quarta-feira, 27 de outubro de 2021

O Sangue Menstrual e Seus Mistérios

Para todas as mulheres em idade fértil a fase menstrual é um período de grande intuição, criatividade e inspiração, o ápice do poder feminino. A palavra “menstruação” tem origem na raiz grega “men” que significa mês, e “menus”, que significa ao mesmo tempo lua e poder. Nessa fase  as mulheres ficam mais conectadas as energias astrais e aquilo que Jung chamava de inconsciente coletivo.

Embora se encontrem diversos tabus que tratem o sangue menstrual como algo impuro, nem sempre foi assim. Muitas culturas antigas acreditavam que a Lua  menstruava e que era um símbolo apropriado para a Grande Deusa Mãe. 

A  evolução do ciclo lunar de vinte e nove dias e meio aproximadamente, tal como o ciclo menstrual das mulheres, podia ser associado as Três Faces da Deusa como Jovem, Mãe e Anciã. Na fase da Lua Crescente a Deusa é jovem e cheia de vigor, já na Lua Cheia a Deusa é Mãe, e na Lua Minguante torna-se a Anciã. A Lua Negra (Lua Nova) corresponde à transformação da Deusa, a sua transição, a passagem pelo mundo dos mortos, para que depois reencarne e renasça como Jovem novamente.

Em tempos remotos o sangue menstrual era utilizado para fertilizar o solo para que seus nutrientes fossem absorvidos pelas plantas. Era desta forma, que as Antigas Sacerdotisas realizavam sua comunhão com Deusa, retribuindo seu sacrifício, que foi dar origem a vida infundindo seu sangue sobre terra. 

Também o sacramento com a ingestão do sangue era antes relacionado ao sangue menstrual da Deusa, por vezes chamado de Leite da Deusa Mãe, que conferia o poder da imortalidade.  No Egito antigo o leite de Ísis era muito utilizado nas procissões. Sua cor era rosada, que remete ao sangue menstrual, carregado dentro de um vaso com forma de vulva, às vezes derramado na terra para torna-la fértil e era famoso por seus poderes curativos. 

Eles também tinham a deusa Sekhmet, a Leoa Escarlate, a deusa da guerra e ligada ao ciclo menstrual das mulheres. Sekhmet é a guerreira sem medo, capaz de destruir e espalhar os flagelos, deusa selvagem e terrificante mas que, paradoxalmente, sua energia sanguínea pode curar os doentes assim como destruir os inimigos do Estado. A estátua de Sekhmet protegia as entradas dos templos egípcios e seu culto contribui para a manutenção da ordem cósmica.

Assim para as sacerdotisas que realizam trabalhos magísticos o sangue menstrual (sabiamente utilizado) pode ser fonte de enorme poder de cura assim como de precipitação (materialização) de suas magias.