Abdul Alhazred, o Árabe Louco, é um poeta fictício, suposto autor do livro "Al Azif" (mais conhecido por Necronomicon) na literatura e mitos criados por H. P. Lovecraft.
O nome Abdul Alhazred é um pseudónimo que Lovecraft criou na sua juventude, que adotou após ter lido As Mil e uma Noites aos cinco anos de idade. O nome terá sido inventado pelo próprio Lovecraft ou pelo advogado da família Phillips, Albert Baker.Abdul é um nome árabe comum, mas Alhazred poderá estar relacionado com "hazard" (em português: perigo, risco), em referência à natureza destrutiva e perigosa do Necronomicon, ou aos antepassados de Lovecraft com esse nome.Pode ainda ser um trocadilho com a expressão "all has read" (em português: que tudo leu), uma vez que Lovecraft foi um leitor ávido na sua juventude. Outra possibilidade, apresentada num ensaio do escritor e editor sueco Rickard Berghorn, é que o nome Alhazred foi influenciado por referências a dois autores históricos cujos nomes foram latinizados como Alhazen: Alhazen ben Josef, que traduziu Ptolomeu para árabe, e Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haitham, que escreveu sobre ótica, matemática e física. Diz-se que Ibn al-Haytham fingiu ser louco para escapar à fúria de um governante.
Segundo Lovecraft, Alhazred era "um poeta árabe louco originário de Sanaa no Iémen, que terá prosperado durante o período dos Califas Omíadas, cerca de 700. Visitou as ruínas da Babilónia e o segredo subterrâneo de Mênfis e passou dez anos sozinho no grande deserto da arábia, o Rub' al-Khali, que é alegadamente habitado por espíritos malignos e monstros da morte."Nos seus últimos anos Alhazred viveu em Damasco, onde em 738 escreveu o Al Azif, um livro maléfico em árabe que viria mais tarde a ser conhecido como Necronomicon. Todos aqueles que entram em contacto com este livro geralmente têm um final desagradável, e Alhazred não foi uma exceção. De acordo com Lovecraft, "é dito por Ibn Khallikan (biógrafo do século XII) que ele terá sido agarrado por um monstro invisível em plena luz do dia e horrivelmente devorado na presença de um grande número de testemunhas aterrorizadas. Sobre a sua loucura muitas coisas são ditas. Ele alegava ter visto a fabulosa Irem, ou cidade dos Pilares, e descoberto sob as ruínas de um certo povoado no deserto os anais e segredos de uma raça mais antiga do que a humanidade. Alhazred era apenas um muçulmano indiferente, venerando entidades desconhecidas a quem chamava Yog-Sothoth e Cthulhu"
Mitos de Cthulhu
Os Mitos de Cthulhu (do inglês, Cthulhu Mythos) é o termo usado pelo escritor August Derleth como referência ao panteão de monstros e seres fantásticos que habitam os contos de ficção científica e horror de Howard Phillips Lovecraft. Subsequentemente, o termo também é usado pelas gerações de escritores influenciados por sua vida e obra.
Cthulhu teve sua primeira referenciação no conto "O Chamado de Cthulhu" (do inglês The Call of Cthulhu), na forma de uma estatueta de argila, representando um híbrido de octópode, ser humano, e dragão (de acordo com descrições do próprio autor).Ele está ligado ao mito dos Grandes Antigos (do inglês Great Old Ones), que surgem constantemente ao longo de toda sua obra, como em Nas Montanhas da Loucura (At the Mountains of Madness), A Sombra Vinda do Tempo (Shadow Out of Time), Um Sussurro nas Trevas (Whisperer in Darkness), entre outros. Segundo os Mitos, a Terra teria sido habitada, há bilhões de anos, por criaturas que aqui teriam chegado antes que nosso planeta fosse capaz de gerar ou sustentar vida por si próprio. Eles, e não Deus, teriam criado a vida: o próprio Homem seria uma criação deles, gerada unicamente por escárnio e servitude.Em contos posteriores, fica implícito que os Grandes Antigos seriam criadores do próprio universo, e de todos os seres nele presentes. Isso foi suficiente para que Lovecraft fosse considerado pelas igrejas fundamentalistas do mundo inteiro, que acreditam na versão da criação bíblica, como blasfémio. Os Grandes Antigos teriam Cthulhu como um de seus líderes (de acordo com os contos, seria o Alto Sacerdote, responsável pelo ressurgimento de todos os outros quando as estrelas estivessem alinhadas devidamente), embora existam outros monstros na "Literatura Lovecraftiana" ainda mais estranhos e cruéis, como o Demônio-Sultão Azathoth. Os Mitos são uma metáfora para a insignificância humana diante da magnitude do Universo: mais do que malevolentes, os monstros dos Mitos são, na verdade, friamente indiferentes à existência e sofrimento humanos, encarnando as verdadeiras forças da Natureza.
Os Mitos segundo Derleth
Após a morte de Lovecraft, Derleth se tornou o mais famoso escritor a incorporar os Mitos em sua histórias. Mas Derleth o fez segundo sua própria visão, incorporando propriedade do cristianismo e do dualismo aos Mitos, tornando-os uma batalha do Bem contra o Mal, ao invés do universo caótico, cruel e desprovido de sentido que caracterizava os contos lovecraftianos. Muitos leitores de Lovecraft consideram a intervenção de Derleth prejudicial à obra original. Lovecraft era ateu e afirmava que os valores éticos ocidentais, pregados por Kant, eram uma piada. Os Mitos, na visão de Lovecraft, não foram criados como uma mitologia coesa, e sim como uma coletânea de idéias que poderiam ser usadas para provocar as mesmas emoções. Coloca-los como parte de uma batalha entre bem e mal seria tirar deles o que os tornava incomparavelmente hediondos: um propósito além de nossa compreensão, e uma brutal e cruel indiferença em relação a condição humana.
Os Deuses
Vários deuses são citados nas histórias que compõem o Mito, dentre os quais se destacam:
Cthulhu
Azathoth
Hastur
Nyarlathotep
Shub-Niggurath
Tsathoggua
Yog-Sothoth
Dagon e Hydra
Nyarlathotep
Nyarlathotep (O Caos Rastejante) é uma divindade no universo fictício dos Mitos de Cthulhu, criado por H. P. Lovecraft. O personagem apareceu primeiramente no poema em prosa com o mesmo nome escrito no ano de 1920 por Lovecraft. Mais tarde, foi mencionado outras obras do mesmo escritor e de outros autores na área de fantasia e ficção-científica.
O nome desta divindade é distinto pelo seu sufixo -hotep, que dá ao nome um tom egípcio antigo. Apesar disto, "hotep" significa "estar em paz, satisfeito" em egípcio.
Nyarlathotep no trabalho de H. P. Lovecraft
Na sua primeira aparição em "Nyarlathotep", ele é descrito como um "homem alto e moreno", semelhante a um antigo faraó egípcio . Nesta história, ele vagueia pela Terra, reunindo legiões de seguidores - o narrador da história entre eles - , através de demonstrações de instrumentos estranhos e aparentemente mágicos. Estes seguidores perdem a noção do mundo à sua volta, e, durante a narrativa cada vez menos segura, o leitor fica com uma impressão do colapso do mundo. A história termina com o narrador fazendo parte de um exército de servos para Nyarlathotep.
Nyarlathotep aparece subsequentemente como personagem de grande importância em "À Procura de Kadath" (1926/27), em que, mais uma vez, se manifesta sob a forma de um faraó egípcio quando confronta o protagonista Randolph Carter.
Em "Os Sonhos na Casa das Bruxas" (1933), Nyarlathotep aparece a Walter Gilman e à bruxa Keziah Mason (que fez um pacto com a entidade) sob a forma de "o 'Homem Negro' do culto às bruxas, um avatar de pele negra do Diabo descrito por caçadores de bruxas.
Nyarlathotep também é mencionado em "As Ratazanas nas Paredes", como um deus sem face nas cavernas do centro da Terra.
Finalmente, em "O Habitante da Escuridão" (1936), o monstro noctívago de asas de morcego e tentáculos, habitando no campanário da igreja da ceita Starry Wilson, é identificado como outra manifestação de Nyarlathotep.
Apesar de Nyarlathotep aparecer como personagem em apenas quatro histórias e dois sonetos (mais do que qualquer outro deus de Lovecraft), o seu nome é mencionado com frequência em outras obras, tais como "Sussurros nas Trevas" e "Sombras Perdidas no Tempo".
Embora haja similaridades no tema e no nome, Nyarlathotep não toma parte na obra de Lovecraft "O Rastejante Caos" (1920/21), escrita em colaboração com Elizabeth Berkeley.
Inspiração
Numa carta escrita a Reinhardt Kleiner, em 1921, Lovecraft relatou um sonho que tivera - descrito como "o mais realístico e horrível [pesadelo] que eu já experienciei desde os meus dez anos" - , que serviu como base do seu poema em prosa "Nyarlathotep". No sonho, ele recebeu uma carta do seu amigo Samuel Loveman que dizia:
Não deixes de ver Nyarlathotep se ele vier a Providence. Ele é horrível - horrível para lá de tudo o que possas imaginar - mas maravilhoso. Ele caça um para horas mais tarde. Eu ainda estremeço com o que ele mostrou.
Lovecraft comentou:
Eu nunca tinha ouvido o nome Nyarlathotep antes, mas pareci compreender a alusão. Nyarlathotep era uma espécie de director de circo itinerante ou conferencista que se mantinha guardado em salões públicos e despertou um medo e discussão muito difundidos com as suas exibições. estas exibições consistiam em duas partes - primeiro, uma horrível - possivelmente profética - bobina de cinema; e mais tarde algumas experiências extraordinárias com aparelhos eléctricos e científicos. Quando recebi a carta, pareci lembrar-me que Nyarlathotep estava já em Providence... Pareci lembrar-me que pessoas me tinham sussurrado em receio dos seus horrores, e avisado para não me aproximar dele. Mas o sonho de Loveman decidiu-me... Enquanto saía de casa vi multidões de homens a deambular pela noite, todos murmurando receosamente e curvados numa direcção. Juntei-me a eles, medroso, contudo, ansioso para ver e ouvir o grande, o obscuro, o indescritível Nyarlathotep.
Will Murray especulou que esta imagem onírica de Nyarlatohep pode ter sido inspirada pelo inventor Nikola Tesla, cujas concorridas palestras envolviam experiências extraordinárias com aparelhos eléctricos, e quem muitos viam como uma figura sinistra.
Robert M. Price propõe que o nome Nyarlathotep pode ter sido sub-conscientemente sugerido a Lovecraft por dois nomes de Lord Dunsay, um autor que ele muito admirava. Alhireth-Hotep, um falso profeta, aparece em "Os Deuses de Pegana" de Dunsay, e Mynarthiep, um deus descrito como "furioso" em "A Mágoa da Procura" .
Sumário
Nyarlathotep difere dos outros seres em numerosos sentidos. A sua maioria está exilada nas estrelas, como Yog-Sothoth e Hastur, ou a dormir e a sonhar como Cthulhu; Nyarlathotep, por sua vez, é ativo e frequentemente caminha pela Terra sob a forma de um ser humano, normalmente como um homem alto, esguio e alegre. Tem "mil" outras formas, na sua maior parte tidas como sendo loucamente horrorosas. A maioria dos Deuses Extraterrestres tem os seus próprios cultos a servi-la; Nyarlathotep parece servir esses cultos e tratar dos seus assuntos na sua ausência. Enquanto grande parte dos outros usa linguagens extraterrestres, Nyarlathotep usa linguagens humanas e pode ser confundido com um ser humano. Acima de tudo, os Deuses Extraterrestres e os Grandes Antigos são frequentemente descritos como desatentos ou imperscrutáveis, em vez de malévolos - Nyarlathotep tem prazer na crueldade, é deceptivo e manipulador, e até cultiva seguidores e usa propaganda para alcançar os seus objetivos. Tendo isto em conta, ele é provavelmente o mais semelhante ao Homem de entre eles.
Nyarlathotep legaliza a vontade dos Deuses Extraterrestres e é o seu mensageiro, coração e alma; é também um servo de Azathoth, cujos desejos ele cumpre de imediato. Ao contrário dos outros Deuses Extraterrestres, causar loucura é-lhe mais importante e aprazível do que morte e destruição. Alguns sugerem que ele destruirá a raça humana e, possivelmente, a Terra igualmente
O ciclo Nyarlathotep
Em 1996, Chaosium publicou "O Ciclo Nyarlathotep", uma antologia dos Mitos de Cthulhu concentrada em obras referentes a ou inspiradas pela entidade Nyarlathotep. Editado pelo estudante de Lovecraft, Robert M. Price, o livro inclui uma introdução por Price localizando as raízes e o desenvolvimento do Deus das Mil Formas. Os conteúdos incluem:
"Alhireth-Hotep o Profeta" de Lord Dunsany
"A Mágoa da Busca" de Lord Dunsany
"Nyarlathotep" de H. P. Lovecraft
"O Segundo Advento" (poema) de William Butler Yeats
"O Silêncio cai nas Paredes de Meca" (poema) de Robert E. Howard
"Nyarlathotep" (poema) de H. P. Lovecraft
"Os Sonhos na Casa das Bruxas" de H. P. Lovecraft
"O Habitante da Escuridão" de H. P. Lovecraft
"O Titã e a Cripta" de J. G. Warner
"Santuário do Faraó Negro" de Robert Bloch
"Maldição do Faraó Negro" de Lin Carter
"A Maldição de Nephren-Ka" de John Cockroft
"O Templo de Nephren-Ka" de Philip J. Rahman & Glenn A. Rahman
"O Papiro de Nephren-Ka" de Robert C. Culp
"O Nariz na Alcova" de Gary Myers
"A Esfinge Contemplativa" (poema) de Richard Tierney
"Ech-Pi-El’s Ægypt" (poemas) de Ann K. Schwader
O livro Do Necronomicon
O Necronomicon ("Al Azif", no original árabe) é um livro fictício criado por H.P.Lovecraft, autor estadunidense de ficção científica, horror e literatura fantástica. Segundo o próprio, o Necronomicon teria sido escrito em Damasco por volta de 730 d.C. por Abdul Alhazred, um poeta árabe louco originário de Sanaa, no Iémen.
O "Necronomicon" é o mais famoso livro fictício dos "Mitos de Cthulhu", nome dado pelo escritor August Derleth à mitologia criada por Lovecraft, e aparece em grande parte das suas obras. Um dos exemplares da obra estaria guardado na biblioteca da Universidade de Miskatonic, sediada em Arkhan. O grimório conteria fórmulas mágicas ligadas à magia negra e aos Antigods, seres descritos especialmente em dois contos, Nas montanhas da loucura e A sombra perdida no tempo. Usando esta fórmula de atribuição a um autor antigo de um livro, cuja cópia em seu poder seria a última existente, e usando um contexto fantástico, o autor desenvolve a ideia de um livro mágico, creditando possíveis excessos à alma de poeta do "autor" original. Esta fórmula literária foi também utilizada por Jorge Luis Borges e Umberto Eco nas suas obras.
Al Azif
Título do original em árabe. Segundo Lovecraft, azif é o nome usado pelos árabes para designar aquele barulho nocturno, produzido pelos insectos, que supõem ser o uivo de demónios.
Necronomicon
Nome dado à tradução em grego e pelo qual é mais vulgarmente conhecido o "Al Azif". O seu significado não é unânime e são apontadas várias traduções possíveis. As mais comummente utilizadas são "Livro dos Nomes Mortos", "Livro das Leis Mortas", "Imagem da Lei dos Mortos" e "Livro em Memória dos Mortos".
Conteúdo
Alegadamente, o Necronomicon é um grimório onde são descritos numerosos rituais para ressuscitar os mortos, contactar com entidades sobrenaturais, viajar pelas dimensões onde habitam estes seres, trazer de volta à Terra antigas divindades banidas e aprisionadas, etc. É mencionado ainda que a sua simples leitura basta para provocar a loucura e a morte.
Ficção verossímil
Embora o livro seja fictício, Lovecraft forneceu inúmeros dados supostamente reais a respeito da sua origem e história. Indicou, por exemplo, que o livro foi banido pelo Papa Gregório IX em 1232, logo após a sua tradução para o latim, e que dos exemplares ainda existentes um está guardado no Museu Britânico em Londres e outro na Biblioteca Nacional em Paris. Graças a isso, e apesar do autor ter insistido em numerosas ocasiões que o livro é pura ficção, existem relatos de pessoas que acreditam realmente que o "Necronomicon" é um livro real e o próprio Lovecraft recebeu cartas de fãs inquirindo acerca da autenticidade do mesmo.
Alguns escritores produziram e apresentaram necronomicons diversos. Um de tais escritores é o italiano Frank G. Ripel, fundador de uma Escola de Mistérios - a Ordem Rosa Mística. Em um de seus livros - La Magia Lunar - Ripel fornece uma tradução em castelhano do "verdadeiro Necronomicon" que, segundo Ripel, teria sido formulado há mais ou menos 4.000 anos a.C. O Al Azif seria uma versão espúria, adulterada através dos tempos. O Necronomicon da Ordem Rosa Mística fundamenta uma série de rituais da Ordem e há quem acredite que todas as entidades nele citadas são reais.