Suti (Seth) e as Formas Diabólicas no Antigo Egito
"Eu sou o Deus-Crocodilo (Sebak) que habita entre seus terrores. Sou o Deus-Crocodilo e ataco (a minha vítima) como uma besta voraz" – "Transformação no Deus-Crocodilo", do Livro Egipcio dos Mortos.
Seth é considerado no desenvolvimento da Gnosis Luciferiana como o Adversário, uma forma antiga do Adversário. No Livro Egípcio dos Mortos o Deus Crocodilo Sebak apresenta alguns aspectos similares em sua natureza aos de Seth, como no tocante às formas que pode adotar. Segundo parece, um foco iniciático considera que no símbolo e nas características de Seth, "Na Verdade o Maior dos Deuses", estão encerrados muitos aspectos e formas diferentes da mitologia egípcia. Seker também parece ser um deus associado com uma antiga manifestação de Seth; no Tuat, um dos túneis que estavam sob o control de Seker estava guardado por uma serpente com quatro patas, escorpiões, víboras e outros demônios alados.
Segundo E. A. Wallis Budge, a palavra árabe Tawfan pode ter relação com o nome Typhon, dado que o termo árabe significa "Tempestade". Apep era universalmente conhecido como o diabo-serpente que tinha poder sobre as tempestades, a escuridão e a noite. Seth adota suas formas também na escuridão. Como Sutekh, sua natureza "adversária" visto que existiria tanto no Tuat, o submundo, possivelmente sua forma de Apep (uma vez que domina este aspecto caótico), como sobre a terra como Deus-Homem. En Kom Ombo e em outros lugares Seth foi chamado Nubti e Sutekh, e logo identificado com o deus Baal, que os hicsos tinham como seu maior deus.
Seth é conhecido como o guerreiro poderoso que tem seu reino no Norte, específicamente no Céu Norte, onde habita em uma estrela da constelação de Khepesh, "a coxa". Typhon tem sido associado durante muito tempo com Seth, e as características que compartilham são claras. Consideremos a natureza de Typhon, como definida pelos gregos: era a besta que corrompeu a ordem natural, o curso da natureza. Seth também é assim, uma Anti-Natureza no que seu espírito está contra as leis naturais e avança seguindo seu próprio caminho. Um elemento comum nas práticas da Senda Luciferiana é forjar-se sua própria identificação com a mitologia, seu próprio caminho frente aos outros. Assim, pela prática antinômica de base espiritual, o Adepto vem a ser "como" Seth, o Ahriman, não em nenhuma das definições ocidentais "mal", sim no seu sentido espiritual.
Os nomes do Adversário no Antigo Egito (como Seth e Apofis) foram muitos, alguns exemplos são: Nak, Sabau, Apofis, Suti, Baba, Smy, Hemhemti, Pakerbeth, Saatet-ta, Qerneru, Tutu, Nesht, Hau-hra, Iubani, Amam, Seba-ent-Seba, Khak-ab, Khan-ru, Uai Sau, Beteshu e Kharubu, o Quatro Vezes Mal.
Os Betshet Smaiu e Mesu eram os "Filhos da Rebelião", aqueles que trocavam de forma e eram membros de um culto que venerava a Serpente como seu Deus. Como aparece escrito no Gênesis, a serpente era "mais sutil que qualquer outro animal", referindo-se à sua astúcia e alerta a algo que aproxima-se.
A matéria associada com Seth-Typhon é o ferro, chamado frequentemente "o osso de Typho". Graças à sua força, Seth conseguiu o domínio sobre todas as coisas em um momento determinado. Suas formas eram muitas e seu desejo e fome de existir eram maiores que os esforços de seus inimigos para destruí-lo. Seth é considerado a personificação das águas negras e do deserto, a dupla essência de seu ser é fundamental em seu papel de examinador e de iniciador feiticeiro.
Todos os predadores de espíritos que devoravam os mortos se encontravam nas escuras profundezas de Tuat. Aapep, Apep, o Apofis era o Demônio Serpente do caos, que devorou a muitos e lutou bastante com Seth. Depois que Apep foi derrotado e dominado por Seth, logo se fundiu a ele. Como a forma mais comum de Apep era o crocodilo, esta foi também a forma adotada por Sutekh, o Seth. Suti (Seth) foi também para muitos um Deus da Morte, devorando espíritos e tornando-se seu amigo também. O Espiritualismo Predador tem suas raízes no mundo do Antigo Egito, lá que aquilo que os deuses praticavam, alguns adeptos praticavam também.
No Tuat havia um demônio-serpente chamado Sati-temui, que tinha setenta côvados de comprimento e que se dizia crescer ao devorar as almas dos mortos que se encontravam ali. Igualmente se faz menção a uma serpente chamada Akriu, que era inimiga de Rá. Também havia um lugar de fogo no Tuat, onde habitava um Senhor em forma de serpente gigante que tinha o poder do Mal de Olhado. Esta serpente seduzia suas presas e logo devorava seus espíritos. Tenhamos em mente que as formas de Seth eram muitas, o Deus da Escuridão e da Guerra é um deus criador, da progressão e das trocas de formas. Ele sobrevive por suas transformações.
A senda da arte de feitiçaria chamada Bruxaria Luciferiana pode entender-se melhor à luz do conceito setianico do Adversário como uma força dual e necessária. Assim como a Magia do Caos é um desenvolvimento sem límites da feitiçaria original, a Senda Luciferiana é um desenvolvimento posterior e mais refinado dessa feitiçaria original, um caminho definido para o desenvolvimento setianico e o consequente processo de auto-transformação.
A Bruxaria Luciferiana oferece um acesso à gnosis do que nossa cultura denomina como Satan, expressamente chegando às raízes do adversário, para descobrir os vários traços culturais do espírito luciferiano. Ahriman é a principal fonte desta gnosis, mas Seth ou Sutekh, como Deus das Trevas, é igualmente fascinante, se alguém está interessado nisso.
Consideremos os ideais da Senda Luciferiana. Na Bruxaria Luciferiana, de Michael W. Ford, o real fundamento do Adversário é apresentado como uma força multicultural, e portanto existente dentro do próprio universo e não uma criação humana. Embora o homem lhe tenha dotado de atributos antropomórficos, este espírito antecedeu a própria consciência humana. Ao praticar Bruxaria e Feitiçaria Luciferianas, alguém essencialmente prepara sua mente e seu corpo para converter-se em um recipiente para esta força, não unindo-se a ela, mas sim abraçando a essência do adversário, permitindo assim que o mesmo estabeleça o caos na ordem desejada dentro de si mesmo. Isto é, por definição, Magia do Caos. O que lhe confere o título é o resultado do que se transformou a própria Gnosis, o propósito do trabalho.
Seja cauteloso em matéria de Magia do Caos, você está não só mudando de paradigma, mas usando forças caóticas para implementar ordem temporária em si mesmo, para crescer forte e progredir como Adepto. Magia do Caos, no sentido de que me refiro aqui, é um conjunto de ferramentas de formas diversas de crença ritualística para construir o seu próprio foco iniciático. A base é a aparência consistente da Magia do Caos na Senda Luciferiana.
O Sabbat dos Bruxos se compõe dos aspectos: O Celestial (o aspecto mais elevado da Luz, Fogo Luciferiano e divinidade) e o Infernal (os aspectos mais baixos, os demoníacos). O Sabbat dos Bruxos é a transferência espiritual desde a carne desperta (a vida cotidiana) ao rito astral / dos sonhos (a reunião dos bruxos e feiticeiros na arena dos sonhos).
O Sabbat tem sido explorado desde antes da Idade Média, como infernal, demoníaco, depravado pelo cristianismo. Austin Osman Spare foi que, em seu apartamento de um quarto em Londres, acordou para a reunião dos espíritos, que fornicam e procriam o desejo próprio de cada feiticeiro. Spare considerava o Sabbat altamente saudável, e percebeu um incremento da saúde e vigor mentais e físicos. No início da década de 1950 ele fez numerosas ilustrações sobre o Sabbat em diversas formas, incluindo muitos aspectos infernais já presentes em suas primeiras obras. Kenneth Grant depois ilustrou grande parte da Gnosis Luciferiana de Spare em seu lendário trabalho "Images and Oracles of Austin Osman Spare" [Imagens e Oráculos de Austin Osman Spare].
O Sabbat dos Bruxos é um aspecto onírico da imaginação, que fortalece a alguém nos mistérios da Chama Negra. A Tradição de Caim como Senhor dos Ginetes faz referência ao espírito vinculado à terra que acende a chama original, a iluminação de Iblis / Shaitan. Alguém se converte num recipiente que reflete seu próprio toque característico, diferente de todos os outros, inclusive dos que seguem uma senda similar. Dentro da natureza ligada como um espelho de Ouroboros, emergem os sonhos do vôo do espírito, quando o Sol é a Essência Negra da criação e todas as imagens caem sobre a luz da Oposição. Caim é a encarnação da força e da sabedoria dos Vigilantes, a possibilidade real da consciência divina despertar em cada homem e em cada mulher.
A entrada para a prática luciferiana se simboliza no Azothoz da Bruxaria Luciferiana. Para este trabalho fiz uso do método do poema e da prosa para escrever uma chave dirigida a fazer alguém êxtasiar-se, que consiste em alcançar a consciência espiritual através de um espelho luciferiano e setiano. Neste trabalho minha tarefa era mostrar claramente a conexão e o processo de auto-iniciação através das tradições dos Vigilantes, os Nephilim, a Águia Negra e a essência do Adversário. A combinação de arte e texto invoca o espírito de Shaitan e Lilith para quem pode recebê-los. Azothoz irrompe na corrente da Magia para manifestar-se no iniciado que pode ser desta essência, nascido do sangue dos bruxos por uma faísca do fogo dos Djinn. Este é um processo luciferiano de Auto-Libertação que convida para uma compreensão mais profunda do Demônio e do Anjo, para sua união fora da perspectiva cristã. É a alteridade em que as pessoas podem buscar inspiração, trazendo o Senhor das Tempestades e do Caos, Seth, um espírito de Ordem para elas mesmas.
Ao tratar sobre os anjos, deve mencionar-se a questão do "familiar angélico", "anjo luciferiano" ou Santo Anjo Guardião (SAG). Estes são os aspectos mais elevados de nossa consciência, enquanto que o "familiar demoníaco" representa os aspectos inferiores, bestiais, atávicos, a sombra de sí próprio. Aqui encontra-se a essência de Ahriman como aquele que traz a sombra, com a qual enlaçamos os aspectos superiores com os inferiores. As referências ao infernal e ao demoníaco na Bruxaria Luciferiana querem, neste processo de Auto-Libertação, iniciar a mudança e o progresso próprio a partir de uma perspectiva mágica.
O Sabbat em si acontece entre o sono normal e o despertar, é um processo místico impulsionado pela determinação em mudar e progredir. Em um trabalho simbólico, aquele que sonha experimenta o Sabbat, seja no seu aspecto Celestial (reunião luciferiana, comunicação com os Vigilantes), seja no aspecto Infernal (reunião demoníaca, fornicação com os mortos e suas sombras), para se deslocar a um forte processo de auto-iniciação, onde a imaginação se ilumina e é capaz de sustentar-se. Mediante um processo de observação, e através da vontade, a imaginação torna-se capaz de criar e manter seu próprio ser individual e independente.
Na minha opinião, a partir de uma perspectiva setianica, a Bruxaria Luciferiana não é eficaz como uma ferramenta do Caminho da Mão Direita. Somente é essencialmente útil dentro da perspectiva do Caminho da Mão Esquerda. A Senda dos Feiticeiros é um caminho de auto-desenvolvimento, enquanto explora os aspectos de sombra e luz próprios, utilizando ambos para o beneficio próprio e dirigindo estes instrumentos em último sentido para a transformação. Quando alguém entra no Círculo Luciferiano, a identidade é cercada pelos mistérios do Eu, que Austin Osman Spare definiu como o centro do ser e as infinitas possibilidades que há nele. Todos os Demônios e Anjos de alguém, como familiares ou guias, são somente expressões do próprio ser. Antes que alguém caia às escuras nas aguas da Wicca, devemos revelar-lhe a verdadeira fonte.
Para explicar melhor a Senda Luciferiana, no sentido em que se apresenta na Bruxaria Luciferiana, o Liber HVHI e o Book of the Witch Moon, se fazem úteis para a continuação de uma valorização dos instrumentos básicos, as formas dos deuses e os modelos de crenças.
Apep
O demônio-serpente do caos e das águas abismais de Tuat. Apep é a primeira encarnação da suméria Tuamat ou do dragão de sete cabeças do Apocalipse. Na primeira manifestação persa, Ahriman e os ArchDaevas. Na tradição egípcia, como podemos ver por seu estudo e sua chave, não é outra coisa senão Seth revelado, o primeiro aspecto draconiano de si mesmo. Apep encarna a essência original de Seth e pode ser considerado associado também à sua sombra ou forma demoníaca.
Nas décima e décima primeira seções do Tuat, Set-heh se mostra à esquerda dos Deuses em um lugar ardente, Horus está diante de Set-heh em forma de serpente.
Anubis
O Senhor dos Chacais e Abridor dos Caminhos, Anubis, é Hermes, o Portal da Morte. Anubis é um examinador, alguém que faz os corações emergirem na esfera celestial ou os afunda na infernal. Anubis é também um Deus Mortuário, que vive nas preparações para o embalsamamento e o funeral. Na Bruxaria Luciferiana se assume a máscara de Anubis para tornar-se como ele. Alguns podem buscar as sombras dos mortos ou fazer posteriores experimentos necromânticos, dependendo dos gostos do bruxo.
O Alfabeto do Desejo
Considerado uma fórmula para um ponto de encontro com o "outro" ou a "alteridade", o Alfabeto do Desejo é uma gramática inexpressável que permite a comunicação com Azoth ou o subconsciente. Azoth é o começo e o fim, aquele que abarca tudo o que está no meio. Como setiano ou luciferiano, alguém pode incorporar o Alfabeto do Desejo como um instrumento de auto-determinação ou Vontade para alcançar seus objetivos. O Alfabeto do Desejo pode ser um instrumento de exploração muito útil na hora de fazer avançar o próprio conhecimento nas áreas de ervas e seus usos, da projeção astral, das artes marciais, da compreensão das correspondências do Tarô, enfim, de qualquer coisa. Os Grimórios Luciferianos, como Liber HVHI, Luciferian Witchcraft e Book of the Witch Moon, incorporam o Alfabeto do Desejo como forma de comunicação com o familiar do bruxo, o "Santo Anjo Guardião" e o "Gênio do Mal" da Cabala. As 22 letras / sendas da Qlippoth são explicadas no Liber HVHI, e é muito interessante ver como à medida que alguém avança através do trabalhos e rituais descritos em Luciferian Witchcraft, Liber HVHI e Book of the Witch Moon, se reduz a diferença entre o Santo Anjo Guardião e o Gênio do Mal, sombra e luz tornam a reunirem-se e a identidade do self cresce como um ponto equilibrado dentro do círculo da arte mágica. O Alfabeto do Desejo, que é como Austin Osman Spare o chamou, representa o arcano completo da bruxaria, a partir do qual o Adepto Negro pode tornar seus desejos em espírito e em carne. A metodologia das Qlippoth também está dentro desta gnosis. A Ordem de Phosphorus ensina instruções básicas sobre a criação do Alfabeto do Desejo a partir dos 22 túneis da Qlippoth, tal como foram definidos no Liber HVHI.
A Estrela Luciferiana de Oito Pontas: Algol
O sigilo de oito pontas contém numerosos símbolos interessantes, e uma definição pode refletir-se na outra. Chamado como o Sigilo ou a Estrela do Caos, este símbolo de oito pontas representa o vazio e o não-ser sobre a matéria no universo. O Caos é a mais benéfica das forças; a partir dela o Adepto Negro consegue trazer Ordem temporal para dentro de si. Nos Ritos Sabáticos, é o Ritual de transferir a consciência para si. Isto é uma reminiscência dos clãs das bruxas italianas, que se entregavam à Caça de Espíritos no plano dos sonhos. Na essência luciferina o cônclave é o lugar de encontro dos Três, a iniciática Estrela de Sete Raios, mais o Oitavo Raio que é o iniciador da Magia e o próprio Seth. Nick Hall sinaliza no Chaos and Sorcery que a Estrela de Oito Raios apareceu na Mesopotâmia há 3.000 a.C. como um símbolo que significava Dingir (Deus), An (Céu) e Estrela. Isto pode ser entendido em um contexto luciferiano como Dingir a representar às infinitas possibilidades do ser, o Fogo roubado do Céu, e a único da Abertura Celestial com o Aethyr do ser angélico, o maior intelecto ou a essência associada com o Neter Seth.
Na Bruxaria Luciferiana, Algol é representado pelos Cinco Elementos de Ahriman, tal como foram originalmente descritos pelo antigo Culto Maniqueísta, que se inspirou no Zoroastrismo, mas que foi considerado herético. Estes elementos do Príncipe das Trevas combinam aspectos bestiais e terrestres que Ahriman domina dentro de seu círculo.
O Santo Anjo Guardião / O Gênio do Mal / Congressus com o Daemon
Há muitos equívocos dentro da Magia sobre o que é realmente o SAG. Alguns o descrevem como uma força exterior que guia cada pessoa, outros como uma força do subconsciente. A experiência e a direção que é tomei me fazem ser partidário de que se trata de uma força do subconsciente. O Familiar Maior é um resultado de operações atávicas (que incluem o Ritual de Não-Nascido) com as quais o Feiticeiro Luciferiano chama tanto o Gênio do Mal (a atávica natureza demoníaca de nós mesmos) como o Santo Anjo Guardião, a força angélica imperial. Mesclar-se com o Aspecto Demoníaco permite uma maior articulação para a força espiritual, que é parte de todos nós. O espírito que se apresenta como Familiar pode ser considerado a própria identidade angélica / luciferiana iluminada. Por suposto não se trata de uma entidade separada mas sim a imaginação do Feiticeiro projetada e desenvolvida, a partir da qual pode-se visualizar uma força formada por sombras e trevas, unida com as articulações mais altas de um Espírito Luciferiano de chamas (Iblis) ou de Luz, criando assim o Santo Anjo Guardião ou Familiar Angélico. Não há guia místico para esta força, é em grande medida uma parte de teu ser, iluminado e fortalecido por teus próprios desejos.
Fetiches (Menores e Maiores)
Um Fetiche é simplesmente um reservatório de poder. Representa de certo modo o bruxo ou a bruxa, especialmente algum aspecto de sua personalidade. Por exemplo um Servo Vampírico pode ser uma caveira humana (dizia-se que os Cavaleiros Templários adoravam à Baphomet em forma de caveira humana) que contenha um sigilo consagrado que represente os aspectos vampíricos do self, junto com terra de um cemitério em que o bruxo haja descansado e meditado sobre a morte. Os fetiches são considerados instrumentos poderosos na bruxaria e feitiçaria primordiais, porque são portas da consciência e uma extensão crescente do feiticeiro. Ao fazer um fetiche, considera-se que elementos podem ser adequados para o propósito do elemental que se deseja. Se cria o servo com aspectos do self ajudado pelas mãos dos mortos, levado pela Vontade para uma forma que existe mediante o fetiche ou reservatório/depósito, mas que em última instância é um lugar onde repousa a consciência do bruxo. "Vampiro", no sentido que se descreve aqui, é uma palavra que denota a essência dos mitos antigos, essencialmente uma "Espiritualidade Predadora" que o Adepto Negro lentamente se transforma em sua senda.
Caim
Conhecido também como Shiva ou Shioa, a Besta – filho de Samael e Lilith. Tubal-Qayin é o Senhor dos Ginetes (Cavaleiros), o Patrono da Senda Luciferiana, o iniciador. Em certas esferas da gnose da Bruxaria Luciferiana, Caim é uma forma terrena de Seth, a forma imposta em carne, nos campos, desertos e cavernas da terra. Caim pode ser visto como uma forma simbólica do despertar e grande parte da gnose da Bruxaria Luciferiana se baseia na associação da auto-iniciação com Caim. Caim também é considerado o Filho de Asmodeus / Samael e Lilith, um retorno da união infernal. A tradição do Ferreiro Feiticeiro é explicada em detalhes no Luciferian Witchcraft, Liber HVHI e Book of the Witch Moon.
Leviatã
Considerado primeiramente como "masculino" e com frequência também "feminino", Leviatã encarna a antiga Mummu Tiamat, a Deusa primordial. Leviatã é a união das sexualidades, e tudo emerge deste Dragão das Profundidades. Se considera que Leviatã ou o Ouroboros é aquele que abarca a senda de cada um, ou sua Vontade. Rodeia todas as coisas exteriores tal como tenha sido decidido pelo Desejo, a Vontade e a Crença do bruxo. Tal como é descrito no Yatuk Dinoih, Leviatã é o dragão que consegue realizar a união de Lilith e Samael dentro do mago, que faz possível que a senda siga adiante.
Shaitan / Lucifer
Lúcifer é o Portador da Luz, o Anjo Caído que enaltece o conhecimento e a sabedoria acima da fé cega e a servidão. Lúcifer era o Serafim que guardava o Trono de Deus nos Céus, com uma espada flamejante e um lindo rosto. Devido o fluxo do desejo de Lúcifer em rebelar-se, ele inicia a exploração de sua própria sombra. O Anjo então se converte também em um Demônio, mantendo ambas qualidades de trevas e luz. Lúcifer caiu à Terra e buscou o autêntico conhecimento na Terra, e dentro dela os poderes que as trevas podiam comportar. Iblis, um título de Shaitan, é descrito nos antigos textos como um Espírito de Fogo, aquele cuja eterna chama não declina diante nada, nem sequer diante uma força divina. Iblis / Shaitan compreendeu que era único e poderoso em seu próprio ser e que, separando-se da ordem natural, poderia chegar a ser como um Deus. Azothoz apresenta uma chave em forma de poema sobre a natureza do Adversário e sua transformação.
Lilith-Az-Babalon-Hécate
O Feminino Demoníaco é a fonte do Culto da Bruxaria, tanto em seus aspectos oníricos como despertos. Enquanto a Wicca tem seguido um caminho mais estéril sobre a Deusa, a Bruxaria Luciferiana reconhece a beleza da Deusa Demoníaca como uma fonte de poder e auto-deidificação. Diante Babalon bebemos o sangue dos santos e surgimos como deuses. Lilith é a Rainha Bruxa Succubos do Sabbat, que é a autêntica mãe de todos nós. Tudo por trás do véu das trevas vem dela, fornicamos com ela continuamente na frutífera imaginação da criação. Os quatro nomes acima citados não são mais que um olhar para sua face, porque ela possui muitas máscaras, de acordo com seu papel. Todas as pessoas podem invocar Babalon-Lilith, independentemente de seu gênero. Ela se encontra na Cidade de Corazin, e dela se obtém o Crânio Cálice de Sangue, para beber profundamente da Fonte Imortal de sua Essência Vampírica. Uma parte do trabalho do Coven Nachttoter (um pequeno grupo do qual faz parte o autor destas linhas) é estudar e restaurar a obra de John Whiteside Parsons, entre ela um título notável: o trabalho de Belarion Armiluss Al Dajjal, o Anticristo. A essência da Bruxaria, em sua correta perspectiva de Senda da Mão Esquerda, é a iluminação e a compreensão do Feminino Demoníaco, que se revela a cada bruxo que avança nesta senda de trevas. Um símbolo do Coven Nachttoter é o Sigilo de Hécate, que é um espelho que serve como Portal dos Mortos, a morada da Deusa da Bruxaria.
Os Fragmentos Setianicos da Bruxaria Luciferiana
Estas formas de deuses têm um grande poder para o feiticeiro que as convoca, que descobre seus aspectos atávicos relacionados e que torna-se como elas. Alguém pode buscar criar estas formas de energia tão estreitamente conectadas com a psique, iniciando assim um caminho de auto-transformação através da manifestação das qualidades e características dessas formas de deuses. Os atavismos também podem ser usados num sentido semelhante, mas muitas vezes se pode utilizar o Ressurgimento Atávico como uma forma de convocar muitas das formas de deuses mencionadas acima.
Uma parte da Bruxaria Luciferiana ou gnose da Alta Feitiçaria se desenvolve a partir de Charles Pace, conhecido nos primeiros círculos Wicca como Hamar'at. Pace, nascido em 1920, foi un colaborador contemporâneo de Gerald Gardner, que o conheceu através de alguns círculos ocultistas de hermetismo egípcio a que ambos pertenciam. Pace ficou conhecido nos anos setenta como um Sacerdote de Seth e de Anubis, e logo se converteu em um sumo-sacerdote do Conven de Gerald Gardner no sul de Londres. Charles elaborou dois manuscritos que são conhecidos de suas leituras e ensinamentos, manuscritos que se baseiam em seu próprio Culto Setianico das Máscaras. Pace oferecia um aspecto luciferiano da Wicca que produzia um verdadeiro terreno iniciático, em vez de uma doutrina religiosa dogmática e estática.
"Necrominion" e "The Book of Tahuti" foram os dois manuscritos de Pace, redigidos no final dos anos sessenta e início dos anos setenta. Necrominion se baseia no Culto Setianico das Máscaras, um ornamentado rito de Magia Sexual conhecido como Ankh-Ka, o Beijo Quintuplo, e material sobre o Tarot Hermético, que oferece atributos distintos ao sistema coerente das cartas de Thoth de Aleister Crowley.
The Book of Tahuti foi dedicado a "Austin Ozman Spare" e está baseado no Tarot Hermético. Muitas das imagens são bonitas e impressionantes. O manuscrito inclui o Triplo Círculo Hermético de Hamar'at, que foi incorporado no Coven Nachttoter e em meu próprio trabalho mágico. Apresenta a Ankh Ka Djed, que é uma tripla forma de auto-fortalecimento e que apresenta resultados similares ao do Ritual do Não-Nascido. O Círculo é reproduzido, com novos atributos baseados em meu próprio trabalho, no Luciferian Witchcraft.
Charles Pace foi um agente funerário da Escócia, e foi consultado por Jimmy Page quando redecorou a Casa de Boleskine, pintando muitos murais em torno da mansão. Pace teve problemas com os seguidores da Wicca e com a imprensa britânica nos anos setenta, por vários motivos. Também Anton Szandor LaVey se correspondia com Pace por volta de 1974.
Depois de receber cópias das imagens de Pace, meu próprio trabalho pareceu abrir-se para um novo sentido, descobrindo novos aspectos deste olvidado personagem. Ao receber essas imagens e o texto, convocamos uma reunião e discutimos sobre o manuscrito e como poderíamos desenvolvê-lo. Era uma linha clara e direta para a Gnosis Luciferiana e para os aspectos setianicos da auto-evolução.
A Essência Luciferiana está em si própria entrelaçada com o trabalho Setianico. É um instrumento de auto-deidificação e progresso, com um caminho mais firme e sério que algumas versões da Magia do Caos. A Senda Luciferiana é da Auto-Deidificação Luciferiana, onde Seth emerge como o Portador da Chama Negra. É o momento de semear uma nova forma mais desafiante e potente da Bruxaria, um retorno à Bruxaria Primordial que conta com as mais altas características do espírito setianico, ahrimanico ou luciferiano.