sexta-feira, 19 de março de 2021

Judaísmo Chassídico


O judaísmo chassídico, chassidismo, judaísmo hassídico ou hassidismo (do hebraico חסידים, Chasidut para os sefardim; Chasidus para os asquenazes: "piedosos" ou "devotos") é um movimento surgido no interior do judaísmo ortodoxo que promove a espiritualidade, através da popularização e internalização do misticismo judaico, como um aspecto fundamental da fé judaica. Essa vertente não deixou de existir ao longo de praticamente toda a história judaica. Hoje, no entanto, o uso do termo "chassidismo" ou "hassidismo" que é aplicado se restringe à tendência desenvolvida na primeira metade do século XVIII, na Europa Oriental - com o rabino Israel Ben Eliezer, mais conhecido como Baal Shem Tov - em reação ao judaísmo legalista ou talmúdico, mais intelectualizado.


Atribuem-se ao Baal Shem Tov o poder da cura e vários milagres, sobretudo no confronto com espíritos malignos, os quais ele teria vencido usando como arma a fé e a alegria de viver. O rabino ia de aldeia em aldeia levando o alívio aos doentes e divulgando seus ensinamentos. Afinal reuniu seus seguidores em torno de um corpo doutrinário sistematizado, constituindo o hassidismo como uma disciplina de natureza religiosa.


O elemento central do hassidismo é a devekut, isto é, a união mística com Deus - uma metodologia espiritual que tem como meta libertar o ser humano dos reveses da vida terrena. Seus discípulos pregam que o Homem tem o poder de se desligar dos bens materiais e de tudo o que está relacionado ao mundo, por meio da prece meditativa, o daven, o qual pode conectar o indivíduo a Deus. O Baal Shem Tov admite a Shekhiná, ou seja, a presença divina em cada vida, como uma prova da compaixão divina pelo ser humano e por todas as suas criaturas.


Por outro lado, uma das lideranças mais significativas do hassidismo no século XIX, Menahem Mendel de Kotzk, representa a polaridade oposta, pois destaca a revolta diante das imperfeições do Homem e de seus sofrimentos. Sua ira o conduz ao conceito do tikun olam, a redenção do Cosmos.


As ideias opostas destes dois ícones do movimento hassídico imprimem nesta corrente a piedade alegre e compadecida, de um lado, e a busca implacável da justiça austera, do outro. O hassid, seguidor dessa esfera mística, está constantemente imbuído da presença do Criador, pois se encontra quase sempre em estado de meditação, a qual não traz em si apenas os típicos lamentos judeus, mas igualmente as melodias que se repetem por um longo tempo e a coreografia hassídica.


A comunidade judaica se beneficiou amplamente do hassidismo, uma vez que ele provocou uma reestruturação extrema da sociedade judaica, reforçando o senso comunitário com base no conceito de uma vivência mística na vida cotidiana. A doutrina hassídica é um tanto complexa, pois se fundamenta no panenteísmo, segundo o qual Deus é a existência de fato, a essência de tudo que há. Em sua versão mais radical, afirma que nada existe a não ser o Criador, e tudo o mais é ilusão.


Não se deve confundir o panenteísmo com o panteísmo, movimento que prega a imanência divina ao Universo e à natureza. Na concepção panenteísta, Deus se revela em cada evento universal, constituindo a realidade última, a única existência consistente. O mundo estaria encoberto por um manto que, uma vez removido, manifestaria tão somente a presença do Criador. Assim sendo, Ele está no interior de cada ser, mas também transcende a criatura, a qual nada mais seria que uma dissimulação do Ser Divino. Portanto, a Divindade atua como uma conexão entre todos os seres, os quais estão interligados em uma alteridade consagrada.


Desta forma, todos podem ser recuperados e alteados, aprimorados de tal forma que podem, assim, voltar ao seio divino. Cada indivíduo tem como papel principal na existência promover esse resgate do outro. Eis porque o hassid não acredita no mal e o vê apenas como uma máscara deturpada do que ainda não foi salvo.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...