1. A Sepher Yetzirah confere tanto às Dez Sephiroth como às linhas que as unem o título de Caminhos; a com muita propriedade, pois os Caminhos são igualmente canais da influência divina; mas é comum, no trabalho prático, as linhas entre as Sephiroth serem consideradas apenas como Caminhos, a as Sephiroth como Esferas da Árvore. Esse é um dos muitos ardis e subterfúgios que encontramos no sistema cabalístico, pois, pensando que os Caminhos perfazem o total de trinta a dois, como se afirma na Sepher Yetzirah, não seríamos capazes de relacioná-los com as vinte a duas letras do alfabeto hebraico, que, com seu valor a suas correspondências numéricas, formam a chave dos Caminhos.
2. Um Caminho representa o equilíbrio entre as duas Sephiroth que une, a devemos estuda-lo à luz de nosso conhecimento dessas Sephiroth, se desejamos estudar-lhe o significado. Certos símbolos são também consignados aos Caminhos. São eles, como já observamos, as vinte a duas Letras do alfabeto hebraico; os signos do Zodíaco, os planetas a os elementos. Ora, há doze signos no Zodíaco, sete planetas a quatro elementos, perfazendo o total de vinte a três símbolos. Como se dispõem eles nos Vinte e Dois Caminhos? Aqui está outro ardil cabalístico que desorienta o não-iniciado. A resposta é muito simples, quando lhe conhecemos a chave. Sendo a nossa consciência do elemento da Terra, não precisamos do símbolo da Terra em nossos cálculos quando fazemos contato com o Invisível, de modo que o descartamos a nos encontramos com o jogo correto de correspondências. Malkuth é toda a Terra de que necessitamos para os propósitos práticos.
3. O terceiro grupo de símbolos que encontramos nos Caminhos são os vinte a dois trunfos a Arcanos Maiores do Tarô. Esses três grupos de símbolos a as cores das quatro escalas coloridas constituem o simbolismo maior; o simbolismo menor consiste nas inúmeras ramificações das correspondências que se espalham por todos os sistemas e planos.
4. A Árvore da Vida, a Astrologia e o Tarô não são três sistemas místicos, mas três aspectos de um mesmo sistema, a um é incompreensível sem os outros. Apenas quando estudamos a Astrologia relativamente à Árvore é que dispomos de um sistema filosófico. 0 mesmo se aplica ao sistema de adivinhação do Tarô, a este, com suas interpretações abrangentes, fornece a chave da Árvore em sua aplicação à vida humana.
S. A Astrologia é muito impalpável porque o astrólogo não-iniciado trabalha em apenas um plano; mas o astrólogo iniciado, tendo a Árvore como sua fundamentação, interpreta os quatro planos dos Quatros Mundos, e o efeito de Saturno, por exemplo, é muito diferente em Atziluth, onde é a Mãe Divina, Binah, do que o é em Assiah.
6. Todos os sistemas de adivinhações a todos os sistemas de Magia Prática podem fundamentar seus princípios a sua filosofa na Árvore; todo aquele que tenta utilizá-los sem essa chave é como a pessoa imprudente que tem uma farmacopéia de específicos medicinais a procura curar a si mesma e aos seus amigos de acordo com as descrições dadas na bula, onde a dor lombar inclui todas as doenças que não causam dor na parte frontal do corpo. 0 iniciado que conhece essa Árvore é como o médico-cientista que compreende os princípios da fisiologia a da química das drogas, a as prescreve adequadamente.
7. Vários métodos para utilizar as cartas do Tarô foram elaborados a partir de fontes originais. Em seu pequeno livro, Lhe Key to lhe Tarot [A chave do Tarô], A. E. Waite fornece os métodos principais, mas abstém-se de indicar qual, em sua opinião, é o correto. Em sua valiosa tabulação do simbolismo esotérico, 777, Crowley não é tão reticente, a dá o sistema tal como é conhecido entre os iniciados. Esse é o método que me proponho a seguir nestas páginas, pois acredito que ele é correto, visto que as correspondências se ajustam sem discrepâncias, o que não ocorre em outros sistemas.
8. De acordo com esse método., os quatro naipes do Tarô são atribuídos aos Quatro Mundos dos cabalistas a aos quatro elementos dos alquimistas. 0 naipe de Paus é atribuído a Atziluth a ao Fogo. 0 naipe de Copas, a Briah e à Água. 0 naipe de Espadas, a Yetzirah a ao Ar. 0 naipe de Ouros, a Assiah e à Terra.
9. Os quatro ases são atribuídos a Kether, a primeira Sephirah; os quatro dois, a Chokmah, a segunda Sephirah; a assim sucessivamente, os quatro dez correspondendo a Malkuth. Observamos, desse modo, que as cartas dos quatro naipes do Tarô representam a ação das forças divinas em cada Esfera a em cada nível da natureza. Do mesmo modo, se conhecemos o significado das cartas do Tarô, compreendemos melhor a natureza dos Caminhos a das Esferas aos quais elas são referidas. Ambos os sistemas, o Tarô e a Árvore, por serem de antiguidade imemorial, mergulham suas origens nas trevas das idades, a uma enorme massa de correspondências simbólicas se acumulou em tomo de ambos. 0 ocultista prático que trabalha com a Árvore se abastece nesse estoque de associações, vivificando os símbolos no Astral por meio de suas operações. A Árvore a suas chaves são infinitas em sua adaptabilidade.
10. As quatro cartas reais do Tarô chamam-se, nos baralhos modernos, Rei, Dama, Valete a Coringa; mas, nos baralhos tradicionais, são elas, de acordo com Crowley, dispostas a simbolizadas de maneira diferente. 0 Rei, por ser uma figura a cavalo, indica a ação rápida de Yod do Tetragrammaton na Esfera do naipe, correspondendo, assim, ao Coringa do baralho moderno. A Rainha, como nos baralhos modernos, é uma figura sentada, representando as forças imóveis do Hé do Tetragrammaton; o Príncipe do Tarô esotérico é uma figura sentada, correspondendo ao Vau do Tetragrammaton; e a Princesa, o Valete dos baralhos modernos, corresponde ao Hé final do Nome Sagrado.
11. Os vinte a dois Arcanos Maiores são dispostos de várias maneiras, de acordo com o sistema seguido pelas autoridades; o Sr. Waite selecionou, em seu livro, algumas dessas disposições, mas em nosso sistema seguiremos a ordem adotada por Crowley, pelas razões já aduzidas.
12. Nestas páginas, proponho-me a apresentar a Árvore da Vida filosófica, comunicando as instruções práticas necessárias para a sua utilização nas atividades meditativas. Não apresentarei, porém, a Cabala Prática, que é utilizada para propósitos mágicos; esse aspecto da Cabala só pode ser aprendido a praticado convenientemente a em segurança num Templo dos Mistérios. Devemos fazer referência à Cabala Prática, contudo, a fim de tornar alguns dos conceitos inteligíveis. Aqueles que possuem legitimamente essas chaves não precisam temer que eu as revele nestas páginas ao não-iniciado, pois estou bem a par das conseqüências que enfrentaria se o fizesse.
13. Se, graças às informações dadas aqui, a como resultado da persistência nos métodos descritos, alguém é capaz de operar por si mesmo as chaves da Cabala Prática, como bem pode ocorrer, poderá alguém objetar-lhe esse direito?
14. A Árvore apresenta um incalculável valor como um hieróglifo meditativo, totalmente à parte de sua utilização na Magia. Graças às meditações, tais como a descrita em meu relato de minhas próprias experiências no Trigésimo Segundo Caminho, podemos equilibrar o elemento belicoso na nossa própria natureza a contrabalança-lo harmoniosamente. Podemos também entrar em relação simpática com os diferentes aspectos da Natureza que esses símbolos representam quando se aplicam ao Macrocosmo, mesmo se não dermos a essas forças uma forma definida na Magia Talismânica. A informação que se obtém do estudo de nosso próprio horóscopo não deve ser aceita passivamente como um decreto do destino contra o qual não há apelação. Deveríamos compreender que a Magia Talismânica, método menos concentrado de meditação sobre a Árvore, deveria ser utilizada para compensar todas as forças em desequilíbrio no horóscopo a colocá-las em equilíbrio. A Magia Talismânica é para a Astrologia o que é a terapêutica para o diagnóstico médico.
15. Não me é possível comunicar aqui quaisquer das fórmulas da Magia Prática; antes de podermos utilizá-las, precisamos ter recebido os graus de iniciação a que correspondem. Sem esses graus, o estudante se assemelharia à pessoa que tenta diagnosticar a tratar sua própria enfermidade após a leitura de um manual médico. 0 humorista Jerome K. Jerome conta-nos o que acontece em tal caso. 0 infeliz imagina que tem todas as doenças lá descritas, salvo as do parto, a não consegue descobrir o tratamento apropriado, pois tudo que imagina é contra-indicado.
16. As iniciações rituais dos Mistérios Maiores da Tradição Esotérica ocidental baseiam-se nos princípios da Árvore da Vida. Cada grau corresponde a uma Sephirah a confere, ou deveria conferir, se a ordem que as manipula é digna do nome, os poderes dessa Esfera da natureza. Assim como ela abre os Caminhos que conduzem a essa Sephirah, também o iniciado se diz ser Senhor do Trigésimo Segundo Caminho quando toma a iniciação que corresponde a Yesod, ou Senhor do Vigésimo Quarto, do Vigésimo Quinto ou do Vigésimo Sexto Caminhos, quando toma a iniciação correspondente a Tiphareth, que o converte num iniciado perfeito. Os graus superiores acham-se mais adiante.
17. 0 objetivo de cada grau de iniciação dos Mistérios Maiores é introduzir o candidato na Esfera de cada Sephirah ordenadamente, ascendendo de Malkuth até a Árvore. As instruções dadas em cada grau concernem ao simbolismo a às forças da Esfera à qual se refere a aos Caminhos que a equilibram. 0 signo e a palavra do grau são utilizados quando trilhamos esses Caminhos na visão espiritual ou quando nos elevamos até eles no plano astral. Conseqüentemente, o iniciado é capaz de mover-se com certeza a segurança em qualquer esfera do invisível que queira penetrar, a impedir todos os seres que encontre a todas as visões que veja, pois ele sabe que as cores dos Caminhos existem nas quatro escalas, a ele testa sua visão por essas cores. Se trabalha no Trigésimo Segundo Caminho de Saturno, cujas cores se situam todas nos matizes sombrios do índigo, do azul-escuro a do negro, ele sabe que algo estará errado se uma figura vestida de escarlate se apresentar. Ou essa figura é ilusória ou ele se desviou do Caminho.
18. Para projetar o corpo astral ao longo do Caminho é necessário, por muitas razões, possuir os graus de iniciação ao qual o Caminho corres. ponde; em primeiro lugar, porque, não tendo alguém recebido o grau, os guardiões dos Caminhos não o conhecerão, portando-se, em conseqüência, antes como inimigos do que como benfeitores, a tudo farão para faze-lo voltar. Em segundo lugar, porque, mesmo que conseguisse ele forçar passagem pelos guardiães, não teria os meios de controlar a visão ou saber se está dentro ou fora do Caminho, a há muitos seres na Esfera inferior que se comprazem em aproveitar da ignorância atrevida.
19. Essas considerações, contudo, não visam desencorajar ninguém que deseja meditar nos Caminhos a nas Esferas na maneira que descrevi; e, no curso de suas meditações, ele pode, assim, entrar no espírito do Caminho para que seu guardião venha até ele a lhe dê boas-vindas. Ele se terá literalmente iniciado a si próprio, a ninguém pode negar-lhe esse direito.
20. A Árvore, considerada do ponto de vista iniciático, é o vínculo entre o Microcosmo, que é o homem, e o Macrocosmo, que é o Deus manifesto na Natureza. Um ritual de iniciação é o ato de unir a Sephirah microcósmica, o chakra, com a Sephirah macrocósmica; é a introdução de um candidato numa Esfera por aqueles que já estão lá. Estes constroem uma representação simbólica da Esfera no plano físico, utilizando a mobília do templo; eles o fazem formulando uma réplica astral da Sephirah por meio da imaginação concentrada; e, por meio da invocação, eles chamam para esse templo mental as forças da Esfera da Sephirah com que estão operando.
21. Essas forças estimulam os chakras correspondentes do iniciado e lhe despertam as atividades na aura. 0 processo de auto-iniciação por meio das meditações que descrevi é mais lento do que os processos da iniciação ritual, mas será seguro o bastante se a pessoa adequada neles perseverar, mas não se pode ensinar uma medusa a cantar alimentado-a com alpiste.