domingo, 14 de agosto de 2016

Endura e Evangelhos Gnósticos

Endura

Endura, do occitânico, significa privação, jejum.
Espécie de suicídio místico, praticado por alguns Cátaros presos e torturados, de modo nenhum condenável - abandonar a vida por amor do ser. A endura consistia geralmente em se deixar morrer de inanição ou de frio. Nunca foi estimuldada pelos Perfeitos, nem de modo nenhum imposta por eles. Esta prática, divulgou-se no final do século XIII, principalmente no condado de Foix, sobre a influência do Pastor Pedro Autier, numa época em que a Inquisição se encarregava de deixar a vida impossível para os Crentes e para os Perfeitos.

Evangelho Copta dos Egípcios

Duas versões do antes perdido Evangelho Copta dos Egípcios (que é bem distinto do Evangelho Grego dos Egípcios), faziam parte dos códices na Biblioteca de Nag Hammadi, descoberta em 1945.

Um subtítulo no texto parece ter havido além de Evangelho dos Egípcios, que é O Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível.

Os conteúdos principais dizem respeito ao entendimento Gnóstico Seteano de como a Terra veio a existir, de como Set, na intepretação Gnóstica, encarnou como Jesus de modo a livrar as almas das pessoas da prisão má que é a criação.

Ele também contém um hino, partes do qual são inusuais por serem aparentemente seqüências de vogais sem sentido (julgadas serem um representação da primitiva glossolalia cristã), apesar de as vogais do último parágrafo (u aei eis aei ei o ei ei os ei) poderem ser particionadas para serem lidas (em Grego) que existe como Filho para todo sempre. Você é o que você é, você é quem você é".

Evangelho de Filipe

O Evangelho de Filipe constitiui um dos livros apócrifos da biblioteca de Nag Hammadi; à semelhança do Evangelho de Tomé, é um evangelho de ditos, ou seja, uma colecção de sentenças encerrando grande sabedoria, atribuídas a Jesus.

A atribuição do texto a Filipe é conjunturalmente moderna; a sua única relação com o apóstolo São Filipe deve-se ao facto de ser o único apóstolo mencionado nos manuscritos (73, 8). Na verdade, o texto deve ter sido redigido algures entre os anos 180 e 350 da nossa Era, portanto muito depois da morte do discípulo de Cristo.

O texto constituiu um importante documento para as comunidades gnósticas. Foi descoberto no deserto egípcio em 1945, entre um conjunto de vários documentos gnósticos, conhecidos como biblioteca de Nag Hammadi (do nome do sítio arqueológico onde foram descobertos).

Evangelho de Tomé

O evangelho de Tomé, preservado em versão completa em manuscrito copta em Nag Hammadi, é uma lista de 114 ditos atribuídos a Jesus. Alguns são semelhantes aos dos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas outros eram desconhecidos até a descoberta deste manuscrito em 1945.

Tomé não explora, como os outros, a forma narrativa, mas coloca as frases de Jesus em forma não-estruturada, como ditos ou diálogos breves e Jesus com seus discípulos, contados a Tomé, o Gêmeo, sem inclusão em qualquer narrativa, nem colocados em um contexto filosófico ou retórico.

Duas características marcantes deste evangelho, que o diferencia dos canônicos, é a recomendação de Jesus para que ninguém faça aquilo que não deseja ou não gosta, e a ênfase não na fé, mas na descoberta de si mesmo.

Uma boa discussão em português sobre esse evangelho encontra-se no livro, "Além de Toda Crença: O Evangelho desconhecido de Tomé", da historiadora Elaine Pagels, onde ela defende que o Evangelho de João foi escrito para refutar o Evangelho de Tomé. Tira-se desse livro uma proveitosa aula de início do cristianismo e entende-se melhor a escolha dos livros canônicos e rejeição de outros que foram tratados como 'heréticos'.

Evangelhos Gnósticos

A origem dos Livros Apócrifos (também chamados de Livros Gnósticos; do grego Gnosis, que significa Conhecimento) nos remete ao ano 367 d.C. Por ordem do Bispo Atanásio de Alexandria, que seguia a resolução do Concílio de Nicéia ocorrido em 325 d.C, foram destruídos inúmeros manuscritos dos primórdios do Cristianismo. Esses documentos eram supostamente fantasiosos e deturpavam as bases da doutrina Católica que se estabelecia naquele momento. Porém, cientes da importância histórica destes papiros originais, os Monges estabelecidos à margem do rio Nilo, optaram por não destruí-los. Ao contrário, guardaram os códices de papiros dentro de urnas de argila e as enterraram na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais de 1500 anos.

Maiores informações sobre esses livros podem ser encontradas no termo Nag Hammadi.