sábado, 5 de dezembro de 2015

Os Diferentes e Distintos Infernos Por Saint Martin

Infelizmente é verdadeiro afirmar que o Homem pode, por atos impróprios e falsas contemplações, acender em si um fogo prejudicial tanto ao próprio Homem quanto a todas as regiões em que terá que exercer o seu ministério; pois tudo é poder, e é a força respectiva dos diferentes poderes que fabrica todo o perigo, sofrimento e a assustadora oposição de todas as criaturas que combatem umas as outras aqui neste plano.


Primeiro, quando deixamos de viver nossa verdadeira vida, ou seja, tão logo deixamos de nos apoiar na região fundamental de nosso pacto primitivo, aprendemos que há uma espécie de inferno passivo, que pode, contudo, ser chamado de inferno divino, já que, para nós, é como o esforço da vida real contra a inércia ou o vazio onde descendemos através da indolência.


Mas se formos além, e ao invés de repousarmos na região de nosso pacto primitivo, nos apoiarmos ou nos unirmos às regiões desordenadas ou viciosas, rapidamente chegaremos a um inferno mais ativo, que possui dois níveis: em um destes níveis, devemos ordenar todas aquelas paixões que nos liga mais ou menos ao serviço de nosso inimigo; o outro é a exata porção ou estado do diabo propriamente dito, e aqueles que se identificam com ele.


O primeiro nível deste inferno ativo envolve, por assim dizer, todo o gênero humano, e, neste ponto de vista, talvez não há um único homem que não realize, diariamente, a obra do diabo, e quem sabe aquela de muitos diabos ao mesmo tempo; apesar que, neste nível, os Homens realizam tal obra sem ao menos suspeitarem disto, sem conhecimento. Isto porque ela não mostra a menor correspondência por parte do demônio, a ponto de manter todos os Homens a seu serviço, e de fazê-los executar tudo o que é possível, e ainda ao fingir tão bem e ao se manter atrás das cortinas, ele faz os homens agirem ao seu bel prazer, e os fazem até mesmo acreditarem que ele não existe.


Este inimigo, sendo espírito, dirige todo pensamento a um ponto fora da mente do homem, ao levá-lo de ilusão a ilusão, pois ele realmente trabalha o Homem no espírito, enquanto parece estar agindo somente na ordem externa das coisas; isto porque o Homem, que é espírito, apresenta naturalmente o caráter de sua própria existência ilimitada a tudo o que ele aborda.


O inimigo, a quem o Homem serve cegamente, o conduz por este caminho até o túmulo, com projeções e paixões sem fim, ludibriando-o tanto na sua existência transitória como em sua real existência; está é também a razão pela qual a Sabedoria Eterna com, a qual devemos sempre residir, é obrigada a se afastar da morada infectada do Homem.


Como, de fato, a Sabedoria Eterna poderia habitar entre os Homens? vendo como servem um mestre que não conhecem, e em quem não acreditam; e vendo que, em sua cegueira, julgam uns aos outros, corrompem uns aos outros, roubam uns aos outros, lutam e matam uns aos outros. Todos estes movimentos turbulentos A enchem de medo, Ela que fora ordenada a observar e habitar exclusivamente a paz, a ordem e a harmonia.


No segundo nível deste inferno ativo, os homens também servem o diabo, mas não inconscientemente, como antes; eles não mais estão na dúvida ou na ignorância de sua existência; eles participam, consciente e ativamente, em suas iniquidades. Felizmente, esta classe de traidores é a minoria, de outro modo o mundo teria afundado sob o peso das abominações do inimigo.


O divino, ou o inferno passivo, compreende toda região de sofrimento, exceto aquela da iniqüidade. Ali, portanto, a angústia sucede a angústia, como as ondas do mar. Mas, ali também, uma onda engole a outra e nenhuma tem domínio completo. Por esta razão, a esperança ainda é, de tempos em tempos conhecida neste inferno.
No primeiro nível do inferno ativo, não há, em princípio, espiritualmente, nem angústia nem esperança; não há nada além de ilusão; mas sob esta ilusão está o abismo, que rapidamente faz a veemência de seu remorso amargo ser sentido.


No segundo nível deste inferno ativo, não há nada além da iniqüidade, não há nem esperança, nem ilusão; ali, a unidade do mal é inquebrável.


Embora permanecer nos caminhos dolorosos do inferno divino seja algo desagradável, está à mercê da Sabedoria Divina permitir que os homens que se lançaram ali, permaneçam por pouco tempo. Se eles não fossem mantidos ali, nunca saberiam ou esqueceriam que mesmo lá os poderes ainda são divinos. Sim, este inferno se torna uma das fontes de nossa salvação, nos ensinando a tremer diante dos poderes de Deus, e regozijar, ainda mais, ao compará-los com o Seu amor.


A Sabedoria Suprema permite também que nada sobre este inferno, e nem sobre os dois níveis do inferno ativo, seja escondido do homem de desejo; visto que ele deve ser instruído em cada ramo conectado a seu ministério, já que ele, posteriormente terá que dar assistência a outros; mesmo àqueles que, apesar de ainda viverem, possam ter se afundado ou se naturalizado neste abismo ou inferno ativo.


Pois a existência destes membros ambulantes do demônio é um dos assustadores delírios que o trabalhador do Senhor deve conhecer; esta é a parte mais dolorosa de seu ministério. Mas para o profeta ser investido, ele não deve, como Ezequiel, engolir o livro escrito por dentro e por fora;? isto significa que ele deve ser preenchido com lamentações abundantes.
Sim, Deus permite até mesmo que Seus profetas sejam testados pelo Maléfico, para que aprendam a sentir por seus irmãos no cativeiro e redobrem seu ardor pela promulgação da lei.
Assim, para o trabalhador do senhor cumprir seu destino, que o conclama a ser espiritualmente útil a seus semelhantes, acima de todas as coisas é necessário abster-se de cair no inferno ativo; mas, além disso, é preciso trabalhar para se livrar do inferno passivo ou divino, se é que ele o tem abordado, descuidadamente; pois, enquanto estiver lá, não pode ser empregado na obra de modo algum.


É somente na medida em que ele se livra deste inferno passivo que as riquezas do pacto divino entram nele, podendo então vivificar outros homens, vivos e mortos. Com isto, o homem se torna não só o órgão de louvor (admiração), mas, até mesmo, de algum modo, seu objeto, quando manifesta aquelas maravilhas inexauríveis com as quais seu coração pode se expandir abundantemente; as quais, de fato, podem sair dele, assim como vemos toda espécie de maravilhas brilhantes que se desprendem ou surgem da luz no instante em que se acendem de sua fonte de fogo.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...