1. Todas as coisas são concentrações de energia, campos de força dentro de um oceano universal de substância inatômica, indiferenciada, da qual a matéria atômica é apenas um aspecto particular (1).
2. “Coisas Vivas” (assim-chamadas) diferem de “coisas mortas” (assim-chamadas) apenas em intensidade, nunca em tipo. Toda a matéria do universo está viva e exibe consciência. A “matéria morta” está viva e cônscia no mais simples nível conhecido pela ciência.
3. Organismos “vivos” diferem de outros organismos “vivos” apenas quanto ao número e complexidade de sub-campos que compõem a sua total estrutura (também chamado psicossoma). Um organismo humano envolve um maior número de sub-campos, mais intricadamente entretecidos, que um organismo amebiano.
4. Aquilo que chamamos de “amor” é um fenômeno eletro-magnético que ocorre em todas as concentrações de energia do universo.
5. Organismos mais complexos incluem em seus psicossomas os sub-campos estruturais de organismos mais simples, se bem que não necessariamente de acordo com o mesmo arranjo. Por exemplo, certos tipos de células em um organismo humano são estruturalmente do mesmo tipo que as amebas.
6. Aquilo que chamamos de “amor” é um fenômeno eletro-magnético que ocorre em todas as concentrações de energia do universo. Implica em um intercâmbio de energia–substância em todos os níveis estruturais em que os tipos de matéria participantes existem. O ato sexual é apenas um caso particular desse intercâmbio que é o “amor” (2).
7. O ato sexual humano, como todo intercâmbio energético, implica num intercâmbio de energia-substância em diversos níveis: o limite do número desses níveis é o mais alto nível em que o participante menos evoluído pode atuar (3).
8. Relações sexual sodomíticas(4) envolvem intercâmbio energético em diversos níveis; podem, em alguns casos especiais, produzir estímulo no participante mais evoluído em níveis onde o participante menos evoluído não pode atuar(5).
A sodomia foi usada durante séculos como um dos meios de expansão de consciência mística. No Egito antigo, por exemplo, as classes sacerdotais, tanto masculinas quanto femininas, tinham relações sexuais (cuidadosamente determinadas em termos de ritual e condições astronômicas) com os diversos animais sagrados que eram mantidos nos templos de certos deuses e deusas cuja forma simbólica incluía um determinado animal. Onde relações sexuais completas eram impossíveis, como por exemplo no caso de um ser humano e um falcão, a ave ainda assim era mantida próxima dos sacerdotes o tempo todo, pois se considerava que seu campo magnético, constantemente irradiado, estimulava a manifestação de certas energia relacionadas com o Deus Horus na consciência dos adoradores daquele deus.
Um exemplo recente, certamente uma manifestação de atavismo, nos foi fornecido por um dos nossos discípulos, criado no campo, entre animais, onde não havia mulheres disponíveis. O mancebo, chegado à puberdade, começou a manter relações sexuais com uma vaca. A vaca parecia gostar, ele certamente gostava, e se pensamentos de “pecado” lhe ocorriam, eram sobrepujados pela sua boa saúde natural. Um dia, entretanto, por “acaso”, chegou às mãos desse jovem um livro a respeito do Egito antigo. O livro continha uma descrição dos deuses daquela gente, e entre outros mencionava a Deusa Hathor (a Vênus Celeste dos egípcios, ou a Regina Coeli, que não deve ser confundida com a Vênus material — veja-se O Banquete, de Platão). A qual era simbolizada por uma vaca. O menino da fazenda, sendo jovem e imaginativo, e tendo uma vaca como foco de sua atividade sexual, ficou muito impressionado com isto. Na ocasião seguinte em que ele manteve relações sexuais com a vaca, ele imaginou para si mesmo que ela era uma personificação da Deusa Hathor, cujos atributos ele aprendera de memória. O resultado disto foi uma experiência mística através da qual ele atingiu à compreensão dos fatos da vida simbolizado por aquela deusa. (Do ponto de vista puramente físico, ele permaneceu intoxicado com uma intensa sensação de alegria de viver e com uma indefinível “felicidade” emocional durante vários dias. Pode ser bastante significativo que ele nunca mais tocou na vaca, e pouco depois mudou-se para um meio ambiente mais conveniente, tornando-se um amante viril da forma “normal”. Mas até hoje, segundo ele nos relatou, ele não pode ver uma vaca sem experimentar um sentimento de veneração pela deusa que o animal simboliza. Convém acrescentar que essa pessoa não é daquilo que se costuma chamar um temperamento “místico”: é alegre, materialista, e até mesmo “grosso” ocasionalmente.
Certas obsessões súbitas que fazem que seres humanos até então “normais” comecem a desejar relações sexuais com determinados animais, e até com animais em geral, podem ser sintomas de certas necessidades energéticas psicossomáticas que até agora tem sido estudadas apenas por ocultistas. Tais obsessões certamente são anormais; mas elas não são necessariamente patológicas. A psicopatia sexual não pode ser estudada em termos de “moralidade”, mas sim em termos eletro-magnéticos. Leda e o Cisne, Ganimedes e a Águia, Europa e o Touro, Maria e o Pombo são símbolos de uma tendência muito real da natureza humana. Esta tendência está muito bem descrita na famosa história de Balzac, “Uma Paixão no Deserto”. Poucos leitores percebem, sem dúvida por causa de bloqueios psicológicos, que o herói da história estava tendo relações sexuais com a pantera no momento em que o animal subitamente vira a cabeça para morder-lhe a coxa, e ele, tomando este gesto de amor felino por uma ameaça à sua vida, mergulha sua adaga na garganta de sua parceira. De passagem, devemos mencionar que a pantera é um símbolo da Deusa Sekhet, do Egito. Tais assuntos devem ser cuidadosamente testados pela prática antes de serem julgados. Decisões “moralistas” antecipadas são sempre estúpidas.
9. Relações homossexuais, como todo o tipo de intercâmbio energético, envolvem troca de energia substância em diversos níveis de consciência (6). Podem, em certas condições, produzir maior estímulo em certos níveis particulares de consciência, que aquele produzido por relações heterossexuais ou sodomíticas (7).
Antropólogos sabem perfeitamente que em certos festivais das estações que sobrevivem na Europa, quando quer que um “hermafrodita” — isto é, um homem vestido de mulher — faz suas brincadeiras, estas brincadeiras tem um simbolismo sexual, e incluem tanto homens quanto mulheres entre os celebrantes: quando as religiões de que esses rituais são o resquício, imperavam na Europa, relações sexuais realmente ocorriam. Festas exatamente semelhantes ocorriam entre os judeus do Velho Testamento, como prova o episódio do Rei Davi vestido de mulher e dançando na procissão da Arca simbólica. Os templos hebraicos mantinham prostitutas sagradas de ambos os sexos: os catamitas eram chamados qadoshin, isto é, os santos. Já que estamos no assunto do falicismo, deve ser observado que também na adoração de deidades femininas ocorria inversão e diversão sexual, com sacerdotisas vestindo-se como homens e agindo como homens. Este assunto é demasiado extenso para ocupar mais que uma nota.
10. Todas as formas de atividade sexual são éticas e saudáveis contanto que envolvam intercâmbio energético em algum nível de consciência, e contanto que após a atividade os participantes experimentem um acréscimo de saúde psicossomática. Outrossim, a atividade terá sido inecológica ou inábil (8).
O estímulo provido por um ato sexual ecológico pode ser comparado apenas com aquele provido por drogas psicodélicas, com a enorme diferença que o estímulo é real, e não ilusório. A saúde física melhora, os efeitos são mais prolongados, e não existe um estado depressivo subseqüente. A única prova da “moralidade” ou “imoralidade” de qualquer tipo de atividade sexual está no seu efeito nos participantes.
11. Nenhuma forma de atividade sexual deve ser executada a não ser que exista uma atração incomum em pelo menos um dos participantes (9).
12. Em todas as formas de atividade sexual, a técnica ideal deveria envolver, quando quer que isto é possível, a simultaneidade do orgasmo (10). Onde isso é impossível, deveria envolver intercâmbio energético em tantos níveis de consciência quanto for possível (11).
Amor é a lei, amor sob vontade.
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Notas:
1- Físicos do mundo inteiro recentemente chegaram à conclusão de que para compreendermos o universo será necessária uma unificação da teoria das ondas com a teoria dos quanta.
2- Isto é, trata-se de intercâmbio energético no nível de uma estrutura sexual entre organismos “vivos” sexualmente diferenciados. Intercâmbio energético pode ocorrer em uma infinidade de outros níveis, dependendo do desenvolvimento dos organismos participantes.
3- O conceito de “evolução” pode ser definido, para as necessidades deste ensaio, como “expansão de consciência em harmonia com a Verdadeira Vontade” do organismo evoluinte.
4- A palavra “sodomia” será usada neste ensaio para definir as relações sexuais de um ser humano com uma forma de vida sexualmente diferenciada, porém de estrutura mais simples.
5- O campo de força global, ou “resultante energético”, de certas formas animais está em determinadas proporções estruturais para com certos sub-campos em organismos humanos. Este fato ainda não é claramente demonstrável em termos matemáticos, mas já está sendo estudado por cientistas, e explica certas simpatias e aversões instintivas entre seres humanos e animais.
6- Hormônios sexuais estão presentes em todos os organismos sexualmente diferenciados e até mesmo em alguns casos que não o são. Por exemplo, os extratos glandulares utilizados no tratamento de deficiência endócrinas humanas são em sua maior parte obtidos de tecido animal. Várias pílulas anti-concepcionais obtêm seus hormônios femininos de plantas. É bem possível que certos homossexuais masculinos que aparecem compelidos à atividade sexual anal periódica sejam, na realidade, casos glandulares cuja ânsia é semelhante àquela que mulheres grávidas sentem por determinados alimentos durante a gestação. O reto absorve rapidamente por osmose quaisquer substâncias nutritivas injetadas em solução. Por outro lado, ingestão oral de semem ou secreções vaginais, tão comum entre prostitutas, lésbicas, e mulheres ou homens que praticam “felatio” ou “cunnilingus”, destrói a delicada e complexa estrutura dessas substâncias, uma vez que os sucos gástricos decompõe rapidamente o seu equilíbrio bioquímico. Muitas prostitutas alegam sua crença de que a ingestão de semem é fortificante. A não ser que seja absorvido através das membranas bucais por osmose, não deve ser mais invigorante que qualquer outra forma de proteína. A composição total dos hormônios seminais, ou dos hormônios existente nas secreções vaginais, ainda não foi estabelecida pela ciência, nem conhecemos por completo a função do organismo humano das substâncias hormonais já analisadas.
7- Isto é um paralelo dos fatos pouco conhecidos da atividade sexual sodomítica. Certos estágios de progresso místico provocam uma mudança de polaridade eletro-magnética, com inversões ou diversões sexuais como seu resultado puramente físico. Exemplos disto abundam na história de todas as religiões.Até bem recentemente, os sacerdotes dos esquimós (agora totalmente absorvidos, os esquimós estão morrendo como povo), durante a parte preliminar do seu treino, tornavam-se deliberadamente homossexuais: vestiam-se como mulheres, executavam o trabalho de mulheres, e aproximavam-se o mais possível do papel de uma mulher em sua relação com os homens da tribo. Após alcançar certos êxtases místicos, que eles atribuíam (corretamente ou não) a essa sua atitude, eles se tornavam novamente “machos normais”. Então, porém, eles passavam a ser considerados paranormais pela tribo: eram “homens de Deus”, e as virgens tribais lhes eram confiadas para defloração e instrução espiritual e filosófica antes de serem admitidas à idade adulta. Também entre tribos indígenas de ambos os continentes americanos esta atitude era encontrada. Muitos dos exploradores da América do Norte, por exemplo, relataram em suas memórias terem visto guerreiros esplendidamente formados vestidos como mulheres, e fazendo o trabalho de mulheres; até mesmo esposados com mulheres. A prática é relatada como presente entre índios desde o Canadá até o sudoeste americano. Quando lhes era perguntado porque agiam assim, esses índios respondiam que “sua medicina (isto é, seu Espírito Guardião, ou Daemon, na nomenclatura grega) lhes comandara que assim fizessem”.
8- Pessoas que consideram a sodomia, “imoral”, obviamente são as menos qualificadas para julgar. A reação de animais à relação sexual com seres humanos é significativa. Seres humanos estão para os animais como “anjos” ou “deuses” (supondo-se que eles existam) estão para os seres humanos. Quem julga que um ser humano não teria relações sexuais com um “deus” nada sabe de mitologia, ou do ritual de ordenação de padres, freiras e monges do catolicismo romano. Desconhece, por sinal, o simbolismo inteiro da missa romana. Na maioria das sociedades de canibais a antropofagia era um ritual religioso, e o ato de se alimentar é uma forma de intercâmbio energético, ou “amor”.
9- Já que atração sexual é um caso especial de atração eletromagnética, podemos assumir que o parceiro que não sente necessidade de união está ou sob o efeito de um bloqueio psicológico ou está em um estado de saturação eletromagnética, por outro lado, é muito possível (principalmente dada a insalubridade do condicionamento emocional contemporâneo) que a pessoa que pensa experimentar uma atração está acometida de uma ilusão produzida por um distúrbio nervoso. Novamente aqui, os efeitos de um ato sexual são o único teste legítimo da conveniência ou inconveniência do ato.
10- Desde que a mulher mediana alcança orgasmo muito mais lentamente que o homem mediano, obviamente é muito necessário que o homem mediano aprenda a controlar sua ejaculação se é que ele deseja praticar relações heterossexuais corretamente. A necessidade do orgasmo simultâneo é um corolário da natureza eletro-magnética do intercâmbio energético.
11- Torna-se agora evidente que a única forma de atividade sexual que é totalmente indesejável é a masturbação solitária. Masturbação mútua envolve, pelo menos, um intercâmbio de energia psíquica. Mas a masturbação solitária é um círculo vicioso, e produz uma série de síndromes autísticas na psique ao mesmo tempo que desgasta a energia física sem qualquer compensação adequada. Fellatio é apenas uma forma de masturbação mútua, a não ser que as ressalvas feitas na primeira nota ao parágrafo oito sejam levadas em conta. Em qualquer tipo de atividade sexual, é importante cumprir as condições estabelecidas no Parágrafo Onze da melhor forma que for possível.