quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Opus Magicum: As Cadeias


A finalidade das cadeias mágicas é a de formar uma força fluídica coletiva, potencialmente maior do que aquela de que poderia dispor cada um dos componentes operando isoladamente, e assim poder ser utilizada por cada indivíduo participante.


Uma cadeia se forma pela “sintonia” dos elementos componentes, quando existe a identidade ou a correspondência, conforme a lei dos números, da atitude interior ou do rito praticado por mais pessoas, seja operando conjuntamente em recolhimento, seja operando em locais diferentes, ainda que uma não saiba da outra, contanto que sejam rigorosamente observadas as normas dos tempos e dos ritos. Uma cadeia pode ser formada intencionalmente e cerimonialmente quando uma ou mais pessoas estabeleçam sua finalidade e determinem adequadamente o rito conforme as normas tradicionas. É também possível a formação espontânea de uma cadeia, assim como é possível que uma pessoa pertença de fato a ela e não o saiba . Neste caso, a condição é uma correspondência de vibrações sutis, que por si só basta para estabelecer o estado de relação e que prescinde de distâncias espaço-temporais.


A força coletiva da cadeia constitui um ente verdadeiro e próprio a serviço de quem a formou; é uma coagulação de luz astral, que pode projetar-se em uma “figura” psíquica, e que está estreitamente ligada aos símbolos e às fórmulas que em uma certa comunidade a escola ou tradição iniciática serviu para “fixar”. Para tanto, pode acontecer que o simples traçado de alguns signos tradicionais, ou a simples pronúncia de nomes ou de invocações em circunstâncias aptas, ainda que por parte de um profano, possam provocar fenômenos de iluminação, de aparições ou de realizações aparentemente inexplicáveis.



¹ NOTA da Fraternidade Hermética - SPHCI: o texto que a seguir se oferece aos estudiosos sinceros e de mente aberta, foi originariamente publicado nos cadernos de UR. Os cadernos, publicados entre 1927 e 1928 na Itália, continham textos à época raros (alguns ainda hoje o sendo) e análises profundas – mesmo que sintéticas – de grandes temas tradicionais. A “Corrente de UR” tinha uma finalidade operativa específica, DIVERSA da finalidade prescrita pela Fraternidade Hermética. Contudo, a leitura dos textos de UR oferece, àqueles que tiverem ouvidos para ouvir, elementos teóricos e operativos de natureza incomum.


Pode também ocorrer o caso de uma pessoa que opere com outra que forme parte de uma cadeia, ou também siga seus ritos, sem contudo participar ela mesma, apesar de diferentes circunstâncias poderem fazer-lhe crer o contrário. A razão de tais “isolamentos” está quase sempre determinada por uma vontade superior e inviolável que determina o estado de fato conforme o estado de direito – ou dignidade – oferecendo contudo o meio para uma ulterior elevação.



Em uma cadeia mágica estabelecida conscientemente e operante, a força fluídica é o MERCÚRIO em relação ao SOL de um Dirigente. Entre os componentes, a ordem hierárquica é a natural do plano espiritual: aquele que é mais digno se encontra na cúspide; aquele que é apenas o mais forte, abaixo. A “dignidade”pode ser natural na pessoa, ou adquirida, ou conferida por meio de consagração ou de investidura.


O reconhecimento hierárquico é um ato de consciência em cada pessoa, que determina as relações de valor espiritual, independentemente do que se encontra na base do juízo comum dos homens: aquele que é capaz disto reconhece imediatamente aquele que lhe resulta superior e a ele se submete, ou então se reconhece superior aos outros e sobre estes tem autoridade. Ainda que elementos de avaliação contaminados por considerações de ordem inferior impeçam o auto-conhecimento mencionado, a ordem hierárquica é formalmente estabelecida pelo SUMO.


O Dirigente pode transmitir a própria dignidade e os próprios poderes com ela; pode também perdê-la ou mudar de grau quando outro aparecer, ou outro que pertença à cadeia se converta em maior do que ele. E então, o Dirigente de uma cadeia e todos seus membros estão efetivamente em relação com a hierarquia espiritual suprema.


O ente de uma cadeia que continua por gerações, através dos membros de uma comunidade ou de uma escola iniciática, assume em si uma tradição, cuja luz e potência não se dissolvem por uma eventual interrupção na trasmissão sobre o plano físico, entrando em um estado virtual, podendo ser retomada em qualquer momento e em qualquer lugar por quem, com reta intenção, volte a operar conforme os ritos, usando os signos e símbolos de tal tradição.


Quando algumas pessoas operam juntas, a cadeia é formada da seguinte forma: se estão em três pessoas, que se disponham em triângulo, com o vértice voltado para o oriente. Que aqui se coloque o maior dentre elas, e que todas olhem para o levante.


Se forem mais pessoas, que formem um círculo, cujo centro seja ocupado pelo maior, ou, se em número suficiente, por aquelas e por outras duas, pré-selecionadas ou designadas, que se disporão como dito precedentemente.


O número total de participantes deve ser invariavelmente ímpar; por outro lado, o círculo que encerra os principais operadores estará composto por um número par.


Diversas são as maneiras de formar um círculo, que são particularmente aplicadas de acordo com a finalidade e o modo de cada uma das operações, e que em cada uma delas é especificamente aplicado. Menciono algumas:


Se há elementos femininos, que sejam perfeitamente alternados com os masculinos.


Os components da cadeia:


- que se unam pelas mãos;

- ou que cada um permaneça livre, evitando todo o contato com o vizinho, olhando todos para o interior do círculo, ou todos para o exterior, ou, alternados, um para o interior e outro para o exterior;

- permaneçam imóveis durante toda a duração da operação;

- ou se movam girando, com movimento idêntico ao dos ponteiros de um relógio, ou com movimento contrario aos mesmos;

- variando em velocidade, ou detendo-se, ou retomando de acordo com o indicado pelo operador.


O duplo círculo é formado de maneira análoga. Além do que já se disse:


- o círculo externo pode ser formado por elementos masculinos, o interno por elementos femininos, ou vice-versa;

- o círculo externo se volta para o exterior, e o interno para o interior, ou vice-versa;

- os componentes de um círculo são colocados frente aos componentes do outro, com referência ao centro, ou não;

- o movimento dos círculos é idêntico, ou um é o inverso do outro.


O triplo círculo é formado de maneira análoga - com outras variantes - seja na ordem, seja na direção.


A vibração da cadeia em seus membros tem tríplice efeito: no físico, no astral e no espiritual, com ações e reações particulares, causas, meios, efeitos, práticas e operações para cada “plano”ou “mundo”. A sintonia de vibração se alcança seguindo todos um idêntico regime de vida, contanto que seja estabelecido ritualmente, com o cumprimento de práticas idênticas e fixando na luz interior o mesmo símbolo, ou pronunciando exterior e interiormente, com a voz, com a vontade, com o espírito, as fórmulas rituais, seguindo um determinado ritmo e cantando “carmes” adequados para os fins das operações particulares. Cada um deve buscar evocar em si o estado de vibração fluídica, que logo se exalta e potencializa por “simpatia”.


A finalidade das cadeias cerimonialmente convocadas pode ser uma iluminação superior dos componentes ou de um dentre eles, como também uma realização prática e contigente, ou a iniciação de um neófito ao qual o Dirigente da cadeia comunica estados de consciência por “indução” da luz e da potência de toda a cadeia; ou uma outra coisa.


Para a ignificação da luz astral, algumas cadeias utilizam formas de crueldade (derviches, flagelantes, etc.), outras utilizam em conjunto formas orgiásticas; ou ainda uma e outra (s) forma (s) combinadas. Os procedimentos são análogos aos já expostos para cada indivíduo particular.