sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Pentagrama Invertido


O pentagrama é basicamente uma figura geométrica plana em forma de estrela com cinco pontas. O traço único de seu desenho indica uma linha contínua, sem início ou fim e se a estendêssemos sobre uma mesa, como a um barbante, poderíamos formar um círculo.
É conhecido por diversos nomes dentro das diversas tradições mágickas, ocultistas e espirituais existentes: Símbolo de Baphomet, Adam Belial, Pentagrama, Estrela Flamejante, Bode de Mendes, Bode Preto e muitos outros.

O ocultismo ocidental da “falsa luz” o interpreta basicamente de duas maneiras. O desenho do pentagrama com uma das pontas voltada para cima simbolizaria o Espírito dominando os quatro elementos.

o desenho com uma das pontas voltadas para baixo representaria o Espírito dominado pelos elementos mais grosseiros de sua própria constituição. Um pentagrama invertido representaria ainda a negação de alguma “trindade sagrada” segundo famosos escritores satanistas, muito embora não vejamos nenhuma relevância em trindades de religiões e correntes espirituais obscuras, controversas e torpes como as cristãs, por exemplo, que precisem ser negadas necessariamente.
O pentagrama simboliza o microcosmo (pequeno mundo) e o microprósopo (pequena face) que, segundo o simbolismo qabalístico e alquímico, são a imagem e a semelhança do macrocosmo (universo ou grande mundo) e do macroprósopo (grande face). A interpretação para essa sentença deve ser estruturada sob a luz da qabalah, ao invés do engodo infeliz das associações “espirituais” da ignorância.

O Homem possui em si, de maneira proporcional, todos os elementos do universo, sendo ele mesmo um universo único que pode ser comparado ao Grande Universo Ilimitado.

Ao Homem cabe a tarefa de construir e expandir seu próprio universo, assim como a tarefa única de sua própria evolução, ou como diriam os adeptos da “falsa luz”, sua própria “redenção”.

Considerando o símbolo dentro da Espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz, não podemos admitir que o mesmo represente o homem dominado por seus instintos grotescos, animais, primitivos e grosseiros. Seria o mesmo que atestarmos nossa fraqueza diante dos elementos que constituem nosso Ser, elementos que não negamos e procuramos não refrear em demasia, elementos pesados na balança da alta Sabedoria e da própria Vida.

Na Espiritualidade “Luciferiana” procuramos estar além da relatividade do Bem e do Mal, além das limitações impostas por dogmatismos esdrúxulos de Branco e Preto. Nossas cabeças acima dos céus e nossos pés abaixo dos infernos!

O Pentagrama representa o número 5, a união do 2 e do 3, um princípio feminino (2) acrescido de um princípio masculino, fálico (3). O Homem comum possui 5 sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. Há 5 dedos em cada mão. Na antiga astrologia havia 5 planetas errantes. A décima sephirah é Malkut e seu número místico é 55 (um duplo 5). O 5 é o número que divide o 10 de maneira perfeita, sendo o 10 o número do Ciclo Eterno. O 5 representa a Essência, o Espírito daquele que incorre nas quatro provas fundamentais do ocultismo: Querer, Saber, Ousar e Calar. O 5 é o facho luminoso que se desprende entre os 4 chifres da Divindade, coroando as 4 virtudes do Homem, a saber: Fé, Inteligência, Força e Sabedoria.

O 5 é o valor gemátrico da letra hebraica Heh, o recipiente e o reprodutor das formas.

As armas elementais são 5: a Espada (Ar), o Pentáculo (Terra), o Bastão (Fogo), o Cálice (Água/Sangue) e a Lâmpada (Espírito).



O pentagrama era o emblema da escola pitagórica e nele encontramos a Razão Áurea, como apresentado na figura abaixo:



Dividindo 228,25356 pela somatória de 87,1851 e 53,88336 obtemos 1,618033 (Razão Áurea).

Obtemos o mesmo valor dividindo 87,1851 por 53,88336.

Não importa a dimensão do pentagrama, se ele for construído simetricamente, a Razão Áurea estará nele.

A Razão Áurea está presente no Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci; nas linhas imaginárias que ligam nossos dedos; nas escamas dos peixes; no marfim dos elefantes; no crescimento das plantas; no Parthenon construído por Phidias.

O pentagrama é também o símbolo de Adam Belial (o Homem Decaído), de Adam Cadmo (o Homem Redimido) e de Adam Protoplasta (a primeira forma do homem), conceitos qabalísticos que também são utilizados para representar o Homem que se espelha em determinadas virtudes e na essência dos caminhos espirituais que “escolheu” seguir ou naqueles em que ele se “espelha essencialmente”.

A ponta inferior do pentagrama “invertido” representa a queda auto infligida pela própria vontade consciente do Homem para dentro de seus planos interiores obscuros e ctónicos. Representa a descida aos mundos inferiores, erroneamente associados à involução espiritual. É também uma alusão à cauda demoníaca que representa a exacerbada espiritualidade da Luz através de Kundartiguador, símbolo da Iluminação alcançada pela vitoriosa exploração e despertar dos chakras (a Kundalini “ao revés”, se preferirem).

Um dos pentagramas mais difundidos foi utilizado e “registrado em cartório” por Anton S. La Vey, sendo que a Church of Satan possui seus “direitos autorais”. Trata-se do símbolo de Baphomet, segundo a definição da Bíblia Satânica.

Baphomet, o andrógino incompreendido, “emprestou” seu nome ao pentagrama, embora sua cabeça não seja necessariamente a cabeça de um bode.

A figura híbrida, imortalizada pela recriação de Eliphas Levi, se tornou uma espécie de ícone satânico, principalmente pela herança medieval dos Cavaleiros Templários. Perseguidos pela Igreja, os Cavaleiros foram torturados e queimados por toda a Europa. Em suas confissões figuravam festins diabólicos presididos por Baphomet. A cerimônia Templária do beijo obsceno inspirou a imaginação de centenas de artistas pelo mundo afora e, numa criação de um “deus macaco”, surgiram estigmas diabólicos e outras imitações bizarras de um deus ainda mais bizarro.

Tradicionalmente, o Osculum Obscenum representaria a fidelidade do Adepto ao “Demônio”. Em antigas interpretações da cerimônia dizia-se que o “beijo da obediência” era dado na face mais bela e oculta. Há citações sobre um rosto escondido que ocuparia o local do ânus, o que justificaria a disposição para o ato. É um símbolo da admissão do adepto ao interior, ao inferior e ao heterodoxo.

A cabeça de Baphomet segundo o desenho de Levi, é formada por caracteres de animais sagrados em antigas tradições, entre eles estão: o burro, o bode, o cão, o touro e o homem. Seus chifres representam as virtudes do Homem. O archote luminoso representa a onisciência auto criada. As mãos humanas representam o trabalho. Os seios revelam os sinais da criação e da maternidade. Seu colo está coberto para ocultar os mistérios da criação universal. De seu manto se ergue um caduceu hermético. O pentagrama em sua fronte representa a inteligência humana.

Baphomet é considerado o guardião da chave do templo e o lado Obscuro da face divina.

Embora a literatura ocultista possua centenas de interpretações para Baphomet, não há evidências históricas que possam corroborar a origem do mito, da imagem ou de seu culto. Há muitas conjecturas e muitas hipóteses relevantes, cabendo somente ao próprio Iniciado o trabalho de reunir os elementos fundamentais para uma compreensão adequada ou assimilar as interpretações clássicas daqueles que nos procederam.

O bode representa os instintos carnais exaltados, a licenciosidade, a luxúria, a força bruta e a persistência, características inerentes, embora não dominantes na constituição da espiritualidade Luciferiana.

Em antigas celebrações judaicas, na cidade de Mendes, dois bodes eram consagrados, um para representar a pureza e outro a impureza. O puro era sacrificado e o impuro era posto em liberdade sob o pretexto da “expiação dos pecados”, esse era o Bode de Mendes. Pode-se aludir à benção de Caim, que para ser ouvido, derramou o sangue de seu irmão Abel, sendo depois marcado na fronte para que ninguém o ferisse.

Ao redor do Símbolo de Baphomet tradicional, como o utilizado pela Church of Satan, está escrito o nome Leviathan em hebraico.

O nome Leviathan é citado no Velho Testamento por 5 vezes, sendo que os primeiros cinco capítulos que o compõe são chamados de Pentateuco.

Segundo a mitologia hebraica e o Zohar, Leviathan foi criado no 5° dia e ele representa as forças pré-existentes do caos.

O valor gemátrico da palavra Leviathan é 496, o que a torna equivalente à palavra Malkut, cujo valor gemátrico também é 496. Malkut é a Esfera do planeta Terra e também sua Alma, local onde “habitamos”.

O Zohar diz que Leviathan foi criado como um monstro marinho. Ele é associado ao Dragão Theli e é o Arqui-Demônio que melhor representa Malkunofat, o 23° kala ou Túnel de Set (2+3=5). Malkunofat é conhecido como a morada dos Profundos, identificados com os deuses e demônios ctónicos.



Na antiga mitologia hebraica, Leviathan está associado aos peixes marinhos da mesma forma que Behemoth é associado aos animais terrestres. A palavra e a letra hebraica “Num” significam peixe e “Mem” as águas do oceano. O peixe nada coberto pelas águas do mundo oculto. A água é também o sangue, o elemento que compõe oceanos fluídicos para a exploração dos Túneis de Set.

Concluímos então que a ponta inferior do pentagrama também representa essa jornada de queda auto infligida, rumo às regiões do submundo, do inconsciente e das profundezas abissais dos oceanos fluídicos. Uma das tarefas primordiais e primárias do Iniciado é a conquista do plano material associado à Malkut. O indivíduo deve se tornar mestre de seu redor e de si mesmo antes de se lançar abruptamente nos caminhos da magia e da espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz. Como alguém poderia querer dominar a energia, as forças da natureza e a tenebrosa Sombra sem antes compreender e dominar as forças que atuam em si mesmo?

Os rituais do pentagrama costumam ser a maneira mais difundida para ajudar o Iniciado a compreender e a dominar os elementos fundamentais “presentes” em Malkut. Aleister Crowley atribuía significado especial ao ritual do pentagrama menor, sobre o qual escreveu: “Aqueles que consideram esse ritual como um mero artifício para invocar ou banir espíritos não são merecedores de possuí-lo. Propriamente entendido, ele é a Medicina dos Metais e a Pedra do Sábio.”.

Texto e pantáculo de apresentação por PHARZHUPH, Lucifer Luciferax III

Kenneth Grant O Renascer da Magia



De modo extremamente resumido, pode-se dizer que "O renascer da magia" pretende, através de uma espécie de história das idéias mágicas, estabelecer o vínculo existente entre o sistema crowleyneano e o culto a Shaitan, cuja origem se perde nos aeons passados e remonta a períodos incrivelmente longínquos, anteriores mesmo aos acádios e sumérios. Esse culto antiquíssimo originou, milênios mais tarde, o culto egípcio a Set, onde a invocação preliminar da Goétia do Rei Salomão tem sua origem e, através desta, a Goétia medieval. Crowley e Thelema representam, portanto, o renascimento de uma corrente mágica tão (ou mais) antiga que a própria humanidade.

Esse renascimento ocorreu, segundo Crowley, em 1904, na assim chamada Operação do Cairo. Durante os dias 8 a 10 de abril daquele ano, entre o meio-dia e uma hora da tarde, o Sacerdote e Escriba dos Príncipes Ankh-af-na-Khonsu (o Sagrado Anjo Guardião de Crowley) recebeu da entidade praeter-humana Aiwass os três capítulos que resumem o Liber Al Vel Legis, iniciando assim uma corrente oculta de magnitude cósmica que seguiu ao equinócio dos deuses e o fim da castradora Era de Peixes. A operação do Cairo é o marco do advento da Era de Aquário e o resgate da liberdade e da sexualidade mágicas.

Os símbolos das divindades empregados por Crowley ao se referir a esse renascimento são praticamente todos do panteão egípcio. O sistema thelêmico tem como essência a ação recíproca e equilibrada entre "o puxão demoníaco para baixo e ascensão espiritual", utilizando majoritariamente métodos de Mão Esquerda e, talvez por isso mesmo, promoveu a subversão de todos os sistemas mágickos, preparando o terreno para o sucumbir de todas as verdades cristalizadas. Por tal razão, embora os termos egípcios prevaleçam, o uso dessas formas-deus tem relação direta com a filiação draco-tifoniana que se pretendia dar a Thelema, mesmo sabendo que essas forças ancestrais tenham assumido muitos e diferentes nomes ao longo dos aeons e culturas. Dentre os nomes recorrentes em todo o livro estão:

Nuit: a consciência e subjetividade absolutas. A imensidão do cosmo, infinito, noite sem fim, nada absoluto, ausência de pensamento;

Hadit: é a manifestação da consciência, a objetividade concreta, o impulso criador. Seus símbolos são o falo e a Besta;

Ra-Hoor-Khuit: o reflexo de Hadit na forma do universo objetivo. Filho de Hadit e Nuit;

Babalon: Lua, Mulher Escarlate, a escuridão da matéria, o mênstruo lunar, fertilidade;

Hoor-paar-kraat (Hipócrates ou Harpócrates): Aiwazz, Set;

Aeon: palavras com diversos sentidos em todo o livro. Significa ciclo de tempo (sempre muito longo) e também é nome do deus fálico-solar dos illuminati. É empregado intercambiavelmente com Abrasax, divindade com corpo de serpente e cabeça de leão dos gnósticos, e também com Harpócrates. De Abrasax se desenvolveu a palavra ABRAHADABRA, que resume todos esses conceitos.

Esses nomes simbolizam forças e tendências que no aeon atual – o Aeon de Hórus – atuarão como pólos restauradores das antigas tradições sumérias. Desses nomes, o principal é Set:

“No aeon anterior (de Osíris), Set ou Satã era considerado maligno, pois a natureza do Desejo era mal compreendida; ele era identificado com o diabo e o mal moral. No entanto, este diabo, Satã, é a verdadeira fórmula da iniciação. Chamado de maligno para esconder sua santidade, é o desejo que incita o homem a conhecer a si próprio – através de outrem (ou seja, através de seu próprio duplo ou “diable”). Quando a necessidade é voltada para dentro ao invés de para fora, como normalmente ocorre, o ego morre e o universo objetivo se dissolve. À luz dessa iluminação, a realidade, a gnose, é tudo o que resta” (página 26)

Set, Shaitan, Satã: nomes diferentes, mesmo significado ancestral. Sua raiz etimológica remonta ao simbolismo – antiquíssimo, perdido nas umbras da pré-história e do mito – do número 7. Os cálculos mais antigos do tempo não eram baseados no tempo solar, mas sim na movimentação das estrelas e especialmente a revolução da serpente (Draco ou Nuit) em torno da Canícula (Hadit). Set, a estrela de Sothis, é o nome do número sete, número de Sevekh ou Vênus, que muito mais tarde se transformou no correspondente planetário dos conceitos estelares originais. A estrela de sete raios de Babalon se filia a essa mesma simbologia, assim como a Besta de Sete Cabeças (as setes estrelas da Ursa Maior). Nota-se que essas luzes não eram nem o Sol nem a Lua, mas conceitos estelares anteriores. Set e Hórus, antes considerados como poderes iguais brigando pela supremacia das águas do espaço, começaram a se tornar cada vez mais dissociados entre si, conforme ocorria a migração dos homens rumo ao norte africano. Antes cíclico, o poder entre os deuses pendeu para Hórus, como supremo e ressurgente Sol/Filho da Mãe (Nuit) enquanto Set ficou abaixo da linha do horizonte como senhor dos Infernos. Os deuses gêmeos se atomizaram em aspectos excludentes, com a “vitória” de Hórus. Set, considerado no Sul o deus do Verão, com a migração dos povos ao norte associa-se ao inverno e transforma-se em sinônimo de escuridão e morte. Passa-se de uma concepção de tempo estelar para uma solar-lunar que, posteriormente, com a descoberta de que o brilho da Lua provinha na verdade do Sol, foi aniquilada, com a preponderância desse último. Assim, a Lua foi degradada e ignorada como as estrelas anteriormente, e anatemizada como um repositório de forças malignas e incontroláveis. No Livro dos Mortos, Set é descrito como tendo um rosto avermelhado; tal característica o fila ao sangue menstrual e lunar como fonte de criação. Nuit diz que a cor de Set “é negra para o cego, mas azul e ouro são vistos pelo vidente” (azul é a cor de Júpiter, ouro se relaciona com o Sol). Os cultos solares – neles incluídos o cristianismo – atribuem ao lado negro das forças espirituais uma coleção infinita de simbologias negativas, como forma de instigar o medo e impedir que os homens tenham acesso ao saber que dali emana. Mais de uma cultura já retratou isso em suas mitologias: que um conhecimento vasto, antigo e superior se encontra interdito aos homens comuns, protegido pelos mais mortíferos perigos. Esses perigos advém de fontes distintas, sendo que uma delas é a pesada carga simbólica que os cultos dos deuses ressuscitados, alimentada por milênios de culpa e preces motivadas por pensamentos amedrontados, reuniu ao redor de si: um amontoado de forças malignas e seres de baixa frequência que arrastam os homens aos seus labirintos de agonia. O pentagrama invertido de Set-Shaitan, cuja ponta para baixo indica o Sul – sua morada ancestral no solstício de inverno – é o símbolo do Grande Iniciador, daquele que promove o acesso ao conhecimento oculto que, vencidos os perigos que o circundam, permite ao homens realizar sua essência divina.

A realização da centelha divina passa, portanto, pela iniciação, experiência transfiguradora que desperta as potencialidades silenciadas no homem. J. W. Parsons, citado por Grant, é brilhante na explicação de seu significado:

“Para ir fundo é necessário rejeitar cada fenômeno, cada iluminação, cada êxtase, indo sempre para baixo, até chegar aos últimos avatares dos símbolos que também são os arquétipos raciais: neste sacrifício aos deuses abismais está a apoteose que os transmuta em beleza e no poder que é a sua eternidade, e na redenção da espécie humana. Neurose e iniciação são a mesma coisa, exceto que a neurose não prossegue além da apoteose, e as forças tremendas que moldam toda a vida estão conquistadas – curto-circuitadas e feitas venenosas. A psicanálise transforma os falsos símbolos do ego e os exterioriza em falsos símbolos sociais; é uma confusão de conformidade e cura em termos de comportamento de grupo. Mas a iniciação deve prosseguir até que a barreira seja ultrapassada, até que os nebulosos bastiões dos infantis Trawenfells se tornem as rochas e penhascos da eternidade” (52)

Iniciação como experiência radical para além de toda segurança emocional/social/pessoal. Experiência limite, apaga as fronteiras entre o eu e o outro, não para nos arremessar em uma amorfa comunhão hippie com o cosmo, mas para evidenciar que não somos nem Isso nem Aquilo mas um elemento antigo e novo ao mesmo tempo, imutável e também em constante transformação. Dos destroços da Personalidade Tirânica criada pela demência demiúrgica brota, através da iniciação, a Vontade Única que eleva os iniciado a um patamar onde começa a caminhada para o além-do-humano. Dentro da esfera de influência das religiões dos deuses ressuscitados (Osíris, Jesus, Odin, etc) não há formas de se alcançar tal nível de evolução espiritual. As religiões do Livro são as piores nesse sentido: castradoras em sua essência, condenam a sexualidade e maculam a mulher como um poço de desejos irracionais e animalescos, colocando uma interdição fundamental ao maior dos portais para a prática mágica e realização do divino – o sexo.

Convém agora falarmos um pouco sobre a figura feminina e seu papel no sistema mágicko de Crowley. Como dito anteriormente, a Era de Aquário representa a restauração da liberdade e da sexualidade mágickas, perdida aeons atrás, e objeto de interdição pelas religiões dos deuses ressuscitados. Nesse contexto, a mulher tem um especial valor, como repositória da voluptuosidade potencialmente mágicka. O símbolo da Mulher Escarlate é marcante nesse contexto. Segundo Crowley, determinadas características indicam na mulher a aptidão para a prática mágicka, tanto físicas (formas avantajadas, olhos brilhantes, cabelos volumosos) como morais (comportamento libertino e independente). Nas palavras de Crowley:

“Como a Mulher Escarlate, cavalgando a Besta, está indo, bebendo o sangue vital dos santos; adúltera; senhora da mudança, da energia, da vida; enquanto a “mulher modesta”, “Maria inviolada”, é fechada, estagnante; impotência e morte (...) Assim a mulher modesta, a mãe, é para mim um símbolo da derrota e da morte; a mulher escarlate que cavalga a grande besta selvagem, que drena o sangue dos santos em sua taça, que é adúltera, que exige a mudança, é a vitória e a vida”

A mulher liberada e dona do próprio prazer aproxima-se do conceito da prostituta, entendida aqui como veículo da lascívia que, canalizada magickamente, proporciona transformações na consciência e gnose espiritual. Entretanto, tal conceito também tem uma outra acepção, que vincula a prostituta com a magia negra e a feitiçaria envolvendo entidades como Equidna, Melusina, Lâmia e certos aspectos destrutivos e viciosos de Kali e Kundry. Nessa rubrica, a prostituta se configura como portal para um tipo de lascívia exclusivamente carnal e estéril. O sexo, portanto, é uma via de acesso poderosa, mas também perigosa, onde o magista deve aprender a canalizar sua vontade para além do Desejo, sublimando-o (o Caminho da Mão Esquerda é sempre assim: iluminação poderosa, mas que se conquista através de provações extremas). É essa sublimação que Austin Osman Spare alude ao dizer: “Ao desvincular-se de concepção a crença e o sêmen, estes se tornam simples e cósmicos”. Somente quando se torna cósmico o êxtase, que caracteriza Kia, é capaz de despertar a consciência individual; nesse ponto não se trata mais de consciência personalizada (e por isso limitada) mas sim cósmica e livre para desfrutar-se eternamente. O desejo deve abraçar tudo, até esquecer a si mesmo e tornar-se nada.

É por isso que na busca spareana de “insaciedade de desejo, autoindulgência valente e sexualismo primevo”, a figura da bruxa é colocada de modo bastante, digamos, interessante: para Spare a bruxa precisa necessariamente ser “mundana e libidinosamente entendida” mas também “tão sexualmente atraente quanto um cadáver”. Justamente por suas características abomináveis, ela se torna o veículo completo da consumação, destruindo toda e qualquer cultura estética pessoal, tornando a mente e o desejo amorais, liberando o sexo do desejo mundo e o ego de suas prisões demiúrgicas. Nesse sentido, Spare se distancia de Crowley na forma de sublimação do desejo.

Gnose Luciferiana



“A mente é seu próprio lugar, e dentro de si
Pode fazer um Inferno do Céu, do Céu um Inferno”
(Paraíso Perdido, John Milton)



A Origem do Arquétipo



Entre as fontes da palavra “Lúficer” a mencionada mais frequentemente é a antiga poesia Romana. Lá ela significa “a estrela da manhã” e está relacionada ao termo Grego “eosphoros” (“portador da Aurora”). Aparece na Odisseia de Homero, Teogonia de Hesíodo, Geórgicas de Virgílio, e Metamorfoses de Ovídio. E apesar de “a estrela da manhã” ser mais frequentemente identificada com Vênus, há também teorias de que este termo se refere ao antigo deus da luz, também relacionado com este planeta. Na Grécia antiga este conceito foi  simbolizado por duas divindades: Eosphoro (Phosphoros) e Hespero (Vesper, Nocturnus, Noctifer), que correspondem a dois aspectos distintos de Vênus: A Estrela da Manhã que aparece na aurora, e a sua luz na escuridão da noite. A descrição desses dois irmãos divinos é encontrada na Ilíada, quando Phosphoros emerge do oceano para proclamar a vinda da luz divina, enquanto Hespero é visto como a mais esplêndida estrela no céu noturno. Phosphoros, o deus da aurora, era o filho da deusa Eos. Ele era retratado como um menino alado desnudo com uma tocha, em frente de sua mãe ou do deus sol Helios. A tradução Romana do nome “Phosphoros” é “Lúcifer”.

Este mito pode ser a mais primitiva fonte da lenda sobre este anjo brilhante. Mas nós não podemos esquecer sobre outro conto Grego com esta figura nas interpretações modernas. Esta, claro, é a famosa história de Prometeu. Deixe-nos relembrar rapidamente esta lenda mítica: Prometeu foi um dos Titãs e o criador da humanidade a quem moldou da argila misturada com lágrimas, e cuja alma era a centelha do fogo divino que o Titã roubou da carruagem do Sol. Então, vendo que o homem é fraco, ele roubou o fogo dos deuses novamente e o trouxe para a terra. Ele ensinou aos humanos como usar o fogo para criar artes e ofícios. Desta maneira ele despertou o espírito humano e deu à humanidade o potencial para governar o mundo. Por seu amor aos humanos ele foi severamente punido pelos deuses: eles o acorrentaram a uma rocha e todos os dias seu fígado era devorado por uma águia (ou um abutre) e crescia novamente para que esta dor pudesse durar para sempre. Esta lenda foi identificada com Lúcifer por causa de seu papel como o iniciador dos humanos: aquele que dotou o homem com a alma, o fogo divino, e mostrou a ele como se tornar igual aos deuses. A interpretação esotérica do mito explica a dádiva do fogo como o despertar da centelha interior no homem, a fonte do poder espiritual que corresponde ao conceito Tântrico da serpente Kundalini. O fogo de Prometeu é a centelha da divindade que quando despertada, pode se tornar a tocha de um potencial espiritual infinito. Assim como Prometeu ensinou a humanidade como se tornar semelhante aos deuses, então Lúcifer mostra ao homem o caminho da independência e a via para sua própria divindade.

Outra figura mítica, muitas vezes associada com Prometeu e Lúcifer é o Loki Escandinavo. Semelhante aos dois personagens acima mencionados, ele representa forças que ameaçam a ordem divina e cósmica. Ele é o portador da Luz / Fogo e ao mesmo tempo ele é o destruidor com um imenso potencial destrutivo. Seu nome se refere a “logi” (“chama”, “fogo”) ou ao verbo “lúka”, ou “lukijan”, significando “trancar”, que aponta para seu papel no fim do mundo existente (Ragnarök), o fogo final no qual o mundo e seus deuses irão arder. Ele é o pai de monstros mitológicos: o lobo Fenrir que irá devorar Odin no tempo de Ragnarök, a deusa cadáver Hel, e a serpente cósmica Jormungandr. Ele é o trapaceiro que constantemente desafia os deuses e sua ordem e leis fixadas. Ele também é o pai das disputas e mentiras. Mas ele também é o iniciador da humanidade a quem ele traz a dádiva do fogo divino – assim como Prometeu. Finalmente, ele também sofre um tipo similar de tormento: ele é punido sendo acorrentado às rochas, sobre sua cabeça há uma serpente venenosa que goteja veneno no rosto de Loki. Quando o deus treme de dor, suas convulsões causam terremotos ou desastres.

Um personagem similar também é encontrado no folclore Espanhol / Mexicano onde ele carrega o nome Luzbel. Luzbel é mencionado em textos Espanhóis do século dezesseis no México ou em grimórios tais como El Libro de San Cpriano (El Tesoro del Hechicero) e El Libro Infernal. Ele parece ser uma forma sombria de Lúcifer, um desafiador da ordem divina e o Portador da Luz como o fogo da divindade individual.



A Interpretação Cabalística



Nas teorias Cabalísticas, Lúcifer corresponde à Sephira oculta Daath. Contudo, a fim de entender esta atribuição, nós primeiro devemos retornar ao momento em que a Árvore da Vida era uma harmonia cósmica ideal e sua contraparte escura não existia. A Árvore Cósmica Perfeita consistia de dez níveis e vinte e dois caminhos como agora, mas então não havia plano material. Em vez disso, a Árvore da Vida continha Daath como uma parte integral da harmonia cósmica. Daath estava mais perto da tríade superior: Kether, Chokmah e Binah, acima da sephira central Tiphereth. Ela era o segundo sol que brilhava sobre as sephiroth vizinhas. Enquanto Tiphereth era o sol mais baixo que lançava seus raios sobre as regiões inferiores, Daath iluminava a parte superior da árvore da vida como o segundo sol místico. Suas luzes assinalavam dois “mundos” representados pelas sephiroth: o inferior (abaixo de Tiphereth), e o superior (circundando Daath). Ambas estavam harmoniosamente ligadas uma a outra. O sol mais baixo era governado pelo Arcanjo Miguel, o superior por Lúcifer: o Portador da Luz. Lúcifer era o anjo que residia mais próximo da trindade divina. Ele era o guardião e mediador entre a luz divina e as esferas inferiores, o que é refletido em uma antiga lenda de que ele era o mensageiro de Deus na terra que observava todos os eventos terrenos e os reportava ao Criador.

Na Árvore da Vida original, Yesod, a sephira mais baixa, era um reflexo ideal de Kether, a mais alta. Porque era o mundo astral do homem, ele foi considerado como uma imagem ideal de Deus. Yesod, entretanto, é também a esfera da sexualidade, existindo na árvore da vida em uma forma sutil e dormente. A razão da queda de Lúcifer e outros anjos não está clara dessa perspectiva. Talvez eles começassem a desejar o homem por causa de sua perfeição (“Os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram atraentes, e eles tomaram como esposas todas as que eles escolheram” Gênesis 6:2). Lucifer-Daath caiu / desceu para o nível do homem e despertou nele o poder da criação e energia sexual, que é representada pela dádiva dos frutos do Conhecimento, oferecidos pela Serpente bíblica. Dessa forma o homem ganhou acesso ao conhecimento que até aquele momento era reservado para Deus e entidades superiores. A queda dos anjos e sua união sexual com o homem foram a união proibida dos mundos. O homem ganhou o potencial da criação (de dar a luz a uma nova vida), e a harmonia cósmica ideal foi perdida. Onde uma vez existia Daath, um abismo se abriu e separou a tríade divina dos níveis inferiores. O homem foi expulso de seu Éden astral e habitou a nova sephira Malkuth, no plano material, enquanto os portões do Jardim divino foram fechados para ele: “Então ele baniu o homem e no lado leste do jardim do Éden colocou Querubins e uma espada flamejante que se movia em todas as direções, para proteger o caminho para a Árvore da Vida” (Gênesis 6:24). A sephira Daath juntamente com Lúcifer perdeu seu lugar próximo ao trono de Deus (Kether) e se tornou o abismo, o portal dos anti-mundos Qliphoticos nos quais Lúcifer estabeleceu seu Pandemônio.

Um adepto do caminho da Luz busca reconstruir a ordem cósmica original e a reunião com a perfeição divina. A morte de Cristo na cruz é uma metáfora de criar uma ponte sobre o abismo e unir o homem com Deus. O adepto do Caminho da Mão Esquerda procura aprofundar a queda e levar o processo de destruição até o final, de modo a acender sua própria centelha da divindade na absoluta escuridão do abismo. Completando o trabalho que foi iniciado com a degustação dos frutos do Conhecimento, o homem pode apanhar os frutos da Árvore da Vida.



A Jóia do Abismo



Quando Lúcifer estava caindo do Céu no abismo da escuridão, uma joia caiu de sua fronte, o emblema de sua beleza e perfeição. Foi a esmeralda, a joia considerada pelos alquimistas  como a pedra de Mercúrio, o personagem que pertence à esfera do meio, nos sentidos alquímico e mitológico. Mercúrio é o mensageiro celestial, o intermediário entre os mundos, e o guia das almas mortas (psychopompos) para o Outro Lado. Na Alquimia ele é o emblema do fluxo e transformação – transmutação de matéria e espírito do mais baixo para o mais alto, forma efêmera em sólida. Ele é, portanto, o elo entre o Céu (espírito) e a Terra (matéria). Na visão bíblica de São João: “Aquele que estava assentado era semelhante às pedras de jaspe e sardônio: e ao redor do trono havia um arco-íris, à vista semelhante a uma esmeralda” (Apocalipse 4:3). O arco-íris é um símbolo popular de uma ponte entre mundos (ex.: o Bifröst Nórdico). A esmeralda que caiu da fronte de Lúcifer é também o elo entre o Céu e a Terra, ela representa a perda do monopólio da imortalidade que até aquele momento tinha sido reservado somente para a trindade divina. De acordo com a lenda, a partir desta joia os anjos entalharam o Graal e quando ele foi preenchido com o sangue de Cristo, os portões do Céu, que foram trancados após a queda de Lúcifer, agora abriram novamente. A esmeralda também se assemelha a pérola da fronte de Shiva que no simbolismo Hindu representa o terceiro olho e está relacionado ao conceito de infinito.

A esmeralda também é a joia que os antigos Romanos associaram com o planeta Vênus. Como nós já dissemos, Vênus está relacionado a Lúcifer em muitos aspectos mitológicos. Era considerado o planeta representando vida e luz, assim como escuridão e morte. Ele foi chamado de a Estrela da Manhã e a Estrela da Noite. Os antigos romanos acreditavam que ele anunciava a morte e o renascimento. No México era temido como uma estrela da destruição. Jacobe Boehme, o famoso místico, o identificou com a Luz Divina do Criador.

A busca pelo Graal significa a peregrinação pelos diversos caminhos espirituais a fim de encontrar a luz interna e o poder oculto que constitui a base de toda a realidade. Ela é ilustrada pelo princípio alquímico V.I.T.R.I.O.L (Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem), e a joia que representa a coroa do caminho espiritual é a esmeralda ou o diamante – o emblema da perfeição e luz que brilha mesmo no mais remotos recessos do abismo.



A Estrela Guia no Caminho para a Divindade



No Caminho Draconiano Lúcifer faz aparição pelo menos várias vezes. Pela primeira vez as energias Luciferianas podem ser experienciadas integralmente no nível de A’arab Zaraq, a quarta qlipha (contando a partir de Malkuth / Lilith) na Árvore da Noite Cabalística. É o nível planetário conectado com as energias planetárias de Vênus. Na brilhante Árvore da Vida a contraparte de A’arab Zaraq é a sephira Netzach que tem correspondência com a forma brilhante da Deusa. Sua imagem sombria é Vênus Illegitima, a deusa da perversão. Ela representa o amor estéril no plano material que, todavia, dá frutos nos níveis mais altos. Através dela o adepto é renascido como seu próprio filho e se torna um com o Daimon, o eu superior. A Vênus Negra é a mãe do Daimon, o princípio que pertence ao próximo nível da Árvore cósmica – a qlipha Thagirion.

A’arab Zaraq é a esfera do lado sombrio dos sentimentos e emoções que surgem à luz da consciência e manifestas na forma de expressão criativa. Por isso essa qlipha é associada com arte e música. Aqui nós experienciamos a liberdade Luciferiana, que é a libertação das
estruturas e limites que restringem a consciência. Ela é a rebelião contra a realidade circundante – cheia de paixão e energia criativa. Na demonosofia de Rudolf Steiner, Lúcifer é o irmão de Cristo, aquele que rejeitou os planos de Deus de salvação do mundo e ousou propor o seu próprio. Ele incorpora o sonho eterno de auto-divinização, o caminho do progresso espiritual individual e a busca da perfeição. Ele é o patrono das artes, especialmente as enlevadas, das emoções, imaginação e criatividade:

“A perspectiva Luciferiana é baseada em idealismo, espiritualidade é incomparavelmente mais importante do que a existência no mundo material… A meta da iniciação Luciférica é Liberdade sem limites, que é possível alcançar somente quando se transcende sua natureza humana e se torna um deus. Libertação dos limites impostos pelo mundo material e dogmas que restringem o ego, nos dá uma possibilidade de criação ilimitada. A iniciação Luciférica é próxima do Caminho da Mão Esquerda mágico.”2

Enquanto nos colocamos em uma missão na busca pela joia Luciferiana, nós gradualmente passamos através de sucessivos níveis de despertar da consciência, até o nível de Satariel (Binah) nós experimentamos a abertura do “Olho de Lúcifer”. A serpente Kundalini desdobra suas asas e se torna o Dragão. Então abre o olho que vê o invisível. Este processo começa no primeiro passo do Caminho Draconiano quando o adepto entra no portal pelo “ventre de Lilith” – a primeira qlipha na Árvore da Noite Cabalística. Ela inclui onze níveis qliphóticos e nove estágios. Eles representam nove noites e nove mundos na iniciação mitológica de Odin. É por isso que o Olho de Lúcifer é chamado também de o Olho de Odin assim como ele é o símbolo da conclusão de certo estágio no processo iniciático. A iniciação Draconiana é baseada em nove fases de despertamento da “visão clara” (da palavra Grega “Drakon” – ver), e também inclui o ponto de partida e a meta à qual o processo inteiro conduz. Juntos, constituem onze níveis. O ponto de partida é o mundo da ilusão em que nós vivemos. Quando nos tornamos conscientes do mundo existente além da realidade percebida, nossa consciência se volta para o “Outro Lado”, ou “o Lado Esquerdo”. Uma fenda no véu da ilusão se abre e através dela nós podemos entrar em na realidade alternativa. Assim nós passamos através do portal de Lilith e começamos a jornada iniciática no mundo da Escuridão. Gradualmente o Olho de Lúcifer se abre em nossa consciência e sua luz brilha como uma tocha na escuridão do abismo até ele estar completamente aberto no nível de Satariel (8.0.) e arder com a luz da Divindade no nível de Ghagiel (9.0.)



Gnose Satânica



Na discussão do papel de Lúcifer nós não podemos esquecer-nos da sua função na tradição ocidental de magia negra e Satanismo. Grimórios que apareceram nos últimos séculos associaram-no com muitos atributos e qualidades. No Grimorium Verum Lúcifer é um dos três principais governantes do mundo, os outros dois sendo Beelzebub e Astaroth. Ele governa Europa e Ásia, junto com seus dois demônios serventes: Satanachia e Agalierap. Neste grimório ele é descrito como um belo jovem que se torna vermelho quando zangado ou furioso.De acordo com o Dicitionaire Infernal por Collin de Plancy, Lúcifer é o rei do Inferno. Ele tem o rosto de uma bela criança jovem, que muda para monstruosa e inflamada quando ele está zangado. No Grimoire of Honorius do século 16, ele também é o Imperador Infernal. O texto contém o conselho para invoca-lo nas Segundas-Feiras. Entre três e quatro horas ou entre onze e doze. O operador tem de sacrificar um rato em um ritual, caso
contrário a operação falhará.

Em outros textos ele é às vezes identificado com Satã ou superior a ele na hierarquia infernal. Ele é também identificado com Lucifuge Rofocale, o que, entretanto, é uma atribuição incorreta porque “Lúcifer” significa “o Portador da Luz”, enquanto “Lucifuge” é “o que evita a Luz”, e essas duas figuras são completamente diferentes em demonologia. Nos textos sobre bruxaria nós podemos encontrar narrativas de que Lúcifer muitas vezes acompanha as bruxas em seu voo para o Sabbat. Às vezes ele as puxa de suas vassouras e lhes dá uma carona em seus ombros. Lúcifer é descrito lá como uma figura cinzenta com braços azuis e calções vermelhos decorados com fitas.

Na demonologia tradicional Lúcifer governa o elemento ar e a direção leste, junto com três outros reis infernais que dirigem os outros elementos e direções: Leviathan (água, oeste), Belial (terra, norte), e Satan (fogo, sul). Na Tradição Faustiana ele é o governante chefe do Inferno. É com ele que Fausto entra em pacto, enquanto Mephistopheles é o mediador e executor de suas ordens.



Uma Palavra de Conclusão



Acredita-se que Lúcifer é o principal personagem do poema épico “Paraíso Perdido” de Milton, apesar de que no texto ele é chamado de Satã. Mas a palavra “Satã” significa “Adversário”, “o Oponente”. E o Satã de Milton é o opositor de Deus realmente. Contudo, sua imagem está longe de um estereótipo de um demônio sombrio e astuto, como ele é descrito pela tradição Cristã contemporânea. Em vez disso ele é o anjo que traz a luz, que ousa desafiar Deus e deixar o Céu a fim de criar seu próprio reino no abismo da escuridão. Ao mesmo tempo, entretanto, ele não perdeu sua beleza, esplendor ou orgulho. Ele é o Adversário, o rebelde que rejeita a obediência a Deus, o orgulhoso governante e príncipe das
trevas. Ele representa o princípio da “contradição”, tão essencial na continuidade da existência do mundo e da harmonia cósmica.

No Caminho da Mão Esquerda, ele incorpora a busca da própria divindade. Ele não está satisfeito com o espaço limitado e a função a que Deus atribuiu a ele. Através de sua queda ele se tornou o emblema da vontade livre e forte que prova que se pode existir sem Deus e a luz divina, e que se pode tornar seu próprio criador e moldar seu próprio mundo nas profundezas do abismo, onde reside o potencial infinito da criação. Lúcifer inspira aqueles cuja vontade é forte o suficiente para seguir seus passos e caminhar no Caminho da Mão Esquerda; aqueles que gostam de acreditar que “É melhor reinar no Inferno do que servir no Céu”.

Texto escrito por: Asenath Mason (Extraído de “The Sinister Path, Vol 1”, Magan Publications, 2011)

traduzido por :Robert Pereira

Liber Al vel Legis


Tecnicamente chamado LIBER AL vel LEGIS svb figura CCXX
qual foi ditado por XCIII = 418 a DCLXVI

A.'. A.'.

Publicação em Classe A - B


COMENTO

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O estudo deste Livro é proibido. É sábio destruir esta cópia após a primeira leitura.

Quem não presta atenção a isto incorre em perigo e risco pessoais. Estes são dos mais pavorosos.

Aqueles que discutem o conteúdo deste Livro devem ser evitados por todos, como focos de pestilência.

Todas as questões da Lei devem ser decididas apenas por apelo aos meus escritos, cada qual por si mesmo.

Não existe lei além de Faze o que tu queres.

Amor é a lei, amor sob vontade.

O sacerdote dos príncipes,ANKH-F-N-KHONSU



I

1 - Had! A manifestação de Nuit.

2 - A desvelação da companhia do céu.

3 - Todo homem e toda mulher é uma estrela.

4 - Todo número é infinito; não há diferença.

5 - Ajuda-me, ó guerre

ro senhor de Tebas, em minha desvelação diante das Crianças dos homens!
6 - Sê tu Hadit, meu centro secreto, meu coração e minha língua!

7 - Vede! É revelado por Aiwass o ministro de Hoor-paar-kraat.

8 - O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs.

9 - Identificai-vos pois com o Khabs, e vede minha luz derramada sobre vós!

10 - Que meus servidores sejam poucos e secretos: eles regerão os muitos e conhecidos.

11- Estes são tolos que os homens adoram; seus Deuses e seus homens são tolos.

12 - Aparecei, ó crianças, sob as estrelas, e tomai vossa fartura de amor!

13 - Eu estou sobre vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.

14 -
Acima, o enfeitado azul
É de Nuit o esplendor nu
Curvado em prazer taful;
Hadit secreto é beijado.
Céu de estrela e globo alado
São meus, Ó Ankh-af-na-Khonsu!

15 - Agora sabereis que o escolhido vate e apóstolo do espaço infinito é o sacerdote-príncipe a Besta; e em sua mulher chamada a Mulher Escarlate é todo poder dado. Eles juntarão minhas crianças em seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para dentro dos corações dos homens.

16 - Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas a ele é a alada chama secreta, e ela a descendente luz estrelar.

17 - Mas vós não sois assim escolhidos.

18 - Queima sobre suas testas, ó serpente esplendorosa!

19 - Ó mulher de pálpebras azuis, curva-te sobre eles!

20 - A chave dos rituais está na palavra secreta que eu dei a ele.

21 - Com o Deus e o Adorante eu nada sou; eles não me vêem. Eles são como sobre a terra; eu sou no Céu, e não há ali outro Deus além de mim, e meu senhor Hadit.

22 - Agora, portanto, eu vos sou conhecida por meu nome Nuit, e dele por um nome secreto que eu lhe darei quando ele por fim me conhecer. Desde que eu sou o Espaço Infinito e as Infinitas Estrelas de lá, fazei vós assim também. Nada amarreis! Que não haja nenhuma diferença feita entre vós entre qualquer uma coisa e qualquer outra coisa; pois daí vem dor.

23 - Mas quem quer que valha nisto, seja ele o chefe de tudo!

24 - Eu sou Nuit, e minha palavra é seis e cinqüenta.

25 - Dividi, somai, multiplicai e compreendei.

26 - Então diz o profeta e escravo da bela: Quem sou eu, e qual há de ser o sinal? Assim ela lhe respondeu, curvando-se, uma lambente chama azul, tudo-tocando, tudo penetrando, suas mãos amoráveis sobre a terra negra, e seu corpo flexível arqueado para o amor, e seus pés macios não machucando as pequeninas flores: Tu sabes! E o sinal será meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, a onipresença do meu corpo.

27 - Então o sacerdote respondeu e disse à Rainha do Espaço, beijando sua amoráveis sobrancelhas, e o orvalho da luz dela banhando o corpo inteiro dele em um doce perfume de suor: Ó Nuit, contínua mulher do Céu, que seja assim sempre; que os homens não falem de Ti como Uma mas como Nenhuma; e que eles não falem de ti de todo, desde que Tu és contínua!

28 - Nenhuma, respirou a luz, tênue e encantada, das estrelas, e dois.

29 - Pois eu estou dividida por amor ao amor, pela chance de união.

30 - Esta é a criação do mundo, que a dor de divisão é como nada, e a alegria da dissolução tudo.

31 - Por estes tolos dos homens e suas penas de todo não te cuides! Eles sentem pouco; o que é, é balançado por fracas alegrias; mas vós sois meus escolhidos.

32 - Obedecei meu profeta! Cumpri as ordálias do meu conhecimento! Buscai-me apenas! Então as alegrias do meu amor vos redimirão de toda a pena. Isto é assim; eu juro pela cúpula do meu corpo; por meu sagrado coração e língua; por tudo que eu posso dar, por tudo que eu desejo de vós todos.

33 - Então o sacerdote caiu em um profundo transe ou desmaio, e disse à Rainha do Céu; escreve para nós as ordálias; escreve para nós os rituais; escreve para nós a lei!

34 - Mas ela disse: as ordálias eu não escrevo: os rituais serão metade conhecidos e metade escondidos: a Lei é para todos.

35 - Isto que tu escreves é o tripartido livro de Lei.

36 - Meu escriba Ankh-af-na-Khonsu, o sacerdote dos príncipes, não mudará este livro em uma só letra; mas para que não haja tolice, ele comentará a respeito pela sabedoria de Ra-Hoor-Khu-it.

37 - Também os mantras e encantamentos; o obeah e o wanga; o trabalho da baqueta e o trabalho da espada; estes ele aprenderá e ensinará.

38 - Ele deve ensinar; mas ele pode fazer severas as ordálias.

39 - A palavra da Lei Q E L H M A Q E L H M A.
(Thelema, formada pelas letras gregas teta-epsilon-lambda-eta-mu-alfa).

40 - Quem nos chama Thelemita não fará erro, se ele olhar bem de perto na palavra. Pois há ali Três Graus, o Eremita, e o Amante, e o Homem da Terra. Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

41 - A palavra de Pecado é Restrição. Ó homem! Não recuses tua esposa, se ela quer! Ó amante, se tu queres, parte! Não existe laço que possa unir os divididos a não ser o amor: tudo mais é maldição. Maldito! Maldito! Seja para os eons! Inferno.

42 - Deixa estar aquele estado de multiplicidade amarrado e odiando. Assim com teu tudo: tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade.

43 - Faze aquilo, e nenhum outro dirá não.

44 - Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre da ânsia de resultado, é toda via perfeita.

45 - O Perfeito e o Perfeito são um Perfeito e não dois; não, são nenhum!

46 - Nada é uma chave secreta desta Lei. Sessenta e um os Judeus a chamam; eu a chama oito, oitenta, quatrocentos e dezoito.

47 - Mas eles têm a metade: une por tua arte para que tudo desapareça.

48 - Meu profeta é um tolo com seu um, um, um; não são eles o Boi, e nenhum pelo Livro?

49 - Abrogados estão todos os rituais, todas as ordálias, todas as palavras e sinais. Ra-Hoor-Khuit tomou seu assento no Oriente ao Equinócio dos Deuses; e que Asar seja com Isa, que também são um. Mas eles não estão em mim. Que Asar seja o adorador, Isa o sofredor; Hoor em seu secreto nome e esplendor é o Senhor iniciando.

50 - Existe uma palavra a dizer a respeito do trabalho Hierofântico. Vede! Existem três ordálias em uma, e pode ser dada em três caminhos. O grosseiro deve passar por fogo; que o fino seja provado em intelecto, e os elevados escolhidos, no altíssimo. Assim vós tendes estrela e estrela, sistema e sistema; que nenhum conheça bem o outro!

51 - Há quatro portões para um palácio; o chão daquele palácio é de prata e ouro; lápis-lazúli e jaspe estão ali; e todos os perfumes raros; jasmim e rosa, e os emblemas da morte. Que ele entre sucessiva ou simultaneamente pelos quatro portões; que ele fique de pé no chão do palácio. Não afundará ele? Amn. Ho! Guerreiro, se teu servo afunda? Mas há meios e meios. Sede bons portanto: vesti-vos finamente; comei comidas ricas e bebei vinhos doces e vinhos que espumejam! Também, tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes! Mas sempre em mim.

52 - Se isto não for correto; se confundis as marcas do espaço, dizendo: Elas são uma; ou dizendo Elas são muitas; se os ritual não for sempre para mim: então esperai os terríveis julgamentos de Ra-Hoor-Khuit!

53 - Isto regenerará o mundo, o mundozinho minha irmã, meu coração e minha língua, a quem eu mando este beijo. Também, ó escriba e profeta, se bem que tu és dos príncipes, isto não te redimirá nem absolverá. Mas êxtase seja teu e alegria da terra: sempre a mim! A mim!

54 - Não mudes nem mesmo o estilo de uma letra; pois vê! Tu, ó profeta, não verás todos estes mistérios escondidos aí.

55 - A criança das tuas entranhas, ele os verá.

56 - Não o esperes do Oriente, nem do Ocidente; pois de nenhuma casa esperada vem aquela criança. Aum! Todas as palavras são sagradas e todos os profetas verdadeiros; salvo apenas que eles compreendem um pouco; resolvem a primeira metade da equação, deixam a segunda inatacada. Mas tu tens tudo na luz clara e algo, mas não tudo, na escuridão.

57 - Invocai-me sob minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob vontade. Nem confundam os tolos o amor; pois existem amor e amor. Existe o pombo, e existe a serpente. Escolhei bem! Ele, meu profeta, escolheu, conhecendo a lei da fortaleza, e o grande mistério da Casa de Deus.

Todas essas velhas letras de meu Livro estão certas; mas * não é a Estrela. Isto também é secreto: meu profeta o revelará aos sábios.

(o símbolo * é a letra Hebraica Tzaddi)

58 - Eu dou alegrias inimagináveis sobre a terra; certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz inominável, descanso, êxtase; nem exijo eu coisa alguma em sacrifício.

59 - Meu incenso é de madeiras resinosas e gomas; e não existe sangue ali: por causa de meu cabelo as árvores da Eternidade.

60 - Meu número é 11, como todos os seus números que são de nós. A Estrela de Cinco Pontas, com um Círculo no Meio, e o círculo é Vermelho. Minha cor é negra para os cegos, mas azul e ouro são vistos dos videntes. Também eu tenho uma glória secreta para aqueles que me amam.

61 - Mas amar-me é melhor que toda a coisa: se sob as estrelas da noite no deserto tu presentemente queimas meu incenso diante de mim, invocando-me com um coração puro, e a chama Serpentina ali contida, tu virás deitar-te em meu seio um bocadinho. Por um beijo tu então quererás dar tudo; mas quem quer que dê uma partícula de pó perderá tudo naquela hora. Vós ajuntareis mercadorias e quantidade de mulheres e espécies; vós usareis ricas jóias; vós excedereis as nações da terra em esplender e orgulho; mas sempre no meu amor, e assim vireis à minha alegria. Eu te urjo seriamente a que venhas diante de mim em uma vestimenta única, e coberto com um rico diadema. Eu te amo! Eu te desejo! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, eu que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez do senso mais íntimo, te desejo. Põe as asas, e acorda o esplendor enroscado dentro de ti: vem a mim!

62 - Em todos os meus encontros convosco a sacerdotisa dirá - e seus olhos queimarão com desejo enquanto ela está de pé nua e regozijante em meu templo secreto - A mim! A mim! Evocando a flama dos corações de todos em seu cântico de amor.

63 - Cantai a canção de amor feliz para mim! Queimai perfumes para mim! Usai jóias para mim! Bebei a mim, pois eu vos amo! Eu vos amo!

64 - Eu sou a filha do Poente, de pálpebras azuis; eu sou o brilho nu do voluptuoso Céu noturno.

65 - A Mim! A Mim!

66 - A manifestação de Nuit está em um fim.

II

1 - Nu! O esconderijo de Hadit.

2 - Vinde! Todos vós, e aprendei o segredo que ainda não foi revelado. Eu, Hadit, sou o complemento de Nu, minha noiva. Eu não sou estendido, e Khabs é o nome de minha Casa.

3 - Na esfera eu sou em toda a parte o centro, enquanto Ela, a circunferência, em parte alguma é encontrada.

4 - No entanto ela será conhecida e eu nunca.

5 - Vede! Os rituais do velho tempo são negros. Que os ruins sejam jogados fora; que os bons sejam purgados pelo profeta! Então este Conhecimento irá corretamente.

6 - Eu sou a flama que queima em todo coração de homem, e no âmago de toda estrela. Eu sou Vida, e o doador de Vida, no entanto por isto conhecer-me é conhecer a morte.

7 - Eu sou o Mago e o Exorcista. Eu sou o eixo da roda, e o cubo no círculo. "Vinde a mim" é uma palavra tola; pois sou eu que vou.

8 - Quem adorou Heru-pa-kraath adorou-me; erro, pois eu sou o adorador.

9 - Lembrai-vos todos vós de que existência é pura alegria; de que todos os sofrimentos são apenas como sombras; eles passam e estão acabados; mas existe aquilo que resta.

10 - Ó profeta! Tu tens má vontade de aprender esta escritura.

11 - Eu te vejo odiar a mão e a pena; mas eu sou mais forte.

12 - Por causa de Mim em ti que tu não conhecias.

13 - Por que? Porque tu eras o conhecedor, e eu.

14 - Agora haja um velar deste sacrário: agora que a luz devore os homens e os engula com cegueira!

15 - Pois eu sou perfeito, não sendo; e meu número é nove pelos tolos; mas o justo eu sou oito, e um em oito: o que é vital, pois eu nenhum sou de fato. A Imperatriz e o Rei não sou eu; pois existe um outro segredo.

16 - Eu sou a Imperatriz e o Hierofante. Assim onze, como minha noiva é onze.

17 -
Ouvi, vós que suspirais!
As dores de pena infinda
Queda aos mortos e mortais,
Quem me não conhece ainda.

18 - Estes são mortos, esta gente; eles não sentem. Nós não somos para os pobres e tristes: os senhores da terra são nossos parentes.

19 - Há um Deus de viver em um cão? Não! Mas os mais elevados são de nós. Eles se regozijarão, nossos escolhidos: quem se amargura não é de nós.

20 - Beleza e vigor, rigor contínuo e delicioso langor, força e fogo, são de nós.

21 - Nós nada temos com o incapaz e o expulso: deixai-os morrer em sua miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é o vício dos reis: calcai aos pés os desgraçados e os fracos: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Não penses, ó rei, naquela mentira: Que Tu Deves Morrer: em verdade, tu não morrerás, mas viverás. Agora seja isto compreendido: Se o corpo do Rei se dissolve, ele permanecerá em puro êxtase para sempre. Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit! O Sol, Força e Visão, Luz; estes são para os servidores da Estrela e da Cobra.

22 - Eu sou a Cobra que dá Conhecimento e Deleite e brilhante glória, e movo os corações dos homens com embriaguez. Para adorar-me tomai vinho e estranhas drogas das quais eu direi ao meu profeta, e embriagai-vos deles! Eles não vos farão mal de forma alguma. É uma mentira, esta tolice contra si mesmo. Sê forte, ó homem! Arde, usufrui todas as coisas de senso e raptura: não temas que qualquer Deus te negará por isto.

23 - Eu sou só: não existe Deus onde eu sou.

24 - Vede! Estes são graves mistérios; pois há também de meus amigos quem são eremitas. Agora não penseis encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de mulheres com longos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelo flamejante em volta delas; lá vós os encontrareis. Vós os vereis governando, em exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e haverá neles uma alegria um milhão de vezes maior que isto. Cuidado para que algum não force outro, Rei contra Rei! Amai-vos uns aos outros com corações ardentes; nos homens baixos pisai no enérgico ímpeto do vosso orgulho, no dia de vossa cólera.

25 - Vós sois contra o povo, ó meus escolhidos!

26 - Eu sou a secreta Serpente enroscada a ponto de pular: em minhas roscas há alegria. Se eu levanto minha cabeça, eu e minha Nuit somo um. Se eu abaixo minha cabeça, e ejaculo veneno, então há raptura da terra, e eu e a terra somos um.

27 - Existe um grande perigo em mim; pois quem não compreende estas runas fará uma grande falha. Ele cairá dentro do mundéu chamado Porque, e lá ele perecerá com os cães da Razão.

28 - Agora uma maldição sobre Porque e seus parentes!

29 - Seja Porque amaldiçoado para sempre!

30 - Se a Vontade pára e grita Por Que, invocando Porque, então a Vontade pára e nada faz.

31 - Se o Poder pergunta Por Que, então o Poder é fraqueza.

32 - A Razão também é uma mentira; pois existe um fator infinito e desconhecido; e todas as suas palavras são meandros.

33 - Bastante de Porque! Seja ele danado para um cão!

34 - Mas vós, ó meu povo, levantai-vos e acordai!

35 - Que os rituais sejam retamente executados com alegria e beleza!

36 - Há rituais dos elementos e festas das estações.

37 - Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva!

38 - Uma festa para os três dias da escritura do Livro da Lei!

39 - Uma festa para Tahuti e a criança do Profeta-Secreta, ó Profeta!

40 - Uma festa para o Supremo Ritual, e uma festa para o Equinócio dos Deuses!

41 - Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa maior para a morte!

42 - Uma festa diária em vossos corações na alegria de minha raptura!

43 - Uma festa toda noite para Nu, e o prazer do mais transcendente deleite!

44 - Sim! Festejai! Regozijai-vos! Não existe pavor no além. Existe a dissolução, e eterno êxtase nos beijos de Nu.

45 - Há morte para os cães.

46 - Falhas? Arrependes-te? Há medo em teu coração?

47 - Onde eu sou estes não são.

48 - Não tenhais piedade dos caídos! Eu nunca os conheci. Eu não sou para eles. Eu não consolo: eu odeio o consolado e o consolador.

49 - Eu sou único e conquistador. Eu não sou dos escravos que perecem. Sejam eles danados e mortos! Amém. (Isto é dos 4: existe um quinto que é invisível, e ali sou eu como um bebê em um ovo.)

50 - Azul sou eu e ouro na luz de minha noiva: mas o brilho vermelho está nos meus olhos; e minhas escamas são púrpuras e verde.

51 - Púrpura além do púrpura: é a luz mais alta que a visão.

52 - Existe um véu; e este véu é negro. É o véu da mulher modesta; e o véu de sofrimento, e o companheiro da morte: e nenhum sou eu. Rasgai abaixo aquele mentiroso espectro dos séculos: não veleis vossos vícios em palavras virtuosas: estes vícios são meu serviço; vós fazeis bem, e eu vos recompensarei aqui e no além.

53 - Não temas, ó profeta, quando estas palavras forem ditas, tu não te arrependerás. Tu és enfaticamente meu escolhido; e abençoados são os olhos que tu contemplares com alegria. Mas eu te esconderei em uma máscara de sofrimento: eles que te verem recearão que tu és caído: mas eu te levanto.

54 - Nem valerão aqueles que gritam alto sua tolice que tu não significas nada; tu o revelarás; tu vales: eles são os escravos de Porque: eles não são eu. A pontuação como quiseres; as letras? Não as mudes em estilo ou valor!

55 - Tu obterás a ordem e valor do Alfabeto Inglês: tu acharás novos símbolos aos quais atribuí-las.

56 - Ide! Vós escarnecedores; apesar de que rides em minha honra vós não rireis longamente: então quando estiverdes tristes sabei que eu vos abandonei.

57 - Ele que é correto será correto ainda; ele que é imundo será imundo ainda.

58 - Sim! Não penseis em mudança: vós sereis como sois, e não outro. Portanto os reis da terra serão Reis para sempre: os escravos servirão. Nenhum existe que será derrubado ou elevado: tudo é sempre como foi. No entanto existem uns mascarados meus servidores: pode ser que aquele mendigo ali seja um Rei. Um Rei pode escolher sua roupa como quiser: não existe teste certo: mas um mendigo não pode esconder sua pobreza.

59 - Cuidado portanto! Amai a todos, pois pode ser que haja um Rei escondido! Dizeis assim? Tolo! Se ele é um Rei, tu não podes feri-lo.

60 - Portanto, golpeia duro e baixo, e para o inferno com eles, mestre!

61 - Existe uma luz diante dos teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável.

62 - Eu estou erguido em teu coração; e os beijos das estrelas chovem forte no teu corpo.

63 - Tu estás exausto na fartura voluptuosa da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e cheia de riso que uma carícia do verme do Inferno.

64 - Ó! Tu estás sobrepujado: nós estamos sobre ti; nosso deleite está sobre tu todo: salve! Salve: Profeta de Nu! Profeta de Had! Profeta de Ra-Hoor-Khu! Agora regozija-te! Agora vem em nosso esplendor e raptura! Vem em nossa paz apaixonada, e escreve doces palavras para os Reis!

65 - Eu sou o Mestre: tu és o Santo Escolhido.

66 - Escreve, e encontra êxtase na escrita! Trabalha, e sê nossa cama trabalhando! Freme com a alegria de vida e morte! Ah! Tua morte será linda: quem a ver se alegrará. Tua morte será o selo da promessa do nosso anciente amor. Vem! Levanta teu coração e regozija-te! Nós somos um; nós somos nenhum.

67 - Firma! Firma! Agüenta em tua raptura; não se perca com os beijos supremos!

68 - Endurece! Conserva-te a prumo! Levanta tua cabeça! Não respires tão fundo - morre!

69 - Ah! Ah! Que sinto eu? Está a palavra exausta?

70 - Existe auxílio e esperança em outros encantamentos. Sabedoria diz: sê forte! Então tu podes suportar mais alegria. Não sejas animal; refina tua raptura! Se tu bebes, bebe pelas oito e noventa regras de arte: se tu amas, excede em delicadeza; e se tu fazes o que quer que seja de alegre, que haja sutileza ali contida!

71 - Mas excede! Excede!

72 - Esforça-te sempre por mais! E se tu és verdadeiramente meu - e não o duvides, e se tu és sempre alegre! - a morte é a coroa de tudo.

73 - Ah! Ah! Morte! Morte! Tu ansiarás pela morte. Morte está proibida, ó homem, para ti.

74 - A duração da tua ânsia será a força da sua glória. Aquele que vive longamente e deseja muito a morte é sempre o Rei entre os Reis.

75 - Sim! Escuta os números e as palavras.

76 - 4 6 3 8 A B K 2 4 A L G M O R 3 Y X 24 89 R P S T O V A L. Que significa isto, ó profeta? Tu não sabes; nem nunca saberás. Vem um para te seguir: ele o exporá. Mas lembra-te, ó escolhido, de ser eu; de seguir o amor de Nu no céu iluminado de estrelas; de contemplar os homens, de dizer-lhes esta palavra alegre.

77 - E sejas orgulhoso e poderoso entre os homens!

78 - Levanta-te! Pois nenhum existe como tu entre homens ou entre Deuses! Levanta-te, ó meu profeta, tua estatura sobrepassará as estrelas. Elas adorarão teu nome, quadrangular, místico, maravilhoso, o número do homem; e o nome de tua casa 418.

79 - O fim do esconderijo de Hadit; e bênção e veneração ao profeta da amável Estrela!


III

1 - Abrahadabra: a recompensa de Ra Hoor Khut.

2 - Existe divisão daqui em direção ao lar; existe uma palavra não conhecida. Soletrar é ineficaz; tudo não é alguma coisa. Cuidado! Espere! Levantai o encanto de Ra-Hoor-Khuit!

3 - Agora seja primeiramente compreendido que eu sou um Deus de Guerra e de Vingança. Eu lidarei duramente com eles.

4 - Escolhei uma ilha!

5 - Fortificai-a!

6 - Cercai-a de engenharia de guerra!

7 - Eu vos darei uma máquina de guerra.

8 - Com ela vós golpeareis os povos; e nenhum ficará de pé diante de vós.

9 - Espreitai! Retirai-vos! Sobre eles! Esta é a Lei da Batalha de Conquista: assim será meu culto em volta de minha casa secreta.

10 - Toma os mandamentos da própria revelação; coloca-os em teu templo secreto - e aquele templo já está corretamente disposto - e eles serão o vosso Kiblah para sempre. Eles não desbotarão, mas cor miraculosa voltará a eles dia após dia. Fechai-os em vidro trancado como uma prova para o mundo.

11 - Esta será vossa única prova. Eu proíbo argumento. Conquistai! Isso basta. Eu farei fácil para vós a abstrução da casa mal-ordenada na Cidade Vitoriosa. Tu a transportarás tu mesmo com veneração, ó profeta, se bem que tu não gostas. Tu terás perigo e tribulação. Ra-Hoor-Khu está contigo. Adorai-me com fogo e sangue; adorai-me com espadas e com lanças. Que a mulher seja cingida com uma espada diante de mim; que sangue corra em meu nome. Calcai aos pés os Gentios; sede sobre eles, ó guerreiro, eu vos darei da carne deles para comer!

12 - Sacrificai gado, pequeno e grande: depois uma criança.

13 - Mas não agora.

14 - Vós vereis aquela hora, ó Besta abençoada, e tu a Concubina Escarlate do desejo dele!

15 - Vós ficareis tristes por isto.

16 - Não penseis demasiado avidamente em apossar-vos das promessas; não temais incorrer nas maldições. Vós, mesmo vós, não conheceis este significado todo.

17 - De todo não temais; não temais nem homens nem Fados, nem Deuses, nem coisa alguma. Dinheiro não temais, nem risada da tolice do povo, nem qualquer outro poder no céu ou sobre a terra ou debaixo da terra. Nu é vosso refúgio como Hadit vossa luz; e eu sou a potência, força, vigor, de vossas armas.

18 - Misericórdia esteja fora: amaldiçoai os que se apiedam! Matai e torturai; não poupeis; sede sobre eles!

19 - Aos mandamentos eles chamarão de Abominação da Desolação; contai bem seu nome, e será para vós tal qual 718.

20 - Por que? Por causa da queda do Porque, que ele não é lá novamente.

21 - Coloca minha imagem no Este: tu te comprarás uma imagem que eu te mostrarei, especial, não dessemelhante àquela que tu conheces. E será subitamente fácil para ti o fazer isto.

22 - As outras imagens agrupa em volta minha para suportar-me: sejam todas adoradas, pois elas se reunirão para exaltar-me. Eu sou o objeto visível de adoração; os outros são secretos; para a Besta e sua Noiva são eles: e para os vencedores da Ordenamemto x. O que é isto? Tu saberás.

23 - Para perfume misturai farinha e mel e grossa borra de vinho tinto: então óleo de Abramelin e óleo de oliva, e depois amolecei e amaciai com rico sangue fresco.

24 - O melhor sangue é da lua, mensal: então o sangue fresco de uma criança, ou pingando da hóstia do céu: então de inimigos: então do sacerdote ou dos adoradores: por último de alguma besta, não, importa qual.

25 - Isto queimai: disto fazei bolos e comei em minha homenagem. Isto tem também um outro uso; seja depositado diante de mim, e conservado impregnado com perfumes de vossa prece: encher-se-á de escaravelhos como já o foi e de coisas rastejantes sagradas para mim.

26 - Estes matai, nomeando vossos inimigos; e eles cairão diante de vós.

27 - Também estes criarão o desejo e o poder do desejo em vós ao serem comidos.

28 - Também sereis fortes na guerra.

29 - Ou então, sejam eles longamente conservados, é melhor; pois incham com minha força. Tudo diante da minha presença.

30 - Meu altar é de latão rendado: queimai sobre ele prata ou ouro.

31 - Vem um homem rico do Oeste que derramará seu ouro sobre ti.

32 - Do ouro forja aço!

33 - Sê pronto a fugir ou a golpear!

34 - Mas vosso lugar santo será intocado através dos séculos: ainda que com fogo e espada ele seja queimado e despedaçado, uma casa invisível está de pé ali, e estará de pé até a queda do Grande Equinócio; quando Hrumachis se erguerá e o que possui duas varas assumirá meu trono e lugar. Outro profeta se erguerá, e trará febre nova dos céus; outra mulher despertará o ardor e adoração da Serpente; outra alma de Deus e da besta misturar-se-á no sacerdote englobado; outro sacrifício manchará a tumba; outro rei reinará; e que benção nenhuma seja mais servida ao místico Senhor de Cabeça de Falcão!

35 - A metade da palavra de Heru-ra-ha, chamado Hoor-pa-kraat e Ra-Hoor-Khut.

36 - Então disse o profeta ao Deus:

37 - 
Eu te adoro na canção -
Eu sou o Senhor de Tebas, e eu
O vate inspirado de Mentu.
Para mim desvela o véu do céu,
O sacrificado Ankh-af-na-Khonsu
Cujo verbo é lei. Deixa que eu incite
Tua presença aqui, Ó Ra-Hoor-Khuit!
Unidade extrema demonstrada!
Adoro Teu poder, Teu sopro forte,
Deus terrível, suprema flor do nada,
Tu que fazes com que os deuses e a morte
Tremam diante de Ti:
Eu, eu adoro a ti!
Aparece no trono de Ra!
Abre os caminhos do Khu!
Ilumina os caminhos do Ka!
Nas rotas do Khabs sê tu,
Para mover-me ou parar-me!
Aum! Deixe que me preencha!

38 - De forma que tua luz está em mim; e sua flama rubra é como uma espada em minha mão para empurrar tua ordem. Existe uma rota secreta que eu farei para estabelecer tua rota em todos os quadrantes (estas são as adorações, como tu escreves-te), como é dito:

É minha a luz; faz que eu me vá
Com os seus raios. Sou o autor
De oculta porta ao Lar de Ra
E Tum, de Kephra e de Ahathoor.

Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,
O profeta Ankh-af-na-Khonsu!
Por Bes-na-Maut bato no peito;
E por Ta-Nech lanço o feitiço.

Brilha, Nuit, ó céu perfeito!
Alada cobra, luz e viço, 
Abre-me tua Casa, Hadit!
Mora comigo, Ra-Hoor-Khuit!

39 - Tudo isto e um livro para dizer como tu chegaste aqui e uma reprodução desta tinta e papel para sempre - pois nisto está a palavra secreta e não apenas no Inglês - e teu comento sobre este o Livro da Lei será impresso belamente em tinta vermelha e negra sobre belo papel feito à mão; e a cada homem e mulher que tu encontras, fosse apenas para jantar ou beber a eles, esta é a Lei a dar. Então talvez eles decidam permanecer nesta felicidade ou não; não tem importância. Faze isto rápido!

40 - Mas o trabalho do comento? Aquilo é fácil; e Hadit ardendo em teu coração fará célere e segura tua pena.

41 - Estabelece em tua Kaaba um escritório; tudo deve ser bem feito e com jeito de negócios.

42 - As ordálias tu fiscalizarás tu mesmo, salvo apenas as cegas. Não recuses ninguém, mas tu conhecerás e destruirás os traidores. Eu sou Ra-Hoor-Khuit; e eu sou poderoso para proteger o meu servo. Sucesso é tua prova; não discutas; não convertas; não fales demais! Aqueles que buscam armar-te uma cilada, derrubar-te, esses ataca sem dó nem trégua; e destrói-os por completo. Célere como uma serpente pisada vira-te e dá o bote! Sê tu mais mortífero ainda que ele! Puxa para baixo suas almas a tormento horrível: ri do medo deles: cospe sobre eles!

43 - Que a Mulher Escarlate se precavenha! Se piedade e compaixão e ternura visitarem seu coração; se ela deixar meu trabalho para brincar com velhas doçuras; então minha vingança será conhecida. Eu matarei sua criança eu mesmo: eu alienarei seu coração: eu a expelirei dos homens: como uma encolhida e desprezada rameira ela rastejará por ruas molhadas e escuras, e morrerá fria e faminta.

44 - Mas que ela se erga em orgulho! Que ela me siga em meu caminho! Que ela obre a obra da maldade! Que ela mate seu coração! Que ela seja gritona e adúltera! Que ela esteja coberta de jóias, e ricas roupas, e que ela seja sem vergonha diante de todos os homens!

45 - Então eu a levantarei a pináculos de poder: então eu irei gerar nela uma criança mais poderosa  que todos os reis da terra. Eu a encherei de alegria: com minha força ela verá e  não perderá tempo para adorar Nu: ela alcançará o  Hadit.

46 - Eu sou o guerreiro Senhor dos Quarentas: os Oitenta se acovardam diante de mim, e são afundados. Eu vos trarei a vitória e alegria: eu estarei nas vossas armas em batalha e vós se deleitareis em matar. Sucesso é vossa prova; coragem é nossa armadura; avante, avante em minha força; e vós não retrocedereis diante de ninguém!

47 - Este livro será traduzido em todas as línguas: mas sempre com o original pela mão da Besta; pois na forma ao acaso das letras e sua posição umas com as outras: nestas há mistérios que nenhuma Besta adivinhará. Que ele não procure tentar: mas um vem após ele, de onde eu não digo, que descobrirá a Chave disso tudo. Então esta linha traçada é uma chave; então este círculo esquadrado em seu fracasso é uma chave também. E Abrahadabra. Será sua criança e isso estranhamente. Que ele não procure por isto; pois dessa forma apenas pode ele cair.

48 - Agora este mistério das letras está acabado, e eu quero prosseguir para o lugar mais santo.

49 - Eu estou em uma secreta palavra quádrupla, a blasfêmia contra todos os deuses dos homens.

50 - Maldição sobre eles! Maldição sobre eles! Maldição sobre eles!

51 - Com minha cabeça de Falcão eu bico os olhos de Jesus enquanto ele se dependura da cruz.

52 - Eu bato minhas asas na face de Mohammed e cego-o.

53 - Com minhas garras eu dilacero e puxo fora a carne do Hindu e do Budista, Mongol e Din.

54 - Bahlasti! Ompheda! Eu cuspo nos vossos credos crapulosos.

55 - Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: por causa dela que todas as mulheres castas sejam completamente desprezadas entre vós!

56 - Também por causa da beleza e do amor!

57 - Desprezai também todos os covardes; soldados profissionais que não ousam lutar, mas brincam; todos os tolos desprezai!

58 - Mas os mordazes, aqueles que são sutis e os altivos, a realeza e os elevados; vós sois irmãos!

59 - Lutai como irmãos!

60 - Não existe lei além de Faze o que tu queres.

61 - Há um fim da palavra do Deus entronado no assento de Ra, tornando leves as vigas da alma.

62 - A mim reverenciai! Vinde a mim através de tribulações da ordenação, que é o deleite.

63 - O tolo lê este Livro da Lei, e seus comentários; e ele não o compreende.

64 - Que ele passe pela primeira ordenação, e será para ele como prata.

65 - Pela segunda, ouro.

66 - Pela terceira, pedras de água preciosa.

67 - Pela quarta, as extremas fagulhas do fogo íntimo.

68 - No entanto a todos ele parecerá belo. Seus inimigos que não dizem assim, são meros mentirosos.

69 - Existe sucesso.

70 - Eu sou o Senhor de Cabeça de Falcão do Silêncio e da Força; minha nêmesis cobre o céu azul-noturno.

71 - Salve! Vós gêmeos guerreiros em volta dos pilares do mundo! Pois vossa hora está próxima.

72 - Eu sou o Possuidor Das DUas Varas de Poder, a vara da Força de Coph Nia - mas minha mão esquerda está vazia, pois eu esmaguei um Universo; e nada resta.

73 - Juntai as folhas da direita para a esquerda e do topo ao pé: então contemplai!

74 - Existe um esplendor em meu nome oculto e glorioso, como o sol da meia-noite é sempre o filho.

75 - O fim das palavras é a Palavra Abrahadabra.

O Livro da Lei está Escrito e Escondido.

O Livro da Lei