sexta-feira, 1 de julho de 2016

O Ágape Maçônico


A Maçonaria Moderna herdou do judaico-cristianismo a tradição do ágape a que chama banquete, vulgarizada durante as campanhas napoleónicas. No seu sentido mais puro, tem-se o ágape nos Festejos Populares do Império do Divino Espírito Santo, de origem portuguesa e que foram celebrados em S. Miguel de Alfama e em S. Sebastião da Pedreira, todos se sentando sem distinção social à mesma mesa do bodo, após a Missa, onde tem lugar a Liturgia da Palavra (pela leitura do Evangelho de São João e dos Actos dos Apóstolos) e a Liturgia Eucaristica, sendo depois o bodo já uma espécie de Rito de Conclusão.

Ágape é termo grego significando Festa de Amor. Os cristãos primitivos celebravam essa festa como prova de simpatia, amor e benevolência mútuos. Esses banquetes de caridade foram instituídos em Roma por S. Clemente, reinando Domiciano (século I), tradição que herdou directamente dos Mistérios do deus solar Mitra e que o Cristianismo adaptou para si, justificando-a com o episódio da Última Ceia de Jesus Cristo.

Tais banquetes fraternais eram celebrados pelos cristãos primitivos antes da comunhão eucarística, e compunham-se não só de pão e vinho mas de manjares de vários tipos, sendo presididos pelos próprios Apóstolos e, mais tarde, pelos bispos e sacerdotes. A partir do século III foram introduzidos nos ágapes abusos escandalosos de cariz orgíaco, a ponto de a Igreja suprimir tais festas onde não houvesse a observância de um bispo presente com provas dadas de continência, prudência e saber.
A constituição hierárquica do Cristianismo Primitivo e as suas tradições foram no século XVIII aproveitadas pela tradição maçónica, inclusive o ágape ritual, nisto estando a relação directa com as comidas ou banquetes nas Lojas franco-maçónicas. Contudo, foram retirados de cena o “santo beijo” e as mulheres, passando os banquetes a serem mais festas “da bebida” que “do amor”.