quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Kenneth Grant - A Luz que Não é

 

De acordo com o conhecimento oculto Consciência Cósmica manifesta-se na humanidade como sentiência que concentra a si mesmo em um centro individualizado de vigília, e divide-o em sujeito e objeto. Sujeito identifica a si mesmo com o princípio cósmico como ego, e objeto é o mecanismo de vigília. Esta identificação da consciência com o ego é ilusória e portanto o Princípio de Consciência é velado. (n.t. nota de rodapé, isto é descrito no Liber LXV como o “Erro do começo”. Isto é a falha essencial anotada pelos Árabes, a ‘Queda’ original) O ego imagina a si mesmo como uma entidade diferente dos objetos que ele sente (n.t. 5 sentidos), e, invés de puro sentir, ouvir, ver, saborear e saber, está a falsa assunção que ‘Eu sinto’, ‘Eu ouço’, ‘Eu vejo’, ‘Eu gosto’, ‘Eu sei’. É então que o mundo fenomenal (o mundo das aparências) é representado a nós como Malkuth. O processo inteiro, de Kether a Malkuth, é um sucessivo velar acompanhado da gradual aumento de vigília do Princípio de Consciência, o propósito global da encarnação sendo a ‘redenção’ e reintegração do Princípio perdido.

Budistas e Adventistas referem a estes véus como completamente ilusórios, enquanto outros referem a eles como modificações do Princípio original. Em qualquer uma das visões o problema permanece inalterado: como resolver o perpétuo jogo de pique-esconde que Kether joga através dos véus primários de sujeito e objeto (Chokmah e Binah), o nexo de qual é localizado em Daath. A causa do mistério, glamour, ou ignorância como os Budistas o chamam, é a errônea identificação inicial do Sujeito com seus objetos. Isto é principalmente causado pelo fato de que, como os Cabalistas clamam, ‘Kether está em Malkuth e Malkuth em Keter, mas de uma maneira diferente’. A presença de Kether em Malkuth (n.t. rodapé Consciência ou Sujeito em todos objetos) cria uma ilusão de realidade em todos os objetos. Este glamour engendra sentiência que confunde e sufoca o ego em engano. Sri Ramakrishna compôs e cantou muitos hinos de surpreendente beleza para este “enfentiçante mundo Ilusório (nt.Maya)’, ou jogo mágico de glamour e ilusão gerado nos sensos da humanidade pela confusão do irreal com o Real.

Kether é o foco da Consciência Cósmica, e sua primeira manifestação é Luz. O ‘Ain’, que é sua fonte, não é escuridão mas ausência de luz, e portanto a verdadeira essência da Luz. Kether é o infinitesimal ponto no espaço tempo na qual a Ausência da Luz torna-se Presença pela sintonia do Vácuo(Ain) de dentro para fora. Kether, e a resultante Árvore da Vida, podem então serem concebidas como o interior do Vácuo manifestando em Espaço, que é o ‘menstruum’ (n.t. meio) da Luz.

No microcosmo esta Luz manifesta-se como lua da consciência que ilumina a forma. Esta é a Luz pela qual, e em qual, um pensamento pode ser visualizado na escuridão da mente; como sonhos aparecem nas escuridão do sonho. Na esfera celestial, consciência manifesta-se como luz física, o Sol. No reino mineral se manifesta como ouro. Biologicamente considerando, é o falo que perpetua a semente da luz (consciência) no reino animal. Estão luzes são Uma Luz (Kether) e elas procedem da infinita ausência de luz (Ain). Enquanto derrama através de Kether ela separa-se em três raios que formam os três ramos da Árvore. Estes tem três pilares: Chokmah, Daath e Binah, concentranto então 16 kalas (2 para Chokmah, 11 para Daath e 3 para Binah), que, em seus reflexos no mundo da anti-matéria (Ain) constituem os 32 Caminhos ou Kalas da Árvore da Vida.

Escuridão é ausência da luz, e ausência que possibilita a presença de tudo que ‘aparece ser’. Não-ser, cujo símbolo é escuridão, é a fonte de Ser, e entre estes dois terminais existe uma ‘solução de continuidade’ representada pelo Abismo que separa o nomenal mundo de Kether, com seus terminais gêmeos (Chokman-sujeito e Binah-objeto), do mundo fenomenal de Malkuth. O ponto preciso de descontinuidade é marcado pelo pilão de Daath no meio do Abismo. Daath é o conhecimento do mundo fonomenal refletido para baixo através dos túneis de Set na parte de trás da Árvore. Este conhecimento, ou Daath, é a morte do Self.
Representa o estágio primário nos quais os cerementos são trançados sobre a múmia que entra Amenta nos Desertos de Set. Aparece na parte de frente da Árvore como o aparentemente vivo semblante do ego, o qual identifica a sim mesmo na sua gradual descida na matéria (Malkuth). Seu despertar para a consciência mundana é em realidade um sono e a morte de qual o Principio de Consciência pode ser salvado unicamente viajando pelos caminhos de Amenta ‘no reverso’. Esta jornada reversa através dos Túneis de Set começa em Tuat, a passagem preliminar or 32o. caminho que leva de volta de Malkuth (consciência mundana) para as esferas astrais de Yesod.

Tradições orientais têm tipicicado esta descida da Consciência em termos dos três estados de consciência sushupti (dormindo), svapna (sonhando) e jagrat (acordado), e sua reintegração em um quarto estado – turiya – que não é realmente um estado, mas um substrato dos outros três, ‘ e o único real elemento nos outros três’. Turiya iguala com Kether (Consciência Indiferenciada), Sushupti iguala com Daath, Svapna com Yesod, Jagrat com Malkuth. Este esquema iguala-se a doutrina cabalista: "o estado de profundo sono sem senho (sushupti) é o estado em qual a mente nào está consciente do universo fenomenal ou objetivo. Ele é vazio no senso que ele é vazio de pensamentos (imagens), e escuro no sentido que dentro sua luz é ausente. Sushupti combina com Svapna, o estado de objetividade subjetiva, ou sonhos, porque Kether cria no vazio de Sushupti um stress que manifesta como vibração. Este stress refletido no mundo dos sonhos (Yesod) como sentiência latente nas microcósmicas zonas de poder (chacras) na qual assume a forma elemental de ether, fogo, ar, agua e terra. Em outras palavras, esta vibração manifesta como os seis sentidos, que a seu tempo, são projetados como fenômenos objetivos no estado acordado (jagrat, Malkuth). Desta maneira um estado ou mundo de consciência junta-se no outro. Similarmente, um estado ou nível de Consciência Cósmica desenvolve e envolve em outro enquanto o original Princípio de Consciência é objetivado com densidade crescente. Desta maneira o mundo de ‘nome e forma’ aparece ao ego (o pseudo-sujeito) como ‘realidade’, enquanto em fatos atuais Realidade retira-se como o Princípio de Consciência retrocede, e retorna para o ponto de sua original ausência.

Daath como o ego é a sombra-‘shakti’ ou poder velado de Kether no momento relampejante de sua bifurcação em Chokmah(sujeito) e Binah(objeto).

O ego é a sombra, mas é a sombra da realidade. É impossível expressar este conceito em linguagem de dualidade. Realidade é Não-Ser, e o ego é o reflexo ou reverso da Realidade nas aguas do Abismo; mas não somente a imagem é revertida, ela também é invertida. Em termos da Tradição Draconiana o ego é a miragem que aparece nos Desertos de Set.

A exaltação do ego em Daath e seu clamor de ser a Coroa (Kether) é ‘A’ blasfêmia contra a cabeça de Deus, e aqueles que criaram este falso ídolo tem sido chamados Irmãos Negros. Por este ato eles banem a si mesmos para o Deserto de Set pela duração de um aeon; ou, se profundamente comprometido com a hierarquia aversa, eles podem manter esta sobrevivência-sombra por ‘um aeon e um aeon e um aeon’, um ‘kalpa’ inteiro ou Grande Círculo do Tempo. O falso rei dura até o ‘kalpa’ ser terminado por um ‘Mahapralaya’. Tais Irmãos Negros não devem, entretanto, serem confundidos com aqueles Black Brothers cujo ídolo é uma certa Cabeça secreta de uma verdadeira hierarquia aversa que resume todos os 777 caminhos atrás da Árvore. Eliphas Lévi falou desta hierarquia em termos de ‘magia negra’ e da Cabeça Bafomética acesa com o enxofre dos infernos adorada pelos Templários. Outro Adepto que vislumbrou esta Hierarquia Negativa foi H.P.Blavatsky, ainda que sua enorme luta de rascunhar através do véu alguns de seus mistérios terminou um uma massiva confusão de suas duas monumentais obras. Talvez a Isis que ela buscava desvelar não fosse a Isis da natureza manifesta em matéria, mas a Nova Isis do Inatural, da antimatéria, com seus vazios sendo os buracos negros do espaço. Antes de explorar os túneis de Set, nós temos que estabelecer o fato que os mistérios do Não-Ser, embora não interpretado nos tempos antigos da mesma forma que os interpretamos hoje, eram guardados com a significância que eram tanto vital e ameaçador. Isto é surpresa ainda maior desde que só nos últimos cinquenta anos estas questões obscuras estão sendo iluminadas por estonteantes descobertas nos campos da física nuclear e sub-nuclear, e da psicologia, nenhuma das quais tinha sido demostrada cientificamente quanto a doutrina cabalística estava sendo desenvolvida.

Kenneth Grant, Nightside of Eden.