sábado, 20 de maio de 2017

Dzogchen



De acordo com o Budismo Tibetano e Bön, Dzogchen (Tib.: Rdzogs chen; Sâns.: Mahāsaṅdhi ou Atiyoga) é o estado primordial ou condição natural, e também um corpo de ensinamentos e práticas meditativas com o objetivo de realizar tal condição. Dzogchen, ou "Grande Perfeição", é um ensinamento central da escola Nyingma também praticado por adeptos de outras escolas do Budismo Tibetano. Segundo a literatura Dzogchen, este é o mais alto e definitivo caminho rumo à iluminação.

Da perspectiva de Dzogchen, é dito que a natureza última de todos os seres sencientes é pura, abrangente, primordialmente límpida e naturalmente clara além do tempo. Esta clareza intrínseca não possui forma própria e ainda é capaz de perceber, experienciando, refletindo, ou expressando em toda a sua forma. A analogia que os mestres Dzogchen fazem é que a natureza de um ser é como um espelho que reflete com completa abertura mas não é afetado pelas imagens refletidas, ou como uma bola de cristal que reflete a cor do material em que é colocada sem, no entanto, ser alterada. A sabedoria que emerge ao reconhecer essa claridade semelhante ao espelho (que não pode ser encontrada pela busca ou identificada) é o que no Dzogchen se refere como rigpa.

Há um consenso bastante amplo em meio aos lamas das tradições Nyingma e Sarma que o fim do estado de Dzogchen e Mahamudra são o mesmo. Os ensinamentos Madhyamaka sobre a vacuidade são fundamentais e completamente compatíveis com as práticas de Dzogchen. A essência do Mahamudra é vista como sendo a mesma que o Dzogchen, exceto que o primeiro não inclui thödgal.

Nomenclatura e Etimologia

A palavra Dzogchen pode ser traduzida de variadas maneiras como Grande Perfeição, Grande Completude e Completude Total. Estes termos também transmitem a ideia de que a nossa natureza tem muitas qualidade que a tornam perfeita. Entre essas qualidades se encontram a indestrutibilidade, pureza incorruptível, abertura não-discriminativa, clareza perfeita, profunda simplicidade, presença que tudo permeia e igualdade entre todos os seres (por exemplo, a qualidade, quantidade e funcionalidade dessa consciência é exatamente a mesma em todos os seres do universo). Diz-se que as impressionantes qualidades pessoais do Buda plenamente iluminado são derivadas do fato de que ele estava totalmente alinhado com esta pré-existente natureza primordial. Descrições de um buda onisciente se referem à sua natureza última. O termo tibetano dzogchen às vezes é entendido como uma interpretação do sânscrito mahāsandhi, e também costuma ser usado para se referir ao termo sânscrito atiyoga (yoga primordial).

O termo dzogchen também designa a prática e o corpo de ensinamentos cujo objetivo é ajudar a reconhecer o estado de Dzogchen, adquirir confiança nisso e desenvolver a capacidade de manter este estado continuamente.

Em seu livro Mipham's beacon of certainty: illuminating the view of Dzogchen, the Great Perfection, John Pettit esclarece os vários usos e implicações do termo "Dzogchen" que muitas vezes são confundidos:

"Grande Perfeição" variadamente refere-se aos textos (āgama, lung) e instruções orais (upadeśa, man ngag) que indicam a natureza da sabedoria iluminada (rdzogs chen gyi gzhung dang man ngag), a convenção verbal desses textos (rdzogs chen gyi chos skad), os yogis que meditam de acordo com estes textos e instruções (rdzogs chen gyi rnal 'byor pa), um famoso monastério onde a Grande Perfeição foi praticada por monges e yogis (rdzogs chen dgon sde), e o sistema filosófico (siddhānta, grub mtha') ou visão (darśana, lta ba) da Grande Perfeição. —

Maha Ati

Maha Ati é um termo cunhado por Chögyam Trungpa, um mestre das linhagens Kagyu e Nyingma do Budismo Tibetano Vajrayana. Ele geralmente preferia introduzir aos seus alunos os termos em Sânscrito ao invés de Tibetano e sentia que "Maha Ati" era o equivalente mais próximo para "Dzogpa Chenpo", embora reconhecesse que era uma escolha pouco ortodoxa.

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