Nos muitos graus maçónicos diversas estrelas são símbolos comuns e generalizados, e tal aplicação tem origem na escola dos pitagóricos, que as tomavam como figuras geométricas representativas dos “emblemas de perfeição”, ou outra modalidade de “progresso moral”.
Em numerologia, o número cinco do companheiro Maçom é composto pela “soma” dos:
Número Dois = representando dualidade, contraste e conflito, confrontando os dois extremos de cada valor: bem / mal, certo / errado, céu / inferno, espiritualidade / materialidade, sabedoria / ignorância e etc.;
Número Três= representa também “equilíbrio e estabilidade”
Nesta simbologia, o integrante conhece os seus principais símbolos, e destaca-se como dos mais importantes a Estrela Flamejante.
A Estrela é revelada na colação do Grau, sendo esta “Estrela Misteriosa” um dos símbolos ou emblemas mais interessantes, cujo emprego é muito frequente na ordem; e, além de compor diversos graus, especialmente o segundo a considera uma característica distintiva.
A Estrela de cinco Pontas, que irradia “raios flamígeros” e detém no centro a letra G, representa este segundo Grau, e o Espírito Animador do Universo, ou seja, o princípio de toda a sabedoria e o poder gerador da Natureza. Com a letra G no centro, esta estrela ou Pentalfa de Pitágoras, ainda representa para a Ordem os Cinco Pontos da Perfeição, ou seja:
Força,
Beleza,
Sabedoria,
Virtude e
Caridade
Brilhante, de cinco pontas, flamante, flamejante, flamígera, dos Herméticos, hominal (de humana), ígnea (em chamas), da iniciação, luminosa, dos magos, do oriente, pentáculo, pentagonal, pentagrama, pentalfa, polar, quinária, rutilante, tríplico triângulo cruzado, e etc.;
Por ter a Maçonaria uma “estrutura simbólica e ritualística”, reconhece heranças de muitas tradições e culturas, que contactou por longo tempo, sobretudo no referente aos Símbolos Cosmogónicos – quanto a Criação e origem do Universo, relativos a construção.
A tradição egípcia, a mais antiga, modernamente, mereceu destaque dos autores maçónicos, pois o antigo Egipto é considerado um dos Centros Sagrados da Humanidade; donde surgiu muito saber, influenciando os filósofos gregos na concepção do Mundo.
Segundo os escritores, a herança egípcia chega a Ordem, fundamentalmente, pela Alquimia e pelo Pitagorismo, pois os Pitagóricos viam a Estrela Flamejante representar sabedoria e conhecimento.
O autor Theobaldo Varolli Fº afirma que a Estrela Flamejante, como símbolo maçónico, é de origem Pitagórica, e os seus sentidos mágico, alquímico e cabalístico, além da denominação de Estrela Flamejante e de cinco pontas, foi copiada por Enrique Cornélio Agrippa de Neteshein, nascido em Colónia em 1486, e falecido em 1533, um jurista, médico, teólogo e professor, e estudioso, praticante e também dedicado a magia, alquimia e filosofia da Cabala.
E ainda, porque também outros autores admitem ser a Estrela Flamejante de ordem Pitagórica, caberia breves citações de Pitágoras, grande pensador e matemático, que viveu na Grécia, cinco séculos antes de Cristo; destacou-se como filósofo, geómetra e moralista; e o seu nome consta com excepcional destaque na história da Matemática
Pitágoras ainda jovem ficou alguns anos no Egipto, onde frequentou os Templos aprendendo com os Sacerdotes; e pela convivência com estes Sacerdotes, foi orientado a se iniciar no estudo das Ciências Ocultas, quando aprendeu as Regras do Cálculo; sobre a Magia Egípcia chegou a conhecer os seus recursos e artifícios.
Por isso, quando regressa a Grécia, já cercado por muita fama, carregava a reputação de se ter tornado sábio, e dotado de estranho poder, capaz de revelar aos homens todas as fases da vida e os segredos inatingíveis das coisas.
Então ensinava os seus fiéis discípulos e seguidores, que os números eram os governantes do mundo; e que por isso, os fenómenos recorrentes na “Terra, Ar, Fogo ou Água” podiam ser expressos, avaliados e previstos, por intermédio dos números. Finalmente, para Pitágoras o número “não” era considerado uma qualidade abstracta, mas uma “intrínseca virtude ética do Supremo, de Deus, e origem da Harmonia Universal.
O Símbolo da Estrela de Cinco Pontas, sendo-lhe atribuído diversos significados, é encontrado desde as milenares culturas egípcias, hebraica, greco-romana, romano – cristão e chinesa, como também nos estudos da Cabala, Numerologia e Tarô, e principalmente, na Escola Pitagórica.
Filosofia
A Filosofia dos contrastes da Vida e do Tempo pertence ao grau de companheiro Maçom, e assim, como afirma o estudioso e autor Theobaldo Varoli Fº:
“A Simbologia Maçónica foi criada com inspirações no passado e no presente, com o propósito de demonstrar a ‘evolução do pensamento’ no caminho para a ‘síntese humanística’, e compreensão da ‘grande síntese’.”
A Maçonaria, ao instruir que a Pedra Bruta seja transformada em Cúbica, ensina ao Iniciado que deve lutar com eficácia e sem trégua, pelo domínio de si mesmo, e instar o seu ego a permanecer sob absoluto controle; tanto que o filósofo Leibniz, do século XVIII, já dizia:
“Só Deus é perfeitamente livre. As criaturas o serão, mais ou menos, na medida em que se coloquem acima das Paixões”
Neste Segundo Grau o Integrante não trabalhará mais de forma vacilante e insegura, por causa do longo período de intercorrência da aprendizagem, mas ao contrário, utilizará a Filosofia e a Ciência das Coisas Materiais, caminhando agora por meio de passos mais firmes e seguros, baseados nos marcantes ensinamentos da Moral das virtudes adquiridas no Grau anterior.
Assimilados os conhecimentos do Primeiro Grau, O Aprendiz estudioso e trabalhador, caso escolha trilhar esse caminho, certamente estará apto, guiado pelos seus Mestres, a se Elevar na Escada de Jacob, símbolo da Evolução e Progresso na hierarquia do simbolismo maçónico, atingindo-se então o Segundo Degrau, do Grau de Companheiro Maçom.
E, neste Grau de Companheiro, são novamente utilizados os símbolos conhecidos enquanto aprendiz, e a esses conhecimentos é acrescida nova simbologia, para que, por meio da mesma, possa o Integrante caminhar com muito mais precisão do Ocidente ao Oriente, em direcção a Luz.
No trajecto será possível, além de se aprimorar, servir de exemplo ao Aprendiz, ao mostrar: “assiduidade em loja, aprimoramento Moral / Intelectual, prática incessante da tolerância, etc.;”
No Grau de Aprendiz, primeiro estágio evolutivo do Maçom, com a estrela sendo exposta como um símbolo, a sua iluminação artificial permanece “apagada” em Loja, significando o fraco poder de Luz que tem os Aprendizes; já no Grau de Companheiro, o integrante participa de um novo estágio evolutivo, e então a Estrela fica “Iluminada” na Oficina, denotando que o Maçom passa a possuir Luz própria, e que também agora é detentor de muita capacidade de irradiação.
Mesmo se originando do Sol, a Luz irradiada pela Estrela também é remetida a Lua, ou seja, simboliza a inteligência ou compreensão a interferir igualmente sobre a razão e imaginação; e em loja do Segundo Grau o Compasso e o Esquadro também se mostram entrelaçados, porém, representando o “Equilíbrio” entre “Matéria e Espírito”, e a sobreposição desses dois elementos sugere a formação de uma Estrela.
O ponto central da Estrela representa as “Faculdades Intelectuais” dominantes dos quatro elementos componentes da matéria, ou o Quaternário dos Elementos: Fogo, Água, Terra e Ar.
Assim, tendo a Estrela Flamejante como principal símbolo do Companheiro, este integrante será convidado a se tornar um “fogo ardente, isto é, uma fonte de luz e calor”
Apesar do simbolismo da Estrela mostrar muitas implicações, nem todas são reveladas, pois a descoberta depende do crescimento do Companheiro, pelo esforço e desenvolvimento espiritual.
O Grau de Companheiro Maçom é do “trabalho, estudo, e aperfeiçoamento intelectual e moral”, e que simbolicamente encontra apoio também na Alavanca, apoio que pode ser traduzido por “trabalho verdadeiro e esforço íntimo”, cujo objectivo é atingir o conhecimento, que por sua vez, será a base das “forças psíquicas e mentais” para atingir a espiritualidade.
Simbolicamente, o companheiro tem cinco anos de idade; e analogamente, são cinco as Colunas de Arquitectura representativas da Ordem: “Coríntia, Dórica, Jónica, Compósita e Toscana”, significando a Evolução, porém sem destruir as Leis ou Regras de Harmonia e Beleza, E desenvolver as Artes e Ciências com os cinco sentidos, concordante com as Leis Divinas, indiscutivelmente contribuirá ao desenvolvimento do “sexto – sentido”; desse modo, poder-se-ia também considerar que a Estrela seria o resumo da “luta da evolução humana”, caracterizada por ser “dual”, pois contém a Lei da Dualidade, ou Intenção.
O número cinco ao qual a Estrela faz alusão alegórica e simbolicamente se funde na alma do companheiro Maçom, permitindo que guie a sua própria vida, tanto absorvendo a luz quanto despertando “saber, compreensão e realização”.
Aos Maçons em geral, a Estrela também simboliza o: “Génio que eleva a Alma a Supremas Tarefas, emblema da Divindade, e iluminação e boa vontade, espírito animador do Universo, princípio da sabedoria, gerador da Natureza, Estrela luminosa da Maçonaria, Luz que Ilumina os discípulos, símbolo dos livres-pensadores, eterna vigilância e protecção do G∴A∴D∴U∴.
A Estrela alerta o Maçom sobre o seu auto melhoramento, e não o domínio por nenhuma paixão, evitando todo excesso; logo, deve distinguir as diferenças entre “sentimento, paixão e emoção”, pois paixão é inadmissível ao Maçom, e por ser perigosa deve ser afastada, pois é irracional e conduz ao inadequado e inconveniente fanatismo; assim em resumo tudo pode ser expresso numa única palavra “virtude”, definida: “a disposição interior que leva a alma humana a harmonizar-se em si”, e a prática da virtude consiste em: “anular as paixões e superar o próprio EGO”.
A Estrela de cinco pontas, sendo a estrela do Oriente ou da Iniciação, é o símbolo do Homem Perfeito, da Humanidade plena de concordância entre Pai e Filho; e além disso, representa o Homem nos seus cinco aspectos principais; ou seja: “Físico, Emocional, Mental, Intuitivo e Espiritual”, Homem este realizado e uno com o G∴A∴D∴U∴, de braços abertos, não demonstra viril brutalidade, pois dominou as suas paixões e emoções.
Se o Quadrado e a Cruz ao simbolizarem, respectivamente, a Criação e a Manifestação Universal, e se cada uma das figuras for implantado um “ponto central”, esse significaria a razão de ser, e a representação do : “Oculto e Interno – e – Esotérico e Essência Única”, origem e destino de todo Manifestado; no caso da construção piramidal de base quadrada, aquele “ponto central”, tido como quinto ponto, é o centro da base que se eleva verticalmente ao vértice da pirâmide, buscando a “união ao plano celeste”.
O Homem detém os cinco sentidos físicos, mas ao mesmo tempo deve atingir o conhecimento dos demais “sentidos internos”, que precisa desenvolver sem perder a sua base filosófica.
Magia
Sendo a Maçonaria uma obra de Luz, nos ritos que a adoptam, a Estrela assume a posição normal, com uma das pontas voltadas para cima, sendo também denominada Estrela Hominal, onde, onde se inscreve a figura de um Homem. Assim, é vista como símbolo das qualidades espirituais Humana; e, em Magia, seguindo este posicionamento, significa TEURGIA. Já em posição invertida, com a ponta voltada para baixo, ou ainda, a de uma “cabeça de bode”, representando, em ambos os casos, os atributos da materialidade e animalidade; e, em Magia, nessa posição significa GOÉCIA.
A Estrela de cinco pontas, ou como dito o tríplico triangulo cruzado, é originalmente um símbolo da Magia, tanto que sempre consta de vários Cerimoniais Ritualísticos; assim, em Magia, conforme a orientação da Estrela, pode acompanhar as operações tanto de Magia Branca, quanto da Magia Negra; então quanto ao posicionamento da Estrela antes mostrado, pode estar com o:
Extremo Isolado (ponta) para cima, e dois para baixo – significa TEURGIA, conclama influências celestiais, e pelo poder mágico apoia o invocador. TEURGIA = também denominada Magia Branca, e em essência, a Arte de fazer milagres, constitui-se do segmento da Magia das “influências benéficas”, e de como invocá-las; refere-se também as obras que envolvem o amor e o bem, e como investiga, em especial, os factos elevados da Magia, que dependem do mundo angelical, dá ao Homem meios de se comunicar com as ditas potências celestes. Os textos bíblicos mostram muitos exemplos de TEURGIA.
Inscreve-se a figura de um homem, denominada Estrela Hominal, como símbolo das “altas qualidades espirituais humanas”; sendo, a ponta para cima – cabeça, duas para baixo – pernas, e duas para os lados – braços, exprimindo a “Natureza Humana”, Mestre, Claridade e Bem. A matriz do Homem Cósmico, o esquema simbólico do mesmo na medida do Universo, com braços e pernas esticados no microcosmo humano. E, como os membros executam o que a cabeça comanda, a estrela pentagonal é também o símbolo da vontade soberana; a qual nada poderia resistir, caracterizando-se por ter Poder inquebrantável, desinteressado e judicioso. Além dos cinco sentidos que estabelecem a comunicação da vida material: “tacto, audição, visão, olfacto e paladar”, concluindo representa que: A Matéria é superada pela sobreposição do Espírito, pois a cabeça do Homem está voltada ao Celeste.
Extremo Isolado (ponta) para baixo, e dois para cima – significa GOÉCIA, que pela intenção do Mago, pode atrair influências astrais maléficas. Goécia = Arte de realizar malefícios e encantamentos, e também chamada de Magia Negra – Nigromancia – e Feitiçaria, é a antítese da Teurgia que se dedica as obras da Luz, enquanto é dedicada às das Trevas. É a parte experimental da Magia referente aos poderes que o Homem desenvolve em si, por determinados processos, todas as figuras, e que representa a tríplice unidade, isto é, o símbolo do Eterno.
Inscreve-se nas suas cinco pontas a figura de um homem de cabeça para baixo, ou a cabeça de um bode, representando em ambos casos, os: “atributos da animalidade e da materialidade, um anjo caído, a escuridão e o mal”; e além de ser o símbolo base da magia negra, representa que: A matéria supera ou prevalece sobre o Espírito, pois a cabeça do Homem está voltada para a terra;
Assim, de constatar que, principalmente a Estrela representa como dito: “A Luz interior de todos os dotados da Luz Divina que lhe foi transmitida, e a Força que impulsiona o Companheiro na direcção das suas metas, e ao domínio que pode exercer sobre as entidades do astral”; enquanto isso a TEURGIA ensina-o a se relacionar com os “planos da superiores da espiritualidade”, abrindo caminho para os “grandes mistérios do esoterismo”
No caso de Magia, a missão principal da Estrela Pentagonal é a de testemunhar a Obra que está sendo realizada, a saber:
Se for uma “obra de Luz”, a ponta única da estrela estará voltada para cima; e se for uma “acção das trevas”, a ponta única da Estrela estará invertida.
No Consenso geral, tornou-se um dos ornamentos do Templo que transmite a “ideia de glória”, estilizada nos eu resplandecer, e assim ostentada na Loja de Companheiro a conservar a tradição, convencionando o símbolo como da imensa e inalterável gama de ensinamentos, e por isso, como uma lição maior pontifica a “solidariedade e o respeito mútuo”; além disso, há outras lições a lembrar as bases a serem adoptadas pelas agremiações Humanas, dispostas a culminar a “Empreitada de Progresso”; e dentre essas bases merece a citação especial a “solidariedade”.
Como demonstrado, a Estrela Flamejante é dos mais importantes e significativos “símbolos maçónicos”, transmitindo e demonstrando ser:
Uma rica fonte de simbolismo na trajectória do iniciado; e
Uma fonte inesgotável de ensinamentos a ser aproveitada sem interrupções; pois só assim a evolução tão almejada propiciará que o Maçom ingresse na Câmara-do-Meio, com vistas à conquista do Mestrado.
A generosidade destes sentimentos incitará o Maçom ao devotamento sem reservas, que com discernimento da sua inteligência, em verdade esclarecida, a tornará aberta a todas as compreensões; desta maneira, pode-se concordar com a máxima popular de que:
“Quem não vive para servir, é certo que não serve para viver”
E, caminhando em direcção à perfeição, o Companheiro Maçom supera o seu estágio de desenvolvimento e obscuridade, quando então é atingido o seu “estado de espiritualidade e iluminação”, tendo as trevas interiores dissipadas, e assim, o astro humano – traduzido pela Estrela, passa a brilhar no seu resplendor mais latente.
Por Isso, a Estrela é um “símbolo do plano subjectivo”, pois é o fogo interno, ardor que o companheiro deve dispor interiormente, para queimar todas as oposições e aspectos negativos do seu ser.
Finalmente para a Maçonaria o “Sol, a lua e a Estrela” tem significações bem diferentes das atribuídas no Mundo Profano, até porque, as Luzes cultuadas na Instituição proporcionam outra visão mais abrangente, e de muito maior valor intrínseco para a vida, pois iluminam a estrada da existência, mental e espiritualmente!
Referências bibliográficas
Maçonaria 50 Instruções de Companheiro – Raimundo D’elia Junior
Do Companheiro e seus Mistérios – Dr. Jorge Adoum
Dogma e Ritual da Alta Magia. – LEVI, Eliphas.
Manual do Companheiro Maçom – Aldo Lavagnini
O Companheirismo Maçónico – Rizzardo da Camino
Instruções do Simbolismo Maçónico – Lemss, C. C.
René Guénon – Estudos sobre a Franco-Maçonaria e o Companheirismo – Comunidade Teúrgica Portuguesa
Ritual – R.E.A.A. – 2º Grau – Companheiro Maçom