A meditação é uma prática que, através de um conjunto de técnicas, busca treinar a focalização da atenção. Sua origem é muito antiga, remontando às tradições orientais, especialmente a yoga e o budismo, mas o termo também se refere a práticas adotadas por algumas religiões, como o cristianismo, o judaísmo, o islamismo, o taoísmo e o xamanismo, entre outras.
A palavra meditar tem origem no latim mederi, que significa “tratar, curar, dar atenção médica a”. O termo em páli utilizado para referir-se a meditação é bhavana, que significa 'cultivo'
Definição
A definição de meditação pode variar de acordo com o contexto em que se encontra, variando de qual religião tem origem ou se é usada de maneira secular. Algumas distintas definições que normalmente são usadas para meditação são:
prática de focar a mente em um único objeto (por exemplo: em uma estátua religiosa, na própria respiração, em um mantra);
uma abertura mental para o divino, pedindo a orientação de um poder mais alto;
um estado que é vivenciado quando a mente se torna vazia e sem pensamentos;
contemplação da realidade e seus aspectos (como a impermanência, para os Budistas)
desenvolvimento de uma determinada qualidade mental, como energia, concentração, plena atenção, bondade, etc.
pensamento sustentado e aplicado em um tema
Ainda que algumas definições de 'meditação' usadas por diferentes religiões sejam bem diferentes e até mesmo contraditórias, é ponto comum que apontem para uma realidade interior e o desenvolvimento/compreensão desta realidade. A compreensão de o que é meditação deve ser feita sempre dentro do contexto em que é apresentada, da religião ou da escola que a apresenta, caso contrário as distintas explicações podem se tornar contraditórias.
Prática
A prática de meditação pode ter inúmeras variantes quanto à postura do corpo, objeto de meditação e objetivo da prática.
Objetivos
A meditação pode ser praticada por diversos motivos: desde o simples relaxamento até a busca pelo nirvana. Muitos praticantes da meditação têm relatado melhora na concentração, consciência, autodisciplina e equanimidade.
Objetos
Os objetos utilizados para o foco na meditação podem ser desde a chama de uma vela até a natureza do próprio corpo. Mantras são um objeto de meditação muito comum, como por exemplo os mantras utilizados no hinduísmo, e até mesmo a recitação do rosário na tradição cristã pode ser considerada uma forma de meditação com mantra.
Postura
A meditação pode ser realizada em todas as posturas, seja deitado, sentado, em pé ou andando variando pelo contexto onde é ensinada. A posição sentada é adotada normalmente por ser considerada a mais fácil, onde o corpo se encontra em repouso mas ainda alerta. A famosa 'Posição de lótus completo' (o pé esquerdo apoiado sobre a coxa direita e o pé direito apoiado sobre a coxa esquerda.) se difundiu muito como sinônimo de meditação por ser usada no ioga como uma posição ideal de meditação, onde mantém o corpo estável, sendo entretanto difícil de alcançar. Inúmeras posições de meditação podem ser usadas como de joelhos, meio-lótus, birmanesa, etc.
Para a meditação em pé existem métodos que vêm conquistando grande aceitação no ocidente, como a meditação feita em pé conhecida como zhan zhuang, que, devido a sua simplicidade e eficiência, é muito praticada na China e Europa. Ele é facilmente executado por pessoas com pouca flexibilidade e dificuldades nos joelhos e coluna, melhorando inclusive a postura. Facilmente praticada em qualquer local, é um excelente método procurado por muitos praticantes de artes marciais experientes ou mesmo iniciantes. Esta prática é muito efetiva na redução do estresse.
Na tradição budista theravada é comum encontrar prática da meditação andando, que é vista como uma postura onde se desenvolve concentração em movimento, energia para a mente e vitalidade para o corpo.
Duração
Normalmente não há um tempo mínimo preestabelecido. Pode-se iniciar com um período de poucos minutos e, conforme se aperfeiçoa, esse tempo pode aumentar até para horas, dias, ou em casos excepcionais, até meses, como foi o caso de Palden Dorje. É importante ressaltar que a frequência da prática também influencia muito os resultados.
Meditação cristã
A Meditação Cristã é uma forma de oração na qual é realizada uma tentativa estruturada de comunicar com, e apreender, as revelações de Deus. O termo meditação tem origem na palavra latina meditārī, a qual tem vários significados, incluindo reflexão, estudo e prática. A meditação cristã é um processo em que, de forma propositada, a pessoa se concentra num pensamento específico (como uma passagem da Bíblia) e reflecte sobre o seu significado no contexto do amor de Deus.
A meditação cristã pretende elevar a relação pessoal, com base no amor de Deus, que marca a comunhão cristã. Tanto no cristianismo ocidental como no oriental, a meditação é um meio termo das três fases da oração: envolve mais reflexão que o primeiro nível - oração oral - mas é mais estruturada que os diferentes níveis de oração contemplativa.
Os ensinamentos tanto no igrejas cristãs orientais como nas ocidentais realçam o facto de a meditação cristã ser um elemento de desenvolvimento do conhecimento sobre Cristo.
No Aspectos da meditação Cristã, a Santa Sé avisou sobre os riscos potenciais de juntar os diferentes estilos de meditação cristã e não-cristâ. Em 2003, na A Christian reflection on the New Age o Vaticano anunciou que a Igreja evita qualquer conceito que esteja ligado aos da Nova Era".
Meditação transcendental
Meditação Transcendental é uma técnica de meditação introduzida em 1958 por Maharishi Mahesh Yogi que envolve o uso mental de sons específicos chamados mantras , que se crê terem propriedades psicoativas. De acordo com Maharishi, a técnica permite que a mente do praticante "transcenda", atingindo um estado de "vigilância tranquila", sem recurso a concentração ou a pensamento ativo, como sucede em outras técnicas. Também conhecida como Meditação Consciente.
Meditação budista
Meditação budista é a meditação usada na prática budista. Inclui qualquer método de meditação que tenha, como meta última, a iluminação (Bodhi). Os termos mais próximos a "meditação" nas linguagens clássicas do budismo são bhavana e desenvolvimento mental.
Diferentes visões e equívocos
Sendo a meditação conceituada como "desenvolvimento de certas qualidades mentais", é importante notar que há diversos "métodos" ensinados por diferentes escolas e professores, compreendendo uma vasta gama de ensinamentos e enfocando mais uma ou outra qualidade a ser desenvolvida. Sendo assim, não se deve condensar o conceito de meditação budista em apenas uma escola ou prática.
A identificação somente da meditação formal sentada com a prática é outra visão equivocada, comumente difundida no ocidente, havendo, por exemplo, a prática comum da "meditação andando". O conceito da prática meditativa (desenvolvimento mental), ao ser levado mais a fundo, pode ser expandido para incluir todas as atividades do dia a dia.
Tradições
A partir das primeiras divisões que ocorreram entre as escolas iniciais do budismo e à medida em que o budismo se espalhou por diferentes países, diferentes tradições foram surgindo. Junto com essas tradições, diferentes maneiras de ensinar meditação apareceram. Algumas "técnicas" desapareceram em alguns lugares, outras foram adaptadas e outras foram adicionadas vindas de outras tradições ou mesmo criadas.
Theravada
Na escola Theravada (escola dos anciãos), a meditação toma, como base, os ensinamentos do Buda contidos no cânon em Páli. No cânon, o Buda prescreve diversos métodos de desenvolvimento mental para erradicar apego e aversão, ou para desenvolver algum fator que contribua para a erradicação desses.
Atualmente, é popularizada uma visão que toma a meditação por dois ângulos: tranquilidade e concentração (samatha) e sabedoria e visão (vipassana). Há escolas que colocam a meditação Samatha como de menor importância, dando maior ênfase a Vipassana, enquanto outras, como a Tradição Tailandesa das Florestas, veem Samatha e Vipassana como dois aspectos de um mesmo caminho e inseparáveis entre si.
Algumas meditações populares:
Anapana-Sati - Plena atenção na respiração. Traz calma à mente e desenvolve os sete fatores da iluminação
Satipatthana - Quatro fundamentos da plena atenção. Princípio usado como base para a maioria das práticas de vipassana.
Metta Bhavana - desenvolvimento de Metta, ou 'amor universal'.
kayagatha - contemplação da natureza do corpo. Inclui contemplações sobre a natureza do corpo em suas partes e em seus quatro elementos e sobre sua decadência e morte.
Vajrayana
Na escola Vajrayana, são adicionados métodos tântricos que têm, por objetivo, acelerar o processo de iluminação.
O objetivo dos ensinamentos de Mahamudra e Dzogchen, ensinados respectivamente pelas escolas Kagyu e Nyingma, é se familiarizar com a natureza última da mente que delineia toda a existência, passando assim por estágios que levam à iluminação.
As práticas preliminares das escolas Kagyu e Nyingma são chamadas Ngondro, e envolvem visualizações, recitação de mantras e prostrações.
Zen
A meditação no Zen é o Zazen. No Zazen, é mantida a atenção plena sentada, com base na respiração, observando os pensamentos e sensações à medida que surgem e passam. A prática de atenção plena à medida que é desenvolvida leva a maior entendimento, aceitação e compreensão da realidade. Também é comum o uso de Koans.
Terra pura
A meditação no budismo Terra pura é, basicamente, a recitação do nome do Buda Amitaba, ou visualização do mesmo.