1. A Mônada
“O Número Um existe e é concebido independentemente dos outros números. Tendo lhes vivificado através do curso dos dez números, ele os deixa para trás e retorna à unidade” (Dos Erros e da Verdade). “Todos os números são derivados da unidade como a sua emanação ou produto, enquanto que o princípio da unidade está nela mesma e é de si própria derivada. Na unidade, tudo é verdadeiro. Tudo que é eterno é a partir da unidade, perfeito, enquanto que tudo que é falso, está separado da unidade. A unidade multiplicada por si mesmo nunca dá mais do que um pois ele não pode proliferar a partir de si mesmo” (Os Números).
“Se a unidade pudesse se gerar e se equiparar ao seu próprio poder, ela se destruiria, como a ação que se opera em cada raiz é finalizada por aquela operação. Para que a unidade produzisse uma verdade central essencial, teria de haver uma diferença entre a semente e o produto, a raiz e o poder. De acordo com a lei das sementes e do produto, ao produzirem seus poderes eles tornam-se inúteis. portanto, Deus não poderia reproduzir a Si mesmo sem padecer. Do princípio, Ele se tornaria o meio e então, se aniquilaria em seus termos. Mas como o princípio, o meio e o final não são Nele diferenciados, já que Ele é tudo isto de uma vez só, sem sucessão nas Suas ações ou diferenças em Seus atributos, esta unidade nunca pode produzir a si mesma e portanto, nunca foi gerada e nem extinta” (Os Números).
“Entre as coisas visíveis, o Sol é o símbolo da unidade da ação divina, mas é uma unidade temporal e composta, que não tem os mesmos direitos que pertencem ao seu protótipo” (Obras Póstumas). Da mesma forma, a sucessão contínua de gerações físicas formam uma unidade temporal, que é um signo desfigurado da simples, eterna e divina unidade. Estas imagens não devem ser negligenciadas, pois elas refletem o seu modelo distante.
“Os extremos se tocam sem se parecerem; portanto, os seres puros vivem vidas simples; aqueles que estão em expiação tem uma vida composta, ou vida mesclada à morte; seres soberanamente criminosos e aqueles que a eles se assemelham, vivem e viverão, simplesmente na morte, ou na unidade do mal” (Os Números).
Ao contemplarmos uma verdade importante, como o poder universal do Criador, Sua majestuosidade, Seu amor, Sua profunda luz ou Seus outros atributos, nós nos elevamos com todo nosso ser em direção do modelo supremo de todas as coisas; todas as nossas faculdades são suspensas para que possamos ser preenchidos com a Sua presença, com Quem na verdade nos tornamos um. Ele é a imagem viva da unidade e o Número Um é a expressão desta unidade ou união indivisível, que existindo intimamente entre todos os atributos da união de forças que Ele é, deveria existir igualmente entre Ele e todas as suas criaturas e produtos.
“Mas depois de exaltarmos a nossa contemplação em direção a esta fonte universal, se trouxermos nossos olhos de volta para nós mesmos e nos preenchermos com a nossa própria contemplação, para que possamos nos ver como a fonte daquelas luzes ou daquela satisfação interior que derivamos de nossa fonte superior, estabelecemos assim dois centros de contemplação, dois princípios separados e rivais, duas bases dissociadas – ou, resumindo, duas unidades, das quais uma é real e a outra é aparente e ilusória” (Os Números).
2. A Díada
“O número dois tem princípio nele mesmo, mas não se origina de si mesmo” (Os Números). É impossível se produzir dois de um e se algo se separa dele pela violência, só pode ser ilegítimo e uma diminuição de si mesmo. Mas esta diminuição é aquela do âmago do ser, pois de outra forma, este seria apenas um. A diminuição feita no âmago é realizado no meio do ser, pois dividir qualquer coisa ao meio é cortá-la em duas partes. Esta é a verdadeira origem do binário ilegítimo.
“Mas a diminuição em questão não torna a unidade menos completa, pois esta não é suscetível a nenhuma alteração; a perda recai sobre o ser que procura atacar a unidade. Portanto, o mal é estranho à unidade. Mas o centro, sem sair de seu valor, é removido para corrigi-lo por que há algo de si mesmo no ser diminuído. Desta forma, podemos entender não só a origem do mal, mas também que ele não é um poder hipotético, já que todos nós o tornamos real em quase todos os momentos de nossa existência” (Os Números).
A díade é portanto, o poder perverso que serve como receptáculo de todos os flagelos da justiça divina, que são ligados às coisas materiais e perceptíveis para o castigo de seu líder e de seus seguidores, que voluntariamente abandonaram o âmago divino do seu correspondente espiritual. Sendo assim condenados ao exílio e a atravessarem todo o horror de viver a separação da fonte da vida.
“As virtudes inatas das formas corpóreas foram projetadas para conter este poder perverso e quando o homem permite que as virtudes que existem em seu corpo sejam enfraquecidas por esta vontade vil e criminosa, os poderes perversos assumem o controle e atuam na destruição daquele corpo” (Obras Póstumas).
A díade também é, de acordo com Saint-Martin, o verdadeiro número da água.
3. A Tríade
“O Número Três não deriva seu princípio de si próprio e nem mesmo tem um princípio” (Os Números). As observações a respeito deste número são dispersas e obscuras, incluindo referências vagas a uma lei temporal da trindade, da qual a lei temporal da dualidade depende completamente. “Na ordem divina, 3 é a Santíssima Trindade, como 4 é o ato de sua explosão e o 7, o produto universal e a imensidão infinitas que resultaram das maravilhas desta explosão” (Corresp. Teosófica, carta LXXVI).
“O número três nos é revelado só através dos 12 unificados, como o 4 é por nós conhecido apenas pela sua explosão ou multiplicação por 7, que nos dá 16, e como 7, que é a soma deste 16 (1+6 = 7), descreve a nossa supremacia temporal (3) e espiritual (4), ou a imensidão de nosso destino, como humanos” (Corresp. Teosófica, carta LXXVI). O número três atua na direção das formas nas esferas celeste e terrestre; isto é, sendo ternário, em todos os corpos, o número dos princípios espirituais. “Todos os nomes e símbolos que recaírem neste número pertencem às formas, ou devem ter algum efeito sobre as formas” (Os Números). Acima do celeste, foi o pensamento da Divindade que concebeu o projeto de produzir este mundo, e assim o fez de forma ternária, porque esta era a lei das formas, inata ao pensamento divino.
“Agora, os pensamentos de Deus são seres. A ação harmoniosa e unanime na Divina Trindade é representada pelos três padres quando eles conduzem juntos a Missa” (Os Números).
O Três é, também, o número das essências ou elementos dos quais os corpos são universalmente compostos. Por este número, a lei que dirige a formação dos elementos é expressa e os elementos são resumidos a três, por Saint-Martin, baseado no fato de que há apenas três dimensões, três divisões possíveis de qualquer coisa sensória, três figuras geométricas originais, três faculdades inatas em qualquer ser, três mundos temporais, três níveis na Maçonaria, e como esta lei da tríade demonstra a si mesmo universalmente, de forma tão clara, é razoável supor que o três também está no número dos elementos que são a base de qualquer corpo.
“Se o número três é imposto a tudo que é criado, é porque ele imperava em suas origens” (Obras Póstumas). “Se tivessem havido quatro, ao invés de três elementos, eles teriam sido indestrutíveis e o mundo eterno. Sendo três, eles são esvaziados da existência permanente, porque eles não têm unidade, como fica claro para aqueles que conhecem as verdadeiras leis dos números” (Dos Erros e da Verdade).
“A razão, qualquer que seja ela, parece conflitar com outra afirmação de que pode haver três em um, numa Trindade Divina, mas não um em três, porque aquilo que é um em três deve estar sujeito no fim, a morte” (Dos Erros e da Verdade). “O três não é só o número da essência e da lei que dirige todos os elementos, mas também, as suas incorporações” (Dos Erros e da Verdade). “Ele é, finalmente, um número mercurial terrestre que representa a parte sólida dos corpos, em correspondência simbólica com a alma (sêxtuplo) dos animais, do qual é o primeiro produto e o de todos os princípios intermediários de todas as classes” (Obras Póstumas).
5. A Pentada
No misticismo numérico de Saint-Martin, o quinário é o número do princípio maléfico. Portanto, seu pensamento difere, como já havíamos dito, daqueles sistemas ocultos de numeração que vêem no 5 uma forma especial do microcosmos ou do homem. Também é um aspecto do caráter fragmentário da doutrina Martinista dos números, pois ficamos sem detalhes a respeito das propriedades do quinário, ou da péntada. Aqui somos levados a imaginar que Saint-Martin reteve muitas informações a respeito deste número.
“É dito que 2 se torna 3 pela sua diminuição, 3 se torna 4 pelo seu centro, 4 é falsificado pelo seu centro duplo, que perfaz 5; e 5 é restringido pelos números 6, 7, 8, 9, 10, que formam os corretores e retificadores da péntada maléfica” (Os Números). O número também se liga ao que Saint-Martin nos diz a respeito da aplicação dobrada de todos os números. Números verdadeiros sempre produzem, invariavelmente, a vida, a ordem e a harmonia. Portanto, eles sempre agem a favor e nunca são negativos, mesmo quando servem de açoites da justiça, castigando para reparar o mal.
Ao passar pela mutação em seres livres, o caráter dos números é assim transformado, porque são outros números que tomam os seus lugares, enquanto que as suas prerrogativas originais permanecem sempre as mesmas em suas essências.
Os números falsos, ao contrário, nada produzem. Podem imitar a verdade como macacos, mas nunca conseguem reproduzi-la. Eles se manifestam no desmembramento, nunca na criação, porque eles se tornaram falsos pela divisão e perderam a capacidade criativa. Uma prova disto é encontrada na lenda das cinco virgens tolas, que ficaram sem óleo (para se perfumar e ungir) porque sua conduta as havia separado das suas outras cinco companheiras e também de seus noivos.
As virgens sábias concebiam apenas através de seus maridos e quando elas se uniam a eles, elas não eram mais 5, mas sim 10, já que cada uma se unia a um deles. Ou então, eram 6, se o marido for representado apenas por 1 (por uma idéia, um princípio). Portanto, as outras 5 virgens são tão limitadas e insignificantes nos seus verdadeiros números que, incapazes de renovar seu óleo, são forçadas a se refugiar na prudência e a acertar as contas com a caridade, que pode ser encontrada apenas nos números vivificadores, cuja força flui do núcleo do amor.
Entretanto, devemos distinguir entre os números falsos quando são empregados para realizar a reintegração e quando estão perpetuando suas próprias injustiças. Neste caso, eles são totalmente entregues a si mesmos e separados da verdade. Mas ao serem usados como instrumentos de reintegração, seres verdadeiros assumem as suas formas e caráter para descender às suas regiões infectas.
“Ao assumir as formas destes números falsos, estes outros Seres as corrigem, relacionando-as aos números legítimos, assim opondo o verdadeiro ao falso. Desta maneira, estes Seres também produzem a morte da morte” (Os Números).
6. A Héxada
Este Número é a forma pela qual cada operação se realiza. Não é um agente individual, mas possui uma afinidade com tudo aquilo que age e nenhum agente realiza qualquer ação sem passar por este número. O seis é a correspondência eterna da circunferência divina com Deus. Por este motivo, Deus que tudo cria, abarca e tudo circunda.
A circunferência é composta por seis triângulos equiláteros. Os quais são produtos de dois triângulos que agem um sobre o outro. O seis é a expressão dos seis atos do pensamento divino, manifestados nos 6 dias da criação e destinados a realizar a sua reintegração. Portanto, este número é a forma através da qual tudo se gera, apesar de não ser nem seu princípio e nem seu agente. É na adição teosófica (adição teosófica é a soma dos algarismos unitários que compõe um número. Assim, a adição teosófica de 10 é igual a 1, por que 1 + 0 = 1) do número três que encontramos a prova da influência que o seis tem sobre a corporificação dos princípios. As Escrituras remontam o seis à origem das coisas e o levam para além das coisas. Tendo realizado o trabalho dos 6 dias, o seis põe, no Apocalipse, perante o trono do Eterno, 4 animais de 6 asas e 24 anciãos, que se prostram perante Deus. Com isto vemos que o seis é a maneira universal das coisas, porque tem o mesmo caráter na ordem universal e assim sendo, nossas faculdades trinas têm de seguí-lo para obterem a realização de suas ações: Pensamento, 1; Vontade, 2; Ação, 3 que é igual a 6.
Os 24 anciãos do Apocalipse são iguais a 6, que é por assim dizer: 1, 3, 4, 7, 8, 10. Estes números somados formam 33, incluindo o zero – que é a imagem e evidência das aparições corpóreas. Mas eles somam 24 sem o zero. Portanto, estes seis números sozinhos são reais e imateriais, agiram e agirão eternamente. E isto é o mesmo que dizer que há eternamente dois poderes: aquele de Deus e aquele do Espírito.
O seis foi ultrajado nas várias prevaricações que fizeram com que o Reparador descesse a esta Terra; foi necessário que ele viesse reparar aquela realidade. Por esta razão, ele transformou a água, contida nos 6 jarros no casamento de Canaã, em vinho.
“Não é menos verdade que a héxada, sendo apenas a forma de atuação de todas as coisas, não pode ser vista, precisamente, como um número ativo e real, mas sim como uma lei eterna impressa em todos os números. Também sendo aquilo sobre o que o homem tinha o domínio, originalmente, e sobre o que ele irá governar novamente, depois da sua Reintegração” (Os Números).
Finalmente, o número 2 opera na héxada de formas que são apenas uma adição passiva dos dois princípios (Deus e o Espírito). A raiz destes é dois e é também o agente de suas formas e sensações pela multiplicação de seus próprios elementos.
7. A Hêptada
“O Número do setenário espiritual significa o próprio Poder Divino” (Obras Póstumas).
Este é o número das formas universais do Espírito; o seu fruto sendo encontrado nos seus múltiplos. O quadrado de 7, é 49, é portanto o 7 em desenvolvimento, enquanto que em sua raiz, é o 7 concentrado. Esta explicação se faz necessária antes de prosseguir, para chegar ao 8, que é o espelho temporal do invisível incalculável denário (série de dez). Enquanto passa de 7 à 8, através da grande unidade com a qual se reúne, ele também passa de 49 ao 50, através da mesma unificação com a unidade. E leva o elemento quaternário da alma humana à sua integração ao faze-lo transcender e abolir o caráter de 9 (novenário) das aparências, que é o nosso limite e a causa de nossas privações.
“Isto demonstra que 5 é igual a 8 e que 8 é igual a 5, na grande maravilha que o Divino Reparador produziu para nós, para que possamos nos regenerar” (Corresp. Teosófica, carta XC). Obs.: Nesta carta, Saint-Martin afirma que esta revelação foi feita diretamente para sua inteligência; e que não se originou de nenhum homem .O sete é produto de uma única operação: 4 x 4 = 16 = 1+ 6 (redução teosófica) = 7.
“A hêptada é ao mesmo tempo o número do Espírito, por que se origina do Divino e perfaz 28, na contagem de seu poder duplo contrário ao poder lunar. Deveria ser notado que o número 28 indica que a Palavra não se realizou, até a segunda prevaricação. Mas estas são simples palavras, porque 7 vindo de 76 não é raiz (redução teosófica), nem é o poder fundamental de 4, pois penetra na raiz apenas através da adição” (Os Números).
“Independentemente da raiz numérica (Raiz Numérica: neste texto, o termo raiz numérica é empregado para designar o produto da redução teosófica) que expressa o poder setenário da alma, podemos descobri-la nos poderes sobre a trindade dos elementos e a dos princípios. Este poder sobre as duas trindades (dois triângulos) forma o eixo central humano. A alma é o centro destes dois triângulos. Se, ao invés deste centro, analisarmos o poder da alma sobre o que é celestial, encontraremos de forma mais clara o poder setenário da alma sobre o físico e o espiritual” (Os Números).
Mas 7 x 7 = 49 x 7 = 343. O homem é elevado a este posto, ou melhor, emancipado desta forma, só quando seu poder é triplicado, formando o seu cubo. É nos elementos deste cubo que podemos enxergar claramente o destino deste homem primordial, já que ele foi posto entre o triângulo superior – do qual derivou tudo – e o triângulo inferior, o qual ele domina. Para conhecermos as verdadeiras propriedades de um ser, o seu poder tem de ser analisado de forma cúbica (elevado à terceira potência), pois somente assim todas as suas potencialidades são reveladas, ou desenvolvidas.
O Número Sete também indica que a manifestação da justiça universal, ou temporalidade, deve ser enviada a todos os prevaricadores, apesar de ser o número Quatro o agente que executa esta justiça. Como este agente é o Espírito e o Espírito não pode aparecer no tempo sem uma embalagem corpórea, Este é feito perceptível pela seteneidade, que é o corpo do quaternário, como o seis é o corpo do setenário, assim como a trindade material é o corpo do seis que a executou. Concluindo, o quaternário é o corpo da unidade, que não pode ser manifestada neste mundo em sua forma absoluta, mas deve subdividir os poderes que foram colocados na criação, para que possamos entendê-la.
8. A Ôctada
É apenas depois do quadrado do Espírito se haver completado, que a ôctada pode ter lugar. Enquanto que o seu trabalho pode ser conhecido claramente apenas através do número 50, porque daí o número da injustiça e o número da matéria são dissipados pela influência vivificadora e regeneradora da Unidade que as substitui. Ao que tange a Unidade Absoluta, ou o Pai, ninguém nunca viu, ou O deverá ver neste mundo, exceto pelas oitavas e por meio da ôctada, as únicas formas de alcança-lo.
“O número 50 desapareceu quando a Santíssima Oitava se aproximou, porque os dois não poderiam coexistir. A injustiça e as aparências não se sustentariam perante a unidade e o seu poder. Isto é a razão de ser da Divina Igreja, fora à qual, nenhum homem pode ser salvo e contra a qual os portais do inferno não devem prevalecer. Esta (a ôctada) é a chave que abre e ninguém fecha, ou que tranca e ninguém mais abre” (Os Números).
Cristo é trino em seus elementos de atuação, assim como em seus fundamentos Seu número é 8, e sua extração mística nos mostra que em seu trabalho na Terra ele foi de uma vez só divino, corpóreo e perceptível. Apesar de ser, ao se considerar sua ordem eterna, divino em seus três elementos. Ele era o caminho, a verdade e a vida. Era necessário que ele compreendesse em si mesmo o divino, uma alma sensória e o corpóreo, para atuar aqui embaixo, na esfera perceptível.
Toda a criação – porque mesmo o nosso pensamento não pode ser manifestado se não estiver associado ao nosso invólucro individual mais grosseiro – não pode ser manifestado sem a mediação de uma ligação material individual. Por isso, o Divino Reparador não poderia estar associado à sua Natureza corpórea (Cristo), senão através de uma alma sensória. Esta alma O investe do número 4, seu Ser Divino é representado pelo número 1 e seu corpo pelo número 3.
Em nós, a alma divina é representada pelo número 4, o corpo pelo 9, enquanto que Saint-Martin afirmava que o número de nossa alma sensória era por ele desconhecido. Mas ele tinha razão ao pensar que fosse o mesmo do Salvador, porque em todos os outros elementos semelhantes aos nossos, que ele possuía, ele invariavelmente detinha números superiores.
A chave do homem consiste nesta alma sensória; através desta é que ele é integrado à sua natureza sensória, ou animal e corporal. Mas como ele não é posto nesta prisão de livre e espontânea vontade, como Cristo o foi, não pode ser esperado do homem conhecer as chaves que o trancam. Saint-Martin pensava, no entanto, que este número correspondia ao seis.
9. A Eneáda
Nove é o número de todo limite espiritual, como a circunferência material é o limite dos princípios elementais que lá agem. Portanto, o nove representa o curso de todas as expiações infringidas à humanidade, pela justiça divina. O homem decaiu ao querer avançar do 4 ao 9 e apenas pode ser restaurado ao voltar do 9 ao 4.
Esta lei é terrível, mas não é nada se comparada com aquela do número 56, que é assustador para quem o encara, já que eles não podem chegar aos 64, até terem atravessado todas as suas provações. A passagem do 4 ao 9 é a passagem do espírito para a matéria, que em dissolução, de acordo com os números, perfaz 9. A respeito da lei do 56, esta depende do conhecimento das propriedades e condições do número 8, que foram parte da luz obtida por Saint-Martin por meio de sua iniciação, não sendo explicadas em maiores detalhes. “Mas é sabido que os criminosos permaneceram no número 56, enquanto que os justos e purificados chegarão ao 64, ou à Unidade” (Corresp. Teosófica, carta XIII).
Saint-Martin afirma que recebeu este conhecimento da escola de Martinez de Pasqually.
Quaisquer que sejam os poderes elevados ao número 9, ele sempre permanece sendo 9, porque, como 3 e 6, tem apenas um poder ternário, enquanto que 4, 7, 8 e 10 são poderes secundários e sendo, somente a unidade, o primeiro poder. Portanto a unidade, em todas as multiplicações possíveis resulta somente em um, porque, como já foi visto, ela não pode se separar e se reproduzir a si mesma. Ela (a Unidade) se manifesta fora de si por seus poderes secundários e ternários, eternamente ligados à Unidade.
“Se soubéssemos o caminho através do qual a unidade afeta a manifestação de seus poderes, seríamos seus iguais. No entanto, sabemos que ela realiza suas expansões apenas nesta série de dez aqui apresentada. As expansões sozinhas operam apenas fora desta série. Há expansões espirituais e das formas que atuam por leis diferentes e produzem resultados distintos. Os poderes secundários estão ligados diretamente ao centro, mas os ternários se ligam ao centro só de forma mediadora (como meios para expressá-lo) assim produzindo formas, sem uma lei criativa ou geradora, pois esta característica é da Unidade e sem leis administrativas, pois estas são restritas aos poderes secundários” (Os Números).
10. A Década
Pela união do setenário espiritual e do ternário temporal, obtemos o tão famoso denário, que está sempre presente nos pensamentos de um Iniciado. Como uma imagem da Divindade em si mesmo, a década (ou série de dez), realiza a Reconciliação de todos seres ao fazê-los retornar à unidade.
“O denário temporal é formada de dois números, o 3 e o 7, mas o seu caráter está diretamente relacionado à unidade e não está sujeito a qualquer divisão ou substração” (Obras Póstumas).
“Quando os números são ligados à década, nenhum deles apresenta qualquer traço de corrupção ou deformidade; sendo que estas características se manifestam apenas em suas separações. Entre os números com estas características específicas alguns são totalmente maus, como 2 e 5, que sozinhos são capazes de dividir a série sagrada de dez. Outros, estão num processo ativo, de sofrimento ou cura, como acontece com o 4, o 7 e o 8. Outros ainda são dados apenas pela sua aparência, como o 3, o 6 e o 9. Mas nada disto é visto na série completa de dez, porque naquela ordem suprema não há deformações, ilusões, ou sofrimentos” (Os Números).