sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

PROJETO ZARZAX -Dom Wilians, Lotan-


Introdução À Corrente 182

A Corrente 182 é uma manifestação esotérica e codificada da Sabedoria dos Mortos ou Necrosofia. Foi recebida e desenvolvida pelo Templum Falcis Cruentis e está sendo trabalhada por milhares de cultistas da Morte ao redor do mundo. O ensinamento do TFC está exposto em três principais obras, a saber o Liber Falxifer I ou Livro do Ceifador Canhoto, Liber Falxifer II ou Livro de Anamlaqayin e Liber Falxifer III ou Livro das 52 Estações das Cruzes de Nod. Tais obras são as abordagens atuais mais importantes sobre a Necrosofia e cada uma explora os segredos obscuros do Ceifador Canhoto e o arcano do seu fúnebre reino de forma profunda e devota.

 O nome Falxifer é uma ortografia esotérica da palavra “Falcifer’ em latim que significa Portador da Foice, um título que o TFC deu à Qayin como primeiro ceifador. Visto que a palavra original em latim está conectada ao anjo da morte Azrael e com toda a corrupção e deterioração da Sabedoria dos Mortos dentro do conceito cristão, o X então foi acrescentado para alterar e configurar o título de Qayin, sendo este a marca exotérica do Portador da Foice e de sua Linha de Sangue, além disso o X desempenha um significativo e amplo simbolismo na Corrente 182. 

No Liber Falxifer I, O Livro do Ceifador Canhoto, é apresentado o Caminho de Espinhos e Ossos da Iniciação Solitária no Culto da Morte, ele é o ponto de ingresso que concederá orientação e conhecimento necessários para a utilização dos outros livros. Já no LFII, O Livro de Anamlaqayin, é revelado o mistério da feitiçaria de Qalmana, a Mãe Velada geradora da Linha de Sangue e Senhora Falcífera dos espíritos obscuros que habitam os elementos mineral, vegetal e animal da natureza, e também é ensinado todo o fundamento gnóstico do culto necrosófico. E, por fim, o LFIII, O Livro das 52 Estações das Cruzes de Nod, apresenta o Caminho de Nod para aqueles que passaram pelos Espinhos e Ossos, ensinando as Linhas Vermelha (Sangue) e Negra (Nigromancia) de trabalhos mais avançados, assim como explanando os aspectos mais profundos de Qayin e Qalmana na Corrente 182. 182 é o número específico do Ciclo Qayinita (2x7x13 = 182 = 11 = 1-1 = 0). Esse número corresponde a ascensão de Qayin ao Trono da Morte de onde comanda a horda da Chama Negra. O Ciclo Qayinita leva o Espírio (7) para Sitra Achra (11) e, após, para o Vazio de Ain (0). Esse Ciclo Qayinita também está implícito no Caminho de Nod que é onde o cultista encontra o Rei da Morte. Essa passagem pelo Caminho de Espinhos e Ossos leva ao encontro com K-Ain (K=11-Ain, o Vazio). Sobre esse assunto falaremos especificamente mais adiante. 

Cultuadores da Morte

 Os Dois Tipos de Culto Na Corrente 182 há duas formas de cultismo do Señor la Muerte que é o Culto Aberto e o Culto Fechado. Embora ambos utilizem a Gnose Falcífera e possam trabalhar na Linha Vermelha e Negra (linhas do Sangue e da Necrosofia), um aborda aspectos diferentes do outro e suas práticas mágicas podem se concentrar em esferas distantes. 

1- O Culto Aberto Essa forma de cultismo do Señor la Muerte é especializada nas crenças de domínio público, é a fração exotérica da Gnose Necrosófica que foi dada ao povo. Os seus cultuadores posicionam seus altares em igrejas ou em suas casas onde todos possam ter acesso. Se trata de um culto de adoração, orações e pedidos de cura, proteção e iluminação com auxílio da Santa Morte, o Senhor da Boa Morte e etc. 

2- O Culto Fechado Se trata de um trabalho privado e esotérico dos iniciados diretamente na Corrente 182 ou no Culto do SLM (Señor la Muerte) espalhado pelo mundo. O altar é estritamente fechado e oculto dos olhares 2 dos mais leigos, sendo de pouco acesso mesmo entre fiéis do culto. Dentro de um culto esotérico da Morte somente o proprietário e pessoas iniciadas podem utilizar o altar. Quanto aos adornamentos consagrados, usa-se manter cobertos com véus negros e são preferencialmente confeccionados pelo próprio cultismo. Já o conhecimento obtido através da Gnose Necrosófica fica inteiramente restrito entre os que pertencem ao culto. 

Construindo Um Altar da Morte

 No culto aberto a estrutura do altar é básica, sua iluminação fica por conta de velas claras, usa-se véus brancos e a imagem do SLM muitas vezes está acompanhada de outras imagens de santos que tenham ligação com a morte e o sepulcro. É comum esse tipo de altar ter utensílios que também encontramos no gnosticismo, como cruzes e lanças, já a forma e disposição dos objetos de culto no altar não seguem um padrão, assim como também não existe um senso que estabelece que se deve construir sob uma tal medida e local, ficando a critério e inspiração do cultista.

 Ao contrário do culto aberto que não tem uma regra para a construção do altar, no culto fechado a estrutura segue um padrão único e mesmo havendo ligeiras modificações, sua construção final fica próxima desse padrão. A posição ideal do altar é no próprio chão ou o mais próximo possível para que esteja diretamente ligado ao reino subterrâneo do SLM e possa canalizar as correntes ctônicas que circulam na Terra. A imagem que mais se aproxima da aparência do SLM é de uma caveira coberta por uma capa de túnica branca, preta ou vermelha. Essas duas últimas cores correspondem as duas linhas de trabalho mágico da Corrente 182 e é comum estarem associadas a outros objetos no altar como velas das oferendas, os véus que cobrem as imagens e vestem o altar e tinturas consagradas para pintar os sigilos.

 A imagem do SLM se encontra na posição central sobre o altar pois atua como ponto ou foco que avizinha e canaliza a força mágica da Corrente 182. Usa-se ossos humanos ou de animais, madeira, cerâmica ou argila para criar a imagem. Uma outra opção é fazer uma tela, criar um quadro ou retrato de uma imagem, sendo necessário que o SLM tenha sua representação sobre o altar, então utilizar bandeiras ou uma parede pintada como fundo do altar não é o suficiente. De um modo particular, a imagem tem que ter um vínculo com a Morte e seu reino, por isso é melhor que seja confeccionada com ossos ou mesmo criada pelas mãos de um assassino para que suas virtudes sejam ativadas. Além do altar principal, é muitas vezes necessário criar altares extras. Estes são dispostos ao lado do altar principal e costumam ter três patamares onde o nível mais próximo do chão serve para ofertas e trabalhos (charutos, bebidas, incensos…), no segundo patamar fica os utensílios e paramentos do culto (sigilos, armas, ossos…), no mais alto fica a imagem do Señor la Muerte.

 A imagem SLM, como dito acima, é representado de três formas principais:

 1-Capuz Branco Essa imagem está relacionada a rituais de cura e proteção, é utilizada em práticas que harmonizam a saúde física, mental, emocional e equilibra o espiritual. Em seu altar são 3 oferecidos trabalhos para afastar doenças e desfazer ataques de energias desfavoráveis ao bem-estar geral dos cultistas. 

2-Capuz Vermelho SLM com o capuz vermelho tem forte influência sobre o amor e a vida sexual dos cultistas. Os trabalhos oferecidos em seu altar são de dominação amorosa, incitação de paixões e desejos sexuais, assim como conciliar casais ou destruir relacionamentos. 

3-Capuz Preto Com o capuz preto os atributos hediondos do SLM são atraídos para o altar. Com essa imagem é praticado ataques mágicos de morte e imprecação. A natureza sombria do poder mágico do SLM nessa imagem é popularmente conhecida como Magia Negra e tem o caráter da Morte como ceifadora. Os trabalhos oferecidos para essa terrível feição do SLM são veementes em destruir, por conta disso essa imagem é utilizada somente por cultistas mais experientes do culto fechado. 

Consagrando a Estátua 

O poder mágico do SLM se concentra na estátua através do contato do altar com a força ctônica que circula a terra. Antes de qualquer coisa, a estátua deve ser consagrada para ocorrer esse eflúvio de poder e materialização da essência do SLM, porém existe uma diferença na forma de consagração no Culto Aberto e no Fechado que deve ser previamente observada. Como o Culto Aberto é popular e muito influenciado pela Igreja e muitas vezes praticado junto com a adoração de santos da morte e sepulcro, os seus praticantes usam consagrar a estátua em locais onde haja realização de cerimônias comandadas por oficiantes cristãos e/ou devotos desses santos. A consagração da estátua do SLM é igual à de outras imagens de santos abençoadas para ser utilizadas em casa ou templo público, com a única diferença de que normalmente a consagração ocorre sete vezes, cada qual feita por um sacerdote diferente. 

Há consagrações feitas também por cultistas em que a estátua fica confinada por 7 dias em um oratório com velas e oferendas que buscam atrair a essência do SLM. Durante esse período vários devotos fazem cantos, orações e pedem que SLM preencha a imagem com suas virtudes. O Culto Aberto aposta na devoção dos cultistas para atrair poder para a estátua e quanto mais pessoas abençoando-a, mais acredita-se ancorar as virtudes de SLM, por tal que o trabalho todo é feito no vulgo.

 A consagração da estátua no Culto Fechado é vista como o primeiro passo ou iniciação na Corrente 182 e pacto direto com o Falxifer. O principal propósito é do ritual de consagração criar um elo mágico com o reino ctônico e a estátua, após isso, servir de mediadora entre a essência do Portador da Foice e o iniciado. O processo agrega vários elementos, batiza a estátua e cria uma nova aura ou casca astral que carregará os poderes que  o cultista precisa para trabalhar com seu altar, porém o elemento principal de toda operação é a devoção sincera à consagração. O ritual usado no Projeto Zarzax é o mesmo da consagração no Liber Falxifer I, Seção 19, salvo algumas adaptações que percebemos como necessárias no decorrer da evolução da nossa prática.

 Elementos do Ritual 

– Tecido negro do tamanho do altar

 – Giz branco

 – 3 velas de 7 dias (1 preta, 1 vermelha, 1 metade superior vermelha e metade inferior preta)

 – Cinzeiro

 – 3 Charutos

 – Braseiro com carvão

 – Terrina grande com tampa

 – 1 Litro de água mineral

 – 1 Litro de Vodka ou Rum – 1 Litro de água de rosa

 – 1 Copo pequeno de sangue (bode, galo ou porco)

 – 1 Litro de maceração de arruda

 – Mirra em pó

 – Folhas de oriza pulverizada

 – 7 Pimentas pretas ou vermelhas

 – Folhas de espinheiro-negro pulverizadas

 – 1 Colher pequena de enxofre

 – Terra de Cemitério 

– Tabaco 

– Caixa de Fósforo

 – 13 Cravos vermelhos

 – 7 Pedras de Ônix

 – 3 Moedas

 – Faca afiada

 – colher grande

 – Pergaminho 

– Estátua

 Uma segunda opção para quem não deseja usar uma estátua é consagrar uma pintura ou quadro de SLM ou alguma figura específica dos aspectos do Falxifer: 

-Qayin Dominor Tumulus, o Senhor do Cemitério segurando uma cruz negra ou cetro. – Qayin Messor, a morte ceifadora com uma foice

. – Qayin Ben Samael, o regente dos reinos ctônicos com um tridente.

 – Qayin Occisor, o Senhor da Morte em batalha com uma espada

. – Qayin Coronatus ou Rex Mortis, senhor entronado e coroado.

 – Qayin Baaltzelmoth, a morte em busca das almas montando em um corcel negro. 

Ritual de Consagração da Estátua 

Passo 1: Prepare de antemão – antes da meia-noite de Sábado – o tecido do altar defumando-o com incenso de mirra. Feito isso, use o giz branco para traçar o Triângulo de Manifestação no centro do tecido com um tamanho que comporte a estátua. No centro do Triângulo da Manifestação faça o Sigilo de Qayin Ben Samael. Esse tecido será usado durante todo processo de consagração e também posteriormente no altar. 

Passo 2: Na meia-noite de Sábado estenda o tecido no chão com a ponta superior do Triângulo de Manifestação voltada para o Norte. Coloque as velas de 7 dias em suas respectivas pontas do triângulo (vela preta e vermelha na ponta superior, vela vermelha na ponta direita, vela preta na ponta esquerda), como mostra a imagem: 

 Passo 3: Banhe levemente a estátua em um tanque com a maceração de arruda. Depois de seca, posicione-a no centro do triângulo voltada para você. No lado direito do triângulo coloque os 3 charutos, a caixa de fósforo e o cinzeiro. No lado esquerdo do triângulo posicione o braseiro com carvão. 

Passo 4: Inicie o Ritual de Consagração batendo três vezes no chão com a mão esquerda. Em seguida acenda as velas nos pontos do triângulo começando com a vermelha no ponto direito, depois a preta no ponto esquerdo e por última a preta/vermelha no ponto superior e proclame: “Eu convido os espíritos ctônicos da Morte e as Sombras dos Mortos a participar, testemunhar e abençoar o Ritual de Consagração que realizo nesta noite! É meu desejo, nesse momento de escuridão, invocar os poderes de meu Mestre Qayin e, através de Suas Benções, criar e unir todas os pontos que me ajudarão na canalização de Sua essência espiritual! Em nome do Senhor da Morte, é meu desejo e intenção carregar com poder e animar está estátua que personificará o Ceifeiro Canhoto e funcionará como um portal aberto para Seu reino obscuro e feitiçaria! Estejam agora ao meu lado espíritos que servem o Senhor da Segadeira Sangrenta, e concedam seus poderes sobre os elementos que, através de meus rituais sagrados, conectarão os feitiços ao espírito do Mestre Qayin! Salve Señor la Muerte, Qayin Mortifer!”

 Passo 5: Posicione a terrina abaixo do triângulo. Ela deve ser preenchida com água mineral, vodka ou rum, maceração de arruda, colher pequena de mirra em pó, água de rosas, as 7 pimentas, folhas de espinheiro negro pulverizadas, folhas de oriza pulverizadas, enxofre, tabaco, 13 cravos vermelhos, terra de cemitério, 7 pedras ônix e o copo de sangue. Em seguida acenda o carvão e jogue mirra em pó e diga: “Para Sua honra Senhor da Morte!” 

 Passo 6: Coloque o pergaminho na sua frente. Empunhe a faca e defume sua lâmina na fumaça do incenso e após use-a para ferir o dedo médio da mão esquerda e sangrá-lo. Use o mesmo dedo para traçar um X em sua testa e outro no pergaminho e recite: “Qayin, Eu (seu nome completo), que pertenço à sua própria Ardente Linhagem de Sangue, nesta noite juntei todos os elementos que, de acordo com a tradição, podem criar uma conexão à sua essência. Agora deixe seus temíveis poderes serem abertos e abençoarem este trabalho que executo em seu nome, com a luz obscura de suas chamas frias! Esteja ao meu lado, Grande Mestre, nesta noite quando eu selar o pacto ao invocar seus poderes e deixe-me, protegido por sua segadeira, tornar-me iluminado pela Luz Negra da Morte, e purifique-me com a escuridão do seu reino! Abençoe esta água, sagrada e batismal e todos os elementos nela misturados, e conceda-lhe o poder para que a estátua que ela batizará se torne receptiva para as suas emanações espirituais! Agora deixe o toque de seu sagrado espírito de Fogo carregá-la com a plenitude de seu poder acósmico! Salve Qayin Falxifer! Salve Qayin Coronatus! Salve Qayin Mortifer!” 

Passo 7: Queime o pergaminho na chama da vela metade preta e metade vermelha deixando as cinzas caírem dentro da terrina. Através do sangue e fogo, isso criará uma ligação direta do seu Self com a essência desses elementos ctônicos. Use a colher grande para mexer em movimentos anti-horários os elementos da terrina misturando-os enquanto chama por Qayin: “Veni Qayin Messor, Mortifer et Occisor! Veni, veni Letifer, Dominor Tumulus et Falxifer! Veni, veni Qayin Coronatus! Veni, veni Cain Rex Mortis! Veni Baaltzelmoth et Niantiel! Veni Qayin ben Samael!” Faça isso até sentir-se conectado com Qayin e o reino ctônico dos mortos.

 Passo 8: Sente-se na frente da estátua, acenda 1 charuto de cada vez e sopre 7 vezes a fumaça de cada um por toda a estátua. Deixe os charutos queimando no cinzeiro e recite: “Salve Qayin Messor, Mortifer Et Occisor! Salve, salve Letifer, Dominor Tumulus Et Falxifer! Salve, salve Qayin Coronatus! Salve, salve Qayin Rex Mortis!” Deixe o ritual permanecer no mesmo local até a noite de segunda-feira com as velas acesas (reacenda caso apaguem). Na noite de segunda-feira apague as velas e junto com a terrina leve até um cemitério. Leve contigo as 3 moedas e a caixa de fósforo. No cemitério encontre um túmulo isolado e ofereça o restante de material em nome de Qayin Dominor Tumulus. Abre o túmulo e derrame os elementos da terrina em X. Feche o túmulo e coloque as velas no topo da lápide da mesma forma que estiveram no triângulo e acenda todas elas e saúda o Mestre da Sombra da Morte. Saia do cemitério traçando um caminho diferente que você usou. Antes de deixar por completo o portal, tire as três moedas do bolso e jogue quando estiver no limiar como oferta ao espírito do morto e guardião do cemitério. Após isso, a estátua pode ser utilizada como foco da essência do Senhor da Morte no altar.

Jacques Bergier - Melquisedeque

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