segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Luciferismo


O luciferianismo é uma doutrina esotérica e gnóstica, filosófica no caso de ordens secretas e, em alguns casos, religiosa como em algumas religiões minoritárias da atualidade, baseada na figura de Lúcifer, que por sua vez é considerado como portador da Luz do intelecto. O luciferianismo em geral renega o satanismo e garante que Lúcifer e Satanás não são a mesma entidade, no entanto, algumas organizações satânicas se consideram luciferianas.
Divide-se em luciferianismo tradicional ou teísta (crença em Lúcifer como um ser físico) e luciferianismo simbólico ou agnóstico (crença em Lúcifer como um símbolo de luz, conhecimento, crescimento individual e auto-aperfeiçoamento).

Origens

O luciferianismo é um antigo culto de mistérios que tem origem nos cultos de adoração às serpentes. Apesar de muito posterior aos mistérios clássicos, como os de Elêusis, Delos e Delfos, contém traços que deitam suas origens nas práticas pagãs primitivas da Grécia e principalmente na Religião Órfica. O luciferianista presta reverência à entidade romana conhecida como Lúcifer, o Andrógino, o Portador de Luz, o espírito do Ar, a personificação do esclarecimento. Lúcifer era o nome dado à estrela matutina (a estrela conhecida por outro nome romano, Vênus) e posteriormente descontextualizado e corrompido pelo cristianismo. A estrela matutina aparece nos céus logo antes do amanhecer, anunciando o Sol ascendente. O nome deriva do lucem ferre do termo latino, o que traz, ou o que porta a luz. Lúcifer vem do latim, lux + ferre e é denominado muitas vezes, como sendo a Estrela da Manhã. De entre todas as entidades da angelologia e demonologia tradicionais, Lúcifer foi aquela a manter a relação mais notável com a Humanidade.

Fundamentação teórica

Para um luciferianista, encontrar a faceta Lúcifer da divindade dentro de nós é fator importante no caminho da Verdade. Esta Verdade nos trará consciência, conhecimento e sobretudo, o livre-arbítrio. Lúcifer, para os homens, seria o caminho para o encontro com o Eu-Divindade, a manifestação da Vontade profunda integrada aos ritmos do mundo real. Na angelologia hebraica, corresponde diretamente a Heylell, citado no Livro de Isaías , quando na realidade "Deus" se refere ao rei da Babilônia, como a "Estrela Brilhante" e mito muitíssimo anterior à elaboração romana de Lúcifer. Os hebreus herdaram este anjo dos babilônios entre 600 a.C. e 300 a.C., enquanto que os romanos só formularam seu "deus" após o surgimento do cristianismo na península Itálica. Vale ressaltar que existem diferenças importantes de cunho mítico, ritualístico e filosófico entre o luciferianismo, mormente o Simbólico, e o satanismo. O último posiciona-se, principalmente, como reação contrária ao cristianismo, enquanto que o primeiro possui caráter distinto e identidade semelhante aos cultos pagãos, apesar de totalmente desligado do Paganismo para grande parte de seus praticantes.

Neoluciferianismo

O neoluciferianismo ou luciferianismo moderno é a versão mais atual do luciferianismo, que resulta numa mescla das versões anteriores. Os luciferianistas modernos veem Lúcifer como um referencial de auto realização e desenvolvimento pessoal, sem desconsiderarem a possibilidade que Ele de fato possa existir (enquanto entidade sobrenatural).
Na época da Inquisição católica todo e qualquer grupo ou pessoa que fosse, abertamente, não-cristã, poderia sofrer perseguição religiosa. O movimento, contudo, não desapareceu por completo e sim se desenvolveu, tendo relações com outras religiões ao longo do tempo, como a Religião Wicca - A Bruxaria Pagã - através da identificação de Lúcifer como uma das manifestações do Deus sol (o Consorte da Deusa). Alguns grupos pagãos reconhecem Lúcifer como sendo parte do panteão pagão. É interessante destacar que Lúcifer, neste contexto, está totalmente desvinculado da mitologia cristã, que associa a figura de Lúcifer ao "diabo". O luciferianismo moderno empresta alguns rituais e simbologias literárias com o satanismo. Hoje em dia, o luciferianismo prega uma visão centrada em Lúcifer, mas de forma eclética e aberta ao desenvolvimento.

Luciferismo

O Luciferianismo é uma doutrina derivada do Satanismo, que busca virtudes como iluminação, sabedoria, orgulho, independência e liberdade de sua principal divindade, Lúcifer. Ao mesmo tempo é subjetivo, baseado em experiências e aceitação pessoais, sofrendo influências de outras crenças. Assim, não possui uma base rígida de dogmas a serem seguidos, sendo transmitido oralmente e praticado, geralmente, de forma individual.
Historicamente, não há uma origem precisa sobre o início do Luciferianismo. Mas há um conjunto de conceitos que se desenvolveu ao longo dos tempos em várias culturas distintas e resultou no Luciferianismo conhecido atualmente.
As serpentes e os dragões, que são representações de Lúcifer em várias culturas, são também símbolo de sabedoria e eternidade. Estes animais eram alvos de adoração no Egito, Babilônia, Pérsia, e entre os Incas americanos. Assim, podemos supor que esta filosofia já era praticada há muitos séculos.
Na Bíblia podemos encontrar várias alusões à serpente: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gênesis – Cap. III – Versículo V). Neste versículo, a serpente induz Eva a comer o fruto no Éden. Mas segundo a interpretação dos luciferianistas, encontra-se claramente a simbologia da serpente como portadora da chave que possibilita o homem tornar-se Deus.
Ainda, na Europa medieval, precisamente no ano de 1223, havia boatos sobre um grupo conhecido como Luciferianos. Na verdade, esta "seita" era composta apenas por pessoas que recusavam-se a pagar os impostos exigidos pelo Clero, e por esse motivo foram acusados de "adoradores do demônio" e, obviamente, vítimas da Santa Inquisição. Embora isso seja apenas um boato, ainda hoje é usado como um argumento metafórico pelos luciferianos.

Deístas e Agnósticos

Num aspecto geral, o Luciferianismo pode ser subdividido em duas categorias, nas quais as denominações variam e não são tão significativas para sua compreensão. As modalidades são conhecidas como Deísta e Agnóstico, Tradicional ou Moderno (termos absorvidos do Satanismo), etc.
Os adeptos do Luciferianismo Deísta identificam Lúcifer como o criador do universo, um ser onipresente e onipotente. Neste caso, Lúcifer assume as características principais de uma divindade.
Os luciferianos agnósticos vêem Lúcifer como um arquétipo, ou seja, uma referência de virtudes que são visadas por seus adeptos. Esta variação é nitidamente influenciada pelo Satanismo moderno promovido por Anton LaVey, no qual não há uma divindade específica, mas cada indivíduo eleva-se a ponto de considerar-se "seu próprio Deus". Este conceito também nos remete a ideologia do Thelema, tendo como seu principal divulgador o ocultista, Aleister Crowley.
Mas em todas as variações, Lúcifer é visto como um ser que abriga em si os opostos entre Luz e Trevas, e por conseqüência, o equilíbrio entre os pólos. Este conceito é totalmente contrário a muitas religiões que possuem figuras que representam os arquétipos de bem e mal de forma distintas. A aceitação de uma única referência que é paralelamente Luz e Trevas, segundo os adeptos, é a principal diferença do Luciferianismo em relação aos outros sistemas religiosos. Dessa forma, não há um confronto entre "Deus x Diabo"; ao contrário, há uma união dessas forças que são igualmente responsáveis e necessárias para a evolução humana.

Quem é Lúcifer?

Desde a Antiguidade, passando pelos filósofos e desembocando na figura conhecida erroneamente como o "demônio cristão", diversos personagens da mitologia e divindades cultuadas em inúmeras e distantes culturas, possuem alusões a seres, sejam arquétipos ou concretos, que trazem consigo as características conhecidas em Lúcifer. A literatura contemporânea também o aborda amplamente, como as citações ocultistas de Helena Blavatsky e Eliphas Levi, e na obra poética de John Milton, Paradise Lost.
Segundo o mito cristão, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os Querubins e conquistou uma posição de destaque entre os demais. Porém, Lúcifer tornou-se orgulhoso de seu poder e revoltou-se contra Deus. O Arcanjo Miguel liderou as hostes divinas na luta contra Lúcifer e os anjos o derrotaram e o expulsaram do Reino do Céu. Mas a idéia de que Lúcifer rebelou-se contra o Criador e foi expulso também está presente em outras culturas, além do Cristianismo.
Por ser o "Portador da Luz", na Roma Antiga, Lúcifer foi associado ao planeta Vênus que, devido sua proximidade com o Sol, pode ser visto ao amanhecer. O anjo também é chamado de "Estrela da Manhã" e "Estrela d’Alva". Na Mitologia Romana era o filho de Astraeus e Aurora, ou de Cephalus e Aurora. Entre os gregos, Lúcifer pode ser associado com Apolo, o "Deus do Sol".
Nos estudos da Demonologia, diferentes autores atribuem a Lúcifer características comuns. No Dictionaire Infernale (1863) e no Grimorium Verum (1517), é o "Rei do Inferno" responsável por assegurar a justiça. No O Grimório do Papa Honório (século XVI ou XVII), Lúcifer também assume a função de "Imperador Infernal". Lúcifer também é cultuado numa variação da Wicca, sendo visto como o Deus do Sol e da Lua dos antigos romanos.

Luciferianismo & Satanismo

Apesar de popularmente Lúcifer e Satã serem quase sinônimos e esta idéia estender-se ao Satanismo e ao Luciferianismo, há diferenças primordiais entre eles e, por conseqüência, aos sistemas religiosos que os cercam.
Ao longo dos séculos, estes dois personagens também foram representados artisticamente de formas distintas. Por ser um anjo, Lúcifer, é comumente retratado como um homem com asas e, por vezes, empunhando um cajado. Enquanto Satã tem sua imagem associada ao homem com chifres e patas de cabra, muito semelhante ao deus Cornífero (ou Pã), divindade masculina e símbolo de fertilidade cultuada entre os pagãos.
Mas, talvez a maior e mais significativa diferença entre ambos os conceitos, encontra-se na origem das palavras. O termo Lúcifer origina-se no latim e significa "O portador da Luz" (Lux ou Lucis = Luz + Ferre = Carregar). A palavra Satã origina-se no hebraico, Shai'tan, e significa "Adversário"; podendo ser também uma variação do nome da divindade egípcia Set-hen. Dessa forma podemos deduzir que, genericamente, o Luciferianismo busca a Iluminação através de Lúcifer. Enquanto o Satanismo pode caracterizar-se pela oposição, neste caso, ao cristianismo. Assim, os luciferianos consideram que sua filosofia é um "aprimoramento" do Satanismo, apesar de não ser tão conhecido quanto a doutrina promovida por LaVey.
A combinação da imagem de Lúcifer ao "demônio cristão" foi ocasionada por uma interpretação equivocada do livro de Isaías: "Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo" (Isaías – Cap. XIV – Versículo XII a XV).
Este trecho narra as intenções do rei da Babilônia que almejava tornar-se maior que Deus, mas São Jerônimo, que ao traduzir a Bíblia do grego para o latim no século IV, associou esta passagem com Lúcifer e à serpente tentadora, ou seja, a simbologia do diabo cristão. Anteriormente, Lúcifer não havia essa relação. Tanto que, oficialmente, a Igreja não atribui a Lúcifer o papel de diabo, mas apenas a condição de "anjo caído".

Magia, rituais e pactos luciferianos

O Luciferianismo adotou diversas práticas ritualísticas e cerimoniais de outros sistemas mágicos, caracterizando assim, uma corrente de idéias próprias com objetivos distintos nesta doutrina. As influências sobre o Luciferianismo variam de antigos rituais pagãos até os conceitos contemporâneos do Satanismo.
Podemos citar como exemplos as chamadas práticas Internas e as práticas Externas, que subdividem-se em Herméticas e Cerimoniais. A Magia(k) (termo derivado da filosofia thelêmica) Interna é mais comum entre os luciferianistas, pois atua diretamente no estado de consciência e no espírito do praticante. A Magia(k) Externa é mais complexa e elaborada, exigindo uma série de fatores como dia e horários pré-estabelecidos, um local adequado, vestimentas e instrumentos próprios para efetuar mudanças no plano físico.
Neste caso, pode ser praticada solitariamente (Hermética) ou em grupo (Cerimonial). Mas ambas são igualmente importantes entre os luciferianistas, e o sucesso de uma modalidade interfere na outra.
É falso o conceito das chamadas Missas Negras, as quais seriam paródias blasfêmicas das liturgias católicas, utilizando-se de urina e fezes para substituir a hóstia e o vinho, recitando orações ao contrário e promovendo orgias entre os praticantes. Também é irreal a idéia de sacrifício humano ou animal. Neste caso, há apenas um sacrifício simbólico. Há ainda o conceito do "pacto com o diabo" (muito comum na crendice popular), no qual o praticante "vende a alma pro diabo" em troca de riquezas e sucesso. Sob a ótica luciferianista, o único pacto aceitável é o compromisso consigo próprio de buscar a iluminação espiritual utilizando-se da força da própria vontade.

Ordem Misantrópica Luciferiana


Misanthropic Luciferian Order (ou Ordem Misantrópica Luciferiana -MLO) é uma ordem ocultista fundada na Suécia em 1995 e posteriormente renomeada para Templo da Luz Negra.
A MLO lançou o Liber Azerate , um grimório moderno escrito pela ordem do Magister Templi Frater Nemidial , em 2002. Foi lançado na internet em sueco e norueguês. Azerate é o nome oculto dos "onze deuses anti-cósmicos" descritos no livro. A obra musical relacionada é de 2006 o álbum Reinkaos de Dissection , as letras dos quais foram co-escrito por Frater Nemidial, e qual o álbum Jon Nödtveidt explica que foi "baseado no Liber Azerate e os ensinamentos da MLO".  A MLO propagou a cosmologia do "Satanismo Caos-Gnóstico", "Satanismo Gnóstico" ou "Corrente 218"

Crenças

A MLO consiste na crença unificada na "Caosofia". Eles acreditam que o Caos é um plano de possibilidades pandidimensional, em contraste com o cosmos que possui apenas três dimensões espaciais e uma dimensão de tempo linear. Eles também acreditam que, em comparação com o tempo linear do cosmos, o caos pode ser descrito como atemporal, na medida em que não é contido nem limitado pelo tempo unidimensional, e sem forma, por causa de seu número infinito de espaços em constante mudança. dimensões.
O Gnosticismo e o niilismo são ensinados dentro do grupo e dizem que o verdadeiro satanista não deve fazer parte da sociedade moderna, pois é baseado em mentiras. O próprio tecido dessa realidade é uma mentira que impede o caos de se realizar.
Estes são os três véus escuros antes de Satanás , em seu sistema de crenças vistos como as três Forças que foram expulsas de Ain Soph , a fim de abrir caminho para a manifestação da Luz Negra na Escuridão Exterior, que logo se tornou a Sitra Achra :

000 - Tohu - Caos: Qemetiel ("Coroa dos Deuses")
00 - Bohu - Vazio: Beliaal ("Sem Deus")
0 - Chasek - Escuridão: Aathiel ("Incerteza")

Esses três poderes podem ser vistos como o Tridente Ardente, bem acima de Thaumiel. Esses três poderes também podem ser vistos como reflexões coléricas de Ain, Ain Soph e Ain Soph Aur. 

Caos-gnosticismo


Caos-gnosticismo,satanismo gnóstico, Caosofia, satanismo anti-cósmico  ou corrente 218, como  são conhecidas tais variações. É uma doutrina gnóstica e uma orientação espiritual que assume um sistema de crença dualista.O satanismo teísta  busca o conhecimento no caos. Isto pode ser feito através de vários rituais ou da meditação. Segundo praticantes,um adepto deve olhar para dentro e para  fora do caos que deu origem ao universo. No  satanismo gnóstico,as qliphoths são utilizadas como  ferramentas para explorar o conhecimento do caos.
Essa magia pode se manifestar de diferentes maneiras, mas principalmente a magia ritual associado com feitiçaria. Dentro dessa arte é praticada tanto necromancia e quimbanda entre outros.
Dentro da tradição acredita-se que o demiurgo (o "semideus" criador do universo) aprisionou Lúcifer/Satan/Caos através da criação do universo.Embora o homem esteja acorrentado em seu corpo físico,eles acreditam que a alma está presa no corpo terreno e o ego é a criação do demiurgo.Uma vez que o ego é criado por leis cósmicas,não podemos ver através do véu, no anti-cósmico.Através do desenvolvimento espiritual através da meditação etc,  o homem pode ser libertado de seu ego e tornar-se inteiro novamente. Ao despertar a chama negra do caos  em seu ser,o  ego irá se dissolver.
Satanás / Lúcifer é a representação primária da "Chama Negra", que visa a libertar pela destruição do cosmos (anti cosmos) e a busca do caos. Em alguns casos, os valores diferentes de outras mitologias tem como o único próposito  destruir o cosmos e liberar a chama negra. Esses números tendem a ser altamente destrutivas (anti-cósmica) forças entre estes são personagens de mitologia nórdica e mesopotâmica, Tiamat, Hécate, Loki, Kali, etc.Dentro do satanismo tradicional,acredita-se realmente na existência de Satanás,também se acredita que Lúcifer (o portador da luz) e o opositor sejam duas faces da mesma moeda,os iniciados acreditam que as chamas dos deuses negros,estão queimando a alma dos eleitos.O caos é multidimensional é uma força ilimitada com número ilimitado de dimensões,ao contrário do cosmos que é finito.
218, que conta como 2 +1 +8 = 11, é um "discurso secreto" e é derivado do mistério judeu. O número 11 é o número que vem após o número sagrado 10 = perfeição divina. 2 +1 +8 = 11 forma a força anti-cósmico chamado Azerate (Azrat) que na doutrina gnóstica caos é o nome oculto das 11 anti-cósmicas forças. O Azerate nome / palavra tem o valor de 218 gematrical.
Muitas ordens trabalham com a caosofia como a Temple of the black light,além de outras doutrinas como o Dark Germanic Heathenism.Muitas bandas de black metal como o Dissection,Arckanum e Watain possuem a caosofia como tema.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A Corrente Shaitanica


A MULHER ESCARLATE & A
CORRENTE SHAITÂNICA
DO AEON DE AQUÁRIO

Em Berlim todas as prostitutas se comportam como «mulheres de respeito»; Em Nova Iorque todas as «mulheres de respeito» se comportam como prostitutas. Reflexo: todas são prostitutas, de qualquer maneira.[1]

Por que escarlate? O termo Mulher Escarlate ou Prostituta da Babilônia é derivado de O Livro das Revelações. A cor escarlate, desde tempos imemoriais, tem sido associada a imortalidade. Esta era a cor da vestimenta cerimonial dos antigos sacerdotes e sacerdotisas fenícias e babilônias. Esta é a cor do sacrifício a Deusa Primordial, a cor do sacramento lunar desprovido de karma: O melhor sangue é da lua, mensalmente: em seguida o sangue fresco de uma criança, ou destilando da hoste do céu: em seguida de inimigos; em seguida do sacerdote ou dos adoradores: finalmente de alguma besta.[2] Escarlate é uma cor vibrante,[3] ¾ vermelho e ¼ laranja. Laranja e vermelho são as cores associadas a Hod e Geburah, ambas no Pilar da Mão Esquerda na Árvore da Vida. Acima de Hod e Geburah, no ápice do Pilar da Mão Esquerda, está Binah, o Grande Mar, associada a Babalon como a Deusa Mãe Primordial. Abaixo de Geburah e Hod está Malkuth, o Reino da Filha, a avātar da Deusa, conhecida como Mulher Escarlate. No Pilar da Mão Esquerda, a vibração ou fluxo é descendente, em direção à materialização.
As magistas thelêmicas, no curso da iniciação, se identificam com Babalon e o ofício de Mulher Escarlate. No entanto, Babalon e o Ofício da Mulher Escarlate são pouco compreendidos e, mais tecnicamente, aceitos. O Ofício de Mulher Escarlate exige uma ruptura total com as programações osirianas-crististas que as mulheres são expostas desde a infância no Ocidente. Assumir o Ofício de Mulher Escarlate e tornar-se Cingida pela Espada começa com uma carnificina interior, onde toneladas de programações culturais judaico-cristãs são retiradas das camadas mais profundas da mente inconsciente.
No entanto, a grande maioria das magistas thelêmicas não compreendem o processo preliminar de purificação que esta jornada inevitavelmente irá requerer. Ao invés disso, elas têm preferido pular este processo doloroso, no entanto, fundamental no alicerçamento de suas Fundações (Yesod). Essa esquiva demonstra não apenas a dificuldade de olhar para dentro e, silenciosamente trabalhar sobre si mesma. É a famosa patologia conhecida como esquiva da sombra. Mas Silêncio é a fórmula mágica atual do Aeon de Aquário, cujo caminho inevitável é o olhar para dentro. O Atu XVII, A Estrela, demonstra uma mulher nua. Ela tem um pé dentro da água e o outro fora. Ela derrama água de um jarro. Ás águas neste Atu representam o conteúdo da mente inconsciente e àquilo que flui dentro da mente de uma fonte superior. A Mulher no Atu XVII é a Alta Sacerdotisa da Estrela Prateada, a Filha-Heh ou avātar de Babalon como a Mulher Escarlate. Ela aprendeu a utilizar com sabedoria o seu corpo, intelecto, emoções, sensações e sentimentos como um Relicário Sagrado, não apenas como um recipiente adequado ao influxo arquetípico sutil que vem da Realidade além do Abismo, mas como um Sacrário seguro para esse influxo arquetípico abaixo do Abismo. A Mulher Escarlate age, portanto, como um fio de condução entre as forças que estão acima do Abismo e a Terra (Malkuth) abaixo. Não a considere, como muitos se levantam equivocadamente para dizer, apenas um peão para um arranjo de forças além da compreensão e que fluem pela imaginação ou intuição humanas. Não, muito pelo contrário, ela a artista ou arquiteta que os dirige e nesse ofício, ela dá nascimento na Terra (Malkuth) àquilo que está na mente (Chokmah) de Deus. Note que o Atu XVII conecta a Vontade do Logos em Chokmah com sua perfeita expressão abaixo do Abismo em Tiphereth.
Para assumir o Ofício de Mulher Escarlate, primeiro a magista thelêmica deve abraçar a corrente shaitânica – ou demoníaca – do Aeon de Aquário. Na Árvore da Vida, a parte do Sol (Tiphereth) que encara o conteúdo sombrio da vastidão negra do espaço é o Grau de Adeptus Minor (Interno) ou Adepto Interno. Na avaliação da psicologia moderna junguiana, é o momento em que o iniciado embarca em uma jornada pelas profundezas da mente inconsciente, trabalhando nas esferas de Tiphereth, Geburah e Chesed. Neste estágio da iniciação thelêmica, a LVX de nossa Estrela é mais arquetípica, alinhada a Consciência Universal (Chokmah), transmitindo a consciência individual (Tiphereth) lampejos da Verdadeira Vontade.
O Aeon de Aquário é regido por Hoor-paar-kraat que, segundo Aleister Crowley (1875-1947) é Had, Set ou Satã. Onde existe Luz, também existem Trevas. Mitologicamente, Satã é o Senhor do Ar. Este é o Elemento atribuído a Aquário. Hoor-paar-kraat ou Set é a parte sombria e oculta de Hórus (Ra-Hoor-Khuit). É uma infantilidade medonha tentar conceber Hórus como uma forma distinta ou separada de Set. Hórus representa a Luz-Consciência e Set a Sombra-Inconsciência. Diariamente todos nós lidamos com a dualidade Set-Hórus em nossas vidas, caos e ordem interagindo o tempo todo. Um exemplo simples: quando você está em uma fila no supermercado aguardando sua vez pacientemente, a Ordem-Hórus prevalece em sua consciência. Quando a rebeldia se instaura e você deseja passar na frente de todos e faz planos mirabolantes para isso, agindo em conformidade, Caos-Set reina em sua consciência.
Carl Jung (1875-1961) chamou de sombra o papel do conteúdo inconsciente da mente no dia-a-dia. Mas ele ensina que este conteúdo não é maligno, diferente dos nossos ancestrais que viam no papel de Set (Shaitan-Satã-Pã-Lúcifer-Sombra) uma qualidade essencialmente maligna. Jung ensinava que se o conteúdo sombrio do inconsciente for reprimido por noções religiosas e sociais comportamentais, ele pode se precipitar na mente superficial de maneiras destrutivas. Negar o conteúdo sombrio da mente inconsciente leva a sua projeção externa, quando projetamos a sombra naqueles próximos a nós ao invés de confrontá-la, abraçá-la, aceitá-la e então conduzir seu poder. É no conteúdo profundo da mente inconsciente que nossas qualidades inatas, boas ou ruins, residem. Esse conteúdo, nós temos o péssimo hábito de se esquivar, de se esconder dele, assim como o escondemos daqueles que nos cercam. No entanto, embora nos esforçamos para deixar a sobra fora do alcance dos outros e de nós mesmos, ela permanece ativa no inconsciente, projetando seu conteúdo, de tempos em tempos, criando um tipo de sub-personalidade autômata, o alter ego, que temporariamente toma conta da personalidade, algo conhecido na área da psicologia como possessão demoníaca, quer dizer, o conteúdo da mente inconsciente que se apossa da consciência.
No Aeon de aquário, o treinamento para assumir o Ofício de Mulher Escarlate começa abraçando o conteúdo shaitânico da sombra. Verdade seja dita, para qualquer iniciado thelêmico, subir pelos braços da Árvore da Vida significa abraçar a própria sombra. Assim, neste Novo Aeon a Mulher Escarlate não teme, renega ou encarcera o conteúdo da sombra. A Mulher Escarlate aceita a sombra como uma parte essencial e fundamental do processo de iniciação. No Aeon de Aquário cada um deve aprender a trabalhar com o conteúdo sombrio da mente inconsciente. O primeiro passo é reconhecer o poder destrutivo e tifônico da sombra quando mal compreendido e reprimido. Após este prístino reconhecimento, inicia-se o trabalho sobre a sombra, compreendendo-a, aceitando-a e então dirigindo-a para propósitos positivos, alinhados a Verdadeira Vontade, não as demandas desmedidas do Ego. Nos Mitos do Santo Graal, este trabalho é conhecido como redenção, quando o Reino torna-se novamente um campo fértil. Na Árvore da Vida, este trabalho é representado pelo Caminho de Ayin ou do Diabo, o Atu XV do Tarot de Thoth, debaixo para cima. É uma jornada pela escuridão até o encontro do Sol em Tiphereth. Este é o primeiro Caminho conectado a realização da Grande Obra alquímica que se divide em quatro etapas: nigredo, albedo, citrineto e rubedo. O Caminho de Ayin então se refere ao nigredo, a escuridão que implica putrefação. Este é o Caminho onde todos nós confrontamos a sombra e todos os aspectos de māyā (ilusão) que temos criado desde a infância. No sistema de Jung, trata-se do encontro entre o conteúdo demoníaco do inconsciente profundo com a personalidade consciente, quando a infância pode ser então resgatada e um crescimento sadio em direção a vida adulta pode ser conquistado. Este é um tema central no atual Aeon de Aquário.
Aceitar o conteúdo da sombra é tomar as rédeas sobre a própria iniciação e isso implica, acima de tudo, em liberdade. Este é outro tema importante no Aeon de Aquário. Quem são as aspirantes a Mulher Escarlate que verdadeiramente têm coragem para assumir com liberdade àquilo que de verdade são? É difícil, porque a pressão sociocultural ocidental cristista e osiriana é deveras poderosa e as mulheres, mesmo as aspirantes mais sinceras de espírito livre, se veem aprisionadas pelas correntes sutis do deus dos escravos. Mas se estando conscientes do processo a mente inconsciente ainda vive por programações judaico-cristãs, o Aeon de Aquário também inconscientemente tem impelido as pessoas a se rebelarem contra as correstes de sua escravidão.
Vagarosamente, enquanto a Criança Hórus cresce vigorosa no Novo Aeon, a humanidade tem se rebelado contra as instituições que tentam controlar a vida e ditar as regras espirituais. A verdade do outro tem, aos poucos, deixado de ser verdade para nós e os sacerdotes das religiões estabelecidas já não têm mais o poder de controle que tinham no passado Aeon de Peixes. Revolução tem sido o impulso inconsciente da humanidade no Aeon de Aquário, a era do opositor, o rebelde, Set-Satã. Chegamos em uma fase evolutiva da humanidade onde a regra tornou-se o individual ao invés do universal. Mas existe aí um perigo, porque o Aeon de Aquário também tem um lado sombrio, profundamente enraizado no individualismo e no narcisismo. Este é um caminho que pode levar a desconexão com nossa Fonte espiritual acima do Abismo. Em outras palavras, a introversão, arma mágica do Aeon de Aquário, deve ser utilizada não para fortalecer o Ego e o sentido de egoidade individualista, mas ao contrário, como uma ferramenta através do qual é possível se orientar ao interior na finalidade de conquistar o Universal individualmente, não coletivamente, como foi o caso da fórmula mágica – a fala ou projeção da Palavra – do Aeon de Peixes. A Corrente Mágica Aquariana do Novo Aeon nos leva para dentro, pois este é o Aeon da Filha-Heh, o complemento do Filho-Vav. Ele é Ra-Hoor-Khuit, o Deus Solar da Fala, o Hórus Externo que apresenta, coletivamente, a salvação. Essa era a Corrente Mágica do Aeon de Peixes. A Filha-Heh é Hoor-paar-kraat, o Set-Lúcifer-Satã-Prometeu Interno, àquele que produz a gnose individual. Como podemos ver, não se trata de um individualismo animal e degenerado que atende somente as demandas e devaneios do Ego, mas uma individualidade espiritual que nos capacita a experimentar diretamente a Realidade Última de Deus. A Filha-Heh é o complemento culminante do Filho-Vav. Sua rebeldia não é maligna ou ignorante. Ela desce dos Céus, lutando contra os deuses, para trazer aos homens o conhecimento de que eles são deuses. O trabalho mágico no Aeon de Aquário deve, portanto, ser executado individualmente e solitariamente.
No Aeon de Peixes, a Sombra-Filha-Set estava oculta. Apenas seu irmão, o Hórus-Luminoso era conhecido. Quer dizer, o conteúdo sombrio do inconsciente era completamente renegado, mantido em silêncio, no escuro, considerado maligno e, portanto, reprimido. No entanto, como o Atu XVII no mostra, o conteúdo da mente inconsciente profunda está vindo a tona para todos nós e nos encontramos na era em que devemos confrontar a sombra como um caminho para realização espiritual. No Aeon de Peixes a Filha-Vav (Malkuth) foi considerada separada da Vontade Universal. Ela representou o materialismo corpóreo, uma agente satânica corrupta que distanciava homens e deuses. Mas no presente Aeon de Aquário, a Vontade Universal será conquistada individualmente pela exploração daquilo que antes era considerado corrupto: o corpo, os sentidos, o sexo etc., quer dizer, o Reino Filha-Heh-Malkuth. A lição deste Aeon é que, silenciosamente, abraçando o conteúdo demoníaco da sombra, cada um pode conquistar a Vontade Universal acima do Abismo. Esse é o individualismo espiritual que a Filosofia de Thelema proclama, uma liberdade contra as regras espirituais estabelecidas pelos sacerdotes das fés populares em detrimento de uma caminho individual baseado nas Leis da Estrela que cada um representa. Não se trata do individualismo egoísta eu contra tudo e todos, tudo para mim ou tudo meu. A conquista não é do Ego, mas da Alma, ao receber o influxo da Verdadeira Vontade que vem de Chokmah.
Em minhas epístolas sobre o Ofício da Mulher Escarlate, eu sempre destaco a característica desapegada da Sacerdotisa: Atai-vos de modo algum,[4] diz Nuit em Liber AL vel Legis. Aquário é a 11ª Casa Zodiacal, que governa relacionamentos desapegados. Isso significa que a avātar de Babalon, a Filha-Heh Mulher Escarlate, explora sem se prender, desfruta sem se apegar, pois tudo deve ser vivido e abraçado com plenitude e não existe lei além de Faz o que tu queres.[5] Para ela, nada é mais importante que a Verdadeira Vontade. Aos olhos seculares do profano, ela é a rameira, pois a nenhum homem ela rende homenagem ou fidelidade. A Mulher Escarlate é unicamente fiel a Verdadeira Vontade. Para a Mulher Escarlate nada é mais importante que a Verdadeira Vontade e por conta disso, qualquer apego pode representar um empecilho ao seu trabalho espiritual.
Astrologicamente, a Verdadeira Vontade é simbolizada por Urano, um planeta impessoal que rege Aquário e nada tem a ver com as questões humanas. A Vontade reside acima do Abismo, intocada pelas demandas humanas em Chokmah, o Pai-Falo que a projeta na forma de Semente. Outro regente de Aquário é Saturno, a Lei por trás do como executar a Verdadeira Vontade. Mas Saturno (como Binah) está acima do Abismo. Trata-se da Grande Mãe Universal impregnada pela Semente do Pai-Chokmah cujo Filho é projetado abaixo do Abismo como uma Estrela. Neste Aeon de Aquário, a sacerdotisa deve aprender sobre as Leis de sua Estrela para assumir o Ofício de Mulher Escarlate, cuja promessa é liberar seu potencial divino para que ela possa ser uma avātar de Babalon, uma encarnação viva da Deusa Universal, uma agente real do poder da Deusa Babalon, pois não existe deus senão o homem neste ciclo evolutivo da humanidade. Este trabalho se inicia com o abraço ao conteúdo demoníaco da sombra, velado na imagem de Set ou Had, Hoor-paar-kraat.
NOTAS:

[1] Aleister Crowley, Diário Mágico: 4 de janeiro de 1931.
[2] AL vel Legis, III:24-6.
[3] Posteriormente, o escarlate foi identificado com pecado e traição no Velho Testamento. É interessante notar que na tradição espiritual do Santo Daime, a cor vermelha é desapropriada para rituais, principalmente àqueles em que o sacramento é produzido: os Rituais de Feitio. Em algumas Igrejas, mulheres menstruadas são desaconselhadas a participar das sessões de cura, pois se entende que neste período elas estão contaminadas e carregam consigo a semente do pecado original.
[4] AL vel Legis, I:22.
[5] AL vel Legis, III:60.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Dion Fortune El Cáliz y el Grial


Antes de emprender la búsqueda del Santo Grial, los caballeros del Rey Arturo recibían el Sacramento del Altar. Si consideramos este punto cuidadosamente, que es como debemos juzgar todos los elementos de una historia mística, veremos que en él existe mucha materia de reflexión. ¿Por qué aquellos que podían recibir el Cáliz en el altar, debían buscar también el Grial? ¿Qué más tenía el Grial para dar que lo que podía otorgar el Cáliz?
La leyenda nos señala una interpretación mística de la Eucaristía. Nos muestra que, a fin de hacer de nuestra comunión una experiencia espiritual, tenemos que hacer algo más que presentarnos arrodillados ante el altar y recibir en nuestras manos una copa bendecida por el sacerdote; debemos salir en una búsqueda personal y encontrar para nosotros mismos la verdadera Copa de la cual Nuestro Señor bebió el vino de la vida. De ninguna otra manera podrán las potencialidades del Cáliz convertirse para nosotros en la realidad de la experiencia mística.
El Grial es el prototipo del Cáliz, y es del Grial que el Cáliz extrae su validez. Si no hubiera habido una Ultima Cena, no podría haber habido ninguna Eucaristía. No obstante, la Eucaristía es más que una conmemoración. Nuestro Señor preguntó a aquellos que deseaban compartir un lugar en Su Reino si querían beber de la Copa de la que El bebía, y ser bautizados con el bautismo con que El había sido bautizado. Sabemos de qué se trató ese bautismo: fue el descenso del Espíritu Santo bajo el aspecto de una Paloma. La Paloma no fue sino un símbolo gracias al cual los sentidos finitos percibieron la manifestación del poder fulgurante del Tercer aspecto del Verbo, y la Copa es igualmente la ecuación simbólica de las experiencias interiores por las que pasó Nuestro Señor en el acto cósmico que redimió y regeneró a la humanidad. La Crucifixión en manos de las autoridades romanas no fue sino la manifestación material de la lucha espiritual que estaba ocurriendo.
No fue el derramamiento de la sangre de Jesús de Nazaret lo que redimió a la humanidad, sino el derramamiento del poder espiritual desde la mente de Jesucristo.
Detrás de cada objeto material utilizado en el ritual hay un prototipo espiritual. El prototipo espiritual es creado por una experiencia que ha sido vivida por un ser espiritual viviente. Así como una tragedia puede hacer que un lugar sea visitado por "fantasmas" porque la intensa emoción allí experimentada permanece en la atmósfera mental, del mismo modo, cualquier gran experiencia espiritual -especialmente cuando se la intenta por sustitución de un objetivo determinado- crea una forma-pensamiento cargado de potencia espiritual. En esto yace el poder, no sólo del supremo sacrificio de Nuestro Señor en la Cruz sino también, según su grado, de los martirios y penitencias de los santos. Las formas pensamiento son creadas mediante el sufrimiento consagrado por sustitución, que se transmuta en poder espiritual.
Por medio del símbolo físico, ya sea la Cruz, el Cáliz o la reliquia de un santo, el pensamiento se concentra en el acto del sacrificio. Contactamos la forma-pensamiento, y su potencia almacenada descargada en nuestra alma. Esto nos recuerda la cualidad espiritual que motivó el sacrificio, y la cualidad correspondiente se agita en nuestros corazones.
Somos estimulados por un ejemplo inspirador para "ir y hacer del mismo modo", según nuestro grado de desarrollo. La Cruz es sólo válida para nosotros en la medida en que crucifiquemos al yo inferior y su codicia. El Cáliz es sólo válido en la medida en que Cristo se ha elevado en nuestro corazón, y estemos luchando por realizar la vida de Cristo. 
A menos que podamos compartir la vida interior de un símbolo, su forma exterior no nos transmitirá nada. A menos que hayamos hecho un sacrificio voluntario por amor a Dios, aprenderemos muy poco de la cavilación acerca de la Cruz; salvo que hayamos sentido la luz ardiente del contacto de un espíritu viviente estimulando nuestro corazón, no recibiremos nada del Cáliz. Las palabras santificadoras del Sacerdote convierten a la copa en un Cáliz, pero es sólo la conciencia consagradora del que comulga lo que puede convertir al Cáliz en el Grial.
Como los caballeros del rey Arturo, no debemos contentarnos con el Cáliz en la capilla, sino ir en busca de esas grandes aventuras del alma que nos lleven al fin a tomar parte del Grial en la Iglesia que no ha sido hecha por los hombres, eterna en los cielos.

Dion Fortune La Visión de Avalon


La atmósfera de Glastonbury es como una fuga con la trama de muchas melodías que la recorren, en la que en un momento una de ellas surge a la superficie, y luego otra, y otra aún, pero todo el tiempo todas están presentes tejiendo un trasfondo de armonía sobre armonía con el motivo del momento.
Es este intrincado contrapunto de la atmósfera de Glasttmbu y el que ha desconcertado a mucha gente. Pues Avalon no puede ser reclamada por secta alguna como su santuario privado. No pertenece ni al artista ni al anglicano; ni al psíquico ni al pagano. Todos ellos tienen su parte en Avalon, y ninguno puede negar a los demás. No es por su trascendencia histórica que hoy Glastonbury es importante para la vida espiritual de nuestra raza. Hay muchos lugares muy ricos en historia y leyenda, pero no son "la tierra más sagrada de Inglaterra". Glastonbury es un volcán espiritual donde el fuego que existe en el corazón de la raza británica brota en forma de llamas hacia el cielo.
Hay épocas en la historia de las razas en que las cosas de la vida interior suben a la superficie y encuentran expresión, y a través de estos desgarramientos del velo la luz del santuario fluye y se derrama. Hacia ellos miramos cuando buscamos inspiración. Raras veces es Glastonbury rica en estas cosas. Aquí encontramos reliquias sagradas de muchos lados de la experiencia del alma. Aquí está el pasado profundo, remoto, de nuestra raza. A través de los valles de Avalon se mueve, invisible, un espectacular desfile en interminable procesión. La oscuridad antes del alba es penetrada por la magia de Merlín, el atlante. Los hombres oscuros y primitivos de la frontera pasan de largo, con sus ojos feroces centelleando por debajo del cabello enmarañado. Detrás vienen los druidas, con sus hoces doradas, vestidos con túnicas blancas, sosteniendo el muérdago sagrado y seguidos por los cautivos apresados en las batallas, destinados al sacrificio en el nicho del Pozo Sagrado.
Luego viene la figura inclinada de San José, solitaria y frágil, sosteniendo el Cáliz. Al trote de su caballo aparece el rey Arturo, hombre poderoso en su fuerza, con la cruz de cristal en el cuello, -que le fue dada por la Madre de Dios en Beckary- y Excalibur en la cintura.
Ginebra cabalga a su lado en toda su belleza, con su cabello dorado flotando sobre los hombros. Aún no ha llegado el momento en que la trenza cortada de raíz descanse en el desolado ataúd de la reina deshonrada, sepultada no al lado de su esposo, sino a sus pies.
Detrás de ellos viene la Dama del Lago, vislumbrada como si la viéramos a través de aguas profundas, esperando el momento en que Arturo vuelva a ella después de su última batalla, transportado en la barcaza negra, observado por las reinas llorosas, y en que Excalibur retorne a sus manos, y los hombres la pierdan para siempre.
Y después de todos ellos, van tres doncellas vestidas de blanco, y entre ellas una gloria, un esplendor que no proviene de un fuego terrenal -una gloria desaparecida hace mucho tiempo de entre los hombres, debido a la maldad de estos- llevada a la ciudad celestial de Arrás, dicen algunos, o enterrada en los verdes campos de Glastonbury, según otros. Luego el sueño se desvanece y comienza la memoria. Todo el espléndido desfile de la Inglaterra medieval pasa a nuestro lado mientras miramos a Avalon en el espejo del tiempo.

A veces un tropel de alegres doncellas,
Un abad sobre un cojín que se desplaza,
A veces un joven pastor de cabello ondulado,
O un paje de largos cabellos vestido de color grana
 pasa a nuestro lado hacia la encumbrada Camelot;
y a veces, atravesando el espejo azul
Los caballeros vienen cabalgando de dos en dos...

Sir Lancelot, buscando una cosa, y Sir Galahad otra, aún vienen a Avalon.
A través del espejo mágico se mueve sinuosamente la larga procesión: los humildes anacoretas, ardiendo con loco fervor, los sabios y piadosos benedictinos, cuyos grandes abades constructores embellecieron los campos ingleses; y, por último, un hombre viejo atado a una rastra tirada por un caballo; y después de eso, torres caídas, iglesias sin techo y oscuridad.
Excalibur ha vuelto al corazón de las aguas. El Grial se ha ido a su propio lugar, el templo que no fue hecho con las manos, eterno en los cielos. Las paredes de la Abadía han caído. El desfile ha terminado.
El sueño se desvanece y vuelve la luz del día. El canto de los gallos en granjas lejanas, el ladrido de los perros, el balido de los corderos, el olor a turba quemada mezclado con el perfume de las flores de manzano... todo esto hace que la primavera de Westland fluya y atraviese los cinco sentidos.
Pero permanece el recuerdo de otras cosas. ¿Qué cosas hermosas no tendríamos si revivieramos la antigua costumbre de la peregrinación a los lugares santos en las fiestas sagradas? Hay mareas en la vida interior, y en la cresta de su oleaje estamos muy cerca del cielo. Hay veces en que las poderosas mareas de lo Invisible fluyen con fuerza desde arriba hacia la tierra, y también hay lugares sobre la superficie en los que los canales están abiertos y esas mareas llegan con la totalidad de su poder. Esto era conocido por los antiguos, que tenían mucha sabiduría que hemos olvidado, y ellos aprovechaban tanto las épocas como los lugares, cuando buscaban despertar la conciencia superior. Cada raza tiene sus centros sagrados, lugares donde el Velo es tenue; estos sitios fueron desarrollados por la sabiduría del pasado hasta que en ellos se engendró una poderosa atmósfera espiritual, y la conciencia pudo fácilmente abrirse a los planos más sutiles,aquellos en que los Mensajeros de Dios podían contactarla. Las piedras erguidas de un olvidado culto al Sol siguen en pie en muchos ámbitos de nuestras islas, y toda alma sensible podrá sentir la atmósfera de antiguo poder que aún existe en ellas, ya sea el aura manchada de sangre de Stonehengee o el resplandor vibrante, solar, de Avebury.
No se debe olvidar que existe una Tradición de Misterio que pertenece a nuestra raza,tradición que tiene su aspecto de naturaleza en el culto al Sol de los druidas y en la hermosa tradición mágica de los celtas, su aspecto filosófico en las tradiciones de la alquimia, y su aspecto espiritual en la Iglesia Oculta del Santo Grial, la Iglesia detrás de la Iglesia, que no fue hecha con las manos, eterna en los cielos. Todas tienen sus lugares sagrados, sus montañas, y sus albercas de iniciación, que son parte de nuestra herencia espiritual. Que aquellos que siguen el Camino Interior estudien nuestra tradición autóctona y vuelvan a descubrir y santificar sus lugares sagrados; que hagan peregrinaciones a esos lugares en las ocasiones en que el poder desciende y las fuerzas espirituales se precipitan sobre ellos como la marea en un estuario, y "cada arbusto común arde con Dios". Que velen en los altos sitios, cuando fluyen las mareas cósmicas, los Poderes de lo Invisible cambian la guardia y los rituales de la Iglesia Invisible se realizan cerca de la tierra.

Dion Fortune Avalon y la Atlántida


Cuando los romanos llegaron a Gran Bretaña encontraron unas tribus salvajes que vivían en espesos bosques, en aldeas protegidas por empalizadas. Estas tribus no poseían caminos, excepto los senderos peligrosos que conducían de un pueblo a otro a través de los pantanos.
No obstante, los romanos no fueron los primeros constructores de caminos en Gran Bretaña. Por las tierras altas estaban los caminos de una antigua civilización que había desaparecido y había sido olvidada mucho tiempo antes de que los romanos conquistaran las Islas de Estaño.
Lo que, para nosotros, hoy son las ruinas romanas lo mismo eran esos antiguos senderos para los romanos. Dondequiera que la espesa turba de la creta desafiaba a los árboles, allí estaban los rastros de una civilización antigua, organizada, y de enormes proporciones. Testigos de ello son sus caminos, sus defensas, sus lagunas de agua pura, y lo más prodigioso de todo, sus gigantescas Piedras Erguidas, que hasta el día de hoy son llamadas Piedras Sarsen por los lugareños. Los etimólogos nos dicen que la palabra Sarsen es una modificación de Sarraceno o forastero. ¿Quiénes eran los forasteros que erigieron esas grandes piedras?
La historia no puede decírnoslo, pues sus registros no llegan más allá del alba de nuestra civilización. Pero el ocaso de otra civilización existió antes de ese amanecer. Puede que la historia la ignore; puede que el conocimiento popular, el saber de la raza, se mueva en círculos; no obstante, los vestigios permanecen. Las grandes piedras en las tierras altas y los verdes y sinuosos senderos a través de la creta son testigos de las obras de un pueblo antiguo que desde hace mucho tiempo se ha dormido. Hay tradiciones más ancestrales que la tradición popular, que el saber de la raza, que hablan de una Edad Dorada en la que los dioses caminaban con los hombres y les enseñaban las artes de la civilización. Pero incluso estos dioses no fueron las primeras cosas creadas; tenían antecesores: gigantes a los que derrotaron y cuyos reinos tomaron por la fuerza. Estos dioses de las rocas, los más antiguos y terribles, fueron los primeros seres creados.
Por todas partes encontramos este relato sobre una raza antigua, este mito de los dioses que hicieron los dioses en la débil luz crepuscular del alba de las edades.
Pero hay otra historia que la acompaña: la historia de la tierra sumergida y la civilización perdida. La inmemorial tradición de Caldea posee esta historia, y las canciones de nuestra tradición céltica están llenas de ella. Para nosotros se trata de la tierra perdida de Lyon; las campanas de sus iglesias se pueden oír resonando en el Atlántico más allá de la costa tormentosa de Cornwall, donde la oscura figura de Merlín se mueve a través de la bruma de la leyenda, una figura que desconcertaba incluso a los creadores de las canciones que hablaban de su poder y sabiduría. Ellos no sabían quién era Merlín ni de dónde venía.
Merlín era el tutor y maestro de dos niños, Arturo Pendragon, Rey de Gran Bretaña, y Morgan le Fay, la sombría Lilith de nuestra leyenda, identificada a veces con la Dama del Lago, y de quien se afirmaba que era medio hermana de Arturo. ¿Y quiénes eran Merlín,con su profunda ciencia, yesos dos niños a los que enseñaba: el hada de padres no humanos, y Arturo, a quien el mago crió según alguna ciencia secreta, sin consideración alguna por la ley de los hombres?
Aquí hay muchos hilos que nunca han sido desenredados y vueltos a tejer. ¿Existe una pista que pueda revelar el significado de estas fábulas antiguas y justificar su sabiduría, o debemos rechazarlas como vanas fantasías urdidas para entretener las largas horas de oscuridad alrededor del fuego de las tribus de Gran Bretaña? Es posible desechar las fábulas, pero no podemos desechar las grandes piedras en las tierras altas, ni los antiguos caminos que existen entre ellas.
He aquí, entonces, otra fábula, para agregar a la fantasía de hadas urdida sobre los antiguos días del crepúsculo de nuestra raza.
Los sacerdotes egipcios, herederos de una tradición de la máxima antigüedad, le hablaron a Platón de una civilización más antigua aún, de la cual ellos mismos descendían. Se referían a un continente perdido hacia el Oeste, sumergido en las aguas del Atlántico. Los antiguos aceptaron estas afirmaciones como un hecho incuestionable; le tocó a las épocas siguientes ponerlas en duda, y rechazarlas por fin como un mito.
Pero ¿han sido finalmente rechazadas? Cada vez más, se oyen opiniones que se inclinan a considerar el perdido continente mítico de la Atlántida como la solución de muchos problemas de la prehistoria. La información sobre la cual se basan las pruebas y las conclusiones que se han extraído de ellas se pueden encontrar en muchos libros. No voy a demorarme en ello aquí, pues no es pertinente al tema. No obstante, indican que el patrón en el que he unido los fragmentos de leyenda que yacen sepultados en "la tierra más sagrada de Inglaterra" no carece de justificación.
¿Cuál es entonces mi teoría, para sumaria a la innumerable cantidad de especulaciones que ya existen? Empecemos por el principio, como dicen los niños cuando les van a contar un cuento. Contemos algo de la fábula de la Atlántida Perdida, y veamos si tiene alguna relación con nuestra tradición isleña de Merlín y Arturo y la sumergida tierra de Lyon.
Desde el centro del océano Atlántico hasta lo que hoy es América Central –así dice la tradición- se extendía un gran continente en el que vivía la Raza Fundamental que sucedió a los lemurianos, y que precedió a la nuestra. Había una gran civilización, desarrollada con ayuda de los dioses, quienes entonces vivían entre los hombres. Esta civilización construyó la prodigiosa Ciudad de las Puertas Doradas, respecto de la cual existe una tradición en todas las razas. Esta ciudad, así se afirma, se levantó en las flancos de un volcán apagado sobre la costa marítima de este antiguo continente. Detrás de esta ciudad había una llanura que se extendía hasta la cadena de montañas del interior de dicho continente. Ese volcán era una montaña aislada y piramidal, con la forma de un cono truncado, y uno de sus lados, el lado interior, daba a un precipicio. En la base había una enorme confluencia de chozas de junco en las que vivían los sectores más pobres. Cerca de la cima vivían las castas de comerciantes y artesanos, y sobre la cima estaban los palacios y escuelas del clan sagrado, que se dividía en dos ramas: la casta militar y la sacerdotal.
Este clan sagrado estaba cuidadosamente separado del resto de la población, y la crianza de sus niños se llevaba a cabo bajo la supervisión de los sacerdotes. Tan pronto como los hijos varones de este clan llegaban a una edad en la que demostraban cuál era su inclinación, aquellos que tenían las condiciones necesarias eran llevados a los colegios sagrados para ser preparados para el sacerdocio, y quienes no tenían condiciones para esto eran enviados a los colegios militares para ser entrenados en el ejército. Las doncellas del clan sagrado eran custodiadas con el mayor de los celos, y dadas en matrimonio a sacerdotes o soldados, según su estirpe y temperamento. De este modo, la herencia del clan se mantenía pura, y se criaba a un grupo selecto para el desarrollo de esos raros poderes de la mente que eran tan valorados entre los antiguos y tan poco comprendidos entre nosotros:
los poderes que permitieron a griegos y egipcios descubrir las bases de la astronomía moderna, la teoría atómica de la química y la estructura celular de la materia orgánica, sin la ayuda de ninguno de los instrumentos por cuya invención la ciencia moderna ha tenido que esperar para poder desarrollarse.
Los habitantes de la Atlántida, dice la tradición, eran grandes navegantes, y llevaban a cabo su comercio desde el Mar Negro hasta el océano Pacífico; también eran grandes colonizadores, y dondequiera que establecían sus colonias llevaban sus sacerdotes y sus altares. Adoraban al Sol, así como al Señor y Dador de Vida, en templos circulares abiertos, que tenían pisos de mármol y basalto. Estos seres eran de una estatura gigantesca, y poseían el conocimiento que les permitía utilizar la fuerza latente para germinar semillas como fuerza motriz. Su arquitectura era de carácter ciclópeo: grandes bloques de piedra tallada que ningún hombre primitivo podría haber levantado.
Pero ¿qué tiene que ver nuestra Avalon con esta historia? ¿Existe alguna posibilidad de ue en las leyendas de Merlín y las tierras sumergidas de Lyon estemos aludiendo a la historia de la Atlántida? Los habitantes de esa isla, dice Platón, eran grandes marineros y colonizadores. ¿Hay alguna posibilidad de que Avalon, con su corriente oculta de leyendas paganas, fuera originalmente una colonia de la Atlántida? ¿Es posible que Merlín fuera uno de esos seres -un sacerdote iniciado-? ¿Y que al presidir el nacimiento de Arturo estuviera siguiendo la costumbre de ese pueblo, de criar a los reyes en la sabiduría? A fin de introducir la conciencia más elevada de la raza de la Atlántida en las tribus célticas de la isla colonizada, ¿pudo Merlín, desafiando las leyes estrictas del clan sagrado y persiguiendo sus propios fines, cruzar la raza de la Atlántida con la céltica, y así engendrar a Arturo? ¿Y fue Morgan le Fay, la medio hermana de Arturo, la hechicera sabia en todas las ciencias. con su nombre derivado de la palabra céltica que significa mar, una descendiente de pura sangre de la raza de la Atlántida, una hija de ese pueblo marinero, nacida en Inglaterra?
Las leyendas de Gales están llenas de historias de tierras sumergidas; y Lyon, que estaba más allá de la costa de Cornwall, es una tradición de los celtas de esta región. ¿Es posible que estas tierras sumergidas sean la Atlántida Perdida? ¿Acaso los celtas aprendieron de los audaces navegantes de esa antigua civilización que vinieron a comerciar y se establecieron entre ellos como colonos? En este sentido, es notable que la peculiar combinación de consonantes, TI, que ocurre en la palabra Atlántida, sea muy característica de las lenguas de los aborígenes de Centroamérica, y que un sonido similar exista en la LI inicial del lenguaje galés, que se pronuncia como un clic gutural.
También es notable que la difusión de las leyendas artúricas se corresponda con la distribución de las piedras erguidas del antiguo culto al Sol.
¿Acaso debemos los Caminos Verdes de Inglaterra, que siguen una sinuosa ruta sobre la creta, a esta antigua raza de navegantes que colonizaron la mitad sur de Gran Bretaña y establecieron sus factorías a lo largo de la costa oeste de Escocia? ¿Fueron ellos quienes elevaron las piedras ciclópeas, que se parecen tanto a las que se encuentran hoy erguidas en las selvas vírgenes de América Central?
La veta de psiquismo que corre por las venas de la raza céltica, ¿se debe a la sangre de la raza de Atlántida introducida por los audaces experimentos de Merlín, el iniciado atlántico que había decidido compartir su suerte con los pueblos isleños después de que su propia raza se hundió en el mar?
Podemos referirnos aquí a otra cosa curiosa y dejar que el discernimiento del lector juzgue su valor e importancia. Quienes han visto el famoso Peñasco de Glastonbury, sobre el cual se centran tantas leyendas, siempre se sienten perplejos al tratar de decidir si es algo natural o artificial. Su forma de pirámide que se levanta en medio de una gran llanura, parece casi demasiado perfecta para ser verdadera, demasiado apropiada para ser obra solamente de la Naturaleza. Visto desde cerca, se puede advertir claramente un sendero que serpentea en tres niveles alrededor del cono del Peñasco, y esto es indudablemente obra de seres humanos. ¿Quiénes eran los que rendían culto a los dioses en esas alturas y subían hasta ellos mediante una ruta procesional?
Es bien sabido que a los antiguos les encantaba construir sus ciudades coloniales según el mismo plan de la ciudad madre en la tierra de donde venían. ¿Es posible que nuestro extraño cerro piramidal, con su cima truncada y su flanco hacia tierra adentro, tan escarpado como pueda concebirse, pueda haber sido modificado, esculpido, por así decir, por manos humanas, y adquirido ese aspecto en recuerdo de la montaña sagrada de su tierra natal? Acá y allá, en la llanura hay cerros redondeados, aún llamados islas por los lugareños; cerros que no son de roca sino de piedra de arcilla, dejados allí por alguna contracorriente del Severn antes de que las arenas del légamo hubieran angostado su canal. No sería difícil acometer un montículo de arcilla de este tipo y, sin más herramientas que picos y cestas,modelarlo según una forma deseada.
La tradición afirma que el Peñasco fue realmente un lugar supremo del antiguo culto al Sol, y que alguna vez se erigió en su cima un círculo de piedras como un Stonehenge en miniatura. Estas piedras fueron derribadas cuando el culto al Hijo remplazó el culto al Sol, pero las fuerzas generadas en ese lugar, sagrado para los ritos de una raza antigua, eran tan fuertes, que hubo que erigir una iglesia dedicada a San Miguel a fin de mantener dominadas las oscuras influencias del culto pagano. Estas iglesias a San Miguel construidas en las cimas de los cerros, que por cierto no pueden haber sido erigidas para comodidad de los feligreses, son características de las regiones donde es sabido que floreció el antiguo culto al Sol. Las leyendas de Arturo, las piedras erguidas y las iglesias a San Miguel en la cima de las colinas parecen ir juntas.
San Miguel es siempre representado pisando una serpiente; es el arcángel poderoso del sur en los conjuros mágicos, y al sur se le asigna el elemento fuego. Aquí tenemos nuevamente un curioso eslabón. Los naturales de la Atlántida adoraban al Sol, y el fuego es el símbolo terrenal del Sol. Su punto cardinal sagrado es el Sur, así como el punto cardinal sagrado de la cristiandad es el Este. La serpiente es un símbolo de dos cosas: de la sabiduría y del mal. ¿Puede ser que la serpiente, en su aspecto dual, represente la antigua sabiduría de una raza más antigua, una sabiduría que cayó en la corrupción, y por lo tanto, mala para una fe regenerada, y sin embargo, a pesar de ello, que sea una fuente del conocimiento más profundo?
Miguel, el santo cristiano, es miembro de una jerarquía más antigua; es el poderoso regente del elemento fuego. ¿A quién sino a él deberíamos implorar para dominar a la serpiente del culto al fuego, que ha caído en la decadencia?
No han quedado piedras erguidas en el Peñasco; pero la tradición sostiene que fueron despedazadas y utilizadas en los cimientos de la Abadía; y, realmente, en esta se han encontrado piedras que no fueron cortadas de las rocas del lugar y que son de una dureza tal que vuelve inútiles las herramientas de los albañiles locales. ¿Acaso se trata de los fragmentos de los antiguos sarsens, las Piedras de los Forasteros, que utilizaron para sus templos la poderosa piedra, de una extrema dureza, que ocurre en la creta donde los silicatos se han mezclado con la arena, y que forman los "Carneros Grises" de muchas tierras altas de pastoreo?
Sea que la tradición diga la verdad o no, existe al pie del Peñasco una fuente prehistórica erigida con los mismos bloques ciclópeos que usaron los constructores de Stonehenge, los de Karnak, y los de los templos sepultados de Mayas y Toltecas. En la cámara de la fuente está el nicho para el sacrificio humano, el sacrificio de agua de un pueblo marino; y se afirma que fue el amor de los atlantes por el sacrificio humano y la magia negra más baja lo que produjo su caída y llevó a su tierra a la destrucción. Donde la Atlántida se hundió está el golfo más profundo de todos los mares, un abismo no medido aún hasta hoy; y sobre él flota el Mar de los Sargazos, una isla inmensa de algas, tan densa que las gaviotas se posan sobre su superficie y los buques cambian de rumbo para evitarla.
Todo esto no es historia sino especulación; no es investigación sino la creación de un mito moderno. Pero de pie, a solas, en la cima del Peñasco, cuando el Lago del Prodigio se cierra casi completamente sobre ella, uno no puede dejar de recordar el fin de la Atlántida Perdida.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...