

O Pai Espiritual da Ordo Templi Orientis foi Carl Kellner (Renatus, 01/09/1851 — 07/06/1905), um rico industrial austríaco da química do papel. Kellner foi um estudante da Maçonaria, do Rosacrucianismo e do Misticismo Oriental, e viajou extensamente pela Europa, América e Ásia Menor. Durante suas viagens, ele alegou ter entrado em contato com três Adeptos (um Sufi, Soliman ben Aifa, e dois Tantristas hindus, Bhima Sena Pratapa de Lahore e Sri Mahatma Agamya Paramahamsa), e uma organização chamada A Irmandade Hermética da Luz.

Em 1885, Kellner encontrou o Dr. Franz Hartmann (1838 — 1912), estudioso Teosófico e Rosacruciano. Mais tarde, ele e Hartmann colaboraram no desenvolvimento da terapia pela inalação de "ligno–sulfito", para o tratamento da tuberculose, a qual formou a base do tratamento do sanatório de Hartmann nas proximidades de Saltzburg. Durante o decorrer de seus estudos, Kellner acreditou ter descoberto uma "Chave" que oferecia uma clara explicação de todo o complexo simbolismo maçônico e que, acreditava Kellner, abriria os mistérios da Natureza. Kellner desenvolveu o desejo de formar uma Academia Maçônica que permitiria habilitar todos os maçons a tornarem–se familiarizados com todos os existentes graus e sistemas maçônicos.

Em 1895 Kellner começou a discutir sua ideia de fundar uma Academia Maçônica com seu sócio, Theodor Reuss (Merlin ou Peregrinus, 28/06/1855 — 28/10/1923). Durante estas conversas, Kellner decidiu que a Academia Maçônica deveria chamar–se "Ordem dos Templários Orientais". O oculto círculo interno desta Ordem (a O.T.O. propriamente dita) deveria organizar–se em paralelo aos mais altos graus dos Ritos maçônicos de Memphis e Mizraim, e deveria ensinar as doutrinas esotéricas Rosacrucianas da Irmandade Hermética da Luz e a "Chave" de Kellner para o simbolismo maçônico. Tanto homens quanto mulheres seriam admitidos a todos os níveis desta Ordem, mas a posse de vários graus da Arte e Altos Graus maçons deveriam ser pré–requisitos para a admissão no Círculo Interno da O.T.O.

Infelizmente, graças aos regulamentos das Grandes Lojas estabelecidas que governavam a Maçonaria Regular, mulheres não podiam ser iniciadas como maçons e assim seriam excluídas por definição da admissão à Ordem dos Templários Orientais. Esta deve ter sido uma das razões pelas quais Kellner e seus associados resolveram obter controle sobre um dos muitos ritos, ou sistemas, da Maçonaria; para reformar o sistema para a admissão de mulheres.

As discussões entre Reuss e Kellner não levaram a quaisquer resultados na ocasião, pois Reuss estava muito ocupado com o renascimento da Ordem dos Illuminati, juntamente com seu associado Leopold Engel (1858 — 1931), de Dresden. Kellner não aprovava a recriação da Ordem dos Illuminati ou Engel. De acordo com Reuss, até sua separação final de Engel, em junho de 1902, Kellner contatou–o e ambos concordaram a proceder com o estabelecimento da Ordem dos Templários Orientais, buscando autorizações para atuar nos vários ritos dos altos–graus da Maçonaria.

Theodor Reuss, além de ser o líder da revivida Ordem Bávara dos Illuminati, era também Grande Mestre do Rito de Swedenborg da Maçonaria na Alemanha (patente datada de 26 de julho de 1901, por W. Wynn Westcott), Inspetor Especial da Ordem Martinista na Alemanha (patente datada de 24de junho de 1901, por Gérard Encausse) e Magus do Alto Conselho alemão da Societas Rosicruciana em Anglia (carta de autorização datada de 24 de fevereiro de 1902, por W. Wynn Westcott). Com auxílio de Kellner, Reuss contatou o estudioso maçônico John Yarker (1833 — 1913), para adquirir patentes para operar três sistemas dos altos–graus da Maçonaria conhecidos como o Antigo e Primitivo Rito de Memphis, de 97°, o Antigo Rito Oriental de Mizraim, de 90°, e o Antigo e Aceito Rito Escocês, de 33° (Conselho de Cernau, Nova York, 1807).

Reuss recebeu cartas–patente de Grande Inspetor Soberano 33° do Rito Escocês de Cernau de Yarker, datando de 24 de setembro de 1902. De acordo com uma cópia publicada, Yarker emitiu na mesma data uma permissão para Reuss, Franz Hartmann e Henry Klein operarem um Soberano Santuário 33° — 95° dos Ritos Escoceses, de Memphis e Mizraim. Yarker emitiu uma segunda patente confirmando a autoridade de Reuss para operar nos ditos Ritos em 01 de julho de 1904; e Reuss publicou uma cópia de uma patente de confirmação datada de 24 de junho de 1905. Reuss iniciou a publicação de um periódico maçônico, "The Oriflamme", em 1902.

Estes Ritos, em conjunto com o de Swedenborg, foram adotados como elementos integrais dentro do esquema geral da Ordem. O Rito de Swedenborg, que incluía uma versão dos graus de Arte, em conjunto e o Rito Escocês de Cernau e os Ritos de Memphis Mizraim proveram uma seleção de "altos graus" trabalháveis tão completos como jamais existiu. Juntos, eles proveram um completo sistema de iniciações maçônicas à disposição da Ordem. Com a incorporação destes Ritos, a Ordem estava pronta a operar como um sistema maçônico completamente independente. Reuss e Kellner prepararam juntos um breve manifesto para sua Ordem em 1903, o qual foi publicado no ano seguinte em "The Oriflamme". Kellner morreu em sete de junho de 1905 e Reuss assumiu pleno controle da Ordem. Com auxílio dos co–fundadores Franz Hartmann e Heinrich Klein, Reuss preparou uma Constituição para a Ordem em 1906.

 Os Primeiros Tempos

Rudolph Steiner (1861 — 1925), que nesta época era o Secretário Geral do ramo alemão da Sociedade Teosófica, foi patenteado em 1906 como Grande Mestre Delegado de um capítulo subordinado à O.T.O/Memphis/Mizraim e do Grande Conselho chamado Mystica Aeterna em Berlim. Steiner deu fundação à Sociedade Antroposófica em 1912 e encerrou sua associação com Reuss em 1914.

Em 24 de junho de 1908, o Dr. Gérard Encausse (Papus, 1865 — 1916) organizou uma "Conferência Maçônica e Espiritualista Internacional" em Paris, à qual Reuss compareceu. Nesta conferência, Encausse recebeu, sem pagamento, uma patente de Reuss para estabelecer um "Supremo Grande Conselho Geral dos Ritos Unidos da Antiga e Primitiva Maçonaria para o Grande Oriente da França e suas Dependências em Paris". No ano anterior Encausse, juntamente com Jean Bricaud (1881 — 1934) e Luis–Sophrone Fugairon (n. 1846), havia organizado a Églaise Catholique Gnostique, a Igreja Gnóstica Católica, como um cisma da Église Gnostique, uma igreja neo–Albingense fundada em Paris em 1890 por Jules Dionel (1842 — 1903). Acredita–se que Reuss recebeu consagração episcopal e autoridade primal na Églaise Catholique Gnostique de Encausse e Bricaud nesta conferência. O envolvimento de Encausse com a O.T.O., per se, é incerto.

Ainda nesta conferência o Dr. Arnold Krumm–Heller (Huiracocha, 1879 — 1949) recebeu uma patente de Reuss como representante oficial para a América Latina. Krumm–Heller desenvolveu sua própria ordem, chamada Fraternitas Rosacruciana Antiqua (F.R.A.). De acordo com seu filho, Parsival, ele nunca fundou Lojas da O.T.O. ou indicou qualquer oficial da O.T.O.

Como um jornalista, Reuss viajava freqüentemente à Inglaterra. Em uma destas viagens ele conheceu Aleister Crowley (Baphomet, 12/10/1875 — 01/12/1947), o qual foi admitido aos três primeiros graus da O.T.O. em 1910. Em 21 de abril de 1912 Reuss deu a Crowley uma patente, gratuitamente, indicando–o como Grande Mestre Nacional Geral X° da O.T.O. para a Grã–Bretanha e Irlanda. A indicação de Crowley incluía autoridade sobre os Ritos de língua Inglesa nos graus inferiores (maçônicos) da O.T.O., aos quais foi dado o nome de Mysteria Mystica Maxima, ou M.·.M.·.M.·..

Em primeiro de junho de 1912, uma Grande Loja Nacional para os países eslavos foi estabelecida por Czeslaw Czynski. Franz Hartman morreu em sete de agosto de 1912. Em setembro de 1912 Reuss publicou a "Edição de Jubileu" do "The Oriflamme", que foi a primeira edição a mencionar a O.T.O. em qualquer detalhe, e foi quase inteiramente devotada a assuntos da O.T.O. Kellner, Reuss e Crowley eram listados como membros de grau X° da O.T.O. Também em 1912 Crowley publicou o "Manifesto da M.·.M.·.M.·." no qual a M.·.M.·.M.·. foi identificada como a seção britânica da O.T.O., a qual "incluía todos os países onde o Inglês fosse largamente falado". A O.T.O. é descrita neste documento como
"...um corpo de iniciados em cujas mãos está concentrada a sabedoria e o conhecimento dos corpos seguintes:
A Igreja Gnóstica Católica.
A Ordem dos Cavaleiros do Espírito Santo.
A Ordem dos Illuminati.
A Ordem do Templo (Cavaleiros Templários).Graal
A Ordem dos Cavaleiros de São João.
A Ordem dos Cavaleiros de Malta.
A Ordem dos Cavaleiros do Santo Sepulcro.
A Igreja Oculta do Santo Graal.
A Ordem Rosacruz
A Fraternidade Hermética da Luz.
A Sagrada Ordem da Rosa Cruz de Heredom.
A Ordem do Sagrado Arco Real de Enoch.
O Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria (33 graus).
O Rito de Memphis (97 graus).
O Rito de Mizraim (90 graus).
O Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria (33 graus).
O Rito de Swedenborg da Maçonaria.
A Ordem dos Martinistas.
A Ordem de Sat Bhai,
A Ordem Hermética da Golden Down
e muitas outras ordens de mérito igual, se de menos fama."

O Manifesto da M.·.M.·.M.·. também deu o seguinte esquema de organização da Ordem:

O° MINERVAL
I° M.
II° M.
III° M.
PI
IV°, Companheiro do Santo Arco Real de Enoch.
Príncipe de Jerusalém.
Cavaleiro do Leste e do Oeste.
V°, Príncipe Soberano da Rosa Cruz. (Cavaleiro do Pelicano e águia.)
Sócio do Senado de Cavaleiros Filósofos Herméticos, Cavaleiros da águia Vermelha.
VI°, Ilustre Cavaleiro (Templário) da Ordem de Kadosch, e Companheiro do Santo Graal.
Chefe Inquisidor principal, Sócio do Tribunal Principal.
Príncipe do Segredo Real.
VII°, Inspetor General Principal Soberano Muito Ilustre.
Sócio do Conselho Principal Supremo.
VIII°, Pontífice Perfeito dos Illuminati.
IX°, Iniciado do Santuário do Gnosis.
X°, Rex Summus Sanctissimus (o Rei Supremo e mais Santo).

A edição de setembro de 1912 do "The Oriflame" incluiu uma listagem similar de um sistema de dez graus:

I - Prüfling [Probacionista]
II - Minerval
III - Johannis-(Craft-) Freimauer [Artesão maçon]
IV - Schottischer-(Andreas-) Mauer [Maçon escocês]
V - Rose Croix-Mauer
VI - Templer-Rosenkreuzer
VII - Mystischer Templer
VIII - Orientalisher Templer
IX - Vollkommener Illuminat [Perfeito Iluminado]
X - Supremus Rex

Desta forma, em 1912, Crowley e Reuss haviam condensado o sistema da Arte e dos altos–graus maçons em um sistema viável de dez graus numerados que incorporava os ensinamentos e simbolismo de um certo número de sociedades ocultistas e místicas. Os três graus da Academia Maçônica de Kellner formavam os graus VII°, VIII° e IX° deste sistema. O décimo grau (X°), "Rex Summus Sanctissimus", ou "Supremus Rex", designava o Grão Mestre Geral Nacional da O.T.O para um determinado país, região ou grupo lingüístico. A suprema autoridade da Ordem, internacionalmente, era chamada de "Frater Superior" ou Cabeça Externa da Ordem ("Outer Head of the Order" — O.H.O.).

Os Grãos Mestres Gerais Nacionais tinham a autoridade para indicar seus próprios representantes, chamados "Vice–Reis", em outros países de mesmo idioma dominante. Vice–Reis podiam ainda serem levados ao X° pelo O.H.O. Dos Grãos Mestres Gerais Nacionais esperava–se que conduzissem os negócios da O.T.O. de acordo com a Constituição da O.T.O., mas em grande escala fora da supervisão diária do quartel–general internacional ou "Escritório Central".

O Manifesto da M.·.M.·.M.·. incluía fotografias da mansão de Crowley na Escócia, chamada de Boleskine, a qual servia como "Casa de Ofícios" da Ordem. Incluía também uma lista de taxas e mensalidades para cada grau, bem como uma lista de "taxas de afiliação", onde maçons poderiam afiliar–se diretamente no nível correspondente ao seu próprio grau na Maçonaria. Estas listas foram reimpressas na edição de 1914 de "The Oriflamme", junto com os títulos de graus do Manifesto de Crowley traduzidos para o Alemão.

Em 1912, o sistema da O.T.O., apesar de suas várias influências, permanecia principalmente maçônico. Na Edição de Jubileu de "The Oriflamme" Reuss definiu a O.T.O. como "uma ordem não pura e simplesmente maçônica, mas cada membro de nossa Ordem, homem ou mulher... deve proceder através dos graus de artesão da Maçonaria, mesmo aqueles dos mais altos–graus da Maçonaria, antes de serem iluminados e iniciados membros de nossa Ordem." Contudo, a Grande Loja Unida da Inglaterra, a quem Crowley tecnicamente devia aliança, objetou a aceitação de Graus de Artesão na Inglaterra fora de sua jurisdição e objetou a admissão de mulheres na Maçonaria. Ainda assim, Crowley incluiu o seguinte texto em seu Manifesto da M.·.M.·.M.·.:

"A O.T.O., ainda que uma Academia Maçônica, não é um Corpo Maçônico posto conceder os graus de artesão no sentido no qual esta expressão é normalmente entendida na Inglaterra; e assim não há conflitos com ou infração aos justos privilégios da Grande Loja Unida da Inglaterra"

Em 15 de fevereiro de 1913 Crowley adotou uma Constituição para a M.·.M.·.M.·., submetida à Constituição Geral da O.T.O. Em 19 de março de 1913, Crowley e Reuss unidos deram patente a James Thomas Windram(Mercurius, 1877 — 1939) como representante oficial da O.T.O. na África do Sul. Posteriormente, em 1913, visitando Moscou, Crowley compôs a Missa Gnóstica, a qual ele "preparou para o uso da O.T.O. a cerimônia central de sua celebração pública e particular, correspondendo à Missa da Igreja Católica Romana."

 A I Guerra Mundial estourou em 28 de julho de 1914. Crowley mudou–se para Nova York em outubro deste mesmo ano; passando o ano seguinte trabalhando como escritor para os periódicos de George Sylvester Viereck, "The Fatherland" e "The International", e como editor–chefe posteriormente. Em dezembro de 1914, Crowley indicou Charles Stansfeld Jones (Parzival, 1886 — 1950) como Grão Inspetor Geral Soberano VII° e seu representante pessoal na cidade de Vancouver. Em março de 1915 Windram indicou Ernest W. T. Dunn VII°(Maximus) como Vice–Rei atuante para a Australásia.

Apesar de seu anterior anúncio sobre os Graus de Artesão, no Manifesto da M.·.M.·.M.·., Crowley permanecia inconfortável em relação às características maçônicas da O.T.O., por um adicional número de razões:

Em contraste com Reuss, Crowley acreditava que mulheres não poderiam ser iniciadas como maçons, apesar de pensar que deveriam ser aptas a se iniciar na O.T.O.
Estava frustrado com as elaboradas preparações requeridas para a execução das iniciações maçônicas e com o tamanho dos rituais maçônicos e seu excessivo palavrório. Crowley via estes fatores como impedimentos no sucesso da implantação de um trabalho entre pessoas modernas. Ele acreditava que os conteúdos simbólicos dos rituais maçônicos estava amortecido a ponto de serem inúteis. Desejava utilizar o sistema da O.T.O. para ajudar na divulgação dos ensinamentos de Thelema.

Por estas razões Crowley começou a preparar rituais revisados que poderiam propagar a significância da Arte e os altos–graus conscientemente e de forma dramática, que seriam próprios para a iniciação tanto de homens quanto de mulheres, que não infringiriam os privilégios da Grande Loja Unida da Inglaterra e que divulgariam os ensinamentos básicos de Thelema. Crowley assim o fez por volta de 1925 e adotou os rituais revisados para uso em sua própria seção da O.T.O., a M.·.M.·.M.·..

Crowley escreveu sobre estes rituais revisados a Arnold Krumm–Heller em 22 de junho de 1930:
"Reuss tinha o hábito de iniciar pessoas com meros esqueletos de rituais tomados daqueles da Maçonaria continental. Não havia, para deixar claro, nenhuma ordem ou decência neste procedimento. Ele percebia isto perfeitamente bem e era uma das razões pelas quais pedia–me para reconstruir o sistema de iniciação.
Eu fiz um estudo comparativo de numerosos rituais aos quais eu tive acesso, e produzi uma série que foi aperfeiçoada para, e incluindo o 6º grau (equivalente ao Kadosh) e estes foram trabalhados em Londres com o maior sucesso.
Devo fazer aqui uma pausa para apontar uma mudança essencial e fundamental que é necessária em qualquer ritual com o qual eu tenha algo a fazer que é a completa renúncia ao culto dos Deuses–Escravagistas. É impossível para um homem livre conhecer qualquer sistema que está ligado aos fetiches de selvagens cujo único motivo para ação é o medo nascido de sua própria ignorância."

Em 1915 ou 1916 Aleister Crowley escreveu "Uma Intimação a Respeito da Constituição da Ordem" (Liber CXCIV), que desenvolvia suas ideias sobre a Constituição da O.T.O. escritas por Reuss em 1906, a Constituição da M.·.M.·.M.·. de Crowley, de 1913, e seu Manifesto. Gérard Encausse morreu em 25 de outubro de 1916. Charles Détré (Téder, 1855–1918) sucedeu Encausse e aparentemente também recebeu o grau X° da O.T.O. para a França, mas faleceu apenas dois meses depois.

Em 1916 Reuss mudou–se para a Basiléia, na Suíça. Enquanto estava lá, ele estabeleceu uma "Grande Loja e Templo Místico Anacional" da O.T.O. e a Irmandade Hermética da Luz em Monte Verità. Monte Verità era uma comunidade utópica perto de Ascona, fundada em 1900 por Henri Oedenkoven e Ida Hofmann, que funcionava como um centro para o qual o historiador James Webb chamaria mais tarde a "Contra Cultura Progressista".

Em 22 de janeiro de 1917 Reuss publicou um manifesto para sua Grande Loja Anacional, a qual foi chamada Verità Mystica. Na mesma data, publicou uma versão revisada de sua Constituição da O.T.O. de 1906, com uma "Sinopse dos Graus" e um resumo "Mensagem de Mestre Therion" em anexo. Nesta constituição revisada Reuss incluiu muitos dos tópicos da Constituição da M.·.M.·.M.·. de Crowley, de 1913. Contudo, neste documento, como em muitos dos documentos de Reuss sobre a O.T.O., ele enfatizava o caráter maçônico da Ordem.

Em maio de 1917, a Loja de Crowley na Inglaterra foi invadida e fechada pela polícia, sob a alegação de mandado contra "leitura da sorte" contra um de seus membros. Entretanto, o trabalho de Crowley para a publicação anti–britânica de Viereck "The Fatherland" pode ter levado as autoridades a suspeitarem de atividades anti–patrióticas na Loja de Crowley. Todos os arquivos da Loja foram apreendidos. Crowley foi forçado a temporariamente abdicar do cargo de Grão Mestre em favor de C. S. Jones para facilitar a situação dos membros remanescentes. A Loja nunca foi completamente restaurada.

Em Ascona, Reuss organizou um "Congresso Anacional pela Organização da Reconstrução da Sociedade em Práticas Linhas Cooperativas ", em Monte Verità, de 15 a 25 de agosto de 1917. Este Congresso incluiu leituras das poesias de Crowley (em 22 de agosto) e a récita da Missa Gnóstica de Crowley (em 24 de agosto — apenas para membros da O.T.O.). O anúncio do Congresso declarava: "Há dois centros da O.T.O., ambos em países neutros, onde pesquisadores podem ser encontrados por aqueles interessados nos objetivos deste congresso. Um é em Nova York (Estados Unidos da América), o outro é em Ascona (Suíça Italiana)." Crowley estava vivendo em Nova York nesta época; assim, evidentemente, ele e Reuss eram os únicos Cabeças Nacionais ativos da O.T.O. em 1917.

Reuss pediu que sua secretária, "J. Adderley" (Isabel Adderley Oedenkoven), enviasse uma cópia do anúncio, juntamente com uma cópia do Manifesto da M.·.M.·.M.·. de Crowley à Grande Loja Unida da Inglaterra, na esperança de que a Grande Loja enviasse representantes. Isto não ocorreu, mas Willian Hammond, o Bibliotecário da Grande Loja, escreveu a Reuss após o congresso e pediu mais informações. Durante a correspondência de Reuss com Hammond, Reuss lembrou–o que haviam se encontrado 1913/14, e Reuss havia dado a ele cópias de "The Oriflamme" e do "Equinox" de Crowley, o qual, havia dito, "dava detalhes sobre a O.T.O.".

Reuss estava claramente impressionado com Thelema. A Missa Gnóstica de Crowley, a qual Reuss traduzira para o alemão e fora recitada em seu Congresso Anacional em Monte Verità, é um ritual explicitamente telêmico. Em uma carta sem data para Crowley (recebida em 1917), Reuss fala excitadamente que havia lido "A Mensagem de Mestre Therion" para seu grupo em Monte Verità e que estava traduzindo o Livro da Lei para o Alemão. E ainda, "deixe esta notícia encorajá–lo! Estamos vivenciando seu Trabalho!!!"

Em 24 de outubro de 1917, Reuss entregou uma patente a Rudolf Laban de Laban–Varalya (1879 — 1958) e Hans Rudolf Hilfiker–Dunn (1882 — 1955) para operar uma Loja de Grau III° da O.T.O. em Zurique, chamada Libertas et Fraternitas. Em três de novembro de 1917, de Laban tornou–se Grande Mestre da Grande Loja Anacional Verità Mystica. Mais tarde, naquele mês, ele fechou a Verità Mystica e transferiu seu centro de operações para Zurique. Em março de 1918 Crowley publicou a Missa Gnóstica no "The International". Reuss publicou sua tradução para o Alemão da Missa Gnóstica no mesmo ano.

Em uma nota no fim de sua tradução da Missa Gnóstica, Reuss referia–se a si próprio, simultaneamente, como Soberano Patriarca e Primaz da Igreja Católica Gnóstica, e Legado Gnóstico na Suíça para a Église Gnostique Universelle, dando a conhecer Jean Bricaud (1881 — 1934) como Soberano Patriarca daquela igreja. A publicação deste documento pode ser vista como o nascimento da E.G.C. como uma organização independente, sob a tutela da O.T.O., com Reuss como seu primeiro Patriarca.

A I Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918. De Laban deixou a Suíça em novembro. Em fevereiro de 1919 a Loja Libertas et Fraternitas rompeu sua ligação com a O.T.O. e tornou–se estritamente uma Loja Maçônica. Posteriormente regularizou–se sob a Grande Loja Suíça Alpina. Embora nenhum corpo da O.T.O. tenha restado na Suíça, Reuss continuou a conferir graus da O.T.O. a indivíduos. Enquanto Reuss persistia em afirmar a autoridade maçônica da O.T.O., Crowley continuava a afastar a M.·.M.·.M.·. da Maçonaria. Em outubro de 1918, Crowley preparou outra substancial revisão dos rituais internos da Ordem, desta vez abandonando o termo "Maçonaria" e os característicos emblemas, signos, identificadores etc., dos graus da Arte. Ele apresentou seus rituais revisados a Reuss para a adoção pela Ordem como um todo. Em março de 1919 Crowley publicou seu "The Equinox, Volume III, No. I" (o "Equinox Azul"), o qual continha uma série de importantes documentos da O.T.O., incluindo:

Liber LII: O Manifesto da O.T.O.
Liber CXCIV: Uma Intimação a Respeito da Constituição da Ordem
Liber CI: Uma Carta Aberta a Todos os Que Desejarem Unir-se à Ordem
Liber CLXI: Sobre a Lei de Thelema
Uma versão revisada do Liber XV: A Missa Gnóstica

O Liber LII: O Manifesto da O.T.O. de Crowley foi baseado quase que palavra por palavra no Manifesto da M.·.M.·.M.·. de 1913. Saudações telêmicas foram adicionadas, referências aos oficiais foram atualizadas, referências aos "guinéus" foram convertidas a seus equivalentes em dólares, os nomes de duas organizações contribuintes foram apagados (a Ordem Rosacruciana e a Ordem Hermética da Golden Dawn); a tabela de taxas e as fotografias de Boleskine foram retiradas e a frase "Ela [a O.T.O.] de forma alguma infringe os justos privilégios de qualquer Corpo Maçônico autorizado" foi adicionada após a listagem de organizações contribuintes, e o anúncio maçônico acima citado foi mudado para:
"A O.T.O., embora uma Academia Maçônica, não é um Corpo maçônico posto não serem os 'segredos' entendidos da mesma forma na qual aquela expressão é normalmente compreendida; e então de nenhuma maneira conflitos com, ou infração dos privilégios justos da Grande Loja Unida da Inglaterra, ou qualquer Grande Loja na América ou de outra parte que seja reconhecida por ela [a G. L. U. da Inglaterra]."

Em 10 de maio de 1919, Reuss outorgou uma Patente a Hans Rudolph Hilfiker, Dr. E. Pargaetzi, R. Merlitscheke M. Bergmaier para formarem um Supremo Conselho do Rito Escocês de Cernau na Suíça, em Zurique. Na mesma data Reuss concedeu um documento chamado "Medida de Amizade" a Matthew McBlain Thomson, fundador da aziaga "Federação Maçônica Americana". O documento reconheceu Thomson como Membro de Grau IX° da O.T.O. Em 18 de setembro de 1919, Reuss foi reconsagrado por Bricaud pelo recebimento da "Sucessão da Antióquia" e re–apontado como "Legado Gnóstico" na Suíça para a Église Gnostique Universelle de Bricaud.

Crowley retornou à Inglaterra em dezembro de 1919. Em 1920, Reuss publicou seu "Programa de Construção e Princípios–Guia para os Gnósticos Neo–Cristãos: O.T.O.". Neste documento Reuss apresenta suas ideias para uma (altamente regulamentada) sociedade utópica. Os princípios desta sociedade eram para serem baseados nas ideias de Thelema (o Livro da Lei e aforismos de Mestre Therion eram citados e explicados); juntamente com ideias mais tradicionais do Rosacrucianismo, Gnosticismo e Yoga; e as ideias sócio–políticas "progressistas" prevalecentes em Monte Verità.

Em 17 de julho de 1920, Reuss participou do Congresso da "Federação Mundial da Maçonaria Universal", ocorrido na Loja Libertas et Fraternitas, em Zurique. Esta conferência foi realizada para complementar a "Conferência Internacional Maçônica e Espiritualista" de Papus em Paris, de 1908. Reuss, com autorização de Bricaud, advogou pela adoção da religião da Missa Gnóstica de Crowley como a "religião oficial de todos os membros da Federação Mundial da Maçonaria Universal possuidores do 18° do Rito Escocês". Os esforços de Reuss neste sentido falharam, e ele discutiu com Matthew McBlain Thomson (que fora eleito Presidente Honorário da Federação Maçônica Internacional) acerca de assuntos de jurisdição. Reuss abandonou o congresso após o primeiro dia.

C. S. Jones havia abdicado da O.T.O. em 1919, mas continuou a corresponder–se com Reuss e, em 10 de maio de 1921 Reuss designou Jones como X° para os Estados Unidos da América do Norte. Na mesma data designou Heinrich Tränker (Recnartus, 1880 — 1956), que liderava várias organizações esotéricas dentro de um movimento chamado "Pansophia", como X° para a Alemanha.

Em 30 de julho de 1921 Reuss emitiu outro "Gauge of Amity", desta vez para H. Spencer Lewis, o fundador da A.M.O.R.C., a organização Rosacruciana baseada em San Jose (Califórnia / EUA). Este documento também reconhecia Lewis como um membro Grau VII° da O.T.O. Crowley havia conhecido Lewis antes, em 1918, na cidade de Nova York, e não ficou impressionado com ele. Reuss retornou à Alemanha em setembro de 1921, estabelecendo–se em Munique. Em 3 de setembro de 1921 Reuss patenteou Carl William Hansen (Kadosh, 1872 — 1936) como X° para a Dinamarca. Em outubro de 1921, dada a abdicação de Dunn, Crowley apontou Frank Bennett (Dionysus, 1868 — 1930) como Vice–Rei da Austrália.

Há algumas razões para acreditar que Reuss sofreu um ataque na primavera de 1920, mas isto não está inteiramente certo. Crowley escreveu a W. T. Smith em março de 1943:
"o antigo O.H.O., após este primeiro ataque de paralisia, entrou em pânico pelo trabalho a ser realizado... Ele rapidamente emitiu diplomas honorários do Sétimo Grau a várias pessoas, algumas das quais não tinham direito a nada e alguns deles eram apenas recursos baratos."
Logo após apontá-lo como seu Vice-Rei para a Austrália, Crowley parece haver correspondido-se com Frank Bennett e discutido com ele suas dúvidas acerca da habilidade de Reuss em, efetivamente, continuar a governar a Ordem. Parece que Reuss descobriu esta correspondência; ele escreveu para Crowley uma furiosa resposta defensiva em 9 de novembro de 1921, na qual ele parecia distanciar-se e à O.T.O. de Thelema, a qual ele havia, como visto acima, abraçado. Crowley respondeu à carta de Reuss em 23 de novembro de 1921 e afirmou em sua carta: "É de minha vontade ser o O.H.O. e Frater Superior da Ordem e espero a sua renúncia - para proclamar-me como tal." Ele assinou a carta como "Baphomet O.H.O.". No registro de seu diário de 27 de novembro de 1921 Crowley escreveu: "Eu proclamei a mim mesmo como Frater Superior O.H.O. da Ordem dos Templários Orientais." Reuss morreu em 28 de outubro de 1923 e.v..

Em suas "Confissões" Crowley diz que Reuss "abdicou do título [de O.H.O.] em 1922 em meu favor." Em uma carta a Heinrich Tränker, datada de 14 de fevereiro de 1925, Crowley escreveu o seguinte:
"Reuss era de temperamento incerto, e de muitas formas intratável. Em seus últimos anos ele parece ter perdido completamente seu juízo, chegando a acusar o Livro da Lei de ter tendências comunistas, ideia que não poderia ser mais absurda. Ainda assim parece ter tomado algumas decisões acertadas, como ter apontado a você e a Frater Achad, e designado a mim, em sua última carta, como seu sucessor."

Em uma carta a Charles Stansfeld Jones, datada Sol in Capricornius, Anno XX (12/1924 — 01/1925), Crowley disse: "na última carta do O.H.O. para mim ele convidou–me a ser seu sucessor como O.H.O. e Frater Superior." A carta de Reuss designando Crowley como seu sucessor como O.H.O. jamais foi encontrada, mas nenhum documento crível surgiu indicando que Reuss havia designado qualquer sucessor alternativo.

Uma Nova Era

Aleister Crowley atuou como Cabeça Externa da Ordem de 1922 até sua morte em dezembro de 1947. O primeiro ato de Crowley como O.H.O. foi reconfirmar as patentes de Jones e Tränker como Grandes Mestres para a América do Norte e Alemanha, respectivamente. Tränker, por recomendação de Jones, convidou Crowley a formalmente assumir a liderança da O.T.O., bem como de várias outras organizações, incluindo o movimento Pansophico, em uma conferência que ocorreria em Hohenleuben, perto de Weida, no verão de 1925. Os outros participantes da conferência eram: Heinrich e Helene Tränker, Karl Germer (Saturnus, 22/01/1885 — 25/10/1962) — nesta época secretário e editor de Tränker –, Albin Grau, Eugen Grosche, Martha Künzel, Henri Birven, um cavalheiro chamado Hopfer, Crowley e seus associados Dorothy Olsen, Leah Hirsig, Norman Mudd, e outros.

Os resultados desta conferência foram vários. Os participantes ficaram divididos sobre os ensinamentos de Crowley e o Livro da Lei, o qual era largamente desconhecido (apenas recentemente fora traduzido para o Alemão). Ocorreram conflitos pessoais também. Fraulein Künzel e Herr Germer postaram–se ao lado de Crowley. Herrn Tränker, Grau, Hopfer e Birven decidiram manter a Loja Pansophica independente de Mestre Therion. Herr Grosche, originalmente ladeou–se a Crowley, mas ele e Germer brigaram, e Grosche decidiu permanecer independente. Após o fechamento da Loja Pansophica, em 1926, Grosche reagrupou alguns ex–Pansophistas para fundar a Fraternitas Saturni. A Fraternitas Saturni reconheceu o status de Crowley como um profeta e aceitou a Lei de Thelema de uma forma modificada, mas Grosche insistiu em manter–se independente da O.T.O. e sob sua própria autoridade, e não de Crowley. A Fraternitas Saturni ainda atua na Alemanha, Canadá e outros países e não se apresenta como sendo a O.T.O.

Tränker aparentemente tentou obter para si o título de O.H.O. da O.T.O. em 1925, mas parece não ter sido largamente reconhecido como tal e cessou seus esforços neste sentido em 1930, quando ele e H. Spencer Lewis começaram juntos a trabalhar diretamente (mas sem sucesso) para o estabelecimento de um ramo alemão da A.M.O.R.C.

 A Loja Agapé N° 1 foi fundada em 1915, em Vancouver (Colúmbia Britânica/Canadá), sob a autoridade de Jones e Crowley. Nos anos 30, Wilfred Talbot Smith (1885 — 1957), um membro patenteado da Loja Agapé N° 1 mudou–se de Vancouver com instruções de Crowley para trabalhar com Jane Wolfe (1975 — 1958), que havia sido uma estudante de Crowley em Cefalú, de modo a estabelecer a Loja Agapé N° 2 em Los Angeles (Califórnia/EUA). Smith e Wolfe uniram um grupo em Hollywood, Califórnia, e, juntamente com Regina Kahl (1891 — 1945), começaram a celebrar a Missa Gnóstica semanalmente em um domingo, 19 de março de 1933. A Loja Agapé N° 2 teve seu primeiro encontro em 1935. A Loja Agapé contribuiu grandemente com os esforços de Crowley para suas publicações e Crowley apontou Smith (Ramaka) como X° para os E.U.A. Posteriormente a Loja Agapé N° 2 mudou–se para Pasadena, Califórnia, e foi liderada por John W. "Jack" Parsons (Belarion, 1914 — 1952), um respeitado engenheiro químico e pioneiro aeroespacial. Parsons foi um dos fundadores tanto do California Institute of Technology's Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia) quanto do Aerojet General (Laboratóro Aerojato Geral, do Instituto de Tecnologia da Califórnia).
Karl Germer[Topo]

Quando a II Guerra Mundial estourou em 1939, as comunicações internacionais foram cada vez mais interrompidas e as viagens de civis eram limitadas. Crowley ficou muito dependente de seus representantes estrangeiros, estando impossibilitado de viajar ele mesmo. Karl Germer, o representante alemão de Crowley, foi preso pela Gestapo e confinado em um campo de concentração nazista por "buscar discípulos para o residente estrangeiro, maçon de alto grau, Crowley". Solto logo graças aos esforços do cônsul norte–americano, Germer viajou para os Estados Unidos onde, como Grande Tesoureiro Geral e segundo em comando além de Crowley, conduziu vários negócios da O.T.O. Em 14 de março de 1942 Crowley escreveu a Germer: "Devo indicá–lo como meu sucessor como O.H.O. [...] Uma completa mudança na estrutura da Ordem e seus métodos é necessária. O segredo é a base, e você deve selecionar cuidadosamente as pessoas." Os outros ramos europeus da O.T.O. foram grandemente destruídos ou mantidos na contra cultura durante a Guerra. Os ramos latino–americanos da F.R.A. de Krumm–Heller mantiveram um discreto contato com Germer até o princípio da década de '60.

Ao final da II Guerra Mundial, em 1945, apenas a Loja Agapé em Pasadena, Califórnia, ainda funcionava. Haviam iniciações isoladas da O.T.O. em várias partes do mundo. Apesar de Crowley receber visitas de membros da O.T.O. na Inglaterra nenhum trabalho foi conduzido desde o ataque policial em 1917. As iniciações foram muito raras fora da Califórnia. Krumm–Heller, no México, conduzia iniciações da O.T.O. mas enviou um candidato, Dr.Gabriel Montenegro (Frater Zopiron ou Theophilos) à Califórnia para iniciar–se.

Durante a II Guerra Mundial, dois membros da O.T.O. Californiana, Grady Loius McMurtry (18/10/1918 — 12/07/1985) e Frederick Mellinger (Merlinus, 1890 — 1970) — originalmente um refugiado da Alemanha nazista — viajaram à Europa em tarefas militares. McMurtry já havia estado lá e visitado Crowley em várias ocasiões. Mellinger visitou Crowley após McMurtry haver retornado aos Estados Unidos.

Houve um bom entendimento entre Crowley e McMurtry, e Crowley respeitou a experiência militar de McMurtry. Em 1943 Crowley pessoalmente conferiu o IX° da O.T.O. à McMurtry e fez dele Grande Inspetor Geral Soberano da Ordem, dando–lhe o nome mágico que usaria a partir de então: Hymenaeus Alfa 777.

Em 1944, Crowley começou a discutir com McMurtry a possibilidade de ele assumir o "Califado". Crowley escreveu a McMurtry em 28 de setembro de 1944: "Espero que você prefira meu plano para sua carreira como meu Fides Achates, alter ego, Califa & assim por diante." Em 21 de novembro de 1944 ele escreveu novamente a McMurtry:
"'O Califado'. Você deve perceber que não importa o quão intimamente observemos olho–a–olho em qualquer assunto objetivo, eu devo pensar em premissas totalmente diferentes daquelas concernentes à Ordem. Uma das (surpreendentemente poucas) ordens que me foram dadas foi 'não confie em um estranho: não falhe com um herdeiro'. Isto tem sido muito maligno para mim. Fr.·. [Saturnus] é, claro, o Califa natural; mas há muitos detalhes acerca da real política ou trabalho que escapam a ele. Em todo caso, ele pode apenas ser um substituto, por causa da sua idade; tenho que procurar seu sucessor. Isto tem sido um Inferno; tantos têm vindo com promessas maravilhosas, apenas para cair nas pedras. [...] Mas — e aqui é que você tem perdido meu ponto de todo — eu não penso em você deitado em uma encosta verdejante com adoráveis carneiros, tocando uma flauta! Ao contrário. Sua vida verdadeira, ou 'sangramento', é o tipo de iniciação que busco como base primordial para o Califa. — Para — digamos 20 anos — por isso o Cabeça Externo da Ordem deve, entre outras coisas, ter tido a experiência da guerra como ela realmente é de fato presentemente."

O título "Califa", ainda que referindo–se de alguma forma ao senso de humor de ambos os homens como uma trocadilho com uma abreviação para "Califórnia" (local de residência de McMurtry e localização da Loja Agapé), provém da palavra árabe Khalifa, significando "delegado". Foi historicamente utilizada no antigo Islã para designar o sucessor do Profeta, o comandante mundial da Fé Islâmica. O uso por Crowley do termo, aplicado a Germer e McMurtry, era paralelo para a O.T.O.

Em 1946, Crowley incumbiu McMurtry com documentos de autorização emergencial para tomar o controle de todo o trabalho da Ordem na Califórnia, o que incluía o único Corpo funcional da O.T.O. naquela época. Crowley também apontou McMurtry como seu representante pessoal nos E.U.A., cuja autoridade deveria ser considerada como a do próprio Crowley. Estas duas patentes, datadas respectivamente de 22 de março de 1946 e 11 de abril de 1946, necessitavam apenas da aprovação, veto ou revisão de Karl Germer. Germer foi muito bem informado das patentes de McMurtry por Crowley, posto haver comparecido ao encontro da Loja Agapé no qual McMurtry foi–lhe apresentado. Além disto, em uma carta a Germer datada de 19 de junho de 1946, Crowley informava a Germer que "a única limitação de seu [McMurtry] poder na Califórnia é que qualquer decisão que tome está sujeita à sua revisão ou veto" o que removia a necessidade de uma prévia autorização por Germer.

Em seis de junho de 1947 Crowley escreveu a Germer:
"Você parece em dúvida quanto à sucessão. Nunca houve quaisquer questão a este respeito. Desde sua reaparição você é o único sucessor em que tenho pensado até este momento. Tenho, de qualquer forma, tido a ideia de que, tendo–se em vista a dispersão de tantos membros, você deveria achar útil apontar um triunvirato para trabalhar sob seu comando. Minha ideia é Mellinger, McMurtry e, eu suponho, Roy [Leffingwell], apesar de eu ter estado um pouco duvidoso em relação à lealdade deste último."

Em 17 de junho de 1947, seis meses antes de sua morte, Crowley escreveu a McMurtry e informou–o de que apesar de Germer ser seu sucessor como Cabeça da O.T.O., McMurtry deveria preparar–se para suceder Germer.

Crowley, apesar de confiar na habilidade de Karl Germer em governar a Ordem como seu sucessor, evidentemente não confiava em sua habilidade de encontrar e designar um sucessor apropriado para si mesmo. No que parece ter sido uma medida de contingência adicional para a possibilidade de McMurtry morrer ou ficar incapacitado, Crowley também avisou a Mellinger para que se mantivesse pronto como um possível sucessor de Germer, em uma carta datada de 15 de julho de 1947. De qualquer forma, Mellinger nunca recebeu os avisos dados a McMurtry e Crowley nunca usou o termo "Califa" em relação a Mellinger.

A O.T.O. Dirigida por Germer

Crowley morreu em 1° de dezembro de 1947 e, de acordo com sua vontade, Karl Germer tornou–se O.H.O. da O.T.O., atuando do final de 1947 até sua morte em 1962. A Loja Agapé continuou no sul da Califórnia até 1949, após o que a Loja cessou seus encontros regulares. Os registros da Loja Agapé, consistindo nas atas das reuniões, cópias da anotações de rituais, listas de membros iniciados em vários graus na O.T.O., correspondência e registros financeiros, foram conservados por Jane Wolfe e vários membros da Loja.

Seguindo–se à morte de Crowley, seu testamento foi executado e os executores começaram a enviar o espólio a Germer. Germer recebeu a maior parte do material do espólio de Crowley e, eventualmente, levou–o consigo para sua residência final em Westpoint (Califórnia/USA).

Germer era um homem quieto e recluso, acima de tudo interessado na publicação dos escritos de Crowley. Vários membros da O.T.O. ajudaram–no neste sentido, mas, ainda que tendo havido a promoção dos já iniciados, nenhuma nova iniciação se deu. Germer notificou McMurtry e outros que a O.T.O. seria incorporada e governada por um triunvirato de oficiais, mas esta incorporação jamais foi efetivada sob a liderança de Germer na O.T.O. Germer patenteou um Acampamento inglês da O.T.O. sob a direção de Kenneth Grant (nas. 1924), um membro de grau III°, mas fechou o Acampamento e expulsou Grant da O.T.O. em 20 de julho de 1955, quando descobriu que Grant havia associado–se à Fraternitas Saturni de Grosche, havia circulado um manifesto para uma nova loja da O.T.O. sob a reunida autoridade de Germer e Grosche, e havia começado a modificar os rituais da O.T.O. sem dar notícia a Germer.

Germer também tomou interesse pelos esforços de Hermann Metzger (Paragranus, 1919 — 1990) na Suíça. Metzger era um estudante de um dos membros sobreviventes da seção suíça de Reuss da O.T.O., chamado Felix Lazerus Pinkus (1881 — 1947), mas sem ligações com a O.T.O. de Crowley. Germer pediu a Mellinger que supervisionasse a regularização de Metzger dentro da O.T.O. de Crowley, mas Germer e Metzger caíram em discórdia ao final da vida de Germer. Frederic Mellinger escreveu, após a morte de Germer, que Metzger havia falhado em seguir o programa de instruções estabelecido para ele por Germer sob a tutela de Mellinger. De acordo com uma fonte, Metzger alegava ter patenteado Gabriel Montenegro como X° para os Estados Unidos. De qualquer forma, Montenegro nunca alegou tal autoridade e jamais mencionou quaisquer nomeação de Metzger para seus colegas da O.T.O. nos E.U.A.

Os membros da O.T.O. na Califórnia buscaram ativamente influenciar Germer para que este reabrisse o acesso das pessoas à O.T.O. Foi expressado em correspondências a preocupação de que a não iniciação de novos membros da O.T.O. resultaria na completa dissolução da Ordem. Em 1959, McMurtry foi chamado a uma reunião em Los Angeles, à qual os membros da Loja Agapé e outros foram convidados, com o propósito de tentar criar uma frente unificada para pressionar Karl Germer em retomar iniciações da O.T.O. McMurtry estava pronto a invocar as autorizações dadas a ele por Crowley para dar suporte à sua ideia. Dr. Montenegro opôs–se à ideia e os outros não lhe deram nenhum suporte; a ideia foi abandonada. Montenegro escreveu a McMurtry em 21 de novembro de 1960 para documentar sua oposição à ideia.

Germer autorizou McMurtry a formar um núcleo de um novo acesso público à O.T.O., mas Germer e McMurtry discordaram acerca de um empréstimo pessoal e outros assuntos. Quaisquer diferenças que tivessem, jamais houve a mínima sugestão de que Germer tenha considerado vetar ou revisar as patentes dadas a McMurtry por Crowley. McMurtry perdeu seu emprego na Califórnia devido a problemas de saúde e mudou–se para Washington (E.U.A., capital) em março de 1961. Lá ele lecionou Ciências Políticas na George Washington University (Universidade George Washington) enquanto trabalhava como analista para o governo norte–americano. Também dirigiu a Washington Shakespeare Society (Sociedade Shakespeare de Washington).

 Dificuldades

Germer morreu em 25 de outubro de 1962 sem designar um sucessor. O testamento de Germer nomeava sua esposa, Sascha, e Frederick Mellinger como os executores de seu espólio, na forma de propriedade mantida para a O.T.O. Sascha era uma senhora de idade avançada com a mente já comprometida, afastada dos membros remanescentes da O.T.O. na Califórnia. O espólio de Germer nunca foi avaliado. Alguns membros graduados, incluindo Grady McMurtry, não foram notificados da morte de Germer por vários anos, causando um grande atraso antes que a questão da sucessão na liderança da O.T.O. fosse resolvida apropriadamente.

Metzger, na Suíça, publicou uma alegação de ser o Cabeça Externa da Ordem, baseada em uma eleição particular que teria se dado no dia seis de janeiro de 1963, na própria Suíça. Membros graduados da O.T.O. de fora da Suíça, inclusive Frederick Mellinger, que havia sido indicado por Germer como mentor de Metzger, não haviam sido informados da suposta eleição de Metzger até esta alegação. Uma cópia do manifesto de Metzger foi enviada a Wilfred Smith, que estava morto desde 1957. Metzger não foi aceito amplamente como Cabeça da Ordem fora de seu próprio grupo. Sascha fez uma tentativa de enviar o material de Germer da O.T.O. para Metzger mas foi impedida por uma carta de Mellinger datada de 25 de setembro de 1963, que denunciava Metzger como uma fraude. Metzger, posteriormente, incorporou seu sistema de O.T.O. como parte de uma nova organização de sua própria formação, a Ordo Illuminatorum, a qual pretendia ser um reviver da ordem dos Illuminati. Metzger morreu em 1990.

Kenneth Grant (n. 1924) também tentou alegar ser o Cabeça Externa da Ordem; mas ele havia sido anteriormente expulso por Germer. Grant colocou em disputa sua expulsão, alegando que jamais havia reconhecido Karl Germer como Cabeça da O.T.O. Mesmo assim, os próprios escritos de Grant nos anos 50, em particular o manifesto da Loja Nova Ísis, referem–se a Frater S (Saturnus, i. e. Karl Germer) como cabeça internacional da O.T.O. A organização de Grant diz que a O.T.O. cessou de ser uma organização de membros no sentido tradicional de ter Lojas e conferir graus cerimonialmente. A organização de Grant também ignora a Missa Gnóstica, que é, de acordo com Crowley, "a cerimônia central das celebrações públicas e particulares [da O.T.O.]."

Tempo de Expansão

Quando McMurtry apercebeu-se da condição crítica na qual havia caído a Ordem após a morte de Germer, ele foi impelido a utilizar seus documentos de emergência dados por Crowley e assumir o título de "Califa da O.T.O.", tal como especificado nas cartas de Crowley para ele na década de 40. Para as duas testemunhas que ele acreditava necessárias para tal ato, escolheu o Dr. Israel Regardie (1907 - 1985) e Gerald Yorke (1901 - 1983). McMurttry referiu-se a estes dois como os "Olhos de Hórus", como os dois mais proeminentes estudantes de Crowley sobreviventes. Ele avisou-os de seus planos de reconstruir a O.T.O. usando as cartas-patentes de Crowley e requisitou sua ajuda, a qual foi oferecida. McMurtry completou a ativação de seu Califado em junho de 1969, com um carta ao suíço Hermann Metzger.

Após a ativação do Califado, os restantes membros da O.T.O. dos anos de Crowley e Germer foram convidados a unir–se a McMurtry de modo a continuar as operações regulares da O.T.O. Nesta época havia menos que uma dúzia de membros sobreviventes da antiga O.T.O. nos Estados Unidos. Soror Meral, Soror Grimaud, Mildred Burlingame e Gabriel Montenegro colocaram seu desejo de ver a O.T.O. aberta ao público em geral. Ray Burlingame havia morrido alguns anos atrás e o Dr. Montenegro morreu em 14 de julho de 1969, antes que um encontro organizacional pudesse ser consumado. Frederick Mellinger havia restabelecido contatos com a Sociedade Teosófica e estava, essencialmente, inativo na O.T.O. desde, aproximadamente, 1956, exceto por sua carta bloqueando o envio dos bens de Germer a Metzger em 1963. Mellinger morreu em 29 de agosto de 1970. Em 1969 e 1970 McMurtry, Burlingame e as Sorores Meral e Grimaud começaram a efetuar iniciações. Em 28 de dezembro de 1971 a Ordo Templi Orientis Association (Associação Ordo Templi Orientis) estava registrada no Estado da California como uma entidade legal.

Sacha Germer morreu em abril de 1975 e em 1976, quando sua morte tornou–se conhecida, a O.T.O. Association obteve uma ordem judicial para que lhe fossem entregues os arquivos da O.T.O. remanescentes que estavam ainda sob sua custódia. Esta ordem foi executada, reconhecendo–se Grady McMurtry como representante autorizado da O.T.O., pela Corte Suprema do Condado de Calaveras, estado da Califórnia (E.U.A.), datada de 27 de julho de 1976.

Dirigida por McMurtry, como Califa ou Cabeça atuante da O.T.O., várias tentativas foram feitas para se atraírem novos membros para a O.T.O. e para tornar a Ordem conhecida pelo público. Em 1970, a O.T.O. publicou as cartas do Tarot de Thoth, ilustradas por Lady Frieda Harris, pelo endereço de Dublin (Califórnia/E.U.A.) A resposta foi lenta, mas alguns poucos novos membros foram iniciados através dos esforços centrados em Dublin, no Colégio deThelema, e em São Francisco (Califórnia/ E.U.A.), na Kaaba Clerk House. A atividade em São Francisco colapsou e um dos novos membros abdicou. A atividade continuou por dois anos em Dublin e então foi transferida pra Berkeley (Califórnia/E.U.A.).

Em 1977, McMurtry manteve iniciações da O.T.O. em sua casa, em Berkeley e começou um grupo lá. A O.T.O. foi colocada sob as leis do Estado da Califórnia em 26 de março de 1970 e.v.. Aqueles que alegavam ser membros ou eram conhecidos como membros antigos foram comunicados da formação desta nova corporação e foi–lhes dado um período para requererem a permanência como membros, de acordo com o precedente anterior estabelecido por Karl Germer. A corporação foi colocada sob as leis de taxação norte–americanas como entidade religiosa em 1982.

 Um esforço considerável por Marcelo Ramos Motta (1931 - 1987) foi feito para assumir o controle da O.T.O. com o nome de Sociedade Ordo Templi Orientis. Motta havia sido um discípulo pessoal de Karl Germer na A.·.A.·. por alguns anos, mas jamais obteve formalmente uma patente para iniciar ou abrir uma Loja. De fato, ele jamais foi formalmente iniciado na O.T.O. Após a morte de Germer, Motta proclamou-se como sucessor de Germer e formou um grupo thelêmico em seu país natal, o Brasil. Motta havia primeiro reconhecido Kenneth Grant como cabeça da O.T.O., mas rescindiu este reconhecimento ao saber que Grant havia sido expulso por Germer. Motta terminou indo aos Estados Unidos para reclamar os direitos autorais sobre as obras de Crowley. Ele primeiro processou a Samuel Weiser, Inc., editora de muitos dos trabalhos de Crowley por quebra de direitos autorais, alegando ser ele o único representante da O.T.O. de Crowley. Este caso foi decidido em favor da Samuel Weiser, Inc. pela Corte do Distrito do Maine (E.U.A.). O juiz deu o parecer de que não haviam provas legais das representações de Motta concernentes à O.T.O. A O.T.O., enquanto dirigida por McMurtry, não era parte deste caso e não foi um fator neste julgamento.

Durante os processos em Maine, a O.T.O. emprestou a Motta um terno para ser utilizado na Corte do 9a Corte Distrital Federal de São Francisco. O caso de São Francisco foi concluído em 1985 com Motta perdendo novamente. A O.T.O. dirigida por McMurtry foi reconhecida pela Corte como sendo a continuação da O.T.O. de Aleister Crowley e detentora exclusiva dos nomes, marcas, direitos autorais e outros direitos da O.T.O. McMurtry foi reconhecido como o líder legítimo da O.T.O. dentro dos Estados unidos. A decisão da 9ª Corte também reconhecia legalmente a O.T.O. dirigida por McMurtry como uma entidade com membros. Esta decisão foi apelada e levada à frente. Grady McMurtry morreu em 12 de julho de 1985, seguindo a decisão original da 9a Corte, mas o processo de apelação estabeleceu que a O.T.O. continuaria como uma corporação.

Atualidade

Mais do que designar um sucessor, McMurtry desejava que seu sucessor fosse designado pelo Soberano Santuário da O.T.O. após sua morte. A eleição deu–se em 21 de setembro de 1985, com a participação dos dois membros restantes da Loja Agapé, e Frater Hymenaeus Beta foi eleito para sucessor de Frater Hymenaeus Alpha como Califa e O.H.O. atuante da O.T.O. Hymenaeus Beta continua em seu cargo até hoje.

No princípio de 1996, uma nova corporação foi fundada para tratar dos trabalhos da Grande Loja da O.T.O. nos Estados Unidos, enquanto a corporação já existente foi reorganizada como International Headquarters (Quartel–General Internacional) da O.T.O. Em 30 de março de 1996, Sabazius X° foi indicado como Grande Mestre Geral Nacional para a Grande Loja norte–americana.

 Agradecimentos

Além do material de arquivo da O.T.O., o material publicado pelos seguintes protagonista e pesquisadores Históricos foi consultado enquanto se preparava este ensaio: Calvin C. Burt, W.B. Crow, Isaac Blair Evans, Antoine Faivre, S.E. Flowers, René Le Forestier, Joscelyn Godwin, Dr. J.A. Gottlieb, Ellic Howe, Francis King, Peter–Robert König, Helmut Möller, William G. Peacher, M.D., Martin P. Starr, John Symonds, M. McBlain Thomson, A.E. Waite, James Webb, e John Yarker.

Os seguintes indivíduos providenciaram substancial assistência na forma de informações Históricas e/ou críticas: William Breeze, Martin P. Starr, Parsival Krumm–Heller, Soror Meral, Soror Grimaud, Lon Milo DuQuette, James T. Graeb, Bjarne Salling Pedersen, e P.–R. König.

Notas

A Irmandade Hermética da Luz era uma sociedade mística que alegava descender dos corpos maçônicos/rosacruzes austríacos conhecidos como Fratis Lucis. A Fratis Lucis, também conhecido como a Irmandade Asiática ou a Irmandade Iniciada das Sete Cidades da ásia era derivada da antiga Ordem da Cruz Dourada e Rósea alemã. A Irmandade Hermética da Luz também parece ter possuído conexões com a Irmandade Hermética de Luxor, que era uma sociedade mística que alcançou algum conhecimento público na Inglaterra, em 1884 sob os auspícios de Max Theron (também conhecido comoLouis-Maximilian Bimstein, 1850 - 1927). As origens da I.H.L. não são claras mas há alguma evidência conectando-a à Irmandade de Luxor, que esteve envolvida com a fundação da Sociedade Teosófica bem como da supramencionada Fratris Lucis e com o espiritualismo inglês do Séc. XIX.
Nascido na Polônia, Theon viajou largamente em sua juventude. No Cairo tornou-se discípulo de um mago copta chamado Paulos Metamon. Theon foi para a Inglaterra em 1870, onde foi recrutado pelo lutierPeter Davidson (1842 - 1916) para estabelecer um "círculo externo" da I.H.L.. Eles uniram-se em 1883 por conta de Thomas H. Burgoyne (também conhecido como Thomas Dalton, 1855 - 1895), que posteriormente escreveu um livro resumindo os ensinamentos básicos da I.H.L., chamado "A Luz do Egito". A função deste "círculo externo" da I.H.L. era oferecer um curso por correspondência de ocultismo prático; o que seria mantido fora da Sociedade teosófica. Seu currículo incluía algumas seleções dos escritos de Hargrave Jennings e de Paschal Beverly Randolph.
P.B. Randolph (08/10/1825 - 29/06/1875) foi um conhecido médium, curandeiro e escritor, contando entre seus amigos pessoais Abraham Lincoln, Hargrave Jennings, Kenneth McKenzie, Eliphas Levi, Napoleão III, Edward Bulwer-Lytton e o general Ethan A. Hitchcock. A Ordem de Randolph alegava descender da Ordem Rosacruciana (por patente da "Suprema Grande Loja da França") e ensinava curas espirituais, ocultismo oriental e princípios da regeneração da raça através da espiritualização do sexo.
Yarker foi eleito Grande Mestre Soberano Absoluto para o Rito Oriental de Mizrain em 1871. Ele foi feito Grande Mestre 96° do Soberano Santuário do Antigo e Primitivo Rito de Menphis para a Inglaterra porHarold J. Seymour em oito de outubro de 1872. Seymour recebeu suas cartas-patentes de Jacques Etienne Marconis de Negre em 21 de junho de 1862. Yarker recebeu cartas-patentes do Antigo e Aceito Rito Escocês de Cernau de Theo. H. Tebbs, do Supremo Grande Conselho Combinado do Canadá deste Rito em 12 de janeiro de 1884. Yarker foi eleito Grande Hierofante Imperial 97° do Rito de Menphis em 11 de novembro de 1902.
Os que participaram do congresso foram: Theodor Reuss (representando o Soberando Santuário dos Ritos de Memphis e de Mizraim na Alemanha, o Grande Oriente do Rito Escocês na Alemanha e a Grande Loja Nacional os Ritos Unidos Escocês, de Memphis e de Mizraim para a Grã-Bretanha e Irlanda), H.R. Hilfiker, R. Merlitschek, e M. Bergmaier (representando Grande Oriente do Rito Escocês na Suíça [basedo em uma patente de Reuss Charter datada de 10 de maio de 1919]), Dr. E. Pargaetzi (representando o Soberano Santuário dos Ritos Unidos Escocês, de Memphis e de Mizraim para a França); A. Spilmer (representando a Grande Loja da Colômbia), H. Schütz (representando o Príncipe Alexander da Grécia, Grande Protetor da Maçonaria Grega); John Anderson (representando a Grande Loja Nacional da Escócia); e Matthew McBlain Thomson (representando a Federação Maçônica Americana, a Grande Loja de Washingon e a Grande Oriente de Cuba).
Este texto é uma tradução do original de Frater Sabazius X°, que se encontra no site da Grande Loja dos EEUU.

Símbolo utilizado pela E.G.C. utilizado na Europa.


A Ecclesia Gnostica Cathólica (E.G.C.), ou Igreja Católica Gnóstica, é responsável pelo aspecto eclesiástico da Ordo Templi Orientis. A atividade central da Igreja é a celebração da Missa Gnóstica, Liber XV, composta por Aleister Crowley em 1913.

A Loja Quetzalcoatl celebra a Missa Gnóstica regularmente, possuindo sacerdotes e diáconos devidamente consagrados. Realizamos, além da Missa, batismos, casamentos e demais ritos sacramentais.  Oferecemos também treinamento para os membros que se interessem por seguir uma carreira eclesiástica dentro da O.T.O.

A Loja Quetzalcoatl oferece Missas abertas para que pessoas de fora da Ordem possam assistí-la mediante convite. Mantenha-se em contato para saber quando poderia assistir a uma.

A E.G.C. traça suas origens históricas ao renascimento do Gnosticismo cristão francês no início do Séc. XX, porém desde sua aceitação da Lei de Thelema, se tornou independente de qualquer outra igreja ou movimento religioso, não sendo mais considerada uma igreja cristã. Seus poderes eclesiásticos baseiam-se na sucessão de Crowley e da O.T.O. e não na sucessão apostólica tradicional.

Símbolo da EGC utilizado pela Grande Loja dos EUA e pelo Brasil

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Introducción Biográfica Willi Sucher (1902 1985)

Para los nuevos lectores de la obra de Willi Sucher, comenzamos este libro con una breve biografía como una introducción a la vida y obra de este pionero de la Ciencia Espiritual de la Astrosofía. El contenido de los libros asume una familiaridad con la obra de Rudolf Steiner, porque la investigación de Willi Sucher está enteramente fundada en la Antroposofía. Por lo tanto, recomendamos un estudio de las obras básicas de Steiner con el fin de entrar de lleno en el contenido que se presenta aquí. A principios de este siglo, Rudolf Steiner comenzó a hablar de una nueva forma de conocer las realidades espirituales, que él llamó Antroposofía, la sabiduría renovada a través del ser humano. Hasta su muerte en 1925, entregó a la Humanidad los medios para la renovación a través del cultivo de una Ciencia Espiritual moderna aplicada a una amplia gama de esferas prácticas de la vida, incluyendo la educación, la medicina, la agricultura, las artes y las formas sociales. Detrás de estas áreas de aplicación Antroposófica destaca una sabiduría que todo lo abarca, de la relación del ser humano con el mundo cósmico en el pasado, presente y futuro.

Muchos individuos “experimentaron” a Rudolf Steiner y fueron inspirados para desarrollar un área como una tarea de su vida. Una de estas personas fue Willi Sucher, quien siendo joven escuchó a Steiner. Sucher fue especialmente inspirado por la visión de Steiner de la nueva y creciente relación del ser humano con el mundo cósmico, el de co-creador con los Seres Divinos. Steiner llamó a la necesidad de que esta relación se haga paulatinamente una realidad, y Sucher recogió el desafío y dedicó su vida a la tarea de desarrollar una nueva Sabiduría de las Estrellas, o Astrosofía, que reconociera este nuevo papel del ser humano en la evolución de la Tierra.

Willi Sucher nació el 21 de agosto de 1902, en el sur de la ciudad alemana de Karlsruhe, hijo de un joven contable. Sus primeros recuerdos son de la muerte de su madre cuando él tenía cuatro años. Esta gran pérdida marcó el inicio de una infancia en la que se experimentó a sí mismo como el hijastro no deseado. Su padre pronto se volvió a casar, y la nueva madrastra de Willi estaba, como él describiría más tarde “furiosa de mi propia existencia.” Fue rechazado y maltratado durante estos años, hasta que a los 13 años lo enviaron a vivir con la familia de su tío, cuando su padre fue llamado a servir en el ejército durante la Primera Guerra Mundial. Aunque su tío, Carl Sucher, era amable, Willi era una boca más que alimentar en una gran familia que sufría las penurias económicas de la guerra, y así, un año después, le enviaron a vivir con unos parientes de su madre en una pequeña granja en un pueblo cercano.

La vida allí era muy vigorosa. La familia trabajaba hasta altas horas de la noche en el campo, por lo que Willi se tuvo que responsabilizar de atender la casa y cocinar para los demás cuando salía de la escuela. Más tarde caracterizó su infancia como un sentirse siempre “que estaba de más,” pero él vio en esto una fuerza positiva en su vida que le sirvió para construir la fuerza interior y la perseverancia ante las dificultades. En 1918, a los 16 años de edad, Willi decidió independizarse. Vio que su esperanza original de convertirse en arquitecto era imposible debido a su situación económica, por lo que solicitó el convertirse en un aprendiz de banca. Fue aceptado y comenzó el entrenamiento de dos años y medio de duración. No le gustaba, pero continúo en esta profesión durante 21 años. A menudo ha señalado cómo a través de este trabajo se disciplino en una rigurosa atención a los detalles y la precisión en el cálculo.

Esta formación matemática le serviría mas tarde en el trabajo de su vida real. En 1919, Willi entró en contacto con las ideas de Rudolf Steiner. Su tío Karl, con quien se había mantenido en contacto, había asistido a una conferencia de  Rudolf Steiner y habló de ello con Willi. Willi reconoció de inmediato que estas ideas se convertirían en el camino de su vida y pronto solicitó su admisión en la Sociedad Antroposófica, Sin embargo, se le contesto que debía esperar otro año hasta que cumpliera los 18. Su tío Karl también habló con él acerca de la astrología, expresando su preocupación acerca de su falta de idoneidad para la humanidad moderna. Willi recordó una de esas conversaciones en las que su tío habló de lo importante que sería que algún día un antropósofo llevase nueva luz al campo de la astrología a través de los puntos de vista de la Ciencia Espiritual. Su respuesta fue: “¿Por qué debemos esperar?. ¿No podemos hacerlo nosotros mismos?”. Él tenía 18 años de edad, el momento de su primer retorno del nodo lunar.

A continuación, comenzó a leer literatura sobre la astrología en un esfuerzo por entenderla, sólo para alejarse de ella una y otra vez, repelido por su determinismo, que sentía degradaba la verdadera dignidad del ser humano. Continuó también su estudio de la antroposofía, asistiendo a conferencias cuando le era posible y a las lecturas. En 1922, él se inspiró en las ideas de Rudolf Steiner sobre “El aspecto Ternario del Organismo Social” y se trasladó a Stuttgart para unirse a un pequeño banco, Tag Bankhaus Der Kommende, que estaba conectado con varias empresas que trataban de poner en práctica estas ideas. En una ocasión, Rudolf Steiner visitó el banco y saludo a todos los que trabajaban allí. Willi se quedo profundamente impresionado por este encuentro personal y con la forma en que Steiner llenó tan plenamente ese lugar. Era típico que Willi cuando se le preguntaba si alguna vez había solicitado una entrevista privada con Rudolf Steiner, respondiera que nunca había sentido que sus preguntas personales deberían consumir el precioso tiempo de un hombre tan ocupado. Sin embargo, debido a las crecientes dificultades económicas de aquellos tiempos, el banco se vio obligado a cerrar. Willi entonces ocupo un puesto en un banco en Bruchsal.

A través de un amigo, conoció a su futura esposa, Helen, que vivía con sus padres en Stuttgart y que también asistía a las conferencias de Rudolf Steiner. Ambos se unieron a la Comunidad de Cristianos recién formada y se casaron en 1927, matrimonio oficiado por el Dr. Friedrich Rittelmeyer, el fundador de la Comunidad Cristiana y un teólogo luterano líder en Alemania en el momento. Willi estaba trabajando y viviendo en Bruchsal con algunos antropósofos, y Helen vivía con sus padres en Stuttgart, por lo que Willi viajaba en tren para visitarla, los fines de semana. La pareja pronto fue capaz de conseguir su propio hogar y en 1927 se trasladó a un pequeño apartamento de dos habitaciones con una cocina, pero sin baño.

Willi regresaba a casa desde su trabajo en el banco y dedicaba dos horas a estudiar por las noches. Los fines de semana se recreaban haciendo caminatas en el Bosque Negro. El año 1927 fue un año importante en la vida de Willi, no sólo debido a su matrimonio, sino también por otra razón. Se encontró con el informe de una conferencia impartida por la doctora Elisabeth Vreede, jefe de la Sección de Astronomía Matemática de la Facultad de Ciencia Espiritual en el Goetheanum en Dornach, Suiza, donde se estaba la sede de la Sociedad Antroposófica. (La Dra. Vreede había conocido a Rudolf Steiner en 1903, cuando era miembro de la Sociedad Teosófica).

Ella formaba parte del grupo de personas que trabajaban con Steiner en el desarrollo de la Sociedad Antroposófica, trasladándose con él de Berlín a Dornach en 1917 para ayudar a construir el primer Goetheanum. También era miembro del Vorstand original de la Sociedad y fue nombrada jefe de la Sección-matemática astronómica por Steiner. En esta conferencia la Dra. Vreede se refirió a las declaraciones de Rudolf Steiner acerca de las configuraciones de los cielos en el momento del paso del ser humano al mundo espiritual con la muerte. Mirando hacia atrás en este momento 40 y dos años más tarde, Willi escribió:

“Recibí esta imagen como un rayo. Aquí surgió una perspectiva que ya no presenta al ser humano como un objeto indefenso de los ritmos y movimientos de los astros.

Era el alma del hombre la que significaba algo para las estrellas; incluso esperaban lo que tenía que ofrecerles como frutos de sus experiencias terrenales. Un rayo de esperanza que parecía arrojar luz sobre la búsqueda del hombre por la libertad espiritual cayó sobre el complejo de la astrología. Investigaciones posteriores, justo sobre las bases matemáticas de los ritmos planetarios  confirmaron totalmente esta esperanza. De hecho, los ritmos biográficos de un gran número de personalidades históricas resultaron coincidir perfectamente con las configuraciones de los cielos en el momento de su paso por el umbral. La experiencia que el hombre no era más que una criatura, pero que estaba en el camino de convertirse en un cooperador incluso con el cosmos tomaba cada vez mas forma. Esto le dio la esperanza de que las opiniones constructivas similares con el tiempo pueden ser encontrados con respecto a la asociación entre el hombre y las estrellas en el momento de su encarnación. Descubrimientos posteriores demostraron que no era vana esperanza”.

Ahora sus estudios adquirieron una intensidad cada vez más profunda. En ese momento estaba estudiando la biografía de Tolstoi. Trabajó con las configuraciones de los cielos en el momento de la muerte de Tolstoi y después de cuidadosas deliberaciones envió esta imagen de la carta astrológica, junto con algunas sugerencias muy tentativas, a la Dra. Vreede a Dornach. Ella respondió, como Willi diría más tarde, “muy positivamente” y lo invitó a Dornach la semana después de Pascua de 1928. Willi tenía entonces 25 años. La Dra. Vreede, como líder de la Sección-matemática astronómica en ese momento, estaba dando conferencias y cursos, y entre 1927 y 1930, publicó 42 cartas sobre el tema “La astronomía y la antroposofía” (revisada y publicada en forma de libro en 1980 por el Philosophisch-Anthroposophischer Verlag en el Goetheanum).

Su investigación encontró en Willi, un ferviente alumno y esto se convirtió en el punto de partida de una relación de trabajo que se desarrollaría durante los siguientes diez años, durante los cuales la Dra. Vreede le dio aliento y desafío para que desarrollara aún más el trabajo que había comenzado. Willi describe a menudo como la Dra. Vreede le enviaba declaraciones de Steiner acerca de la relación del ser humano con el cosmos, con la petición: “Yo no puedo hacerlo. Hazlo tu!”. A continuación, Willi, hacia los ejercicios astronómico-matemáticos, entendiendo las  indicaciones, y se los enviaba a Dornach.  Más tarde escribió: “Fue la doctora Elisabeth Vreede quien me sugirió que investigara la conexiones del ser humano con las estrellas durante los acontecimientos prenatales, es decir, durante el desarrollo embrionario. Ella me aconsejó que empleara para este fin la antigua Regla Hermética —originaria del Antiguo Egipto.

Willi viajó a menudo a Dornach durante estos años y en 1931, a los 29 años de edad, fue invitado a dar una conferencia en el Goetheanum y más tarde en la Clínica Antroposófica en Arieshelm. En 1934/35, la Dra. Vreede, en nombre de la Sección Matemático-astronómica, publicó la serie de Astrologische Betrachtungen (“Estudios Astrológicos”) escritos por Willi, a excepción de la primera en la que escribió: Los siguientes estudios están destinados a informar al lector acerca de las investigaciones de nuestro compañero de trabajo Willi Sucher, que esta desarrollando en colaboración con la Sección matemático-astronómica desde hace algunos años. El Punto de partida de Willi Sucher no era la astrología tradicional  —que él ya conocía— sino la Ciencia Espiritual de Rudolf Steiner, en especial las sugerencias de Rudolf Steiner concernientes al reino de la astrología.

A medida que continuaba el trabajo de Willi, las condiciones en Alemania se estaban volviendo cada vez más difíciles con la llegada de Hitler al poder. Willi y su esposa se hicieron conscientes de que no serían capaces de continuar con su trabajo en ese entorno. Su correspondencia con la Dra. Vreede había sido interceptada y los astrólogos en Alemania estaban siendo arrestados. Los antropósofos tuvieron que trabajar en secreto en pequeños grupos. Más tarde Willi habló de la necesidad de mantenerse  en secreto durante esos tiempos y describió cómo él y Helen iban a la cocina, llenaban el fregadero, y colocaban una olla sobre el desagüe, con el fin de poder hablar de  estas cosas sin ser escuchados por los vecinos que podrían informar sobre ellos. En 1936, Willi volvió a Dornach a visitar a la Dra. Vreede, después de su expulsión del Vorstand junto con su colega Ita Wegman y otros miembros. Fue a través de sus esfuerzos, después de esta visita que fue invitado a dar una conferencia en 1937 en Holanda y luego en Inglaterra en la Casa Rudolf Steiner de Londres, donde George Adams tradujo sus conferencias. Durante esta visita a Inglaterra, Willi y Helen estudiaron activamente oportunidades para salir de Alemania. Habló con su amigo Eugen Kolisko, quien le presentó a Fried Geuter, el co-fundador de Sunfield Home, una casa antroposófica para niños discapacitados en Clent.  Geuter le dijo: “Sr. Sucher, venga con nosotros y le construiré un observatorio”. Así que a su regreso a Alemania, se inició el proceso de solicitud de visado. Su intención de emigrar tuvo que permanecer en secreto, a excepción de unos pocos amigos íntimos dentro de la Sociedad Antroposófica. Varios meses después, pasada la Pascua de 1938, obtuvieron los documentos necesarios, y los Sucher dejaron su patria en dirección a Inglaterra en lo que fue considerado oficialmente una “visita”, con sólo 20 marcos y algunas pertenencias personales. No volverían a vivir en Alemania. Willi tenía treinta y cinco años.

 Así que después de 20 años de trabajar en bancos, Willi se sumió en el trabajo en una guardería de niños con discapacidades severas, mientras que Helen trabajaba en la cocina. El idioma también era nuevo. Fried Geuter exhortó a su profesor allí en la guardería “enséñeles en Inglés, pero regáñeles en alemán!”.

Aquí Willi reunió la experiencia clínica que más tarde uniría con las indicaciones de Steiner —desarrollar la idea de que una persona dedicada, que trabaja con un profundo conocimiento de la configuración estelar del niño, podría afectar la curación. En la descripción de este tipo de trabajo, dijo, “A menudo trabajábamos  hasta bien entrada la noche, y al día siguiente el niño era un ser diferente”. De este tiempo él también dijo: “Así que ya ven, realmente era un “observatorio “…  de las influencias cósmicas sobre el destino humano! “.

 En 1938, Willi pudo reunirse una vez más con la Dra. Vreede en una conferencia celebrada en Bangor, Gales, cerca de Penmaenmawr. Willi describió cómo él y la Dra. Vreede subieron a una colina detrás de Penmaenmawr con dos círculos de piedra druida: “Así que nos despedimos uno de otro, al menos por el momento, en las proximidades de los testigos de una Antigua Sabiduría Estelar, con un profundo sentimiento de responsabilidad por su futuro”. Esta fue la última vez que Willi vio a la Dra. Vreede. Sus últimos años fueron muy solitarios. A causa de la guerra tuvo que separarse de sus amigos en Holanda, Inglaterra y Alemania. La muerte de Ita Wegman, su amiga y colega, en 1943 le llegó como una gran sorpresa. Apenas dos meses después cayó enferma y se trasladó al sur de Suiza con la esperanza de que el clima más cálido le ayudara a mejorar su condición. Pero esto fue en vano, y a las 4:45 pm en la tarde del 31 de agosto de 1943, ella exhalo su último aliento, después de haber vivido una enriquecedora vida dedicada a Rudolf Steiner y a la Antroposofía.

 Debido a la guerra había mucha preocupación en Gran Bretaña por la existencia de delatores enemigos entre los muchos refugiados. Por lo tanto, todos los hombres y algunas mujeres de Alemania y Austria fueron detenidos como “extranjeros enemigos” para ser internados en campos de detención alrededor de las Islas Británicas hasta que sus motivos pudieran ser investigados. Previendo esto, Willi embala una pequeña caja con sus cartas más valiosas para la elaboración de posiciones de las estrellas y otras ayudas que necesitaba para llevar a cabo su investigación. En aquellos tiempos no estaban disponibles las efemérides, computadoras y calculadoras modernas; todo tenía que resolverse mediante tablas especiales que no eran fáciles de obtener. Así, cuando la policía llegó para detenerle a  él y algunos otros que trabajaban en la casa, ya estaba completamente preparado. Antes de que se los llevaran, todos los compañeros del trabajo hicieron un corro y cantaron una canción que se había convertido en el motivo principal del objetivo de su trabajo con los niños “En la búsqueda del Santo Grial,” para hacer la ofrenda de despedida.

Primero los llevaron a una especie de cámara de compensación en un cuartel militar en Worcester, y luego a un lugar cerca de Liverpool. Mientras que sus pertenencias personales estaban siendo inspeccionadas ante un posible material subversivo, el delegado del grupo le dijo a los inspectores que venían de un hogar de niños que habían tenido un brote de escarlatina, lo cual era cierto. Debido a esto, su grupo fue trasladado a una unidad de aislamiento y enviaron con ellos sus pertenencias sin ser inspeccionadas. Así se salvo el  material  de investigación de Willi. El grupo fue trasladado a un campamento en la Isla de Man, en el mar de Irlanda, antes un centro turístico con varios hoteles que se habían confiscado y rodeado con un alambre de púas. Allí estuvieron internados varios antropósofos —El Dr. Ernst Ledehrs y el Dr. Karl König, el fundador de Camphill, entre otros.

Willi describiría más tarde este tiempo como el período más fructífero de la investigación. Durante 18 meses, les dio tiempo a estas individualidades de celebrar una especie de “superuniversidad”, como lo llamó Willi. Tenían largas conversaciones acerca de sus estudios e investigaciones y practicaron dándose charlas entre sí. Como todas sus necesidades materiales estaban proporcionadas, ellos quedaban libres de organizar su vida cotidiana dentro del recinto. Podían salir a trabajar en granjas, algo que Willi intentó, pero que encontró demasiado extenuante. Por ser médico, el doctor König fue liberado en enero de 1942, y se aseguró de la liberación de Willi al invitarlo a trabajar en su Hogar para niños en Aberdeen, Escocia. Willi fue acompañado por Helen, que había permanecido en Sunfield, y él continuó sus investigaciones al tiempo que ayudaba a cuidar a los niños. También comenzó a escribir una “Carta Mensual” para un número de abonados y daba conferencias. Fue en una de estas conferencias, cuando al regresar a Sunfield Home en Clent, cuando conoció a Hazel Straker. Ella describió este encuentro de la siguiente manera:

“Tengo recuerdos muy vívidos de verle dirigirse a dar una conferencia en Sunfield donde yo había ido a trabajar justo después de su detención. Le recuerdo como un hombre modesto, impecablemente vestido, caminando arriba y abajo, delante de nosotros, hablando de una manera segura, tranquila y pictórica de sus investigaciones sobre los movimientos de las estrellas durante los tres años que Cristo estuvo en la tierra. Hablo de los movimientos de Mercurio, sus encuentros con el Sol, y su relación con los siete signos o milagros descritos en el Evangelio de San Juan. Los cuadros que pintó en el aire han permanecido conmigo, creciendo como una realidad que todavía tienen un gran significado para mí, habiéndose convertido en algo íntimo relacionado con la vida cotidiana. En otra ocasión habló del ciclo del año, y desde entonces  comprendí con certeza lo del “ser vivo del Sol”. La profundidad de su disciplinado trabajo de investigación brillaba, irradiando tanta confianza, que le dejaba a uno totalmente libre.”

Más tarde, en 1944, cuando Willi y Helen volvieron a Sunfield, Hazel Straker se puso a trabajar más estrechamente con él y su investigación. En 1946, a petición de Eleanor Feliz y María Schindler, Willi y Helen se mudaron a Londres por un corto tiempo impartiendo clases nocturnas. En 1947, el Dr. Alfred Heidenreich, el fundador de la Comunidad de Cristianos en Gran Bretaña, le invitó a Garvald, una casa de reposo en Escocia, donde Willi fue el director por un corto tiempo. Aquí Hazel Straker se unió a ellos como colaboradora. En Garvald, Willi entró en conflicto con uno de los compañeros de trabajo a causa de su trabajo “astrológico” con los niños, por lo que decidió marcharse cuando el Dr. Heidenreich los invitó a trabajar en Albrighton Hall, un centro de conferencias de la Comunidad de Cristianos, cerca de Shrewsbury. Esta vez, Willi escribió, “fue uno de los períodos más positivos y creativos de mi vida. Dr. Heidenreich me dio absoluta libertad para desarrollar mi trabajo”. Allí preparo el manuscrito en Inglés “Isis Sophia”, publicado en 1951, (que ya había sido publicado en Alemania), así como “El hombre y las Estrellas”, la segunda serie de “Isis Sophia”, publicado en 1952. También durante estos años se formó la “familia” de los compañeros de trabajo. Willi y Helen no tenían hijos, pero si muchos colaboradores que dieron un apoyo vital al trabajo. Empezaron a reunirse tanto para la investigación como para la vida práctica. A este grupo de trabajo se unieron además Hazel Straker, Helen Verónica Moyer y su hermana, la artista María Schindler. Se preocupaban por la casa de conferencias y le ayudaban con el trabajo sobre las estrellas, dejando tiempo a Willi para la investigación, además de dar conferencias en congresos y viajar para atender las solicitudes crecientes de hablar con otros grupos en Inglaterra, Escocia y Holanda. Durante este tiempo se hizo el trabajo sobre el fondo estelar de las mitologías griega, nórdicas y celtas, se llevó a cabo mucha investigación de los períodos históricos y personalidades, y se exploraron las muy nuevas áreas de los puntos de vista heliocéntrico y lemniscático del Universo. En 1953, se tuvo que cerrar la Casa de Conferencias por razones financieras, y el grupo se trasladó a Larkfield Hall, una casa de reposo en Kent, Inglaterra, donde pudieron construirse una pequeña casa con la ayuda de un amigo fiel. Debido a sus compromisos de dar conferencias, Willi no tenía tiempo para trabajar con los niños, pero sus compañeros de trabajo lo reemplazaban, reuniéndose con Willi y trabajando sobre las cartas del nacimiento de los niños. Este trabajo fue descrito por Hazel Straker:

“Esto no era sólo levantar un horóscopo del momento del nacimiento, era una imagen de los gestos de las estrellas durante los nueve meses de preparación para el nacimiento, del desarrollo embrionario. La Dra. Vreede  había introducido este concepto, y atendiendo su petición, Willi había realizado mucha investigación adicional. Este meticuloso y minucioso trabajo que había estado investigando en los últimos años mostró enriquecedores frutos, como llevarnos a través de los eventos estelares a las grandes imaginaciones, que eran capaces de inspirarnos de una manera muy útil para nuestra futura labor con cada niño individual. También aquí las recurrencias de los movimientos relacionados con los hechos de Cristo durante los tres años que estuvo en la Tierra, fueron una parte integral de nuestras consideraciones. A pesar de que ya nos habíamos comprometido con este trabajo, se nos hacía cada vez más claro que aquí había un gran potencial para la verdadera curación”.

 En 1955, Willi fue invitado a dar una conferencia sobre La Triformación Social en la comunidad antroposófica en Spring Valley, Nueva York. Estados Unidos.  Durante este primer viaje a los EE.UU., dio 70 conferencias, teniendo talleres de trabajo durante su estancia de 19 semanas, que incluyó una visita a Los Ángeles para impartir un curso en el programa de formación del profesorado en el Centro Waldorf School Highland. Esta conexión con California jugaría un papel importante en su destino posterior.

 A su regreso a Inglaterra, Willi comenzó a trabajar en el libro “El drama del Universo”. Los dos libros anteriores, “Isis Sofía” y “El hombre y las Estrellas”, se habían escrito desde la perspectiva geocéntrica (centrada en la Tierra). Ahora sus investigaciones sobre la perspectiva heliocéntrica habían madurado lo suficiente para introducirlas en este libro. Fue una gran tarea, con gran parte del trabajo de preparación para su publicación realizado por Hazel Straker y Verónica Moyer. Fue publicado en 1958, y para celebrarlo, todos ellos decidieron tomarse unas vacaciones. Helen siempre había querido ver palmeras, por lo que decidieron hacer un viaje a Egipto. Pero a medida que se ultimaban los planes, Willi sugirió: “¿Por qué ir al Este, por qué no ir al Oeste de los Estados Unidos?” Así que la familia de colaboradores viajó a través de América, desde Montreal a Denver, y desde Salt Lake City, a Los Ángeles.

Aquí Helen vio sus palmeras, y decidió que se quedarían. Las peticiones persistentes para que trabajaran en la Escuela Hall Highland y comenzar una escuela tan necesaria para la educación curativa fue otra razón para mudarse a California, por lo que decidieron emigrar. Regresaron a Inglaterra, vendieron su casa, y en 1961, gracias a la generosidad de un amigo de este grupo de cuatro fundó el Centro Landvidi para Niños Especiales en Los Ángeles, que operaron bajo su guía durante siete años. Durante estos años Willi dio muchas conferencias y cursos en otras partes de los Estados, así como regresar a Europa para dar conferencias en Inglaterra, Holanda, Suiza y Alemania.

Con el cierre de la escuela en 1968, los Sucher  buscaron un lugar en el que retirarse. Se consideraron muchos lugares, incluyendo algunos en Inglaterra y Canadá, pero con el tiempo su elección fue Meadow Vista, un pequeño pueblo en las faldas de las montañas de la Sierra no lejos de Sacramento. Ahora tenía más tiempo para dedicarse a la escritura y a la investigación. Willi también continuó sus actividades de dar clases y viajar, además de celebrar cursos y grupos de estudio en su casa. Durante este tiempo un flujo cada vez mayor de personas vino a buscar ayuda en sus vidas, y el trabajo de Willi con los profundos cuadros que figuran en el nacimiento y estereogramas prenatales trajo luz en el camino del destino de aquellos que lo buscó. Fue durante este tiempo que se publicaron “El Cristianismo Cósmico” (1970) y “El Rostro Cambiante de Cosmología” (1971). Ambos libros, de los que se compone este volumen, son el contenido de una serie de talleres paralelos de mañana y tarde impartidos por Willi en agosto de 1969 en Hawkwood College en Inglaterra, que después escribió para su publicación. Más tarde escribió acerca de la investigación publicada en “El Cristianismo Cósmico”:

“Por último, debo mencionar el trabajo de investigación que hice sobre los Eventos de Cristo. Cada vez me viene más la impresión de que estas perspectivas cósmicas de los Eventos de Cristo son una base para la experiencia del trabajo del Impulso de Cristo en los tiempos posteriores del llamado Misterio del Gólgota. Resulta que cada vez que uno de los eventos cósmicos durante el ministerio de Cristo, se repite, se ofrece la oportunidad de entender e incluso de hacerse consciente,  en un sentido espiritual interior el significado de la correspondiente Escritura de Cristo. Como ya he dicho, al ser humano se le “ofrecen estas posibilidades”. Él puede aceptarlas libremente e identificarse eventualmente con ellas”.

También continuó escribiendo en la Revista Mensual “Star” (1965-1975) para sus suscriptores. En la carta de noviembre de 1970 escribió del trabajo de su vida desde la primera lectura del artículo de la Dra. Vreede:

“Ahora hace 42 años, que pasó este rayo luminoso y desde entonces me he estado habilitando para llevar a cabo esta investigación. A veces las circunstancias externas fueron difíciles, pero siempre aparecía una mano amiga que a menudo arreglaba las cosas con el fin de facilitar mi trabajo. Como he dicho antes, el camino nunca fue fácil; la sospecha y la desconfianza actuaban como “descansos contundentes”. Uno puede entender completamente esto si ve los graves peligros que nos acosan a la derecha e izquierda en el camino hacia una Nueva Astrología Constructiva. El egoísmo humano se inclina con demasiada facilidad a abusar de este conocimiento por ignorancia y diletantismo. A lo largo de los años, el faro de la luz de sabiduría de Rudolf Steiner fue un estímulo incesante y también consuelo cuando la desconfianza llevaba a un ataque directo. Hay, sobre todo, un pasaje en el ciclo de conferencias de Rudolf Steiner “Cristo y el Mundo Espiritual” (28 diciembre de 1913 hasta el 2 de enero de 1914) que me gustaría citar: “Como el resultado de muchos años de investigación se hace más y más claro para mí, que en nuestra época hay realmente algo así como un renacimiento de la astrología de la tercera época cultural (la civilización Egipcio-caldea), pero impregnada con el Impulso de Cristo. Hoy tenemos que buscar en las estrellas de una manera diferente a las viejas costumbres, porque el guión estelar debe convertirse en algo que nos habla una vez más. “(Conferencia V, 01 de enero 1914).

Con tales fundamentos el trabajo pudo ser llevado adelante. Eventualmente se le unieron otros amigos aportando lo mejor que pudieron. El faro que nos orientaba era un sentido incesante de responsabilidad de sentar las bases para una astrología que reconociera clara y científicamente la conexión del hombre con las estrellas y, sin embargo respetara plenamente el dominio de su libertad espiritual y dignidad. Así las cosas fueron gradualmente tomando forma.

En 1972, a los 70 años de edad, Willi fue invitado por un grupo de jóvenes a dar una conferencia en el Congreso Internacional de la Juventud en el Goetheanum en Dornach, donde había dado su primera conferencia 41 años antes estimulado por la Dra. Vreede.

Aunque las invitaciones a conferencias aumentaron y la amplitud y profundidad del trabajo de Willi crecieron, lamentaba profundamente que tan pocas personas participaran activamente en el desarrollo de Astrosofía. Él vio la gran necesidad de extraer los potenciales que contenía, para que la Humanidad pudiera afrontar las pruebas que se aproximan a la vuelta del siglo, de una manera positiva y constructiva. Fue esta preocupación por el futuro de sus congéneres lo que le permitió superar su reserva natural y hablar de sus convicciones. Él siempre decía que, por él mismo, vivir sólo del mundo de la investigación habría sido suficientemente satisfactorio.

En los años siguientes, la publicación se limitaría a las “Cartas mensuales” a los suscriptores. Una parte de estas cartas (1972-74) se publicaría como el último libro final de Willi, “Enfoque práctico hacia una Nueva Astrosofía”. Es en esta obra dio luz a sus muchos años de investigación, mencionadas primero en “El drama del Universo“, con el enfoque espiritual en una astrología heliocéntrica. Esta fue una incisión revolucionaria en el mundo de la astrología, que abrió el camino para una comprensión científico espiritual de las perspectivas copernicanas heliocéntricas del Universo. El desarrollo de este trabajo fue una adición monumental para nuestra comprensión de la relación del ser humano, y de hecho de toda la evolución de la tierra, con el universo heliocéntrico. Como más tarde escribió acerca de esto:

“Otra perspectiva que tuve la oportunidad de trabajar con gran detalle en los últimos años fue la conexión del ser humano con el mundo estelar desde el punto de vista astronómico heliocéntrico. Algunas personas están todavía con una fuerte oposición al planteamiento heliocéntrico. Sin embargo, Rudolf Steiner señaló en el ciclo de conferencias “La Relación del Hombre terrenal con el Sol“, (Ponencia IV, 11 de enero de 1924), que esta es la perspectiva correcta, aunque ha llegado a ser una realidad a través de un gran error o el fracaso en la evolución. En la investigación que llevé a cabo en este sentido, resultó que el enfoque heliocéntrico no corta al geocéntrico por completo. Más bien resulta ser una especie de relación de complementariedad. El estudio de los muy lentos movimientos de los llamados “elementos de las órbitas planetarias —es decir, los nodos y ápsides (afelio)— resultan ser de gran ayuda para la investigación histórica así como para la relación del individuo con el mundo estelar”.

En 1973 Hazel Straker tuvo que volver a Inglaterra para atender a su madre, finalizando así los 25 años de trabajo conjunto con la “familia” de los colegas. Durante un tiempo ya no se pudo seguir con las actividades de las publicaciones, pero la distribución de los libros por correo se mantuvo por Verónica Helen Moyer, el cuarto miembro del pequeño grupo que emigró a Estados Unidos con los Sucher. Dos años más tarde, la esposa de Willi murió de repente. A pesar de esto, Willi cumplió con el compromiso de dar una conferencia en el Este poco después. Luego redujo gradualmente sus viajes y se centró en la enseñanza más cerca de casa. Verónica se preocupaba por la casa y continuó ayudando con el trabajo con las estrellas. Ahora, hacia el final de su vida, llegó a aceptar que su obra no había sido en vano, sino que se las había arreglado para sentar bases firmes, de lo que se construiría en el futuro. En los siguientes diez años, la casa de Willi se convirtió en un centro de actividades. Él se sentía alentado al ver que las personas, a nivel individual o en grupos de estudio llegaron a aprender de sus palabras. Innumerables personas que buscaban orientación la encontraban en su casa. En silencio escuchando a cada uno, nunca se ocupo de la maraña de la crisis personal, sino que levantaba la mirada al cosmos, ofreciendo una imagen objetiva de la grandeza de los Eventos de Cristo brillando como rayos de luz sobre el camino del destino. Durante sus talleres en este momento, Willi se referia en varias ocasiones a la conferencia de Steiner de 10 de octubre de 1919, “Cosmología, Libertad y altruismo”, en la que Steiner describe las tareas de diferentes partes del mundo y señalo la necesidad imperiosa de una nueva Cosmología procedente de América. Willi reconoció la importancia de este trabajo para los estadounidenses de despertar, de una manera realista, a la ciudadanía en el cosmos. Oportunamente, dio su última conferencia, a los 82 años, apenas dos meses antes de su muerte, en el Aula de Estudios Americanos del Rudolf Steiner College en Fair Oaks, California, donde enseñaba a menudo. Fue sobre los Eventos de Cristo en relación con la fundación de los Estados Unidos en 1776.

Willi murió pacíficamente mientras dormía el 21 de mayo de 1985, habiendo recibido a las visitas hasta esa noche. Antes de su muerte, junto con un pequeño grupo de amigos, fundó el Centro de Investigación de Astrosofía en Meadow Vista, para cuidar de sus publicaciones, documentos personales, y biblioteca después de su muerte. Espacio se le prometió en una casa cercana donde, a partir de esta publicación, este material está siendo atendido y está disponible para cualquier persona que desee llevar a cabo alguna investigación.

Obviamente, todas las cartas personales fueron devueltas o destruidas, pero hay mucho material histórico, investigación médica, y notas sobre muchos otros aspectos de su trabajo de largo alcance. Como uno de sus alumnos más tarde escribió: “Willi Sucher trajo un nuevo y poderoso impulso hacia la restauración de nuestro conocimiento de las estrellas a un nivel de sabiduría misterio. Lo más importante de todo, él abrió el camino a una nueva conciencia moral, uno que reconoce la importancia de Cristo en lo que concierne a las profundas relaciones que prevalecen entre el cosmos, la Tierra y la humanidad.

Hoy en día, dispersos aquí y allá en todo el mundo, un pequeño pero dedicado grupo de gente misma ha dedicado a cultivar el trabajo Willi Sucher, a ayudar a Astrosofía vivo como un impulso espiritual en nuestro tiempo. “Al final de su vida, Willi escribió:” Así me finalmente, sólo puede decir que me dieron por destino grandes oportunidades de descubrir y elaborar nuevas perspectivas creativas de la conexión del ser humano con las estrellas, es decir, un nuevo ‘astrosofía’, estoy muy agradecido por estas oportunidades.

Sin embargo, la gran pregunta para mí siempre fue, ¿cómo puedo llevar esta sabiduría para el conocimiento de la humanidad? La respuesta a esta pregunta nunca fue fácil, todo durante mis 52 años de trabajo en este campo. Pero hay esperanza de que este trabajo se realizará en el futuro y encontrar más y más posibilidades de aplicación práctica y espiritual de la civilización. “Se espera que la publicación actual de este libro servirá como un paso en el fomento de la esperanza de Willi para el futuro de la Astrosofía”.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Anatomia Oculta



No vocabulário esotérico, a “anatomia oculta” se refere à constituição psíquica e à constituição astral, como elas interagem, e como cada uma delas interage com o corpo material. É importante para a espiritualidade do estudante, se ele quiser ser bem-sucedido, entender o que acontece dentro dele. Em particular, ele deveria saber como essas coisas influenciam a evolução espiritual, ou qual papel elas têm. Ao mago essas coisas são de singular importância, porque a tradição mágica tem práticas que fortalecem as partes básicas dos veículos espirituais. O que é dado aqui é a primeira de três lições sobre a anatomia oculta que são dadas a tempos diferentes, na medida em que se avança a níveis posteriores do sistema de treinamento. Esta é a mais simples delas.


Os Três Corpos

A alma é inserida envolvida por três “capas” ou corpos. Eles são os corpos mental, astral e físico. Destes, o corpo mental é o mais sutil e o mais refinado. É o corpo mais evoluído da alma, e o que possui menos restrições. É, porém, ainda ahamkara [ego – N.T.]; é ainda maya [ilusão – N.T.], porque até o corpo mental ainda precisa de uma ideia de separação de Deus, tal ideia que na realidade é incorreta.

O corpo mental é composto de chitta, substância mental. A substância do corpo mental fica em constante atividade, constantemente sendo movimentada e formando redemoinhos por causa dos vrittis [perturbações – N.T.] da mente. É no corpo mental que a nossa mente e nosso senso de consciência são enraizados, embora esse senso de consciência ainda seja influenciado pelos corpos astral e físico. Contudo, não cometa o erro comum de que a mente é o corpo mental. A palavra “mental” como terminologia esotérica não se refere necessariamente à mente, mas em vez disso se refere à natureza da substância sendo discutida. A mente é, na verdade, inserida no aspecto do Akasha que se move sem esforço através de todos os corpos, e de fato é todos os corpos. Os ornamentos da mente e a ilusão do corpo mental mantêm a consciência contida num “local” em particular do Akasha, ancorado ao seu veículo atual. Em Samadhi, a mente é destruída, e portanto a consciência é permitida a se tornar o Akasha. Então, na medida em que a Samadhi se aprofunda, a mente vai até além do Akasha, porque o Akasha ainda é uma sustância e portanto não é totalmente consciência.

O corpo mental se prende aos corpos físico e astral via do que é chamada a matriz mental. A matriz mental é um “denominador comum” onde as emoções interagem com os pensamentos. Isso permite que os pensamentos emirjam de emoções, e que a mente seja capaz de identificar a fonte da emoção. Se não fosse pelas funções da matriz mental, experimentaríamos a emoção sem nenhum tipo de supressão de raciocínio lógico. Assim, nunca saberíamos a origem da emoção, porque não haveria pensamentos arraigados a ela. Nós poderíamos ficar zangados, por exemplo, mas seríamos incapazes de associar essa emoção a qualquer tipo de ação que possa ter feito com que ficássemos zangados. Por causa disso, a emoção seria instintiva. Dessa forma, a matriz mental é muito importante em proteger a parte bruta do homem e a parte humana do homem. Ela protege nosso raciocínio superior, e garante que, pelo menos na maioria dos casos, nosso raciocínio seja capaz de acalmar a besta que são nossas emoções.

Na medida em que se treina a mente e se ganha controle sobre as emoções, a matriz mental se fortalece. Do mesmo modo, fazer exercícios que fortalecem a matriz mental faz com que se tenha controle maior sobre as emoções. Portanto, é um relacionamento duplo. Japa é um bom exercício para o fortalecimento da matriz mental. A respiração consciente também é muito boa para isso.

O corpo astral é chamado, em alguns círculos esotéricos, de “o corpo do desejo”. É assim porque o corpo astral é o assento das emoções no corpo humano, e as emoções normalmente geram e são geradas por desejos. Esse corpo é mais famoso nos círculos modernos por causa da projeção astral, infelizmente. A projeção astral, por causa de os sentidos serem mais próximos aos sentidos físicos em como eles operam (através de várias formas de eletricidade), uma experiência no corpo astral é similar a uma experiência no corpo físico. Portanto, por exemplo, se eu estivesse em pé na sua sala no meu corpo astral, seria quase como se eu estivesse fisicamente lá. Eu veria tudo muito claramente, ouviria tudo que estivesse acontecendo, sentiria coisas, poderia até ser capaz de sentir cheiro ou gosto. Sem treinamento formal, contudo, até esses sentidos seriam obscurecidos. Uma porta poderia aparecer em um lugar que não estava, algumas coisas poderiam ficar de cabeça para baixo ou em cores diferentes, cheiros poderiam não ser exatamente eles mesmos, e as sensações poderiam ser falsas. Na medida em que o corpo astral se treina através do trabalho das faculdades astrais de percepção, a inteira experiência de projeção astral se torna muito mais organizada. Até assim, contudo, não é o modo preferido do mago para viajar. Se o corpo físico for tocado durante uma projeção astral, irá puxar o corpo astral de volta. Essa é uma experiência muito desagradável, e, em ocasiões muito raras, pode danificar a ligação entre o corpo astral e o corpo físico, efetivamente matando a pessoa. Do mesmo modo, enquanto no corpo astral, fica-se sujeito a obstáculos energéticos, massas de energia, e, em particular, energias negativas. Mais ainda, o corpo astral não pode viajar para muitos dos reinos superiores, e é enormemente limitado.

O corpo astral tem uma qualidade chamada elasticidade. A elasticidade é a habilidade de se agüentar diferentes energias que “alongarão” o corpo astral em várias direções. Você pode imaginar essa elasticidade como um balão. Se o balão for muito elástico, então pode ser preenchido por muito ar antes de sua pressão aumentar. Se não for elástico, então você ou não será capaz de enchê-lo com muito ar, ou ao tentar fazê-lo ele estourará. Agora, o corpo astral nunca “estourará”, mas ele se desgastará, justo como o corpo físico. Quando isso acontece, a grande parte do trabalho baseado em energia é fútil por algumas horas depois. O processo inteiro é similar ao corpo físico. Se você malhar demais, você chegará a um ponto no qual é muito difícil levantar até pequenos pesos, e será quase impossível levantar o peso aos quais você está acostumado. Uma vez que você tenha alcançado esse desgaste, o corpo precisará de algum tempo para se restaurar e se reparar, e aumentar a porção de estresse que os músculos podem agüentar. Se você se exercitar demais muito frequentemente, você estará estirando os músculos e não permitirá que eles cresçam ou se fortaleçam, e pode fazê-los até se tornarem mais fracos, em vez de mais fortes. É parecido com o corpo astral. Os exercícios, as “malhações” astrais são as acumulações de energia, como o trabalho com a força vital, ou com as forças dos quatro elementos. O “peso” são quantas acumulações você faz. Se o seu corpo astral pode apenas agüentar quatro ou cinco acumulações (o que é comum para a maioria das pessoas quando elas começam esse treinamento), então até se você fizer vinte acumulações, seu corpo astral terá feito na verdade apenas cinco, e portanto você alcançou os benefícios de apenas cinco acumulações. Muitas vezes, o corpo astral do iniciante é “rígido” demais para agüentar até mesmo somente uma acumulação de energia, e portanto o estudante gradualmente o suaviza na primeira semana ou na segunda de prática, até que comece a poder conter energia.

A pureza do corpo mental é determinada pelo estado mental, e sua força é determinada pela disciplina da mente. A pureza do corpo astral é determinada pelo equilíbrio dos elementos, significando o estado de equilíbrio entre os quatro elementos no corpo astral, e quão puros cada atividade desses elementos são. Por causa da natureza da matriz mental, um corpo astral equilibrado permitirá uma mente em paz, e uma mente em paz fará com que a realização de um corpo astral balanceado seja muito mais fácil.

A matriz astral conecta o corpo astral ao corpo físico, e se liga ao corpo físico em dois lugares: o coração e o fígado. Se a ligação, em qualquer dos dois locais, for destruída, não filtrará energia suficiente no corpo humano para mantê-lo vivo. Essa matriz é chamada de “corpo vital” em alguns círculos. É o local mais denso dos chakras como orbes individuais de energia dentro do ser, bem como é a localização inicial da Kundalini. Ela segura essas forças em sua potência mais condensada, antes de ser ancorada em diferentes pontos do corpo. A conexão imediata da matriz astral ao corpo astral, que é emocional em sua natureza, é a explicação para a grande onda de emoções que surge com o primeiro despertar da Kundalini. Então, na medida em que o despertar se torna mais controlado, seus impactos sobre a mente são mais grandemente enfatizados. É também no corpo vital que todas as nossas nadis se localizam, embora elas possuam paralelos físicos nos nervos do corpo físico. Assim, Nadi Shodhan pode ser vista como um tipo de limpeza dos canais energéticos do corpo vital, permitindo que a energia seja mais perfeitamente transmitida entre o corpo astral e o corpo vital. Quando não existem tais impedimentos, o corpo físico só adoecerá quando existir um desequilíbrio astral. Se o equilíbrio mágico foi alcançado no corpo astral, então este só se tornará doente quando existir uma implicação kármica do corpo mental. Se o corpo mental se tornou limpo de todos os karmas durante o ato de profunda Samadhi, então a doença é impossível, a não ser se for conscientemente tomada pelo mago para ajudar alguém.

É por isso que alguns mestres ficam muito doentes quando eles morrem. Eles já escolheram o exato segundo de sua morte há muito tempo, mas quando o momento de deixar os seus corpos se aproxima, eles se desfazem de uma grande quantidade de karma presente nesses corpos, de modo que, quando entrarem na Samadhi final daquele corpo, todo o karma seja destruído. Eles fazem isso por seus estudantes. Alguns mestres, que estão contentes com seu nível atual de evolução naquela encarnação, se carregam com muito do karma de seus estudantes, e, portanto, eles aparecem estar doentes muito frequentemente. Eles fazem isso porque eles praticamente não ligam para seus corpos físicos. Outros mestres podem ainda desejar evoluir até a um nível superior em uma encarnação, e portanto só podem se carregar até um certo grau com os karmas de seus estudantes. Nesse caso, eles só tomarão o karma de outra pessoa quando é de grande importância ou quando ele causa uma conseqüência terrível.

O corpo físico deveria também ser considerado, porque seus detalhes são de grande importância também. Muitos estudantes dos caminhos espirituais cometem um grande erro ao ignorar a informação relevante sobre este corpo, desmerecendo-o como ilusão, e focando apenas em sua consciência. Eles não compreendem que o quão distante a sua consciência é permitida a decolar pode depender diretamente de coisas físicas, ou que, se eles soubessem a, energeticamente, ajudar seus corpos físicos, então o voo da consciência seria grandemente acelerado e mais totalmente expressado. Para um mago, tal conhecimento é imperativo. Agora, isso que falarei é algo um pouco avançado, mas como eu não os verei por alguns anos, eu quero me assegurar de que vocês saibam essas coisas.

Cada um dos cinco chakras inferiores tem seu paralelo físico em um dos cinco plexos nervosos do corpo físico. Quando um chakra fica carregado e vibrante, existe uma grande quantidade de atividade neuroelétrica positiva resultante no plexo correspondente. Isso ajuda na saúde física do corpo inteiro. A prática de várias asanas físicas, chamadas gratashta yoga, utiliza certas posturas de modo a alongar os tendões que sustentam esses centros nervosos, a massagear os músculos que os cercam, e a redirecionar o fluxo sanguíneo aos centros nervosos para oxigená-los e, portanto, permite que a energia nervosa viaje melhor através deles. Para esse fim, a adoção da prática das yogasanas físicas pode ser muito benéfica e produtiva à meditação. Estudantes que começam sua sadhana com quinze minutos ou mais de yogasanas verão resultados agradáveis em suas meditações seguintes. Por haver energia astral carregada nos músculos, oxigênio e sangue, o efeito das yogasanas sobre os chakras astrais é positivo, e ajuda a abri-los aos fluxos de energia astral criados durante pranayama.

Os cinco plexos nervosos e seus cinco chakras correspondentes seguem:


Plexo Coccígeo – Muladhara

Plexo Sacro – Swadisthana

Plexo Lombar – Manipura

Plexo Solar – Anahata

Plexo Cervical – Visudha


O Agya Chakra não é ancorado ao corpo físico por um dos plexos nervosos, por ser localizado no cérebro. Em vez disso, o agya chakra tem seu centro na glândula pineal no centro do cérebro. Se você colocar um dedo de cada mão no ponto onde o topo da orelha se conecta ao resto da face, então entre esses dois dedos no centro do cérebro é aproximadamente onde o chakra agya deveria ser visualizado. O agya chakra possui dois pólos, dois lados diferentes que criam uma tensão eletromagnética no cérebro. A parte frontal do agya chakra, o pólo positivo, fica no lobo temporal no raiz do nariz entre as sobrancelhas. O pólo negativo fica atrás da cabeça, no bulbo raquidiano, logo abaixo do cerebelo. O cerebelo, assim, pode ser visto como o assento do ser inferior e das emoções animais, e a glândula pineal é o portal entre a sua consciência e o ser superior. O bulbo raquidiano é um importante centro de energia para trabalhos energéticos mais avançados, mas é suficiente dizer que ele serve como um ponto significante no corpo, onde a energia pode ser movida. Você não deveria tentar tal trabalho energético como iniciante, contudo. No vocabulário esotérico tradicional, é o Brahma Guha, a “Caverna de Brahma”. É chamada de “caverna” porque é escondida logo abaixo do cerebelo numa depressão do crânio que pode ser sentida atrás da cabeça onde o crânio se conecta novamente à medula espinhal.

Quando uma pessoa entra em Samadhi, a Kundalini ascende através da caverna de Brahma e arqueia adiante à glândula pineal, radiando ao pólo positivo no lobo temporal. Isso carrega energia através do terceiro ventrículo do cérebro, o qual se ilumina quando isso ocorre. O terceiro ventrículo é da forma do hamsa, do cisne, com sua cabeça apontando para trás à medua e suas asas estendidas à esquerda e à direita sobre o cérebro. É por isso que o cisne é associado ao moksha, liberação, na Índia. A impressão de luz que ocorre quando a energia elétrica passa através do terceiro ventrículo é refletida no fundo dos olhos como um cisne. Nos níveis posteriores e mais elevados de Samadhi, a Kundalini ascende até as suturas occipital e parietal do crânio no topo da cabeça, o brahmarandra. Quando isso acontece, toda a respiração no corpo cessa, o corpo se torna pálido e frio, e fica essencialmente morto. O topo da cabeça se torna muito quente ao toque. É através dessas duas suturas que a alma entra no cérebro e descende para a espinha. Quando uma pessoa comum morre, ela se “derrama” através de seus poros e, em particular, através de seu plexo solar. Quando uma pessoa iluminada morre, seus espíritos levantam voo através dessas suturas no Sahaswara Chakra no topo da cabeça, onde eles se expandem em consciência, ou vão para onde quiserem.


Os Sete Chakras

Os chakras são tradicionalmente representados como várias formas simbólicas dentro de esferas localizadas ao longo da medula espinhal. Eles existem no Sushumna, a sutil nadi correndo através da parte posterior da medulha espinha, dentro da coluna vertebral da espinha. No corpo, eles correspondem a vários plexos, como enfatizado acima, mas os chakras verdadeiros são astrais e mentais em sua natureza. Quando eles são trabalhados, você trabalha nos corpos astral e mental ao mesmo tempo. Isso é algo que eu ainda não li num livro, mas todo mundo deveria saber disso. Até o prana e a Kundalini existem no corpo mental, além de estarem presentes no corpo astral. À medida que a mente entra em níveis mais profundos de consciência, todo o fluxo de prana no corpo para e passa a acontecer no nível astral, e então o prana no corpo astral para e o movimento ocorre apenas no corpo mental. Quando tudo para, você experimenta um elevado nível de Samadhi.

Cada Chakra tem um número associado de nadis conectando-se a ele. Essas nadis são representadas nas imagens tradicionais como as pétalas que dobram o lótus que representa o chakra. Em cada pétala, está representada um único “bija”, um som-raiz no sânscrito. Esses sons bija são as vibrações que se encontram nessas nadis em particular. Existem práticas complexas associadas à meditação em cada um dos chakras e os mantras bija associados a eles. Algumas pessoas se prendem a somente essas práticas para sua evolução espiritual, mas essa é uma abordagem muito lenta e enfadonha. Os mantras bija mais complexos deveriam apenas ser usados para circunstâncias particulares onde existam problemas com um único chakra e o modo com que funciona, e mesmo assim isso deveria ser feito por um guru.

Outras imagens dentro das representações dos chakras representam os deuses ou deusas que inspecionam as funções desses chakras, as associações elementais e quais raios de atividade cósmica estão ativos através deles. Estes não são importantes num senso prático, mas qualquer um que desejar pode investigá-los mais profundamente.

Sistemas diferentes têm números diferentes de chakras. Existem 144 chakras no total no corpo, mas existem sete chakras primários. A tradição Nath, da qual eu venho, presta atenção aos nove chakras em vez dos sete tradicionais. Os dois extras são localizados sob o Anahata Chakra e no topo da boca. Eles são importantes para práticas Nath em particular, mas não diretamente envolvidos na passagem da Kundalini.


Muladhara

Muladhara é o centro fundamental na base da espinha. Não está na verdade “na” espinha, mas num ramo de nervos que se estendem para fora da área mais inferior do cóccix, de certa forma estendendo um pouco a medula espinhal. Você pode visualizá-lo como estando logo abaixo e dentro da parte inferior do cóccix. Ele tem quatro pétalas, e é associado com o elemento terra. O inteiro corpo inferior, do Swadistana para baixo, tem essa associação com os elementos, e isso é importante para trabalhos mágicos posteriores. É suficiente dizer agora que, quando o estudante conquistou o elemento terra em conexão a essa parte do corpo, e percebeu o Muladhara como o governante do elemento terra nessa região, o mago não tem razão alguma para temer a morte nas mãos do elemento terra. Desastres naturais que envolvem a terra, cair de árvores, desmoronamentos etc, não ocorrerão.

Inicialmente, esta é a casa da Kundalini Shakti, a energia psicossexual que controla qual nível de consciência somos capazes de manter. Ela enraíza a mente ao nível inferior, o nível mais animal, que se preocupa grandemente com coisas como território. No estágio de evolução que o Muladhara representa, o homem estava preocupado apenas consigo mesmo e seu corpo físico, e com a sobrevivência resultante. Quando a mente de alguém está lá, não significa que ele é um bárbaro, mas ele naturalmente terá algumas qualidades daquele tipo de pensamento. No começo, a não ser que fosse uma encarnação em especial, a Kundalini de todos está presa nesse chakra. Quando a Kundalini desperta, algumas pessoas experimentam Darduri Siddhi, que é a levitação do chão. Ela normalmente ocorre na forma de um “saltitar” espontâneo enquanto sentado, mas pode também resultar em literal levitação para cima do chão. Dois de meus estudantes experimentaram Darduri Siddhi total, e nós capturamos os últimos segundos de um desses momentos em câmera. Infelizmente, o camera man improvisado, que era um estudante, amigo nosso, muito excitado, não era um camera man muito bom.


Swadistana

Este Chakra é localizado no centro do cóccix, algumas polegadas acima do Muladhara. Seis nadis maiores se conectam a ele, espalhando sua influência aos rins, fígado e órgãos sexuais. Este é o centro sexual, e é associado com o elemento água. O elemento água governa o corpo do ponto do Swadhistana até o diafragma, uma polegada ou duas abaixo do Anahata Chakra. Quando a energia da Kundalini se movimentou através do Swadhistana, o mago ganha grande controle sobre suas emoções. Sua vontade consciente não é mais sujeita ao governo emocional ou hormonal, e seu poder de intuição cresce a um nível psíquico. Da mesma maneira, seu poder sobre o desejo sexual cresce consideravelmente. Elevar a Kundalini até esse chakra é muito difícil sem controle da atividade sexual. Essa atividade não precisa ser inexistente, mas deve ser simplesmente sob controle. Duas ou três vezes por mês é um máximo seguro para um mago enquanto neste estágio de seu desenvolvimento [mais ou menos no Grau I – N.T.].

No processo de evolução, este chakra representa o desejo do homem de procriar e criar um tipo de imortalidade de sua estrutura física ao perpetuá-la entre suas crianças. Isso ocorre quando o indivíduo parou de se preocupar inteiramente sobre seu ser pessoal, e agora deseja permitir o seu ser a durar mais através das vidas de suas crianças. É também o início do desejo por um parceiro, por um relacionamento. Uma pessoa cuja Kundalini se elevou a esse nível tem controle sobre essa parte de sua evolução animal.


Manipura

O Manipura Chakra é um centro muito importante de uma perspectiva mística. Cada chakra tem dois lados, um pólo positivo e um negativo, presentes nos lados anterior e posterior do chakra. No Manipura Chakra, o pólo anterior influencia a tendência para o materialismo, e o pólo posterior influencia a tendência para o caminho espiritual. Existem práticas avançadas que envolvem esses dois pólos. Num momento em que a consciência começa a realmente se voltar para cima e a natureza do indivíduo se torna mais e mais espiritual, a compreensão de como usar os dois lados desse chakra pode permitir alguém a permanecer na sociedade e funcionar mais facilmente. Ao contrário, o mago acharia difícil se relacionar a pessoas nesse nível. É considerado um elevado nível de evolução ter elevado a Kundalini Shakti a este chakra, porque é a porta final que lhe eleva dos desejos inferiores do ser animal. Os três chakras inferiores são as tendências animais, e os três chakras superiores são as tendências espirituais. A consciência começa a verdadeiramente olhar para as estrelas pela primeira vez quando está neste chakra, portanto isso é de grande importância.

Agora, a associação elemental desse chakra é o fogo, e sua localização em uma região “aquosa” [N.T.: região do elemento água] confunde alguns estudantes que não tiveram experiência direta dessas energias. Essa é uma associação simbólica, mais do que uma associaçãoenergética. Quando o prana flui para baixo e o apana é puxado para cima, o que acontece durante Pranayama (Sukha Purvaka e Bhastrika fazem isso), as duas energias se encontram no estômago. Isso cria tapas, calor, na boca do estômago. Ela pode ser sentida fisicamente se a prática for consistente, mas ela não é sentida por todos os tipos de estudantes. Esse calor é produto da “fricção” criada pelas duas energias se esfregando uma contra a outra nessa área. O encontro ocorre num chakra menor localizado internamente, mais ou menos 7,5 cm do umbigo. É por causa disso, e não por causa da energia elemental prevalecente nessa parte do corpo, que esse chakra tem a associação do fogo.

Quando alguém elevou sua Kundalini a esse nível, ele a uniu ao que é chamado a Madhya Shakti. Essa é uma vibração mais purificada da Shakti, a energia psicossexual, da Kundalini. Ela ajuda a sustentar a consciência a esse nível, e alivia da contenção do aspecto inferior da Shakti enraizado no Muladhara. Quando isso acontece, o desejo por comida é conquistado em grande parte. A conexão à Madhya Shakti ajuda a mente a vencer muito de seus desejos inferiores, e assim a mente se torna um terreno fértil para que a evolução espiritual genuína ocorra. Na história evolucionária da humanidade, o Manipura Chakra representa o desejo do homem de se associar com o cultivo, cultivando a terra e produzindo comida, e de se sustentar. É o instinto de se criar um “ninho”, ou seja, o cuidado e o sustento que resultam do desejo de procriar.


Anahata

O Anahata Chakra é localizado diante do esterno na espinha. Tem quinze nadis maiores se ramificando dele, que ficam em controle da pressão sanguínea, fluxo sanguíneo, o coração, as ações do diafragma, e os pulmões. Deste ponto e acima até o Vissudha Chakra, o ar é o poder dominante.

A associação em particular de se elevar a Kundalini a esse nível é a realização do amor cósmico. Uma vez que o centro do coração é ativado, torna-se possível para o mago amar todos como a sua própria família, até como parentes de sangue. Ele se torna humilde, e compreende que todos são a sua mãe, pai, e filhos, tudo ao mesmo tempo. Ele não mais confunde amor passional com amor espiritual genuíno, e pela primeira vez até agora, ele aprende o que a devoção é. Quando o coração foi abrandado pela elevação da Kundalini e a prática da Japa em Deus, a mente experimenta Bhava genuíno, absorção devocional em Deus. Ele percebe que, até aquele momento, ele apenas pensava que amava Deus, mas não o amava realmente. Esse é o centro do Ishwar Pranidhan, a submissão a Deus.


Vissudha

Esse chakra é associado com o Akasha, mas dessa região até o topo da cabeça o elemento fogo governa. Dentro do Vissudha Chakra existe o Akasha Mandala, uma região na garganta que é responsável para o controle das vibrações dos vários corpos. Você poderia imaginá-lo como o constante Aum dentro do corpo. É a força criativa de formação da palavra falada. Seu poder concede poder mágico aos mantras, vibrações e entonações de qualquer tipo. O poder da palavra falada criativa, chamada “verdadeira Quabbalah” por Franz Bardon, não pode realmente ser ativada até que a Kundalini se moveu através de Vissudha.

Uma vez que a Kundalini tenha se elevado a esse ponto, ganha-se discernimento sobre o Karma. Ele compreende o passado, o presente e o futuro, e consegue identificar as razões secretas para tudo que ele vê e experimenta. Essa habilidade também dá uma compreensão fenomenal de todas as escrituras espirituais, porque agora se consegue ver além das palavras e entrar em seus significados verdadeiros. Por causa disso, esse centro é também associado com o poder da telepatia e da leitura mental. É o aperfeiçoamento da habilidade de comunicação. Existem dezesseis nadis maiores se ramificando daqui, que conectam esse chakra a muitos lugares do corpo inteiro. Em particular, elas o conectam à língua, as pregas vocais na garganta, a glote e o nervo vago.


Agya

Por uma razão qualquer, esse chakra é normalmente escrito como “Ajna”. Porém, isso não faz sentido, se baseado na fonética do inglês. Ele soa como “Agya”, com um som de “G” sólido como em “gato” ou “grande”. Esse chakra tem duas pétalas, as Nadis Ida e Pingala. Isso foi discutido extensivamente numa parte anterior desta aula, e portanto não há necessidade de considerá-lo mais profundamente. É quando a Kundalini se eleva a esse ponto que Savikalpa Samadhi ocorre.


Sahaswara

Esse é o lótus de mil pétalas, porque todas as nadis principais eventualmente direcionam sua energia nesta direção. Ele controla as funções do cérebro em conjunto com o Agya Chakra, mas é frequentemente nem mesmo considerado um chakra. Ele existe fora do corpo, produzindo um único contato no Brahmarandra no topo do crânio. Quando a Kundalini se insere dentro do Sahaswara Chakra, ela não pode ficar permanentemente, mas deve eventualmente descer ao Agya Chakra ou ao Vissudha Chakra, dependendo de a pessoa ter alcançado um estado constante de Samadhi ou não. É o centro da felicidade absoluta, o centro do nada, a fonte da consciência no corpo.


Os Granthis

Ao longo da Sushumna Nadi na espinha, existem três Granthis, ou “nós”. Esses são formados por certas nadis se unindo ao redor das nadis Sushumna, Ida e Pingala. O primeiro Granthi se encontra mais ou menos 5 centímetros acima do Muladhara Chakra, logo abaixo do Swadhistana. É chamado o Brahmagranthi, e impede que a Kundalini se eleve prematura ou automaticamente de certas experiências. É representado por uma cobra, cuja cabeça é alongada sobre o topo de um Shivalinga. É necessária muita energia sexual para penetrar nesse granthi, e é por isso que é melhor que as pessoas cuja Kundalini ainda reside no Muladhara deveriam abster-se grandemente de atividade sexual.

Daqui, o fluxo é grandemente desimpedido através do Swadisthana e Manipura Chakras. Logo abaixo do Anahata Chakra, porém, está o segundo granthi: o Visnugranthi. Isso impede que uma pessoa compreenda o amor cósmico, e portanto segura sua Kundalini, até que a mente esteja fértil para tal compreensão. Do contrário, uma pessoa poderia só forçar sua Kundalini para o chakra do coração com vários métodos rígidos, e sua mente se despedaçaria porque não estaria pronta para o influxo do amor divino. Quando o granthi é quebrado, o amor é verdadeiramente experimentado e o prana flui dentro do Anahata Chakra.

O terceiro e final granthi é o Rudragranthi, localizado no Agya Chakra. Ele impede a experiência de Samadhi até que a mente esteja pronta, e para a Kundalini de se elevar mais do que o bulbo raquidiano na base do crânio. Não é quebrado até o momento de Samadhi.

Ascensiologia



Ascensão é o ato de ascender espiritualmente, ao qual algumas correntes dão um caráter pleno absoluto, tornando esta conquista uma das mais extraordinárias da evolução humana e da hierarquia.

Considerada por alguns como a atual etapa de revelações da Hierarquia, a Ciência da Ascensão está relacionada à nova iniciação da Hierarquia, a sexta iniciação, visando suprir a evolução da Loja Branca e seu novo patamar de Unificação Vicária, o grau de Chohan.

Relacionado à Ufologia simbólica -evidente na tradição indiana dos Vimanas-(ver), e à Doutrina da Merkabah, a técnica da Ascensão espiritual encontra hoje expoentes de peso na neo-teosofia de Alice A. Bailey e no neo-xamanismo de Carlos Castañeda.

Ascensiologia é a Doutrina da Ascensão espiritual, é a Ciência da Iluminação dos Mestres de Sabedoria, os Chohans. A Projeção astral entra aqui apenas como um treinamento preliminar. Ascensão é a passagem da esfera solar da Hierarquia, para a esfera cósmica de Shambala, pelo portal da Sexta Iniciação, relacionada aos Sete Sendeiros de Evolução Superior dos teósofos. Ascensão está relacionada à doutrinas esotéricas como a da Merkabah, e mais remotamente à Ufologia, vista aqui como uma materialização dos altos Preceitos Ascensionais. Prova disto está no ensinamento oriental sobre os Vimanas, que apenas existem materialmente na Idade Negra (Kali Yuga), enquanto que nas outras Idades eles são sutis (relacionados a “mantra” na Idade de Prata, e a “tantra” na Idade de Bronze) e sequer existe da Idade de Ouro, quando o mundo todo vive uma espécie de ascensão antecipada.

Modernamente, tem sido conferidos dois ensinamentos profundos que tratam de forma mais categórica sobre Ascensão: Alice A. Bailey (neo-teosofia) e Carlos Castañeda (neo-xamanismo). Ambos colocam as bases reais para esta realização, através do treinamento iniciático e da própria iluminação. Isto passa ao largo de buscar falsos atalhos ou pretender reduzir o assunto a simples “experiência da consciência”. Embora a “consciência” se eleve, a Ascensão é, acima de tudo, um “fato energético” que alinha as vibrações do Iniciado com as esferas cósmicas. Hoje uma grande síntese é oferecida, através da codificação desta que é considerada a nova Etapa das revelações mundiais, relacionada também à Manifestação da Hierarquia, à Nova Era e ao Ashram espiritual da nova Raça-raiz, a Dinastia dos Mestres da Ascensão ou Chohans, os “Senhores” cósmicos dos Sete Raios Divinos.

Astrosofia



Astrosofia é a “Sabedoria dos Astros”, uma alusão simbólica aos ciclos humanos de diferentes dimensões e grandezas, empregando os ciclos astrais como analogias de linguagem dos ciclos humanos, sem a pretensão da influência.

A premissa hermética “assim como é em cima é em baixo” (e vice-versa), trata meramente desta analogia que, de resto, pode haver sido “fabricada” ou organizada pelos estudiosos dos ciclos celestes.

A Astrosofia na obra de LAWS, alcança uma riqueza e diversidade muito ampla, havendo sido divulgada especialmente através da celebrada Revista Órion de Ciência Astrológica, “a única revista ecumênica especializada em calendários e astrologia esotérica no mundo. Demonstra ser a Astrologia um instrumento ideal para a leitura do universo cultural e da evolução cósmica.”

Também merece uma atenção especial o tema dos “Portais”, que se vincula hoje à questão dos calendários na abordagem desta obra, em função das mudanças de ciclos importantes como é a Nova Era, a Nova Raça, o Novo Ashram, a Nova Ronda, entre outros.

“O mundo vive atualmente um momento mui¬to especial, por se tratar do único em que todos os ciclos terminam juntos para recomeçar, pro¬duzindo a grande Fenda que conecta o centro à periferia, na chamada Grande Meia-Noite dos Tempos, onde os três ponteiros do Relógio Cósmico se reúnem, trazendo a Suprema Re¬velação à humanidade. Assim, todas as energias estão hoje em franca renovação, razão pela qual o mundo inteiro está sendo abalado desde os seus alicerces.” (Crise, Regeneração & Evolução do Estado)

Tal coisa se reflete no estudo ecumênico dos calendários mundiais, e também na proposta de novos calendários, eventualmente adaptados às condições locais relacionadas aos novos pólos espirituais do mundo.

Geosofia


GEOSOFIA. (filosof.) A “Sabedoria da Terra”, expressão superior da Geomancia, reunindo o inventário das leis naturais telúricas que influenciam sobre o ser humano, das Leis da Natureza e da Geografia Humana. A Geosofia é “a Ciência dos Filhos do Paraíso”, pois possibilita organizar o Reino de Deus sob as leis sagradas e perfeitas, em analogia com as leis celestes. É a Ciência do Mesocosmo, que representa a coroação oculta da Obra do Sol da Tábua de Esmeraldas de Hermes Trismegisto, pois depois de se avaliar “assim como é em cima é em baixo” e vice-versa, resta a harmonia dos contrários que é o Caminho-do-Meio firmemente estabelecido, libertos das dicotomias e das desarmonias. A coordenação sinfônica das energias cósmicas, confere à humanidade o seu Dom-de-Mundo e permite a organização da raça-raiz e a criação da sociedade sagrada e tradicional, observando que uma raça-raiz é uma sociedade humana que caminha a par com a Hierarquia e com a Divindade. 

El Viaje de Cristian Rosacruz


El conocimiento de Dios no consiste en palabras, ni en un conocimiento meramente especulativo y superficial, sino en un sentimiento vital, consolador y divino; en un placer puro e incontaminado, que se esparce suavemente hasta el corazón, y lo impregna de una indescriptible dulzura celestial.

Johann Arndt (Cristianismo auténtico)


El viaje es el símbolo de un camino interior.

Y todo camino interior es un esfuerzo por volver a encontrar lo perdido, por recordar lo olvidado, por regresar de nuevo a la casa paterna. De ahí que la palabra “religión”, que etimológicamente hace referencia a “religar”, volver a unir, también exprese la idea de “releer”, es decir, volver a leer, recordar lo que hemos olvidado.

Para recorrer este viaje interior, existen tres vías fundamentales: la vía mística, la vía gnóstica, la vía mistérica. Estas tres vías son resumidas con claridad al final del libro T (Liber Theos, o Libro de Dios), que los hermanos encontraron en la mano de Cristián Rosacruz cuando hallaron su tumba:

Ex Deo nascimur

In Iesu morimur

Per Spiritum Sanctum reviviscimus

La vía mística es aquélla que encuentra la unión directa con Dios, que lo reconoce en cada ser, en cada criatura, o lo que es lo mismo, que puede expresar: De Dios nacemos.

La vía gnóstica es aquélla que establece un puente entre el aspecto divino y el aspecto humano. Atravesar este puente supone traspasar las puertas de Saturno, entregarte por completo a la naturaleza divina del ser: Morimos en Jesús.

La vía mistérica, la vía de la iniciación, es el aprendizaje que el candidato lleva a cabo en las Escuelas de Sabiduría, a través del cual adquiere el verdadero conocimiento de sí mismo que le capacita para una transformación real del ser: Por el Espíritu Santo revivimos.

Fama Fraternitatis

Hace ahora 400 años, la Orden de la Rosacruz, cuyo núcleo principal se encontraba en la ciudad de Tubinga, en Alemania, publicó un librito titulado: Fama Fraternitatis R.C., que habitualmente se ha traducido como “La Llamada de la Fraternidad de la Rosacruz”.

 A pesar de la brevedad de este texto, contiene gran cantidad de elementos que incitan a la reflexión y que aportan abundante luz sobre la verdadera naturaleza de la Rosacruz Áurea.

 Coincidiendo con las actividades programadas en todo el mundo en relación al 400 aniversario de su publicación, vamos a tratar con ustedes algunos de sus aspectos a nuestro juicio esenciales.2mail

La Rosacruz ha de ser enmarcada en el mundo resultante del Renacimiento europeo. Tras el oscurantismo y el dogmatismo férreo de la Edad Media, surge un irresistible afán por liberar el pensamiento de la camisa de fuerza del dogma religioso, y los pensadores y buscadores de la verdad se arrojan a estudiar la tradición helénica y neoplatónica.

 Es así como el hermetismo vuelve a situarse en un lugar dentro del mundo del pensamiento vivo del que nunca debería haber salido.

 El hermetismo, como corriente de pensamiento universal, requeriría para sí mismo varias conferencias como la que ahora comenzamos.

Pero permítannos no obstante que aportemos algunas ideas muy básicas, pues son fundamentales para comprender la raíz misma del impulso rosacruz de los siglos 16 y 17.

 La corriente de pensamiento que conocemos como ¨hermetismo¨ nace en los albores de la civilización de Egipto, y se considera que el propio dios Thot-Hermes es su fundador. Thot es el dios que aportó a los seres humanos la escritura, según narran los jeroglíficos de la Gran Pirámide. Está al mismo tiempo estrechamente unido al mito de Isis y Osiris.

 A lo largo de la historia, muchos grandes iniciados han llevado el nombre místico de Hermes, y se atribuye a Hermes Trismegistos, el tres veces grande, la divulgación de la ciencia de la Alquimia, que de hecho muchos autores sitúan su cuna en Egipto, la tierra de Khemer o tierra negra, aludiendo con ello a la fertilidad posterior a la crecida y descenso del Nilo. De ahí la leyenda del Osiris verde y el Osiris negro.

 A este Hermes Trismegistos se le atribuyen una serie de libros que en su conjunto llevan por título “Corpus Hermeticum”, siendo el Poimandres el más conocido. El libro de Asclepios también se le atribuye a Hermes Trismegistos, aunque no forme parte del Corpus Hermeticum.

 Además la placa funeraria de mármol verde encontrada en Egipto, llamada Tabula Smaragdina o Tabla Esmeralda, es conocida en el universo de la alquimia como el catecismo alquímico por excelencia.

 La Rosacruz se apoya por tanto en el Corpus Hermeticum como fundamento filosófico y alquímico, de la misma forma que se apoya en el esoterismo cristiano para sustentar su práctica espiritual y religiosa, permitiendo el florecimiento de lo que el Apóstol Pablo denominaba el “culto racional”, y el hermetismo “la religión del pensamiento”.