Khajuraho (hindi: खजुराहो, Khajurāho) é uma pequena cidade no estado de Madhya Pradesh, a cerca de 620 km a sudoeste de Deli, capital da Índia. Segundo o censo de 2001, a população era de 7665 habitantes. O termo Khajuraho poderá derivar da palavra Hindi khajur que significa Tamareira.
História
Khajuraho é hoje um dos mais populares destinos turísticos na Índia, provavelmente pela presença do maior grupo de templos Hindus medievais, famosos pelas suas esculturas eróticas, onde serviu de capital religiosa à dinastia Hindu Rajput dos Chandelas, que controlou esta parte da Índia entre o século X e o século XII os quais seriam seguidores do culto tântrico.
O conjunto de templos foi construído ao longo de cem anos, desde o ano 950 até ao ano 1050, dotado de uma área central protegida por uma muralha com oito portões, cada um dos quais com duas palmeiras de ouro. Na época áurea da cidade, contavam-se mais de 80 templos Hindus, dos quais apenas 22 se encontram em estado razoável de conservação, espalhados numa área de cerca de 21 km².
São um exemplo da ligação entre a religião e o erotismo, sendo excelentes demonstrações dos estilos arquitectónicos da Índia que ganharam popularidade devido à representação lascíva de alguns aspectos da forma de vida tradicional durante a época medieval naquela região. Viriam a ser redescobertos somente durante o século XX, tendo sofrido bastante com o crescimento das selvas circundantes que causaram prejuízos a alguns dos monumentos. O declínio económico e financeiro dos Chandelas Rajputs é tido como a razão principal para o abandono do local como centro de culto e vida social, sendo por isso a principal causa da deterioração provocada pela acção dos elementos da natureza aos monumentos.
O conjunto de monumentos foi classificado pela UNESCO como Património Mundial.
Arquitectura
Os templos de Khajuraho, construídos através de superestruturas em espiral, enquadram-se no estilo Shikhara dos templos do norte da Índia e por vezes à planta ou esquema Panchayatana.
Alguns templos são dedicados ao panteão Jain sendo os restantes dedicados a divindades Hindus - destacando a Trindade Brahma, Vishnu e Shiva, e a várias outras formas Devas. Os templos Panchayatana eram dotados de quatro salas de culto nos quatro cantos e uma sala principal no centro do pódio que consistia a sua base. Os templos eram agrupados em três divisões geográficas: oriental, ocidental e sul.
Arranjos paisagisticos
Os templos de Khajuraho encontram-se agora numa vasta área de paisagem bastante cuidada através de campos verdejantes, embora em 1947, quando se deu a independência da Índia por parte da Grã-Bretanha ali existisse uma paisagem dominada por selvas e grande profusão de arbustos.
Actualmente, a estação arqueológica tem características semelhantes às de um parque público inglês, com relvados, roseiras e árvores de jardim, o que é apreciado por alguns dos turistas, mas que, na opinião de alguns críticos, não tem qualquer tipo de relação com a paisagem histórica existente na altura em que os templos foram construídos.
O desenvolvimento da arqueologia paisagísta como uma disciplina académica levanta questões no que respeita à paisagem da arqueologia de Khajuraho e a relação original entre o complexo de templos e a área envolvente. Não existem registos sobre como terá sido a paisagem original mas sabe-se que uma vasta comunidade de sacerdotes usaram o complexo de templos e que os jardins indianos no século X eram prodominantemente jardins de árvores. Não havia relvados ou culturas de plantas erbáceas ou flores.
Esculturas eróticas
Algumas correntes de opinião mais críticas catalogam os templos de Khajuraho como uma forma de expressão do Hinduísmo ligada ao nudismo ou o sexo, mas as correntes de opinião contrárias contrapõem, afirmando que na actualidade os templos não têm expressão religiosa existente, servindo apenas como meros monumentos.
A dinastia Hindu Rajput dos Chandelas, era seguidora do culto tântrico, segundo algumas opiniões, muitas vezes mal interpretado, que crê na gratificação dos desejos terrenos como um passo adiante para atingir a libertação total (e posteriormente o Nirvana).
Pensa-se que os segmentos filosóficos do tantrismo, como é o exemplo do "Mahanirvana Tantra" tenham sido completamente esquecidos após o abandono do local como forma de culto, o que pode explicar o porquê dos grupos têntricos terem desaparecido.
Curiosidades
Nenhum dos templos de Khajuraho contem temas relacionados com a sexualidade nas suas áreas interiores, estando a representação erótica presente apenas através das esculturas nas paredes exteriores de alguns templos. A razão para esta organização dos elementos eróticos estará ligada ao facto de que, o visitante crente que pretendia estar perto da divindade, deveria deixar os seus desejos sexuais fora do templo. Seria assim experimentada por parte do crente, uma pureza interior inerente à divindade com o qual se pretenderia manter contacto, mantendo igualmente a pureza de atman (ou da alma) para que não houvesse lugar a um estado de desejo ou tendências grosseiras, medo do destino, etc.
Os elementos eróticos estão presentes apenas em cerca de dez por cento de todas as esculturas, representando cenas de erotismo ou sexo entre figuras humanas e não entre divindades. As restantes esculturas representam situações da vida social da altura, como são os exemplos das esculturas que representam mulheres a colocar maquilhagem, músicos, oleiros, camponeses, etc. Todas estas representações estão fora das zonas sagradas dos templos, indicando que o visitante crente deveria tomar os Deuses como o ponto central da vida, mesmo quando existem assuntos normais da vida para tratar.
É um erro comum concluír que, uma vez que o complexo de Khajuraho é constituído por templos, estes representam práticas sexuais entre divindades.
Nos templos de Khajuraho, os idolos de Shiva, Nandi, Princesa Durga, representações de encarnações de Vishnu, etc. estão completamente vestidos.
Na Índia, não existem templos que contenham representações de idolos ou divindades em poses de nudismo ou em posisões eróticas.