Marcião de Sinope (circa 110-160) foi um teólogo cristão e fundador do que veio depois a ser chamado marcionismo. Inicialmente Marcião era filho de um bispo da Igreja, mas depois se separou dela por causa de suas discordâncias doutrinárias. Alguns sustentam a teoria de que foi por causa de imoralidade, então foi expulso. As visões sobre Marcião variam muito. Adolf von Harnack chamou-o de "primeiro protestante" enquanto que Policarpo de Esmirna chamou-o de "primogênito de satanás".
É considerado o primeiro crítico bíblico. Considerava que o Deus vingativo do Antigo Testamento não poderia ser o mesmo Deus amoroso a que Jesus se referia como Pai, e por isso, achava que só o Novo Testamento interessaria aos cristãos. Mas Marcião também não aceitava os quatro evangelhos canônicos, pois os considerava corruptos, cheios de falsificações.
Na doutrina de Marcião havia assim um Deus bom e um Deus mau. O primeiro ficava em um plano superior. Num plano abaixo na criação estava o Deus venerado pelos hebreus, a qual Marcião chama de Deus da Lei. Em um terceiro plano estavam os anjos (ou arcontes) e o quarto e último plano era "Hyle" (matéria em grego). O Cristo havia sido enviado pelo Deus bom para libertar as almas do plano material. Foi o primeiro a citar o nome do apóstolo Paulo em suas 140 cartas.
Junto com Valentim e Basilides, Marcião é considerado um dos grandes doutrinadores gnósticos.
Algumas idéias de Marcião reapareceram entre os bogomilos e os cátaros nos séculos XII e XIII.