sábado, 10 de outubro de 2020

Apoteose Luciférica

Eu sigo pelo caminho da desolação, sigo o caminho dos ossos, eu não preciso do meu próprio perdão, a minha estrada é construída pelos corpos daqueles que morreram pelo meu sonho.
A minha coroa e decorada por carne, sangue e ossos, eu não devo me lamentar por isso.
A maior gloria deve ser alcançada pelo sacrifício de uma multidão de sonhos, eu não careço de perdão.
Eu caminharei sobre os sonhos e pegarei a minha coroa, com a carne deles farei a minha ponte para atravessar este abismo.
Com seus ossos farei a minha jangada para atravessar as aguas da morte.
Ò rainha dos condenados estou fadado a seguir meu caminho sem remorso, olhando nas aguas amargas os sonhos submersos e vencidos, fadados ao esquecimento.
: Quem foram eles?
Foram a água pela qual naveguei.
: Quem foram eles?
Foram a ponte da minha gloria.
Este é o caminho do incauto, enganado pelas ilusões e inebriado pelas formas ilusórias, fadado a padecer e se tornar a escada por onde outro subirá. 
Eu não preciso de perdão!
Eu não preciso de compaixão!
Minha dor é minha, eu sei muito bem o preço e o carrego comigo como um silício que não me deixará esquecer , minha benção e minha maldição, uma maldita coroa de espinhos.
No lugar da caveira onde paira a cruz negra.
Marco meu pé três vezes neste solo, regado com sangue e dor.
Diante do altar da morte, os corvos pararam de comer os olhos dos cadáveres para observar.
Caminho ate o altar.
Eu estou condenado?
Deito-me sobre a pedra fria, e vejo toda minha jornada passar diante dos meus olhos, sinto a lâmina perfurar o meu peito como uma dor dilacerante, meu coração bate tão forte ate que a dor desaparece .
Eu vim de tão longe para morrer aqui?
E então, como um espectador, vejo a minha própria casca mortal sobre aquele altar e digo:
Maldito Seja!
Maldito Seja!
Maldito Seja!
Os corvos se aproximam um novo banquete lhes foi apresentado, uma voz me diz: vem!
Sou como um pensamento que vaga, entre as pilhas de corpos sem vida deixando para traz minha própria carne, sangue e ossos.
Uma grande escada a minha frente, e no cume dessa escada um grande sol negro!
A cada passo sinto como um golpe que fere a alma, a cada passo, uma dor grita dentro de mim como se fragmentasse minha alma.
Eu não vou parar!
A cada degrau sinto-me mais e mais leve.
Sinto como se a dor fosse um elixir amargo, o qual destrói minha alma e ao mesmo tempo, purifica-a.
Finalmente chego ao topo, onde vejo no sol negro minha própria imagem , ela esta aprisionada por grilhões, vou depressa libertar-me, entro naquela passagem que é como um corredor e nas paredes, vejo todos meus desejos, vejo todas as minhas ambições e vícios, que brotam como mãos, que me seguram, tentando impedir que eu chegue ao meu eu aprisionado.
Eu sigo com toda a minha vontade, eu grito, e em um ultimo impulso dou tudo que tenho, deixando para trás um ultimo fragmento de mim, e encontrando a mim mesmo sem grilhões, abraço o meu eu, que arde, como um fogo sem reflexo.
Isto é agora minha gloria e minha coroa, sou agora meu trono e meu reino, eu sou meu próprio galardão.
Eu sou o que sinto, eu sou este momento, eu sou meu templo, sou minha casa, Eu sou meu próprio Deus meu referente, sou imaculado por minha própria luz, coroado por mim mesmo.  

 

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...