quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Albert Pike - Morals and Dogma

 

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

50. Ao Leste da Loja, sobre o Mestre, dentro de um triângulo, encontra-se a letra hebraica YOD. Nas Lojas inglesas e americanas esta letra é substituída pela letra G.’. [61], pois é a inicial do nome “GOD [62]”, assim como simplesmente é este o motivo que levaram as lojas francesas a adoptar, por sua vez, a letra D. para representar “DIEU [63]”. YOD é, na KABALAH, o símbolo da Unidade, da Divindade Suprema, a primeira letra do Nome Sagrado e, também, o símbolo da Grande Trindade Cabalística. Para entender o seu sentido místico, deverás abrir as páginas de ZOHAR [64] e SIPHRA de ZENIUTHA, dentre outros livros cabalísticos e ponderar profundamente sobre o seu sentido. É suficiente dizer que a mesma é a Energia Criativa da Divindade, representada como um ponto no centro de um círculo da imensidão. Para o Grau de Aprendiz, significa o símbolo da Divindade não-manifestada, o Absoluto, aquele que não tem nome.

51. Os nossos Irmãos franceses posicionam a letra YOD no centro da Estrela Flamígera. Nas inscrições antigas, os nossos irmãos ingleses do passado diziam que “a Estrela Flamígera ou a Glória no centro nos remete à grande luminária, o Sol, que ilumina a Terra e que através da sua generosa [65] influência dispensa bênçãos a toda Humanidade.” Nos mesmos ensinamentos eles a definiam como o emblema da PRUDÊNCIA [66]. A palavra latina “PRUDENTIA” significava, no seu sentido mais completo e original, Previdência; e, deste modo, a ESTRELA FLAMÍGERA era entendida como o emblema da omnisciência ou o OLHO-QUE-TUDO-VÊ que, para os iniciados egípcios era o emblema de OSÍRIS, o Criador. Com YOD no centro, ela tem a significação cabalística da Energia Divina, que se manifesta como Luz, criando o Universo.

52. As Jóias de uma Loja são em número de seis. Três são definidas como Jóias “móveis” e três como Jóias “fixas”. O ESQUADRO, o NÍVEL e o PRUMO [67], na Antiguidade eram definidos, com muita propriedade, de Jóias Móveis, porque eram passadas de um Irmão para o outro. É uma inovação que a modernidade trouxe entende-las como Jóias Fixas, uma vez que elas sempre devem estar presentes numa Loja. As Jóias Fixas são: a PEDRA BRUTA, a PEDRA PERFEITA ou CÚBICA, ou, nalguns rituais, o CUBO DUPLO e a PRANCHETA DE LOJA [68] ou a PRANCHETA DE MESTRE [69].

53. Destas Jóias, dizem os nossos Irmãos do Rito de York que “o Esquadro inculca Moralidade, o Nível, Igualdade e o Prumo, Rectidão.” A explicação sobre as Jóias fixas deverá buscar nos seus monitores.

54. Os nossos Irmãos do Rito de York acrescentam que “em toda Loja bem-governada encontra-se representado o ponto dentro de um círculo; o ponto representa um irmão tomado como indivíduo; o círculo representa os limites da sua conduta; dentro destes limites jamais sofrerá pelos seus preconceitos e nem será traído pelas suas paixões”.

55. Mas isto não nos serve para interpretar os símbolos da Maçonaria. Dizem alguns, interpretando com um pouco mais de clareza, que o ponto, no centro do círculo, representa a Deus no centro do Universo. É também um signo egípcio bastante comum para o Sol e para Osíris, que ainda é utilizado para representar astronomicamente a Grande Luminária. Na Kabalah este ponto significa YOD, a Força Criativa de Deus, que irradia a Luz dentro deste espaço circular, onde Deus, a Luz Universal, deixa vazio para ali expandir e criar mundos, assim como para retrair a Sua substância luminosa de todos os lados para um ponto [70].

56. Dizem ainda os nossos Irmãos que, “o círculo é tangenciado por duas linhas paralelas perpendiculares, uma representando São João Batista e a outra, São João Evangelista e, acima de tudo, encontram-se as Escrituras Sagradas (um livro aberto)”. “Ao contornar este círculo”, dizem eles, “nós necessariamente tocamos estas duas linhas como também tocamos a linha que representa a Escritura Sagrada e, enquanto um Maçom se mantém dentro dos limites desta circunferência, é impossível que ele incida em erros materiais”.

57. Seria uma perda de tempo tecer comentários sobre isto. Alguns autores teriam imaginado que aquelas linhas paralelas representavam os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, os quais o Sol toca alternadamente no Solstício de Verão e no de Inverno. Mas os Trópicos não são linhas perpendiculares e tal ideia não passa de mera fantasia. Se estas linhas paralelas alguma vez pertenceram a este antigo símbolo, eles com certeza tinham um sentido muito mais profundo e muito mais proveitoso. Estas linhas provavelmente tinham a mesma significação que as das colunas gémeas JACHIN e BOAZ. O adepto poderá encontrar tais significados na Kabalah. A JUSTIÇA e a PIEDADE de Deus estão em equilíbrio e o resultado é a HARMONIA, devido à Única e Perfeita Sabedoria que impera sobre ambas as colunas.

58. As Escrituras Sagradas são uma inteiramente moderna adição ao símbolo, da mesma forma que os globos celestial e terrestre dispostos no todo das colunas do pórtico. Assim, o símbolo ancestral foi corrompido por estas incongruentes adições, como Ísis lamentando sobre a coluna destruída que continha os restos de Osíris em Byblos [71].

59. A Maçonaria tem o seu decálogo, que é uma lei para os seus Iniciados. São estes os seus Dez Mandamentos:

I. Deus é a Eterna, Omnipotente, Imutável SABEDORIA, a Suprema INTELIGÊNCIA e o incansável Amor.

Deverás adorá-Lo, reverenciá-Lo e amá-Lo!
Deverás honra-Lo praticando a Virtude!
II. Para ti, a religião será para fazer o bem porque é um prazer para ti e não meramente porque é uma obrigação.

Deverás buscar a amizade dos homens sábios e obedecer aos seus preceitos!
Tua alma é imortal! Não farás nada que a degrade!
III. Deverás lutar incessantemente contra o vício! Não deverás fazer aos outros o que não gostarias que to fizessem!

Deverás manter-te submisso à teu destino e manter sempre acesa a luz da sabedoria!
IV. Deverás honrar a teus pais!

Deverás respeitar e prestar homenagem aos mais velhos!
Deverás instruir aos mais jovens!
Deverás proteger e defender a infância e a inocência!
V. Deverás amar tua mulher e teus filhos!

Deverás amar a teu País e obedecer às suas Leis!
VI. Teu amigo deverá ser para ti como um irmão!

A má sorte não deverá te afastar dele!
Deverás fazer pela sua memória o mesmo que farias por ele se ainda estivesse vivo!
VII. Deverás evitar e te afastar de amizades insinceras!

Deverás em tudo evitar o excesso!
Deverás evitar que as tuas acções se transformem num peso para a tua consciência!
VIII. Não deverás permitir que nenhuma paixão te governe!

Deverás tomar s paixões dos outros como enriquecedoras lições para ti próprio!
Deverás ser indulgente para como os erros!
IX. Deverás praticar o bem!

Deverás esquecer as injúrias!
Deverás sempre preferir o bem ao mal!
Não deverás nunca valer-te de tua força e de tua superioridade!
X. Deverás estudar para conhecer os homens e ainda para aprender a conhecer-te a ti mesmo!

Deverás ser justo!
Deverás evitar a preguiça!
60. Porém o maior mandamento da Maçonaria é este: “Um novo mandamento dou a ti: amai-vos uns aos outros! Aquele que diz que está na Luz e odeia ao seu irmão, permanece na escuridão”.

61. São estas as obrigações morais de um Maçom. Mas é também dever da Maçonaria ajudar na elevação do nível moral e intelectual da sociedade, cunhando conhecimento, ventilando ideias e propiciando que a mente do jovem cresça, ao entregar gradualmente os ensinamentos dos axiomas e ao promulgar leis positivas, estará a Humanidade em harmonia com o seu destino.

62. Para este dever e obra é que o Iniciado é aceito como Aprendiz. Ele não pode pensar que as suas atitudes em nada podem surtir efeito e, assim, se desesperar e se tornar inerte. É assim na Maçonaria como na vida diária. Muitos dos grandes feitos são realizados nas pequenas lutas do dia adia. Nós sabemos que existe uma determinada bravura que não é notada, que se defende a si própria, palmo a palmo na escuridão, contra a invasão fatal da necessidade e da baixeza. Existem nobres e misteriosos triunfos que ninguém vê e os quais não trazem qualquer recompensa e que nenhuma trombeta saúda. Vida, má sorte, isolamento, abandono e pobreza são os campos de batalha que têm também os seus heróis – heróis obscuros que muitas vezes são maiores que aqueles que se tornaram ilustres. O Maçom deve lutar da mesma maneira e com a mesma bravura contra estas invasões de necessidade e de torpeza que assolam a tantas nações como a tantos homens. Ele também deverá enfrentá-las cara a cara, mesmo na escuridão e protestar contra os erros nacionais e as tolices; contra a usurpação e as primeiras incursões desta hidra que é a tirania. Não existe eloquência mais soberana que a eloquência da verdade quando na indignação. É muito mais difícil para o povo a luta pela manutenção da liberdade que a luta pela sua conquista. Os Protestos da Verdade são sempre necessários. Constantemente o direito deve protestar contra os factos. Existe, ipso facto, a Eternidade no Direito. O Maçom deverá ser o sacerdote e o soldado deste Direito. Se ao seu país for tomada a liberdade, ele não se poderá desesperar. O Protesto do Direito contra o facto vai persistir para sempre. Quando se rouba uma coisa do povo, este crime nunca há de prescrever. A reclamação dos seus direitos não será barrada por nenhum lapso de tempo. Varsóvia não poderá jamais ser Tártara, assim como Veneza nunca poderá ser Teutónica. Um povo deverá, com todas as suas forças, enfrentar a usurpação militar, eis que os Estados subjugados se ajoelham a outros Estados e usam o freio enquanto estão sob a força da necessidade; porém, quando a necessidade desaparece e uma vez que este mesmo povo esteja acostumado a ser livre, este país submerso emergirá e reaparecerá na superfície, e só assim a tirania será julgada pela História por ter sacrificado tantas vidas e ter feito tantas vítimas.

63. Não importando o que ocorrer, nós devemos ter Fé na Justiça, na prevalência da Sabedoria de Deus, Esperança no Futuro e Amor para os que se encontram em erro. Deus torna visível aos homens a Sua Vontade nos acontecimentos; como um texto obscuro, escrito numa misteriosa linguagem. Os homens, por sua vez, fazem a sua interpretação como que imediatamente e de forma açodada, incorrecta e cheia de erros, omissões e mal entendidos. Conseguimos enxergar, quando muito, apenas um arco de uma grande circunferência! Poucas mentes compreendem a linguagem divina. Só os mais sagazes, os mais calmos e os mais profundos podem decifram os hieróglifos, ainda que vagarosamente, mas quando eles surgem com o texto decifrado, ao que tudo indica, a necessidade há muito já foi embora e, neste meio tempo, já existem mais de vinte traduções desse mesmo texto nas praças públicas – e, claro, a versão mais incorrecta é a mais popular e aceita. Para cada uma dessas traduções, um partido é formado e a cada mal entendido, uma facção é criada. Cada um desses partidos acredita que é o único que possui o verdadeiro texto e cada facção acredita que só ela detém a luz. Ao demais, as facções são compostas de homens cegos que, no entanto, alvejam com precisão, uma vez que os erros são excelentes projécteis, que acertam com muita habilidade e com toda a violência que salta dos erros de julgamento, (wherever a want of logic in those who defend the right, like a defect in a cuirass, makes them vulnerable).

64. É por isto que nos sentimos constrangidos ao combater os erros em frente ao povo. ANTEUS opôs longa resistência a HERCULES; as cabeças da HIDRA cresceram tão rápido quanto eram extirpadas. É absurdo dizer que o Erro, ferido, se contorce em dor e morre entre os seus adoradores. A Verdade conquista devagar. Existe uma assombrosa vitalidade no erro. A verdade, de facto, dispara o seu projéctil por sobre a cabeça das massas; ou se o erro se encontra prostrado por alguns momentos, logo depois se põe em pé novamente, com tanto ou mais vigor que antes. O erro não morrerá quando os seus miolos estiverem expostos e o erro que tem a vida mais longa é aquele que é o mais estúpido e o mais irracional.

65. Apesar disto, a Maçonaria, que é Moralidade e Filosofia, nunca deixará de cumprir a sua obrigação. Nunca sabemos quando os nossos esforços atingirão o sucesso – geralmente ocorre quando menos se espera – nem com quais efeitos e de quais esforços ele surgirá. Com sucesso ou com falha, a Maçonaria não deverá ser curvar ao erro ou sucumbir ao desencorajamento. Em Roma, alguns poucos soldados cartagineses que foram tomados como prisioneiros e se recusaram a se curvar a FLAMÍNIO, conservando um pouco da magnanimidade do grande ANÍBAL. Os Maçons deverão ter esta mesma grandeza de Alma. A Maçonaria deverá ser uma energia que encontra os seus objectivos e efeitos na evolução da humanidade. Sócrates deverá incorporar Adão e produzir um Marco Aurélio, ou seja, por outras palavras, fazer de um homem fútil, um homem sábio. A Maçonaria não deverá ser um mero observatório, construído sobre mistérios, para apenas contemplar o mundo no seu descanso, com não outro resultado que não apenas ser um instrumento para a conveniência do curioso. Segurar a taça cheia de pensamentos para os lábios do homem sedento; dar a todos as verdadeiras ideias da Divindade; harmonizar consciência e ciência são as províncias da Filosofia. Moralidade é a Fé totalmente desabrochada. A Contemplação deverá levar à acção e o absoluto deve ser prático; o ideal deve ser ar, comida e bebida para a mente humana. Sabedoria é a sagrada comunhão e é a única condição para que esta deixe de ser um estéril amor à Ciência para se transformar no único e supremo método para unir a Humanidade e mobilizá-la para uma acção organizada. Assim Filosofia se torna Religião [72].

66. E a Maçonaria, como a História e a Filosofia, tem as suas obrigações eternas – eternas e ao mesmo tempo, simples – para fazer oposição a CAIAFÁS como bispo, DRACO ou JEFFRIES como Juiz, TRIMALQUIÃO como Legislador e TIBÉRIO como imperador. Tais são os símbolos da tirania, que degrada e esmaga, e a corrupção que polui e que infesta. Dos livros para o uso do ofício é-nos dado que os três grandes sustentáculos para a profissão do Maçom são o Amor Fraternal, o Socorro e a Verdade. E é verdade que a afeição fraternal e a amabilidade deverão nos governar em todas as nossas convivências e relações com os nossos irmãos; e uma generosa e liberal filantropia que actua em todos nós no que respeita à todos os homens. Socorrer aos angustiados é particularmente um dos deveres do Maçom – um dever sagrado, que não pode ser omitido, negligenciado ou obedecido de forma fria e ineficiente. É ainda mais verdadeiro que a Verdade é uma atribuição divina e as fundações de cada uma das virtudes. Ser verdadeiro, buscar, procurar e aprender sobre a Verdade são os grandes objectivos de todos os bons Maçons.

67. Assim como os antigos fizeram, a Maçonaria prega a Temperança, Bravura, Prudência e Justiça, ou seja, as quatro virtudes cardinais. Eles são tão necessários para as nações como para os indivíduos. O povo que quiser ser Livre e Independente deverá possuir Sagacidade, Previdência, Perspicácia e uma cuidadosa circunspecção, qualidades que se encontram todas abrangidas pela palavra Prudência. Uma República deverá ser moderada ao afirmar os seus direitos, comedida nos seus Concílios e económica nas suas despesas; Deverá ser destemida, brava, corajosa, paciente nos reveses, inabalável nos desastres e esperançosa no meio das calamidades como Roma, quando ela vendeu o campo em que ANÍBAL manteve o seu acampamento. Nenhuma Batalha de CANNAE ou FARSÁLIA, PAVIA, AGINCOURT ou WATERLOO deverá desencorajá-la. Deixar o seu Senado permanecer sentado até quando os gauleses lhes arranquem pelas suas barbas. Ela deverá, acima de tudo, ser justa, não obedecendo aos fortes e nem pilhando os fracos; Ela deverá agir sob o esquadro com todas as nações, assim como a mais frágil das tribos; sempre mantendo a sua fé, sendo sempre honesta na sua legislação, correcta em todas as suas negociações. Quando uma República assim existir, ela será imortal: a precipitação, a injustiça, intemperança e luxuria na prosperidade, bem como o desespero e desordem nas adversidades são as causas da decadência e da dilapidação das nações.

Notas
[61] Importante trazer à colação que a letra grega “GAMMA” para os pitagóricos significava “geometria” e que trazia um simbolismo bastante interessante. A propósito, a letra “G” para os hebreus significava o terceiro nome de Deus. (N. do T.)

[62] “As suas significações e etimologias são tão numerosas quanto variadas. Uma delas mostra-nos a palavra derivada do termo persa muito antigo e místico: GODA, que quer dizer “ele mesmo”, ou alguma coisa emanada por si mesma do Princípio Absoluto. A raiz da palavra é GODAN, donde Wotan e Odin, cujo radical oriental quase não foi alterado pelas raças germânicas. Foi assim que desse radical fizeram GOTZ, donde derivaram o adjectivo GUT, “Good” (bom), assim como o termo GOTA ou ídolo. Da Grécia antiga, as palavras ZEUS e THEOS conduziram à palavra latina Deus.” (HELENA PETROVNA BLAVATSKY in “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”).

[63] DEVV e DIVV, em sânscrito significam Sol e Luz e destas palavras se originou a palavra ZEUS, em grego; DEO, latino, DEUS, em português, etc. Ademais, segundo WILL DURANT, o nome ZEUS tenha se originado do radical indo-europeu di, que significa brilhar. (Nota do Tradutor)

[64] “ZOHAR” ou “SOHAR” – trata-se de um grupo de livros sobre o TORÁ. Incluem interpretações bíblicas, bem como incursões teológicas, teosóficas, cosmogónicas e filosóficas. É também conhecido como “MIDRASH”. O significado da palavra “Zohar” é iluminação, brilho. De acordo com historiadores religiosos, a maior parte do Zohar foi escrito em aramaico – antigo idioma falado em Israel – durante o período da ocupação romana. Atribui-se este trabalho a um rabino do segundo século, SCHIMON BAR YOCHAR, (ou SCHIMON BEN-YOHAI, citado como o autor do ZOHAR na obra “THE RIGHT ANGLE – H. P. BLAVATSKY ON MASONRY IN HER THEOSOPHICAL WRITINGS”) que muito provavelmente seja uma personagem lendária judaica. Tal rabino teria vivido no tempo da perseguição romana aos religiosos judeus e, obrigado a se esconder numa caverna, permaneceu recolhido por treze anos para estudar a Tora com o seu filho, Eliazar. Acredita-se que a obra tenha sido feita através da inspiração directa de Deus. Curiosamente, permaneceu oculta por vários séculos até à sua redescoberta, no século XIII da nossa era, por Moshe de Leon. (Nota do Tradutor)

[65] “GENIAL”, no original em inglês. (N. do T.)

[66] “PRUDÊNCIA”, como pontifica ROBERT MACOY, “nos ensina a regular as nossas vidas e acções em conformidade com os ditames da razão e é aquele hábito pelo qual nos sabiamente julgamos e prudentemente determinamos sobre todas as coisas do presente, assim como para a nossa futura felicidade. Esta virtude deverá ser uma característica peculiar de todo Maçom, não apenas para o governo da sua conduta em Loja, mas também na sua vida profana. Deverá ainda ser particularmente respeitada para que este mantenha sempre vigilância sobre os sinais, toques ou palavras, para que os segredos da Maçonaria não sejam ilegalmente obtidos por profanos.” (in “THE MASONIC MANUAL– A POCKET COMPANION FOR THE INITIATED – COMPILED AND ARRANGED BY ROBERT MACOY”, Edição Revisada, Estados Unidos da América, 1867, p. 35) (N. do T.)

[67] “THE LEVEL, PLUMB AND SQUARE

We meet upon the Level, and we part upon the Square:/ What words sublimely beautiful those words Masonic are! / They fall like strains of melody upon the listening ears, /As they’ve sounded hallelujahs to the world, three thousand years. / We meet upon the Level, though from every station brought, / The Monarch from his palace and the Laborer from his cot / For the King must drop his dignity when knocking at our door / And the Laborer is his equal as he walks the checkered floor. / We act upon the Plumb,—’tis our Master’s great command / We stand upright in virtue’s way and lean to neither hand / The All-Seeing Eye that reads the heart will bear us witness true, / That we do always honor God and give each man his due. / We part upon the Square,—for the world must have its due, / We mingle in the ranks of men, but keep the Secret true, / And the influence of our gatherings in memory is green, / And we long, upon the Level, to renew the happy scene. / There’s a world where all are equal,—we are hurrying toward it fast / We shall meet upon the Level there when the gates of death are past / We shall stand before the Orient and our Master will be there, / Our works to try, our lives to prove by His unerring Square. / We shall meet upon the Level there, but never thence depart. / There’s a mansion bright and glorious, set for the pure in heart / Sand an everlasting welcome from the Zost rejoicing there, / Who in this world of sloth and sin, did part upon the Square. / Let us meet upon the Level, then, while laboring patient here / Let us meet and let us labor, tho’ the labor be severe; / already in the Western Sky the signs bid us prepare, / To gather up our Working Tools and part upon the Square.

Hands round, ye royal Craftsmen in the bright, fraternal chain! / We part upon the Square below to meet in Heaven again;

Each tie that has been broken here shall be cemented there, / And none be lost around the Throne who parted on the Square.” (Morris, Robert apud “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”)

[68] “TRACING-BOARD”, no original em inglês. (N. do T.)

[69] “TRESTLE-BOARD”, no original em inglês, aqui traduzido como “Prancheta de Mestre”, novamente recorrendo à interpretação do texto do eminente autor norte-americano ROBERT MACOY, a seguir transcrito e traduzido: “As jóias fixas são a Pedra Bruta, a Pedra Perfeita e a Prancheta de Mestre. A pedra bruta é a pedra no seu estado natural e rude, recém tirada de uma pedreira; a pedra perfeita, preparada por um operário e pronta para ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos companheiros e a prancheta de mestre, que é para que o mestre faça os seus desenhos sobre ela” (in “THE MASONIC MANUAL…”, p. 30) (N. do T.)

[70] Novamente recorremos ao mestre FIGANIÈRE, no que respeita à sua interpretação desta figura, quando este aponta que “No círculo, como na esfera, há em volta equidistância do centro para a circunferência ou periferia (espaço). Nos dois movimentos assinalando um fenómeno, há equivalência na medida radial (tempo). Em todos os fenómenos, por muito que variem as fases, há dois movimentos que lhes são comuns, crescer e minguar…” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, p. 58)

[71] “BYBLOS” – é o nome dado pelos gregos à cidade de GEBAL, na FENÍCIA (o actual LÍBANO) e é considerada por alguns historiadores antigos como a mais antiga cidade do mundo, pela sua contínua e ininterrupta ocupação desde a sua fundação, atribuída a CRONOS. Era assim chamada porque era de lá que o bublos (ou o papiro) era importado pelos gregos. Temos ainda no verbete “GEBAL”, na Enciclopédia de ALBERT GALLATIN MACKEY que se localizava no sopé do Monte Líbano e que os seus habitantes, os “GIBLITES” (ou, na linguagem maçónica, “GIBLEMITES”) adoravam ao deus Adónis, o Thammuz sírio. Distinguiam-se na arte de esculpir a pedra e eram conhecidos, conforme os Primeiro Livro dos Reis (v. 18), como “STONE-SQUARERS” ou os lapidadores de pedra. (in “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”)

[72] “Then Philosophy becomes Religion…” – Muitos detractores da obra de ALBERT PIKE interpretam mal esta passagem, razão pela qual não pude me furtar a trazer à colação a interpretação bastante interessante e ponderada do mestre Figanière a este respeito, senão vejamos: “Quando as duas irmãs – com as chama o professor Huxley -, quando a religião e a ciência se congraçarem, prestando-se mútuo auxílio com a filosofia de permeio (um ternário ou trindade, como em toda a potência que se manifeste) é de crer se repita, com variante, o que já, mais de uma vez, se tem realizado neste mundo, se não mentem as vozes vindas de longe. No texto de Aristóteles, lembrado acima, considera ele as crenças e tradições acreditadas pela fábula, como destroços da sapiência arcaica. Diz Platão, no Philebo, que os antigos (fonte das tradições) “valiam mais do que nós, por se terem achado mais perto dos deuses”, o que nada mais significa senão que tais homens identificavam um nível cíclico espiritualmente mais adiantado. Confúcio, que vivia antes desse filósofo, tinha também o maior culto pela “antiguidade”; a sabedoria de outros séculos remotos era o norte de todos os seus esforços, e a base do seu ensino. Quem ler os clássicos daquele povo antiquíssimo, persuade-se facilmente que o regime da China primeva tivesse por alicerces a religião da sapiência. Quer dizer, a religião apoiava-se na ciência, o governo e as instituições na religião ou, por outras palavras, a filosofia era invólucro da religião, ciência, governo e instituições. Nesse tempo a ciência que hoje se diz oculta, cultivava-se à luz do dia, porque o poder estava entregue à sapiência. (…) A “sabedoria do passado” a que este filósofo alude tão repetidas vezes, deve pois sem dúvida referir-se àqueles tempos tradicionais quando poder e sapiência eram termos equivalentes; (…)” (FREDERICO FRANCISCO STUART DE FIGANIÈRE MOURÃO in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Colecção Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, Rio de Janeiro, 1973, p. 52) De arremate, temos que “O culto de que aí se trata nada mais é do que a religião da sapiência, cuja raiz tem penetrado todos os ciclos, indo esconder-se nas origens do mundo.” (Op. Cit., p. 57).