“Oh Belzebu, tu que és a sombra de Deus e de nós mesmos, digo estas palavras de agonia para tua glória.
Tu és a dúvida e a revolta, sofisma e impotência tu vives novamente em nós, como nos séculos atribulados quando reinaste, manchado de sangue das torturas como um mártir obsceno no teu trono das trevas, brandindo em tua mão esquerda o cetro abominável de um sangrento símbolo fálico.
Hoje teus filhos degenerados estão espalhados e celebram teu culto em seus esconderijos.
Teus pontífices tradicionais são como pastores cegos, viciados, infames, mágicos presunçosos veneradores e párias.
Mas teu povo cresceu e, Belzebu, tu podes se orgulhar da multidão de teus fieis tão pérfidos como tu o desejaste.
Este mundo que te nega, tu habitas nele, tu chafurdas nele em rosas mortas de um monte de lixo cediço e mal cheiroso.
Tu ganhaste, ó Belzebu, embora anônimo e obscuro, por mais alguns anos ainda; mas o século por vir ira proclamar tua vingança tu renascerá no anticristo.
A ciência dos mistérios fez jorrar uma onda negra para saciar a sede dos curiosos e ansiosos; homens e mulheres jovens viram-se refletido nestas ondas de ilusão que intoxica e enlouquece.
Ó fascinante Belzebu!
Arranquei tua máscara de gula voluptuosa e me perdi de amor ante tua face coberta de lagrimas, bela como rancor eterno e malogrado.
Ó hediondo Belzebu!
Descobri tua ignomínia para revelar tua licenciosidade.
Se teu tormento involuntário parece nobre e definitivo é iluminado pela honra de se tornar uma redenção.
Ó bode expiatório do mundo, teu coração que bate qual o de um homem ocioso que aspira o abismo imenso e final - tu soltas os suspiros de um Messias, mas tu corrompes e degrada como se fosse uma danação.
Por conseguinte, espalharei tua infâmia e tua atração cantarei teu lamento infinito.
Tua arte, último ideal de um homem decaído; mas se as asas do querubim estão impregnadas do paraíso, se o seio da mulher goteja suave compaixão, tua barriga escamosa e tuas pernas de animal exudam ociosidade fedorenta, coragem negligente e consente nas mais vis baixezas.
Ó sagrado e herege Belzebu, símbolo degenerado do universo, tu que conheces e sofre tu pode vir a ser, de acordo com as palavras da Promessa Divina, o espírito reconciliador da Expiação!”