sábado, 10 de outubro de 2020

Filhos do Fogo



Senhor da Sombra da Morte, ouça os teus filhos, aqueles que carregam a tua marca do exílio, nós que temos a Chama Negra ardendo dentro de nosso ser, incinerando toda essa fraqueza chamada humanidade! Nós que caminhamos nos teus passos, nas encruzilhadas da vida e da morte, te invocamos!

Ó Qayin, o Portador da Foice Sangrenta! Tua presença imponente se eleva entre os espinhos negros que pingam com sangue e veneno, pela estrada de cadáveres que nós caminhamos em teu nome, empunhando nas mãos as lâminas amaldiçoadas que cortam impiedosamente o caminho adiante: a carne de nossos inimigos! A fraca raça do cordeiro cai enquanto tingimos nossas armas de vermelho, para a glória do Senhor da Morte!

No fogo abrasador, as sombras obscuras das hostes que habitam dentro do verde ceifado em teu nome, se libertam em êxtase, e essa fumaça se eleva carregando consigo as nossas orações, até romperem as barreiras entre os mundos, para que o nosso Mestre da Morte Sinistra nos ouça!

Das covas escuras e frias onde jazem nossos inimigos: a nossa humanidade morta, o ego da argila transformado em lama sob nossos pés, e o aroma de sua putrefação é o atestado de nossa vitória! O sibilar da Serpente que habita no Outro Lado ecoa somente nos ouvidos que podem ouvir, e a semente da Morte foi plantada e coberta com a terra negra, a alquimia do Diabo se inicia, morte, destruição, putrefação, renascimento, ascensão!

Nós que também somos da semente da Serpente, em teus passos rasgaremos os véus da falsa criação e toda a ilusão cairá. Nós traremos a Morte Sinistra, e mudaremos os destinos a que fomos acorrentados, rompendo as prisões através da transgressão de todas as leis cósmicas!

Sob a égide da foice e da Cruz Negra, a Árvore da Morte é nutrida com os rios de sangue que correm ao inverso, rumo a sua origem forasteira: a Morte, a Passagem, a Verdadeira Comunhão com o Vazio – o nosso verdadeiro Deus!

Ó Qayin, aquele que abre todos os caminhos, as chaves de ossos destrancam os portais do Abismo para que a morte circule com os vivos e os vivos circulem com os mortos, desde a primeira tumba até a última, os galhos negros da árvore sinistra se esparramam, enquanto suas raízes atingem as chamas do inferno. Girando no sentido contrário movimentamos as correntes sinistras que regem o abismo, nós invocamos as forças obscuras da morte: adentrem nesse mundo maldito, venham! Venham e rasguem e dilacerem, permita que a Luz do Outro Lado entre, e que as chamas de sua terceira coroação queimem o mundo!