sexta-feira, 1 de julho de 2016

O Valor da Tradição Gary L. Stewart


Em que o Rosacrucianismo contribuiu para a sociedade e subseqüentemente para a humanidade? Em que o Rosacrucianismo está contribuindo agora?

Perguntas como estas são freqüentemente feitas tanto por membros como por não membros de nossa Ordem que estão seriamente tentando estimar o valor de nossa organização no mundo de hoje. Mas antes que possamos adequadamente responder tais perguntas, devemos compreender a perspectiva a partir da qual elas são feitas. Isto é, devemos compreender as razões para tais perguntas.

Bastante freqüentemente tais perguntas estão baseadas em uma preocupação material. Em outras palavras, espera-se que resposta buscada inclua informação relativa à evidência tangível do estabelecimento de nossa organização da mesma maneira que as empresas freqüentemente estabelecem filiais que produzirão bens e empregos para uma dada sociedade.

É aparente, contudo, que a natureza do Rosacrucianismo é tal que não podemos sempre dar o mesmo tipo de resposta que uma empresa pode dar. Devemos compreender que nossa Ordem é uma organização cultural, educacional e mística dedicada ao progresso da humanidade através da iluminação do indivíduo.

Portanto, nossas respostas a tais perguntas aparentemente simples em muito ultrapassam a simplicidade de sua natureza, porque nossas respostas devem necessariamente derivar de nosso mais elevado idealismo, de nosso misticismo, e da essência que ele representa. Além disso, tais respostas devem necessariamente estar ancoradas no compromisso, dedicação e sinceridade de nossos membros de acordo com sua compreensão dos ideais de nossos ensinamentos.

Talvez a melhor maneira de compreender a verdadeira essência de nossas contribuições seja compreender nossa tradição. Somos uma Ordem tradicional. À primeira vista, a importância desta afirmação pode ser negligenciada por algumas pessoas, pois o valor da tradição é freqüentemente mal-compreendido.

Não obstante, ela possui um profundo significado místico e filosófico. O problema em compreender a importância de tal afirmação poderia se encontrar na crença de que a tradição é antiquada, limitadora e restritiva ao crescimento criativo em que se considera que ela é conducente à criação de crenças dogmáticas.

Isto pode bem ser verdade de qualquer tradição se ela se tornar estagnada em seu modo de operação. Contudo, o verdadeiro propósito e intento de qualquer tradição é perpetuar e preservar uma herança cultural e sua sabedoria inerente através das eras, de forma a torná-la disponível para todas as pessoas.

A partir desta afirmação, podemos prontamente ver que a tradição não é algo em si, mas deve necessariamente estar relacionada a uma fonte de um intento mais profundo. A tradição, então, torna-se uma condição que não é nem restritiva nem criativa, mas antes, um instrumento ou um meio que assume o atributo da neutralidade.

Em outras palavras, ela se tornará somente o que representa. A tradição muitíssimo adequadamente representa uma herança cultural. A cultura, em si, não pode nunca ser restritiva ou dogmática, uma vez que a herança cultural é a base e a força de qualquer sociedade em particular.

Em outras palavras, qualquer sociedade que exista hoje, e mesmo a humanidade em geral, está construída sobre fundações assentadas no passado. Se tais fundações são ou não consideradas limitadoras ou criativas dependerá de como tais fundações são compreendidas ou interpretadas pelo indivíduo.

Quais são, então, os atributos da cultura? A cultura representa as crenças e os esforços das pessoas que constituem uma sociedade. Inerentes a estas crenças são encontradas uma filosofia, uma arte, uma música e uma sabedoria arcana que são tradicionalmente passadas de uma geração para a próxima e por meio disto preservadas como uma fonte ou uma base para aquela sociedade específica.

Podemos também observar o aparecimento de qualidades degenerativas que assumem um aspecto negativo. Mas se ficarmos fora daquela sociedade e observarmos como ela progride, constataremos um fator crucial, a saber: que todos os aspectos de qualidades generativas e degenerativas são essenciais na produção de mudanças e de adaptação a novas situações para cada geração sucessiva.

Se olharmos para estas qualidades “negativas” a partir desta perspectiva, e as vermos como sendo às vezes elementos necessários para iniciar uma mudança e um crescimento, podemos alterar nossa perspectiva de uma perspectiva que seja negativa, para uma que seja positiva. Com uma perspectiva positiva, torna-se mais fácil reconhecermos um elemento distintivo que permeia e sobrevive a todas as mudanças e que identifica uma sociedade específica. Esse elemento é o que chamamos de costume ou tradição.

Se nos tornarmos ainda mais objetivos em nossa avaliação e observarmos não uma sociedade, mas todas as sociedades ou a humanidade como um todo, poderemos nos surpreender com o que descobriremos. Descobriremos um denominador comum unificador que une toda a humanidade — e uma vez mais, a cultura e a tradição. Diferentes culturas e tradições modificaram, adaptaram, alteraram e infundiram todas as sociedades.

Em casos extremos, quando uma sociedade e uma cultura específicas foram conquistadas por uma outra, logo torna-se evidente que a cultura nativa também altera e modifica a nova cultura — talvez muito lenta e sutilmente, mas não obstante ela a altera.

Como resultado, com o correr do tempo, cada sociedade sucessiva cresceu e evoluiu porque a verdadeira essência, a sabedoria, a verdadeira base de toda humanidade a tudo permeia e permanece criativa em potencial. Este elemento criativo nunca pode realmente ser destruído. É a partir desta condição favorável que podemos perceber o verdadeiro valor criativo da tradição. As verdadeiras tradições não são ações, elas são a essência que une todas as pessoas embora sejam expressas de muitas diferentes maneiras.

Em que então o Rosacrucianismo tem contribuído para a sociedade? Se percebermos que nossa tradição está baseada na tolerância, na compreensão, na instrução e na elevação de toda humanidade, perceberemos que nossa tradição é o potencial criativo unificador que é a essência de toda tradição e de todas as culturas. Isto é, nossa tradição perpetua a própria essência do potencial cósmico e humano que é conhecido como sabedoria arcana.

Reconhecemos o cordel comum que une toda a humanidade em uma unidade — um fator que foi percebido por nossos fundadores tradicionais milhares de anos atrás e que ainda hoje é preservado em nossa filosofia mística, rituais e atitude. De fato, não seríamos Rosa-Cruzes se não fosse pela preservação de nossa tradição. Pela percepção de que todas as culturas e sociedades possuem as mesmas bases, buscamos então preservar e perpetuar aqueles aspectos dos costumes que representam os mais elevados ideais da Verdade e do aperfeiçoamento de todos.

Fazemos isto não suplantando uma dada cultura por outra, mas encorajando seu crescimento e seu desenvolvimento a partir de dentro por meio de nossos membros em cada sociedade, que são ensinados a expressar a verdade e a compreensão ao máximo de sua habilidade e a trabalhar com a estrutura de cada sociedade. Encorajamos uma preservação e um crescimento da sociedade exemplificando o elo comum, a irmandade comum.
     
O Rosacrucianismo existe na maioria das sociedades e das culturas do mundo. Nossos ensinamentos descrevem as leis e os princípios fundamentais da essência que a tudo permeia que chamamos de Cósmico, e são planejados para auxiliar nossos estudantes em sua descoberta da verdade. Não forçamos as pessoas a acreditar ou lhes dizemos em que acreditar, mas, antes, as encorajamos a desenvolver suas próprias crenças.

O que nossa Ordem contribui para a sociedade é relativo a como nossos membros reagem aos nossos ensinamentos. Em algumas sociedades, encontraremos o estabelecimento de museus e de centros culturais que são para o benefício de todas as pessoas. Encontraremos nossa Ordem auxiliando qualquer pessoa que esteja em necessidade. Mas, mais importante, nossa Ordem contribui para a cultura, para a educação e com serviço para toda a humanidade.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...