quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Albert Pike - Morals and Dogma II

 

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

21. É isto é o que é questionado e respondido no nosso catecismo, no que respeita à Loja.

22. Uma “Loja” é definida como uma “assembleia de Maçons, pontualmente congregados, tendo as escrituras sagradas, o esquadro e o compasso, uma carta de permissão e um estatuto que os autoriza a trabalhar.” A sala ou o lugar onde eles se reúnem, representando alguma parte do Templo do Rei Salomão é também denominada como Loja, e é assim que a estamos considerando.

23. É cediço, pois, que a Loja é sustentada por três grandes colunas, quais sejam a SABEDORIA, a FORÇA ou FORTALEZA e a BELEZA [25], representadas pelo Venerável Mestre, pelo 1.º Vigilante e pelo 2.º Vigilante e assim se costuma dizer, eis que a Sabedoria, a Força e a Beleza constituem-se na perfeição de todas as coisas e nada pode subsistir sem elas. “Assim o é, porque,”, diz o Rito de York, “é necessário Sabedoria para conceber, Força para suportar e Beleza para adornar todas as grandes empreitadas.” “Acaso não sabes,” diz-nos o Apóstolo Paulo, “que sóis o templo de Deus e que o Espírito de Deus o habita? Se algum homem profanar o templo de Deus, este homem será destruído por Deus, porquanto o templo de Deus é sagrado e este templo sóis vós.”

24. A Sabedoria e o Poder da Divindade estão em equilíbrio. As leis da natureza e as leis morais não são meros mandatos despóticos da Sua vontade omnipotente, para que então elas possam ser arbitrariamente mudadas por Ele e assim, transformar ordem em desordem, o bem em mal, o certo em errado, honestidade e lealdade em vícios e fraude, ingratidão e vício, em virtudes. O poder Omnipotente, infinito e existindo só, não tem necessariamente que ser forçado à consistência. Os Seus decretos e as Suas leis podem não ser imutáveis. As leis de Deus não nos são obrigatórias por se tratarem de decretos de Seu Poder ou por serem expressões da Sua Vontade, mas porque elas expressam a Sua infinita SABEDORIA. Elas não são certas por serem as Suas Leis; mas são as Suas Leis porque são certas. Do equilíbrio da Sabedoria e Força infinitas resulta a perfeita Harmonia no universo material e moral. Sabedoria [26], Rectidão e Harmonia constituem um ternário Maçónico [27]. Estes têm outros e ainda mais profundos significados que, em determinado momento, a ti serão revelados.

25. Como uma explicação simples, deverá ser aduzido o facto de que a sabedoria do Arquitecto é apresentada na combinação de – que só um habilidoso Arquitecto pode fazer, do mesmo tipo de arranjo que Deus fez em todos os lugares, como por exemplo, na árvore, no corpo humano, no ovo, nas células de uma colmeia – força com graça, beleza, simetria, proporção, iluminação e ornamentação. Esta, também, é a perfeição do orador e do poeta – o combinar a força, o vigor e a energia com o estilo gracioso, com as cadencias musicais e com a beleza de figuras, a representação e a irradiação da imaginação e da fantasia: a força guerreira e industriosa do povo com o seu vigor titânico devem ser combinadas com a beleza das artes, das ciências e da inteligência. Se o Estado pudesse escalar tais alturas da excelência, só assim o povo poderia ser realmente livre. A Harmonia neste caso, como em tudo o que é Divino, material e humano é o resultado do equilíbrio, da atracção e repulsa de elementos contrários; uma única Sabedoria acima delas segurando o feixe de escalas. Reconciliar a lei moral, a responsabilidade humana, o livre-arbítrio com o poder absoluto de Deus, bem como conciliar a existência do mal na Sua Sabedoria absoluta [28], com a bondade e com a piedade – são estes os grandes enigmas da Esfinge.

26. Por entre duas colunas entraste na Loja. Elas representam as duas colunas erigidas no pórtico do Templo, cada uma num lado do grande portão do Leste. Estes pilares, de bronze, de quatro dedos de espessura, eram, de acordo com o mais autêntico relato – aquele constante no Primeiro e no Segundo Livro dos Reis, confirmado em Jeremias – era de dezoito cúbitos de altura com mais cinco cúbitos de altura no seu capitel. O eixo de cada uma tinha quatro cúbitos de diâmetro. Um cúbito representa um pé e 707/1000. Isto é, o eixo de cada coluna tinha um pouco mais de 30 pés e oito polegadas de altura, e os capitéis de cada uma tinham um pouco mais de oito pés e o diâmetro do eixo tinha seis pés e dez polegadas. Os seus capitéis eram enriquecidos com romãs de bronze cobertas por uma malha de bronze e ornamentadas por uma grinalda também de bronze, parecendo que foram feitas para imitar as sementes da flor de lótus ou o lilás egípcio, um símbolo sagrado para os hindus e egípcios. O pilar ou a coluna da direita, ou no sul, foi denominada como a palavra hebraica traduzida na nossa Bíblia como JACHIN, e a outra, na esquerda, foi denominada como BOAZ. Os nossos tradutores dizem que a primeira palavra significa “Ele proverá (estabelecerá)” e a segunda significa “Nela há força”.

27. Tais colunas são imitações, feitas por KHURUM, o artista de Tiro, das grandes colunas consagradas aos Ventos e ao Fogo, posicionadas na entrada do famoso TEMPLO DE MALKARTH, na cidade de TIRO [29]. É bastante comum, nas lojas do Rito de York, ver um globo celestial numa coluna e um globo terrestre noutra; mas estas colunas não são garantidas, pois são objectos que imitam as duas colunas originais do Templo. O significado simbólico destas colunas, por ora, deixaremos sem explicação, apenas acrescentando que os Aprendizes mantém as suas ferramentas de trabalho na coluna “JACHIN”. Daremos também, por ora, apenas a etimologia e o significado literal destes dois nomes.

28. A palavra “JACHIN” em hebreu, provavelmente pronunciada como “YA-KAYAN”, entendida como um substantivo verbal significa “aquele que apoia” e, portanto, tida como firme, estável e confiável.

29. A palavra BOAZ é “baaz” que por sua vez significa Forte, Força, Poder, Poderoso, Refúgio, Fonte de Força, fortaleza. O prefixo significa “com” ou “dentro”, e confere à palavra a força de um gerúndio latino – roborando -, ou seja, fortalecendo.

30. A primeira palavra também significa “ele vai estabelecer”, ou plantar, por em posição erecta – vem do verbo “Kun”, ou seja, ele se manteve erecto. Provavelmente significava Activo e Energia Vivificante e Força; BOAZ, significava Estabilidade e Permanência, no sentido passivo.

31. As dimensões da Loja, dizem os nossos Irmãos do Rito de York, “são ilimitadas e cobrem nada menos que toda abóbada celestial”. “Para este objectivo”, eles dizem, “é que a mente do Maçom é direccionada constantemente e é para lá que ele espera chegar ao fim da sua jornada com a ajuda da escada teológica, a qual Jacob viu nas suas visões, se elevando da terra aos céus; os três principais lances são aqueles que são denominados como Fé, Esperança e Caridade, cada qual nos remete à Fé em Deus, Esperança na Imortalidade [30] e a Caridade destinada a toda a Humanidade”. A propósito, a escada, algumas vezes representada com nove lances é vista no quadro, começando no chão da terra, o seu cume nas nuvens e as estrelas brilhando acima dela, como que para representar a escada mística que Jacob viu no seu sonho, posta sobre a terra com a sumidade a tocar o Céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela [31]. A adição dos três principais lances, para o seu simbolismo, é de todo moderno e incongruente.

32. Os antigos contavam sete planetas, assim arranjados: a Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Existiam então sete céus e sete esferas destes planetas. Em todos os monumentos dos Mitras existiam sete altares ou piras consagradas aos sete planetas, assim como existiam sete velas no candelabro de ouro do Templo [32]. CLEMENTE DA ALEXANDRIA [33] assegura-nos que estas luzes representavam os sete planetas na sua “STROMATA [34]”, bem como FÍLON, O JUDEU [35].

33. Para retornar à sua fonte no Infinito, a alma humana, os antigos diziam, deveria subir antes ter descido pelas sete esferas. A escada pela qual a alma reascendia – conforme MARCÍLIO FÍCINO nos seus Comentários às Enéades de PLOTINO [36] -, possuía sete degraus ou passos; e nos Mistérios de MITRA [37], trazidos a Roma durante o reinado dos imperadores, a escada, com os seus sete lances, era um símbolo da ascensão por entre estes sete planetas. Jacob viu os Espíritos de Deus subindo e descendo por esta escada e no topo desta encontrava-se a própria Divindade. Os MISTÉRIOS MITRÁICOS [38] eram celebrados em cavernas, onde os seus portais eram marcados nos quatro pontos equinociais e nos pontos dos solstícios do ZODÍACO, sendo que os sete planetas foram representados na descida do céu de estrelas fixas para os elementos que constituem a terra; ao passo que cada um dos sete portões destinados a representar um planeta, foram marcados para que os adeptos passassem por eles, seja na descida ou no seu retorno à superfície.

34. Nós sabemos disto pelos ensinamentos de CELSO, em Orígenes, que dizia que esta imagem simbólica de passagem pelas estrelas, usada pelos Mistérios Mitráicos era uma escada que, da Terra ao Céu era dividida em sete níveis ou estágios e cada um destes era um portal e que, no seu cume, havia ainda um oitava estágio, onde se encontravam as estrelas fixas. O símbolo era o mesmo dos sete estágios da Pirâmide de Tijolos Vitrificados chamada “BORSIPPA [39]”, próxima à Babilónia, construída também com sete estágios, cada um destes de uma cor diferente. Nas cerimónias mitráicas, o candidato passava por sete estágios de iniciação, enfrentando vários desafios bastante arriscados – e era isto que esta escada representava.

35. Vês a Loja, os seus detalhes e ornamentos através das suas Luzes. Já ouviste também que tais Luzes, como dizem os nossos Irmãos do Rito de York, podem ser Grandes ou Pequenas.

36. A Bíblia Sagrada, o Esquadro e o Compasso não são apenas caracterizadas como as Grandes Luzes da Maçonaria, mas também são definidas tecnicamente como o mobiliário [40] da Loja; e como já visto, não pode a Loja ser constituída sem elas. Tal medida tem sido por algumas vezes usadas como pretexto para a exclusão de judeus das nossas Lojas, eis que eles não podem tomar o Novo Testamento como um livro sagrado. A Bíblia é uma parte indispensável no mobiliário de uma Loja Cristã, uma vez que é o livro sagrado da religião Cristã. Ao Altar pertencem, o PENTATEUCO hebreu numa Loja hebraica e o CORÃO numa Loja Maometana. Um destes Livros – que fique bem entendido-, bem como o Esquadro e o Compasso são as Grandes Luzes sob as quais um Maçom deverá sempre andar e trabalhar.

37. O juramento de um candidato deve sempre ser tomado sobre o livro ou os livros sagrados da sua religião, pois só assim o juramento se torna solene e marcante, eis que te foi perguntado a qual religião pertencias. Não temos qualquer outro problema com a religião que professas.

38. O Esquadro é um ângulo recto, formado por duas linhas rectas. Por sua natureza adapta-se apenas à superfícies planas, pertencendo unicamente à geometria, agrimensura, tal qual a trigonometria que lidava apenas com o plano e com a terra, que os antigos supunham ser plana. O Compasso descreve círculos e lida com a trigonometria esférica, que é a ciência das esferas e dos céus. O primeiro é um emblema do que respeita a terra e ao corpo; o outro, no que respeita à alma e aos céus. Entretanto, o Compasso é também usado para a trigonometria plana, como para erigir perpendiculares; ainda, foste alertado para o facto de que neste Grau ambas as pontas do Compasso estão sob o Esquadro e estás apenas lidando com os seus sentidos moral e político destes símbolos e não com o seu significado filosófico e espiritual, mesmo que o divino sempre se coaduna com o elemento humano, intercalando com o terreno e o espiritual, pois há sempre algo de espiritual na mais corriqueira das actividades da vida. As nações não são apenas corpos políticos, mas também, corpos com uma alma política, para a desgraça daquelas pessoas que, buscando apenas o material, se esquecem de que a nação também tem uma alma. E, desta forma, temos uma raça petrificada em dogma, que pressupõe a ausência de uma alma e que confia na presença apenas da memória e do instinto, porquanto desmoralizada pelos lucros. Uma natureza assim não poderá nunca liderar a civilização. As genuflexões ante ao ídolo do dólar atrofiam tanto os músculos que usamos para andar quanto a vontade que origina tais movimentos. A absorção hierática ou mercantil diminui o brilho do povo, diminui o seu horizonte rebaixando o seu nível, privando-o do entendimento dos objectivos universais que são ao mesmo tempo humanos e divinos, o que constitui as nações missionárias. Um povo livre, esquecendo-se de que tem uma alma para cultivar, emprega todas as suas energias unicamente na perseguição de avanços materiais. Se tal povo faz a guerra, é com o objectivo único de atender aos seus interesses comerciais. Os cidadãos, ao emular o Estado, perseguem por sua vez apenas a fortuna, a pompa e a luxúria como se fossem estes os únicos bens da vida. Uma nação assim gera riqueza muito rapidamente, mas as distribui muito mal. Resultam disto, portanto, os dois extremos de uma monstruosa opulência e de uma monstruosa miséria; toda a alegria é destinada apenas para muito poucos e para o resto, o povo, toda sorte de privações; Privilégio, Excepções, Monopólio e Feudalismo são produtos do próprio trabalho: uma falsa e perigosa circunstância que transforma o trabalho num Ciclope [41], que acorrentado e cego, nas minas, nas forjas, nas oficinas, nas tecelagens e nos campos, sob os venenosos fumos, nas celas nauseabundas, nas fábricas sem ventilação, se fundamenta o poder público através da miséria individual, construindo a grandeza do Estado através do sacrifício do indivíduo. É nesta grandeza mal constituída que todos os elementos materiais se encontram combinados sem a participação, no entanto, do elemento moral. Se o povo, como uma estrela, tem o direito de eclipsar, a luz, por sua vez, tem o direito de retornar. O eclipse não se poderá degenerar em noite.

39. As três Luzes menores, ou as Luzes Sublimes, das quais já ouviste falar, são o Sol, a Lua e o Mestre de uma Loja; e já ouviste também que os nossos Irmãos do Rito de York têm a dizer sobre elas e porque eles as mantêm como se fossem Luzes de uma Loja. Porém, o Sol e a Lua não fazem, de forma alguma, luz dentro da Loja, a menos que seja simbolicamente, e as luzes não são tais astros, mas tratam-se daquelas coisas de que elas são símbolos. Sobre o que significam tais símbolos, o Maçom deste Rito não tem instrução. Nem a Lua tampouco, qualquer que seja o seu sentido, não rege de forma alguma a noite com a sua regularidade.

40. O Sol é o símbolo ancestral da vida e do poder de criação da Divindade [42]. Para os antigos, a luz era a causa e a origem da vida; e Deus era a fonte de onde toda luz emanava; a essência da Luz, o fogo invisível, desenvolvida como Flama e que se manifestava como luz e esplendor. O Sol era a Sua manifestação e a sua imagem visível, e os Sibaritas [43] veneravam o Deus-Luz, pareciam venerar ao Sol, em que eles acreditavam ser a manifestação da Divindade.

41. A Lua era o símbolo da capacidade passiva de produzir, a fêmea, sendo que o poder e energia de dar a vida eram do homem. Era o símbolo de ÍSIS [44], ASTARTE e ÁRTEMIS ou DIANA [45]. O “Mestre da Vida” era a divindade suprema, acima dos dois e que se manifestava através dos dois; ZEUS [46], o Filho de SATURNO, se tornou o Rei dos Deuses; HÓRUS [47], filho de OSÍRIS e de ÍSIS, se tornou o Mestre da Vida; DIONÍSIO ou BACO [48], assim como MITRA [49], se transformou no criador da Luz, da Vida e da Verdade.

42. O Mestre da Luz e da Vida, o Sol e a Lua, são simbolizados em cada Loja pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes: é a obrigação do Mestre é de dispensar a luz pura para os Irmãos, por si próprio, e através dos Vigilantes, que são os seus ministros.

43. “Teu Sol”, diz ISAÍAS a Jerusalém, “não deverá mais ir abaixo, nem tua lua deverá desaparecer por si mesma; para o SENHOR haverá uma sempre presente luz, e os dias de teu sofrimento deverão acabar. Teu povo será também em tudo correcto; eles deverão herdar a terra para todo o sempre.” E assim um povo livre.

44. Os nossos ancestrais nórdicos veneravam esta tríplice Divindade: ODIN [50], o todo-poderoso Pai; FRÉIA [51], sua esposa, era o símbolo universal da matéria e THOR [52], seu filho, era o mediador. Porém, acima deles, estava o Deus Supremo, “o autor de tudo o que existe, o Eterno, o Antigo, o Vivificante e o Terrível Ser, o Buscador dentre as coisas ocultas, o Ser Imutável.” No TEMPLO DE ELEUSIS – um santuário iluminado apenas por uma janela no tecto que representava o Universo -, as imagens do Sol, da Lua e de Mercúrio encontravam-se representados [53].

45. “O Sol e a Lua”, diz o sábio IIr∴ DELAUNAY [54], “representa os dois grandes princípios de todas as gerações, o activo e o passivo, o masculino e o feminino. O Sol representa a luz verdadeira. Ele derrama sobre a Lua os seus raios fecundantes; ambos dividem a sua luz com os seus rebentos, a Estrela Flamígera ou HÓRUS e as três formas do Grande Triângulo Equilátero, em que no centro se encontra a omnipotente letra da Kabalah, sobre o qual a criação teria surtido os seus efeitos.”

46. Os ORNAMENTOS de uma Loja são tidos como “o Pavimento Mosaico, a Orla Dentada e a Estrela Flamígera”. O Pavimento Mosaico, dividido em quadrados ou em losangos claros e escuros é tido como para representar o piso do Templo do Rei Salomão e a Orla Dentada como “aquela bela borda que envolvia o piso do Templo”. A Estrela Flamígera no centro é tida como “o símbolo da Providência Divina e a representação comemorativa da estrela que surgiu para guiar os sábios do Leste para o lugar onde nasceu o nosso Salvador.” Entretanto, “as pedras não podiam ser vistas” no interior do Templo. As paredes eram cobertas com pranchas de cedro e o piso era de abeto. Não existem evidencias de que este tipo de pavimento ou piso existia no Templo, bem como tais bordas. Antigamente, na Inglaterra, apenas PRANCHETA DE LOJA era envolvida por uma orla dentada e é só na América que tal tipo de borda é disposta ao redor de todo Pavimento Mosaico. Os “TESSERAE”, de facto, eram os quadrados ou os losangos do pavimento. Na Inglaterra, ainda, “a orla dentada ou denteada” é chamada “TESSELLATED [55]”, devido à mesma ter quatro “TASSELS [56]”, que representavam a Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça. Ela foi denominada como a “Trassel” dentada, mas isto é um mau uso da palavra. É, pois, um pavimento quadriculado com uma orla dentada.

47. O pavimento que mescla o branco e o preto simboliza – talvez com este propósito ou não -, os Princípios do Bem e do Mal dos credos Egípcios e Persas. Representa o embate entre MICHAEL e SATÃ, entre os DEUSES e os TITÃS, entre BALDER [57] ou LOKI [58], entre a luz e as trevas, Dia e Noite, Liberdade e Despotismo, Liberdade Religiosa e os Dogmas Arbitrários da Igreja, que pensa pelos seus devotos e da qual o seu Pontífice clama serem infalíveis, e os decretos dos seus Concílios como verdadeiros evangelhos.

48. Os eixos deste pavimento, se encontrados em losangos, devem necessariamente ser dentados ou denteados, dispostos como os dentes de uma serra; para ser completo, ao demais, uma borda também é necessária. É completada ainda por franjas que servem como ornamentos nas suas esquinas. Se estes e as suas bordas têm algum significado simbólico são, pois, fantasiosos e arbitrários.

49. Encontrar na ESTRELA FLAMÍGERA de cinco pontos uma alusão à Divina Providência é também uma fantasia e entende-la como uma representação daquela Estrela que guiou os Magos, é impor a ela um significado moderno. Originalmente, ela simbolizava SÍRIUS [59], a estrela canina, a anunciadora das enchentes do Nilo ou o Deus ANUBIS, companheiro da deusa ÍSIS na busca pelo do corpo de OSÍRIS, seu irmão e seu marido. Assim sobreveio a imagem de HÓRUS, o filho de OSÍRIS, ele mesmo representado pelo Sol, o criador das estações e o Deus do Tempo; o filho de ÍSIS, que era a natureza universal, ele próprio a matéria primitiva, fonte inesgotável de vida e uma fagulha do fogo ainda não criado e a semente universal de todos os seres vivos. A ESTRELA FLAMÍGERA representava também a HERMES, o Mestre da Aprendizagem, conhecido pelos gregos antigos como o Deus Mercúrio. Então, veio a ser o símbolo ou característica potente e sagrada dos Magos, o PENTALFA [60], sendo o poderoso emblema da Liberdade e Isenção, resplandecendo com uma sempre firme e estável luz por entre os confusos elementos benignos e malignos das Revoluções, prometendo céus tranquilos e estações férteis para as nações, após as tempestades das mudanças e do tumulto.

Notas
[25] JOSEPH FORT NEWTON, ensina-nos, na sua belíssima obra “THE BUILDERS” que “Na índia, e entre os Maias e os Incas, existiam três pilares nos portais dos templos terrestres e celestiais – Sabedoria, Força e Beleza. Quando um homem erigia um pilar, ele se transformava num companheiro daquele a quem os sábios da China chamavam como o “Primeiro Construtor”. Ademais, pilares eram erigidos para marcar os lugares sagrados da visão e da Divina entrega, como quando Jacob erigiu um pilar em Bethel, Josué em Gilgal e Samuel em Mizpeh e Shen. Os pilares sempre foram símbolos de estabilidade, os quais os egípcios descreveram como “the place os stabilishing forever”, – emblemas da fé “que os pilares da terra são do Senhor, e que Ele dispôs o mundo sobre eles.” (Chapter II, p. 29, tradução livre, edição virtual, copyright 1996-2001 – Phoenixmasonry, Inc. in www.phoenixmasonry.org) (N. do T.)

[26] Digna de registro é a definição de SABEDORIA dada por ALICE A. BAILEY, na sua obra “INICIAÇÃO HUMANA E SOLAR”, que a seguir se transcreve: “A sabedoria é produto da CÂMARA DA SABEDORIA. Relaciona-se com o desenvolvimento da vida na forma, com o progresso do espírito naqueles veículos sempre cambiantes e com as expansões de consciência que se sucedem de vida em vida. Refere-se ao aspecto vital da evolução. Como lida com a essência das coisas e não com as próprias coisas, é a percepção intuitiva da verdade separada da faculdade de raciocínio, e a percepção inata que pode distinguir entre o falso e o verdadeiro, entre o real e o irreal. É mais do que isso, pois representa, também, a capacidade crescente do Pensador penetrar cada vez mais na mente do LOGOS, de conscientizar a verdadeira natureza interna do grande personagem do universo, de enfocar o objectivo e de se harmonizar progressivamente com a unidade mais ampla. Para a nossa presente finalidade (que consiste em estudar um pouco o CAMINHO DA SANTIDADE e os seus vários estágios) poderá ser descrita como a conscientização do “REINO DE DEUS INTERNO” e a percepção do “REINO DE DEUS EXTERNO” no sistema solar. Talvez possa ser expressa como a combinação progressiva dos caminhos do místico e do ocultista – a edificação do templo da sabedoria baseada no conhecimento. A sabedoria é a ciência do espírito, da mesma forma como o conhecimento é a ciência da matéria. O conhecimento é separativo e objectivo, ao passo que a sabedoria é sintética e subjectiva. O conhecimento divide; a sabedoria une. O conhecimento diferencia, ao passo que a sabedoria combina.” (p. 28/29). (N. do T.)

[27] Sobre o TERNÁRIO MAÇÓNICO recomendamos a leitura do texto “O TERNÁRIO” de autoria do IIr∴ JOSÉ ANTÓNIO DOS SANTOS (in “Caderno de Pesquisas Maçónicas – Caderno 4”, págs. 119 usque 127), do qual se extrai a seguinte ilação: “a Maçonaria adoptou o texto do Salmo 133, como invocação ao auxílio do G∴ A∴ D∴ U∴ na abertura dos Trabalhos da Loja de A∴ M∴ , o qual é composta de TRÊS versículos, formando o mais lindo TERNÁRIO filosófico deste meu trabalho, a saber: Versículo 1 – Oh! Como é bom e agradável/Aos Irmãos unidos viverem juntos. Versículo 2 – É como o óleo perfumado na cabeça,/Que desce para a barba, a barba de AARÃO;/ Que desce para a orla do seu manto. Versículo 3 – É como o orvalho do Hérmon/ Que desce sobre a montanha de Sião;/ Ali derrama o SENHOR a sua bênção./ E a vida para todo o sempre.” (N. do T.)

[28] Sobre “ como conciliar a existência do mal na Sua Sabedoria absoluta…” que figura nesta passagem do texto, seguimos o entendimento, mais uma vez, de FIGANIÈRE, eis que “Segundo os cânones esotéricos o mal é fenómeno, um desvio da verdade; é também o espírito que permeia a lição de JOB, que, perguntando onde se acha a sabedoria, qual é o lugar da inteligência, responde afinal: “Eis aí o temor do Senhor, ele é a mesma sabedoria; e apartar-se do mal, é a inteligência (Cap. XXVIII, 12-28). Não há que recorrer à ”tolerância” do Supremo (segundo rezam certos textos) para explicar o mal. Concorda com o que diz KRISHNA (isto é, ATMÃ) no BHAGAVAD-GITA: “Não estou na natureza que pertence às três qualidades ditas SATTV RAJAS e TAMAS, conquanto procedam de mim; estão contudo em mim. Achando-se o mundo confundido pela influência destas três qualidades, ignora que sou distinto delas, e sem decadência.” (…) É no mesmo espírito que se exprime o YADJUR VEDA: “Ele move-se, Ele não se move; Ele está distante, Ele está perto; Ele está em tudo, Ele está fora de tudo.” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, p. 68) E, de arremate: “A unidade absoluta (como se costuma postular o estado não-manifesto) dá consigo no panteísmo, na omnipresença substancial de Deus, que assim estaria relacionado com tudo, sem excluir o mal” (Op. Cit., p. 67) (N. do T.)

[29] Cidade de TIRO, na FENÍCIA, o atual LÍBANO. “E do mesmo modo que a Grécia na sua infância se mostra humilde discípula do Egipto, quando exangue morre, por assim dizer, nos braços do Egipto; em Alexandria uniu os seus ritos, sistemas filosóficos e deuses com os do Egipto e da Judeia, para que mais tarde pudessem ressuscitar em Roma no Cristianismo. Só a influência fenícia pode comparar-se à egípcia. Os activos mercadores de Tiro e de Sídon foram agentes transmissores da cultura, que estimularam todas as regiões do Mediterrâneo por meio das ciências, tecnologia, artes e cultos do Egipto e do Oriente Próximo.” (WILL DURANT in “HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO” – Segunda Parte, Tomo I, 3.ª edição, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1957, p. 91) (N. do T.)

[30] “Se a alma não teve passado, por certo não terá porvir.” – FIGANIÈRE.

[31] Sobre a ESCADA MÍSTICA DE JACOB, se vislumbra em FIGANIÈRE que “Vendo em sonhos uma escada, posta sobre a terra com a sumidade a tocar no céu, vinham “os anjos de Deus subindo e descendo por ela” (Génesis, XXVIII, 12). Por que não descendo e subindo – pois havia descida primeiro que subida? Porque o momento foi de início nem final; era de presença; “Anjos” em sonho, na realidade almas…” (in “SUBMUNDO, MUNDO E SUPRAMUNDO”, Colecção Biblioteca Planeta, n.º 10, Editora Três, Rio de Janeiro, 1973, p. 58) Importante notar ainda que Figanière ressalva na sua interpretação que não se tratam de “Anjos” e sim de “almas” e, a seguir, no texto – p. 33 – tais anjos são também definidos por Albert Pike como os “espíritos de Deus”, adoptando este mesmo entendimento. (N. do T.)

[32] São sete os Princípios Herméticos, (“The Principles of Truth are Seven; he who knows these, understandingly, possesses the Magic Key before whose touch all the Doors of the Temple fly open.”), a seguir transcritos: I – O Princípio do Mentalismo; II – O Princípio da Correspondência; III – O Princípio da Vibração; IV – O Princípio da Polaridade; V – O Princípio do Ritmo; VI – O Princípio da Causa e Efeito; VII – O Princípio do Gênero. (in “THE KYBALION – A STUDY OF HERMETIC PHILOSOPHY OF ANCIENT EGYPT AND GREECE, BY THREE INITIATES”, The Yogi Publication Centre, Chicago,1940, chapter II) (N. do T.)

[33] “CLEMENTE DE ALEXANDRIA” – era um judeu gnóstico considerado como o responsável pela helenização do judaísmo. Segundo HELENA PETROVNA BLAVATSKY, na sua obra “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”, Clemente “era um converso na aparência, mas de coração ardente neoplatónico e filósofo pagão” que supostamente foi um dos primeiros instrutores dos bispos cristãos na origem do cristianismo e da Igreja Católica. Ao demais, é considerado como um dos primeiros membros da Igreja da Alexandria e morreu entre os anos de 211 e 216 d. C. Importa ainda dizer que era conhecido por escrever sobre o mito do “CRESTUS” da seita dos judeus essénios, considerados como os cristãos primitivos. (N. do T.)

[34] “STROMATA” pode ser traduzida como “miscelânea” e é o último livro da trilogia de Fílon, que foi assim chamado pelo facto de abordar diversos assuntos filosóficos, religiosos e científicos. Os outros dois livros eram “PROPEPTICUS” e “PAEDAGOGUS”. (N. do T.)

[35] “FÍLON, O JUDEU” ou “FÍLON DA ALEXANDRIA” – escreveu um tratado sobre Serapis ou o Bom Deus, destruído mais tarde pela Igreja Católica. Segundo estudiosos, os evangelhos teriam sido originados nos seus escritos e talvez tenha sido o pensador mais influente durante o período de formação do Cristianismo, mesmo sem nunca ter mencionado ou reportado a existência de Jesus Cristo, segundo LA SAGASSE. Historiadores impõem que Fílon platonizou e helenizou o judaísmo – que desde a diáspora vinha perdendo adeptos em favor de outras religiões, como por exemplo, a persa – dando-lhe feições greco-egípcias e que teria sido o autor do livro “Apocalipse” que mais tarde foi catalogado na Bíblia. Foi um dos pensadores mais influentes do seu tempo – época em que CALÍGULA era o imperador romano – tratando de diversos acontecimentos históricos em Roma, na Palestina e na Judeia, bem como se dedicou ao estudo da então estranha seita dos essénios e da sua organização proto-socialista. Por fim, era notável por pregar a Igualdade e a Fraternidade entre os homens. (N. do T.)

[36] “PLOTINO” – foi um dos maiores filósofos do mundo antigo e é considerado como o fundador da corrente do Neoplatonismo que exerceu enorme influência em místicos e filósofos pagãos, cristãos, judeus, muçulmanos e gnósticos. Morreu em 276.

[37] “MITRA” – era para os persas o seu deus redentor e, segundo vários escritores, pode ser considerado o traço de união entre o cristianismo primitivo e o budismo dos hindus. Nasceu numa gruta no dia 25 de Dezembro e os acontecimentos da sua vida lendária lembram bastante aos acontecimentos da vida de JESUS CRISTO: a visita dos reis magos, o nascimento de mãe virgem, a tentação do diabo, a sua morte e ressurreição, etc., assim como nos remete, pela sua semelhança, ao mito de Hórus dos egípcios, de Prometeu dos Gregos e ao da reencarnação do avatar Salvitri dos hindus, que também nasceram no dia 25 de Dezembro (solstício de Inverno). No que respeita às semelhanças com Jesus Cristo, alguns hindus crêem que Cristo seria o novo avatar destinado aos ocidentais – o oitavo foi KRISHNA, o nono foi BUDA, nome dado a Sidarta Gautama, nascido na Índia por volta do ano 621 a.C. –, sendo notável, ainda, as semelhanças dos nomes de JESEU KRISHNA com JESUS CRISTO. (N. do T.)

[38] “MISTÉRIOS MITRÁICOS” ou ‘MISTÉRIOS DE MITRA” – tais mistérios vêm da religião criada por ZARATUSTRA ou ZOROASTRO (para os gregos, que sempre resistiram a adoptar a pronúncia dos bárbaros), em que existia a eterna luta entre o bem e o mal. AHURA MAZDA (ou ORMUZD) era o deus do fogo e da luz e ANGRA MAYNIU (ou AHRIMAN) era o deus das trevas, representando o mal. Nesta luta, AHURA MAZDA foi auxiliado pelo seu filho MITRA, o espírito do Bem e da Justiça, porquanto era o mediador entre os homens e AHURA MAZDA. Este deus mandou o seu filho à Terra, o qual nasceu de uma mulher virgem, pura e bela, concebido através de um raio de sol. Morreu e ressuscitou para salvar os homens e os mistérios mitráicos retratavam através dos seus rituais os acontecimentos da sua vida lendária. (N. do T.)

[39] “BORSIPPA” – importante cidade da SUMÉRIA – actual IRAQUE – que actualmente se chama BIRS NIMRUD, em homenagem ao DEUS NIMROD e onde se encontrava a pirâmide que é mal identificada na cultura judaico-cristã, bem como na cultura árabe, como a “TORRE DE BABEL”. Era possivelmente o templo de NABU, chamado filho de MARDUK da Babilónia e foi reconstruída pelo rei NABUCODONOSOR II com sete esferas de tijolos de nobre lápis lazúli. Tinha 231 pés (aproximadamente 70,41 metros) de altura divididos em sete terraços e mesmo quando em ruínas, alcançava 172 pés (aprox. 52,43 metros) de altura. Temos ainda em WILL DURANT, que em BORSIPPA se encontrava a maior das bibliotecas babilónicas. Apesar de terem todas sido destruídas, todo o acervo da biblioteca de BORSIPPA foi copiado e mantido na biblioteca de ASSURBANIPAL, e as trinta mil tabuletas constituem-se na principal fonte de conhecimento sobre a vida, história e cultura do povo da Babilónia. Importante notar que, segundo este mestre, “que o grande ziggurat de BORSIPPA era chamado de “Os Estágios das Sete ESFERAS”; cada pavimento era dedicado a cada um dos sete planetas conhecidos na BABILÓNIA, e cada um tinha uma cor simbólica. O mais baixo era preto, representando a cor de Saturno; o próximo logo acima era branco, a cor de Vénus; o próximo era roxo, cor de Júpiter; o quarto azul, para Mercúrio; o quinto era escarlate, para Marte; o sexto era prata, para a lua; o sétimo dourado, para representar o sol. Estas esferas e estrelas, começando do topo, eram para designar os dias da semana.” (in “OUR ORIENTAL HERITAGE”, Editora Simon and Schuster, Estados Unidos, Nova York: 1954, p. 249/255)

[40] Do inglês original “FURNITURE”, ou seja, mobiliário, podendo ser entendido como “Jóia” ou como as “Jóias Móveis de uma Loja”, conforme se depreende de vários manuais maçónicos. (Nota do Tradutor)

[41] Os CICLOPES eram gigantes de um olho só. Os três primeiros eram filhos de GAIA e ÚRANO. Aprisionados no mundo subterrâneo, foram libertados por ZEUS e ajudaram-nos a combater os seus captores, os Titãs. Como ferreiros de Zeus, fizeram também os seus raios e também o capacete de POSEIDON. (PHILIP WILKINSON in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, p. 58) Ainda, Os CICLOPES eram chamados de “construtores” e ocultismo os chama de “Iniciadores”, que, iniciando alguns pelasgos, lançaram as fundações da verdadeira Maçonaria. ”(in “SECRET DOCTRINE”, II, P. 345 apud GEOFFREY FARTHING in“THE RIGHT ANGLE – H. P. BLAVATSKY ON MASONRY IN HER THEOSOPHICAL WRITINGS “, Chapter II, tradução livre) (N. do T.)

[42] HELENA PETROVNA BLAVATSKY, na sua obra “AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA”, aponta numa belíssima passagem que “sobre toda a superfície da Terra – do Pólo Norte ao Pólo Sul, dos Golfos gelados dos países nórdicos Às planícies tórridas do sul da Índia, na América Central, na Grécia e na Caldeia -, era adorado o fogo solar como símbolo do Poder Divino, criador da vida e do amor. A união do sol (o espírito – elemento masculino) com a Terra (a matéria – o elemento feminino) era celebrada nos Templos do Universo inteiro. A propósito, segundo o eminente ocultista e Maçom belga Ragon, no seu magnum opus “LA MAÇONNERIE OCULTE” temos que “o Sol era o mais sublime e natural das imagens do Grande Arquitecto; igualmente a mais engenhosa de todas as alegorias pelas quais o homem moral e bom (o verdadeiro sábio) simbolizava como a Inteligência infinita, sem limites.” “ No coro sideral o sol vai prosseguindo, qual na origem lho hás dado, o curso harmonioso. Tonitruante baixo no seu concerto infindo, só mandando-lho tu, Senhor, terá repouso. A sua luz dobra a nossa, enchendo-nos de espanto não podemos sondar-lhe a portentosa essência. Como o fora a princípio, ó sacra Omnipotência, teu sol é hoje ainda enigma, assombro, encanto.” GOETHE, em “FAUSTO”. (N. do T.)

[43] “SABBAEANS”, no texto original, aqui traduzido como “Sibaritas”. (N. do T.)

[44] “ÍSIS” – “era esposa fiel e irmão de OSÍRIS. ÍSIS criou o Nilo com as suas lágrimas. OSÍRIS e ÍSIS são os pais de HÓRUS, o deus do céu com cabeça de falcão, cujos olhos eram a lua e o sol. HÓRUS foi concebido quando Ísis, transformando-se num gavião, bateu as asas tentando devolver o alento vital a OSÍRIS. HÓRUS guiava a alma dos mortos no outro mundo e era um dos protectores do faraó.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 32)

[45] “ÁRTEMIS OU DIANA” – Deusa da caça e irmã gémea de Apolo, era também protectora dos filhotes dos animais. Era casta e enfurecia-se quando ameaçada. (N. do T.)

[46] “ZEUS” – “Filho caçoula dos Titãs Cronos e Réia, Zeus derrotou os Titãs e tornou-se rei dos deuses. Era ele quem governava os deuses que viviam no Monte Olimpo, assegurando a justiça e presidindo a ordem social. Zeus punia os seus inimigos com raios, que os Ciclopes faziam para ele. Nos seus domínios, os céus, Zeus fixava a ordem das estações e o curso das estrelas. Ele teve três esposas – Métis, Témis e Hera – e muitos casos com deusas, ninfas e mulheres normais (PHILIP WILKINSON, in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, p. 56). Esta luta entre Zeus e aliados contra os Titãs tornou-se para os gregos o símbolos da conquista do barbarismo e da força bruta pela civilização e a razão. Em Will Durant temos que “começou como deus do céu e das montanhas, distribuidor das preciosas chuvas. Nas suas formas primitivas foi um deus da guerra; discute consigo mesmo se deverá por termo ao cerco de Tróia ou “tornar a guerra mais sangrenta”, e acaba escolhendo a segunda alternativa. Aos poucos vai se transformando no calmo e poderoso chefe dos deuses e dos homens, encarapitado no Olimpo com barbuda dignidade. Torna-se cabeça e fonte da ordem moral do mundo; pune a negligência filial, protege a propriedade da família, sanciona juramentos, persegue perjuros e protege fronteiras, lares, suplicantes e hóspedes. Por fim faz-se o sereno juiz que Fídias esculpiu para o templo de Olímpia.” (in “HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO”, Segunda Parte – Tomo I, p. 232/233)

[47] “Assim como seu pai, o supremo OSÍRIS, HÓRUS, deus do céu, teve de lutar com o seu invejoso tio, SETH. Quando OSÍRIS morreu, Hórus foi até a corte dos deuses reivindicar o trono. Mas SETH, alegando ser o mais forte e o mais capaz para defender o deus sol nas suas travessias do mundo subterrâneo, disse que o rei deveria ser ele. De início, os deuses não quiseram escutar HÓRUS, porque SETH fizera o seu hálito cheirar muito mal. Depois, HÓRUS e SETH participaram de uma série de testes para ver quem era o mais forte. SETH arrancou os olhos de HÓRUS e, por isso, o mundo ficou às escuras. A deusa HATOR curou HÓRUS despejando leite nos seus olhos. Os adversários continuaram lutando, empatados, até que OSÍRIS interveio, ameaçando evitar demónios do outro mundo à morada dos deuses se os dois não parassem a disputa. Eles desistiram, e HÓRUS tornou-se o rei.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 33)

[48] “DIONÍSIO” – ou BACO, para os romanos. Era filho de ZEUS e protector das vegetações e das vinhas, era considerado também, o deus dos mortos, através das promessas de ressurreição. (N. do T.)

[49] Das semelhanças entre o deus PROMETEU dos gregos e MITRA dos persas: importa dizer que este deus, PROMETEU, também era um protector da humanidade. Quando ZEUS e os homens encontraram-se para partilhar comida, PROMETEU tramou para que ZEUS levasse os ossos e deixasse a carne para os homens. ZEUS reagiu tirando o fogo da Terra. Mas PROMETEU foi até a forja de HEFAÍSTOS e roubou um pouco do fogo para os humanos. Ele também os ensinou a usá-lo para trabalhar os metais. Notável também são as semelhanças com os deuses de todos os povos de origem indo-ariana como os persas, gregos, romanos, etc. e os seus mitos da criação e dos cultos solares que se manifestam em todas estas culturas, servindo como elemento de ligação. Sobre a questão aqui apontada, recomenda-se, para maior clareza, o estudo da obra “A CIDADE ANTIGA” do mestre FUSTEL DE COULANGES. ( N. do T.)

[50] “ODIN” ou “ODIM” – “Era o líder de ASGARD e deus da guerra, das tempestades, da magia, da inspiração e do mundo dos mortos. O mais velho e o maior de todos os deuses escandinavos, foi o criador do cosmo, ao lado dos irmãos VILI e VE. Odin tinha dois segredos para tanto poder. O primeiro era a sua capacidade de mudar de forma, assumindo aquela que desejasse. O segundo era a sua sabedoria, que obteve bebendo do poço de MIMIR. Este continha orvalho de uma das raízes do grande freixo do mundo, IGDRASIl.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA – LENDAS E FÁBULAS SOBRE GRANDES HERÓIS E DEUSES DO MUNDO,” Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 82)

[51] “FRÉIA” – “Era deusa da fertilidade. Ela ajudava o crescimento das plantas, favorecia as pescarias e socorria as mulheres na hora do parto. Deusa da magia e da riqueza, tinha um famoso colar chamado BRISINGAMEN (feito por quatro irmãos anões chamados BRISNIGS) e um manto de penas, chamado VALHAMR. Fréia também defendia a liberdade sexual e tinha muitos amantes – tantos deuses quanto mortais.” (Op. Cit., p. 83)

[52] “THOR” – “era o deus do trovão, era uma das divindades mais poderosas e populares de ASGARD. O som trovejante das suas marteladas ecoava pelos céus. O martelo feito pelos anões, era capaz de esmagar o mais forte dos adversários. Defendendo os deuses contra os seus inimigos, os gigantes, Thor derrotou THRYM, que roubara o seu martelo, e HRUNGIR, que ameaçava destruir Asgard.” (Op. Cit., p. 83) Também conhecido como “THONAR” ou “DONAR”. (N. do T.)

[53] “In all the ancient mythologies there were triads, which consisted of a mysterious union of three deities. Each triad was generally explained as consisting of a creator, a preserver, and a destroyer. The principal heathen triads were as follows: The Egyptian, Osiris, Isis, and Horus; the Orphic, Phanes Uranus, and Kronos; the Zoroastric, Ormuzd, Mithras, and Ahriman; the Indian, Brahma, Vishnu, and Siva; the Cabirie, Axereos, Axiokersa, and Axiokersos; the Phenician, Ashtaroth, Mileom, and Chemosh; the Tyrian, Behls, Venus, and Thammuz; the Grecian, Zeus, Poseidon, and Hades; the Roman, Jupiter, Neptune, and Pluto; the Eleusinian, Iacchus, Persephone, and Demeter; the Platonie, Tagathon, Nous, and Psyche; the Celtic, Hu, Ceridwen, and Creirwy; the Teutonic, Fenris, Midgard, and Hela; the Gothic, Woden, Friga, and Thor; and the Seandinavians, Odin, Vile, and Ve. Even the Mexicans had their triads, which were Vitzliputzli, Kaloc, and Tescalipuca.” (in “ENCYCLOPEDIA OF FREEMASONRY AND ITS KINDRED SCIENCE, BY ALBERT G. MACKEY, M.D.”) (N. do T.)

[54] DELAUNAY, FRANÇOIS H. STANISLAUS, segundo Mackey, “era uma literato e historiador francês, autor de vários trabalhos sobre a Maçonaria, dos quais o principal é “TUILEUR DES TRENTE-TROIS DEGRÉS DE L’ ECOSSISME DU RITE ANCIEN ET ACCEPTS”, sendo, críticas à parte, um trabalho de grande erudição e de exaustiva pesquisa sobre a etimologia das palavras do Rito.” (in “Encyclopedia…”). (N. do T.)

[55] Ou seja, embutida com mosaico ou ainda, incluída ou calçada em mosaico. (N. do T.)

[56] Franja, ou “TASSEL” no original em inglês.

[57] “BALDER” – “Era filho de ODIN e FRIGA, BALDER era o mais belo dos deuses. Quando foi morto pela lança de visgo, todos os deuses de Asgard ficaram de luto. Eles convenceram HEL a deixar que BALDER voltasse à vida, desde que todos no mundo chorassem o deus morto. Tudo e todos choraram, excepto uma giganta, que na verdade era LOKI disfarçado – de modo que Balder foi obrigado a continuar no mundo dos mortos.” (in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA…”, p. 82).

[58] “LOKI” – “Parte deus e parte gigante, Loki era uma mescla de deus ardiloso e criador. Apesar de ser amigo dos ASES, causou a morte de BALDER. Era ele quem iria liderar os seus filhos monstruosos e as almas dos mortos contra os deuses, em RAGNAROK, e por isso todos o receavam. Era também conhecido como Deus Dissimulado e Pai das Mentiras.” (Op. Cit., p. 84)

[59] SÍRIUS é a estrela mais brilhante da constelação CANIS MAJOR e no Hemisfério Norte é considerada o vértice do triângulo invernal, apelidada de ESTRELA CANINA. Em Roma, já era conhecida como “CANÍCULA”. Esta estrela sempre foi o centro das atenções e em todas as culturas – das mais primitivas às mais sofisticadas – sempre lhe foi destinada especial significação. Era objecto de adoração para os egípcios do Vale do Rio Nilo e era chamada de “SOTHIS”, sendo que diversos templos foram construídos em que a sua luz penetrava nos altares. Ao demais, acredita-se que o calendário egípcio foi inteiramente baseado na sua ascensão helíaca, a qual ocorre um pouco antes das cheias do Nilo. Para a Mitologia Grega, os cães caçadores de ÓRION tornaram-se a estrela Sírius pelas próprias mãos de ZEUS. Ainda, os gregos antigos associavam a estrela ao calor do Verão, pois “seirius”, em grego, significava “o escaldador”. (Nota do Tradutor)

[60] Segundo ALBERT G. MACKEY in “ENCYCLOPEDIA…”, também conhecido como o “TRIÂNGULO DE PITÁGORAS”, também conhecido como “PERDALPHA” e “TRIPLE TRIANGLE”. José Castellani nos ensina que “ A Estrela Pentagonal, ou PENTALFA (cinco princípios), ou PENTAGRAMA (cinco letras), que, a partir dos meados do século XVIII, passou, com o nome de Estrela Flamejante, a fazer parte da Simbologia Maçónica, é de origem pitagórica, representando, também o homem na sua alta espiritualidade (Estrela Hominal), sem ter, todavia, qualquer relação com a magia, como no pitagorismo.” (in “Caderno de Pesquisas Maçónicas”, Caderno 4,, Editora Maçónica “A Trolha”, Londrina, 1992, p. 68 (N. do T.)

Albert Pike - Morals and Dogma I

 

Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, prepared for the Supreme Council of the Thirty Third Degree for the Southern Jurisdiction of the United States: Charleston, 1871. [1] – Albert Pike

O presente trabalho trata-se da tradução do Capítulo Primeiro (Ou seja, do Grau de Aprendiz) da obra máxima de Albert Pike, “Morals and Dogma of the Anciente and Accepted Scottish Rite of Freemasonry”, traduzido e anotado por Mohamad Ghaleb Birani (M∴ M∴).

1º Aprendiz – A régua de doze polegadas e o maço
1. A FORÇA, não regulada ou mal regulada, não é apenas desperdiçada no vácuo, como a pólvora queimada a céu aberto e o vapor ainda não confinado pela ciência; porém, ao se debater no escuro e nos seus arroubos encontrando apenas o ar, ela se retrai e contunde a si mesma. É destruição e ruína. É como um vulcão, um terremoto ou um ciclone – não é crescimento e progresso. É o cego POLIFEMO [2] atacando a esmo e caindo de cabeça em direcção à afiadas rochas graças ao ímpeto dos seus próprios golpes.

2. A Força cega de um povo é uma força que deve ser economizada e gerida, como aquela mesma força cega do vapor que, impelindo os pesados braços de ferro e fazendo girar grandes rodas, é feita para maçar e armar o canhão, bem como para tecer o laço mais delicado. Esta força deve ser regida pela Inteligência [3]. A inteligência é para o povo e é a sua força, assim como a agulha deslizante da bússola [4] o é para uma embarcação – é a sua alma, sempre guiando a enorme massa de madeira e ferro e apontando sempre para o Norte. Para atacar as cidadelas erigidas por todos os lados contra a raça humana pela superstição, pelo despotismo e pelo preconceito, a Força deve ter um cérebro e uma lei. Só assim os seus feitos de coragem produzirão resultados permanentes, surgindo o verdadeiro progresso. E ainda existem as conquistas sublimes. O pensamento é uma força e a Filosofia deverá ser uma energia, encontrando os seus objectivos e os seus efeitos na evolução do género humano. Os dois grandes motores são a Verdade e o Amor. Combinadas tais forças, guiadas pela Inteligência e regidas pela RÉGUA [5] do Direito e da Justiça, sendo ainda empreendidas em movimentos e esforços sistemáticos, a grande revolução preparada pelas Eras iniciará a sua marcha. O PODER da Divindade está em equilíbrio com a Sua Sabedoria. O único resultado, por conseguinte, é a HARMONIA.

3. É porque a FORÇA é mal regulada é que as revoluções se provam sempre falhas. É por isto então que tantas insurreições, vindas daquelas altas montanhas que dominam o horizonte moral, como a Justiça, a Sabedoria, a Razão e o Direito que, constituídos da mais pura neve do ideal, depois de uma longa queda, de rocha a rocha, mesmo depois de ter reflectido o céu na sua transparência e de ser absorvida por uma centena de afluentes no seu majestoso caminho do triunfo, de repente, se perde nos pântanos, como um rio da Califórnia que se perde nas areias.

4. A contínua caminhada da raça humana impõe que às alturas que a cercam devam resplandecer com nobres e gratificantes lições de coragem. Provas de ousadia e coragem deslumbram a História, pois formam uma das tantas luzes que guiam o homem. Elas são as estrelas e o brilho que vêm do grande mar de electricidade que é da Força inerente ao Povo. Aspirar, enfrentar e correr todos os riscos, perseverar, ser fiel ao seu verdadeiro eu, combater corpo a corpo com o destino, surpreender a derrota com o próprio terror que ela inspira [6] para confrontar o poder injusto e para desafiar um triunfo corrompido [7] – estes são os exemplos que as nações precisam e a luz que as electrificam.

5. Existem imensas Forças nas grandes cavernas do mal sob a sociedade; a abominável degradação, sordidez, desgraça e privação, os vícios e os crimes que empesteiam e apodrecem na escuridão perseveram na populaça que vive abaixo do povo nas grandes cidades. Ali, o seu altruísmo desaparece e todos uivam, caçam, tacteiam, roem e rosnam cada um por si próprio. Ideias são ignoradas e sobre progresso não existe pensamento. Esta populaça tem duas mães – ambas madrastas –: a Ignorância e a Miséria [8]. O querer é o seu único guia – é para os seus desejos apenas que eles suplicam por satisfação. Porém, até mesmo estes apetites podem ser empregados, como a areia rasteira em que pisamos que, quando fundida numa fornalha, derretida e purificada pelo fogo, pode tornar-se num magnífico cristal. Eles têm a força bruta do MAÇO, porém, os seus golpes só podem trazer benefícios à grande causa se vibrados dentro dos limites traçados pela RÉGUA, quando manejada pela sabedoria e discrição.

6. E é esta mesma força do povo, este poder titânico dos gigantes, que constrói as fortificações dos tiranos e que engrossam as fileiras dos seus exércitos. Então, a possibilidade de que estes tipos de tirania, tais quais foram relatadas, como “Roma cheira pior sob VITÉLIO do que nos tempos de SILA. Sob CLÁUDIO [9] e DOMICIANO [10] vem à tona toda a deformidade que constitui a vileza e a feiura que corresponde à tirania. A estupidez dos escravos é o resultado directo das torpezas e das atrocidades do seu déspota. Destas agastadas consciências são exalados o miasma que reflecte o seu senhor; as autoridades públicas são sujas, os corações estão em colapso, consciências estão contraídas e as almas, pequenas. Assim é sob CARACALLA, assim é sob CÓMODO e sob HELIOGABALUS [11], enquanto o Senado Romano, sob CÉSAR [12], apenas exalava o odor grosseiro que é característico de um ninho de águias”.

7. É a força do povo que sustenta todos estes despotismos, dos piores tanto quanto dos melhores. Estas forças agem através de exércitos; e estes mais escravizam do que libertam. O despotismo aplica a RÉGUA. A Força é o MAÇO de aço que acompanha a sela do cavaleiro ou a do bispo na sua armadura. A passiva obediência da força suporta tronos e oligarquias, os reis espanhóis e senadores venezian0s. O poder, num exército manejado pela tirania, é a expressão máxima da mais absoluta fraqueza; e, desta forma, a Humanidade deflagra guerras contra a Humanidade, em detrimento da própria Humanidade. Assim o povo de boa vontade se submete ao despotismo, os seus trabalhadores submetem-se à depreciação do seu trabalho, bem como os seus soldados aos açoites; Então, são nas batalhas que são perdidas que muitas vezes se alcançam progressos. Menos glória é mais liberdade. Quando o tambor silencia, a razão, às vezes, tem voz.

8. Tiranos usam a força do povo para acorrentar e subjugar – ou seja, para oprimir o povo. E cada vez mais eles fazem isto com o povo como o próprio homem faz com o gado confinado. Assim o espírito de liberdade e da inovação é reduzido por baionetas e os princípios são paralisados por tiros de canhão; enquanto monges se misturam com tropas e a Igreja, jubilosa e militante, seja ela, Católica ou Puritana, canta Te Deums para as vitórias sobre os rebeldes.

9. O poder militar, quando não subordinado ao poder civil, novamente o MARTELO ou o MAÇO da FORÇA, sem a guiança da RÉGUA, é uma tirania armada, nascida já adulta, como a deusa ATENA [13] que surgiu da testa de ZEUS. Com ela surge uma dinastia, para começar com CÉSAR [14] e apodrecer com VITÉLIO e CÓMODO. No tempo presente, ela se inclina a começar donde as dinastias terminaram.

10. Constantemente o povo imprime no início uma força apenas para terminar numa imensa fraqueza. A força do povo é exaurida indefinidamente, ao prolongar coisas há muito tempo mortas e ao governar a humanidade embalsamando as velhas tiranias da Fé; restaurando dogmas dilapidados, reerguendo velhos templos carcomidos pelos vermes, avivando velhas e estéreis superstições, multiplicando os parasitas para salvar a sociedade, perpetuando velhas instituições, enfatizando o culto de símbolos como se fossem os verdadeiros meios de salvação, ao atar o cadáver do passado, boca a boca, com o vivo presente. É por isto que uma das tragédias da Humanidade foi ter sido condenada à eterna luta contra fantasmas, superstições, inveja, hipocrisia, preconceitos, formulas erradas e os apelos da tirania. Despotismos, vistos no passado, tornam-se respeitáveis assim como a montanha abundante de enrugadas e tenebrosas rochas vulcânicas que, quando vista à distância é azul, suave e linda. A vista de um único calabouço da tirania vale muito mais para dissipar qualquer ilusão e criar um ódio sagrado contra o despotismo, bem como para direccionar correctamente a FORÇA do que os mais eloquente livros. Os franceses deveriam ter preservado a BASTILHA [15] como uma perpétua lição. A Itália não deveria ter destruído os calabouços da Inquisição. É a força do povo que manteve o poder que construiu as suas celas sombrias e encarcerou aos vivos nos seus sepulcros de granito.

11. A FORÇA do povo não pode, uma vez que um governo livre é criado, pela sua irrestrita e espasmódica actividade, ser mantida e continuada. Esta Força deve ser limitada, acondicionada, transportada e distribuída em diferentes canais e em cursos indirectos até uma saída, sendo que assim deverão ser promulgadas as leis, externadas as acções e as decisões do Estado; como os antigos e sábios reis egípcios que distribuíram em diferentes canais, por subdivisões, as furiosas águas do Nilo, compelindo-as a fertilizar e não a devastar as terras. Deverá ser “jus et norma”, a lei e a Regra, ou Régua [16], da constituição e lei, dentro das quais a força pública deverá agir. Ao fazer uma brecha em ambos, a grande força do vapor, com os seus suaves e poderosos golpes, reduzirá todo o maquinário em átomos. Porém, ao destruir a si mesma, pelo menos, restará inerte e morta por entre as ruínas que ela provocou.

12. A FORÇA do povo, ou a vontade popular em acção e em funcionamento, simbolizada pelo MALHETE [17], regido e guiado por acções dentro dos limites da LEI e da ORDEM, simbolizadas pela RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS, tem pelos seus frutos a LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE – Liberdade regida pela Lei; Igualdade de direitos aos olhos da Lei; Irmandade acompanhada das suas obrigações e deveres assim como benefícios.

13. Ouvirás ainda que muito brevemente sobre a PEDRA bruta [18] e a PEDRA perfeita [19], como fazendo parte das jóias de uma Loja. A PEDRA bruta é tida como “uma pedra retirada da pedreira no seu estado rude e natural”. A PEDRA perfeita é tida como “a pedra pronta para as mãos dos trabalhadores a ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos Companheiros”. Não repetiremos as instruções sobre estes símbolos, dados pelo Rito de York. Deverás ler sobre estes símbolos em monitores impressos. São tidas para aludir à evolução individual do obreiro – uma continuação daquela mesma interpretação superficial.

14. A Pedra Bruta é o POVO, devendo ser entendida como massa, rude e desorganizada. A Pedra perfeita ou a Pedra Cúbica, símbolo da perfeição, é o Estado, valendo-se do seu poder legiferante pelo consentimento dos governados; As leis e a Constituição manifestando a vontade popular; o governo harmonioso, simétrico, eficiente – os seus poderes devidamente distribuídos e perfeitamente ajustados em equilíbrio.

15. Se desenharmos numa superfície plana, teremos: Três faces visíveis e nove linhas externas, desenhadas entre sete pontos. O cubo completo possui mais três faces, perfazendo seis faces; mais três linhas, perfazendo doze linhas; e mais um ponto, perfazendo oito. Como o número 12 inclui os números 3, 5, 7 e 3 vezes 3, ou 9, e é produzido pela adição do número sagrado 3 para 9, enquanto as duas figuras que o representam, 1 e 2, a unidade ou a mónada [20] e o binário [21], adicionados, perfazem este mesmo número sagrado, o 3; tal número é denominado o número perfeito e o cubo, desta forma, se torna o símbolo da perfeição.

16. Produzido pela FORÇA e agindo pela RÉGUA; forjada em conformidade com a RÉGUA LISA [22] e com a sua origem na Pedra Bruta, é um símbolos apropriado para a Força do Povo, expressada pela constituição e pelas leis do Estado; e este Estado, por sua vez, pelas suas três faces visíveis, representam as três divisões – o Executivo, que executa as leis; o Legislativo, que cria as leis; o Judiciário, que interpreta as leis, que as aplica e também as enfatiza, entre homem e homem, entre o Estado e os cidadãos. As três faces invisíveis são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, a alma tripartida do Estado – a sua vitalidade, espírito e inteligência.

17. Em que pese a Maçonaria não usurpar nem emular a Religião, a oração é uma parte essencial das nossas cerimónias. São as aspirações da alma em direcção à Infinita e Absoluta Inteligência, que é a única e suprema Divindade, errónea e fragilmente caracterizada como um “ARQUITECTO”. Certas faculdades do homem são direccionadas ao Desconhecido – pensamento, meditação, oração. O Desconhecido é um oceano cuja consciência é a sua bússola. O pensamento, a meditação e a oração são a grande e misteriosa direcção apontada pela sua agulha. É o seu magnetismo espiritual que assim conecta a alma humana com a Divindade. São estas majestosas irradiações da alma que a impulsionam das sombras em direcção à luz.

18. Alegar que a oração é absurda pelo facto de que não é possível para nós, por este meio, persuadir Deus a mudar os Seus planos, é um escárnio mesquinho e superficial. Ele produz efeitos sabidos e pretendidos de antemão através da instrumentalidade das forças da natureza, eis que todas essas forças são as Suas Forças. E nós fazemos parte destas forças. O nosso livre-arbítrio e a nossa vontade são forças e nós não cessamos de empreender todos os nossos esforços para alcançar fortuna ou felicidade, prolongar a vida ou nos manter saudáveis, por causa de que nós não podemos, de forma alguma, mudar o que está predestinado. Isto seria absurdo. Se os esforços, por sua vez, também são predestinados, os nossos próprios esforços jamais poderiam ser desprezados, pois são concebidos pelo nosso livre-arbítrio. Porém, da mesma forma, nós oramos. Vontade é uma força. Pensamento é uma força. Oração é uma força. Por que então não haveria de ser da Lei de Deus que a oração, assim como a Fé e o Amor, não surtisse os seus efeitos? O homem não é para ser entendido o começo ou o objectivo final da evolução, sem considerarmos estas duas forças, a Fé e o Amor. A oração é sublime. Há piedade nas orações que imploram e clamam. Negar a eficácia da oração é negar a Fé, o Amor e também os esforços. Assim como os efeitos são produzidos, quando a nossa mão, movida pela nossa vontade, lança uma pedra no oceano, nunca cessam; assim como cada palavra expressa é registrada para a eternidade no éter [23].

19. Toda Loja é um Templo como um todo e, nos seus detalhes, simbólica. O próprio Universo forneceu ao homem o modelo para os primeiros templos erigidos à Divindade. A organização do TEMPLO DE SALOMÃO, os ornamentos simbólicos que representaram os seus principais adornos, a túnica do Alto Sacerdote, tudo isto tinha por referência o Universo, assim como o era compreendido na Antiguidade. O Templo conteve muitos emblemas das estações – o Sol, a Lua, os Planetas, as constelações URSA MAIOR e MENOR, o Zodíaco, os elementos e as outras partes do mundo. E o Mestre desta Loja, do Universo, é HERMES [24], de quem KHURUM é o seu representante, que é uma das luzes da Loja.

20. Para futuras instruções sobre o simbolismo dos corpos celestiais, dos números sagrados, do Templo e dos seus detalhes, deverás esperar pacientemente até que avances na Maçonaria e, neste ínterim, deverás exercitar o intelecto ao estudar por ti próprio tais símbolos. Estudar e pesquisar, para interpretar correctamente os símbolos do Universo é trabalho do sábio e do filósofo. É decifrar a escrita de Deus e penetrar nos seus Desígnios.

Notas
[1] MORAL E DOGMA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO DA MAÇONARIA, PREPARADO PARA O SUPREMO CONSELHO DO GRAU TRINTA E TRÊS DA JURISDIÇÃO SUL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: CHARLESTON, 1871.

[2] “POLIFEMO” – era uma criatura da mitologia grega, filho do deus POSEIDON e da ninfa THOOSA que viva só numa caverna da Sicília, junto ao Etna, cuidando de ovelhas, quando ULISSES (ou ODISSEU) e os seus homens desembarcaram na terra dos ciclopes procurando comida, ao voltarem de TRÓIA para casa. Ulisses e os seus companheiros entraram no antro de POLIFEMO procurando por comida, nem desconfiando de que a caverna era onde o ciclope dormia e guardava as suas ovelhas. ULISSES e os seus homens foram surpreendidos e aprisionados com o retorno do ciclope, que fechou a caverna com uma rocha enorme. Ofegantes, são descobertos pelo ciclope que agarra e devora dois dos seus homens e continua a devorar dois homens de cada vez até que ULISSES tem uma ideia: oferecer vinho ao ciclope que imediatamente pergunta quem é que lhe oferece a bebida. ULISSES responde: “NINGUÉM”. Adormecido pela bebida, ULISSES e os seus homens afiam uma vara e ferem o olho do ciclope, cegando-o. No dia seguinte, POLIFEMO abre a caverna para deixar as suas ovelhas saírem, verificando com o tacto se são realmente as suas ovelhas ou os prisioneiros e, mais uma vez, o génio inventivo de ULISSES lhes salva, pois, ao se segurarem debaixo das ovelhas, conseguem fugir da caverna. POLIFEMO, ao perceber a fuga grita aos outros ciclopes que “NINGUÉM tinha o cegado” e os seus companheiros o ignoram. Já no seu navio, ULISSES, zombando da estupidez do ciclope, revela que não foi “Ninguém” que o feriu e sim, ele, ULISSES. Furioso, POLIFEMO atira enormes rochas ao mar e quase atinge a embarcação. Como ULISSES consegue fugir, POLIFEMO pede ao seu pai, POSEIDON, que se vingue deles, atormentando-os durante toda a sua viagem. (Nota do tradutor)

[3] “INTELLECT”, no original em inglês.

[4] “COMPASS”, no original em inglês.

[5] “RULE”, no original em inglês.

[6] “To surprise defeat by the little terror it inspires” no original em inglês. (N. do T.)

[7] “Intoxicated triumph” no original em inglês. (N. do T.)

[8] “Não me fale ninguém do populacho, a cujo aspecto a inspiração desmaia, remoinho humano, que nos leva à força.” GOETHE, em FAUSTO.

[9] “TIBÉRIO CLÁUDIO DRUSO” – Cláudio nasceu em 13 de Agosto de 10 a.C., em Lion. Era ainda muito criança quando o seu pai morreu e durante quase toda a sua Adolescência sofreu de várias moléstias de longa duração, as quais, segundo Suetónio, lhe enfraqueceram de tal modo o espírito que foi considerado inapto para exercer qualquer função pública e privada. Ainda segundo o mestre, foi vítima de inúmeros maus tratos por parte dos seus preceptores e, mesmo a sua mãe, afirmava incessantemente que ele era um monstro, que não tinha sido acabado, mas apenas esboçado pela natureza. A sua irmã, Lívia, ao ouvir certa vez dizer que um dia “esse imbecil” reinaria um dia, lamentou publicamente a sorte do povo romano por tão indigno destino. O próprio Augusto, seu tio-avô chegou a qualificá-lo como “retardado e enfermiço” nas suas cartas. Entretanto, mesmo sendo assim caracterizado por todos, não deixou nunca de testemunhar reverentes homenagens e o respeito público. Tornou-se imperador aos 50 anos de idade de uma das formas mais singulares: pelo desânimo e desinteligência do senado em designar um sucessor para Calígula. Um dos factos marcantes do seu reinado – apesar de tal facto ser contestado veementemente por muitos historiadores – é que supostamente teria expulsado os judeus, que se rebelavam constantemente, supostamente pelo incitamento de “CRESTOS”. Outros factos notáveis do seu reinado foram os festins que promoveu, o gosto pelas execuções dos seus adversários e a ridícula e por muitas vezes açodada aplicação da justiça. Nomeou a Nero como seu herdeiro e em seguida morreu envenenado. (in SUETÓNIO, “A VIDA DOS DOZE CÉSARES”, Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, p. 241 usque 276)

[10] “TITO FLÁVIO DOMICIANO” – o último dos doze Césares, nascido a 23 de Outubro de 51 a. C.. Representa, talvez, toda a torpeza de que foram capazes os imperadores romanos que sucederam a AUGUSTO. Dentre os seus feitos, destaca-se o facto de ter banido da cidade e da Itália todos os filósofos da época; o de ter desenvolvido novas de modalidades de tortura contra os seus adversários políticos; de ter se mostrado ainda mais cruel e desumano que todos os seus antecessores, principalmente ao sair vitorioso de uma guerra civil. Possuía uma ferocidade que além de considerável – na lição de SUETÓNIO -, era também requintada e imprevista. Por exemplo, no dia anterior em que tinha mandado crucificar o seu tesoureiro, o convidou para acompanhá-lo a seu quarto e fez com que comesse iguarias da sua mesa. Esgotado com as excessivas despesas dos seus desvarios, tornou-se ainda mais rapace que os outros imperadores, valendo-se dos seus soldados para rapinar cidadãos em qualquer lugar, seja ele vivo ou morto. Bastava para isso uma simples alegação de que o cidadão alvejado fosse contrário à majestade do príncipe. Ao demais, se apropriava de heranças de cidadãos comuns sob a alegação de que o de cujos desejava que “César fosse o seu único herdeiro”. Como se não bastasse, ao longo do seu império decidiu que além de senhor, deveria ser tratado por “deus”. Foi vítima de uma conspiração e assassinado no dia 18 de Setembro de 96. (in SUETÓNIO, “A VIDA DOS DOZE CÉSARES”, Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, p. 411 usque 431).

[11] “HELIOGABALUS” – ou ELAGABALAUS, a forma latina do nome de origem semítica “EL-GABAL”, adoptado por este imperador romano, que reinou de 218 a 22 d.C. Quando sucedeu a MACRINUS, seu predecessor, o culto ao deus sol em Roma já estava avançado e este se aproveitou para estabelecer o seu deus “EL-GABAL” como divindade-mor do panteão de deuses romanos, ocupando o lugar de JÚPITER. Era também notável por seus excessos, em especial, pelas suas inclinações sexuais. É acusado por vários historiadores de ter sido transexual e dos seus estranhos hábitos terem chocado a sociedade romana de então, já acostumada a tantos excessos dos imperadores. (Nota do Tradutor)

[12] A vida de CAIO JÚLIO CÉSAR é bem conhecida, assim como tudo o que tramou – encabeçando o partido popular, ou da plebe – para derrubar a República Romana e estabelecer uma monarquia ao estilo oriental, após a vitória sobre POMPEU MAGNO na batalha de Farsália ao fim da Guerra Civil. Entretanto, sempre na sua vida política dissimulou o seu objectivo verdadeiro, que era a ditadura perpétua e centralizada nele próprio, até mesmo quando obteve a total vitória contra a aristocracia republicana. É cediço que mesmo na época da guerra contra Pompeu dissimulava que era a favor da paz, quando não o era. Ao vencê-lo, teve por opção dissolver o Senado, mas não o fez. Expulsou com a sua política populista os grandes homens da época como CÍCERO e CATÃO e os substituiu por bárbaros incultos e interessados apenas em lucros fáceis (gauleses, etc.) para em pouco tempo deteriorar a imagem do Senado e reforçar a ideia de que não se tratava da ditadura de um único homem, pelo horror que tal ideia causava a toda classe de homens, sejam aristocratas, sejam os populares. Daí a figura do “odor grosseiro de um ninho de águias”, utilizada por ALBERT PIKE, para representar a decadência de uma instituição que foi decisiva para que Roma se tornasse o império que era. (N. do T.)

[13] “ATENA” – era a deusa da sabedoria e nasceu da testa de ZEUS, depois que este engoliu sua mãe, METIS. O seu símbolo era a mais sábia das aves, a coruja. Sabia tecer e tinha habilidade para as artes, além de ser uma deusa guerreira. Carregava uma lança e um escudo – a égide – ornamentado com a cabeça da GÓRGONE MEDUSA, que petrificava quem quer que a visse. ATENA era a protectora da região da Ática, suja principal cidade era Atenas. (PHILIP WILKINSON, in “O LIVRO ILUSTRADO DA MITOLOGIA”, Editora Publifolha, São Paulo, 2000, p. 55)

[14] CÉSAR costumava dizer que era descendente da DEUSA VÉNUS, ou seja, a deusa do amor. Da união desta deusa com o mortal ANQUISES, nasce ENEIAS, que tem a sagrada missão de carregar os penates dos seus ancestrais para um outro lugar, após a destruição de Tróia pelos gregos. Após errar anos pelos mares, funda a cidade de Alba Longa na Itália e, muitas gerações depois, os seus descendentes, RÓMULO e REMO ao serem expulsos de sua cidade natal, fundam Roma e é desta linhagem que CÉSAR – quer por romantismo, quer por cinismo – dizia ser a descendência do clã dos Júlios, derivada do nome de IÚLO (ASCÂNIO), filho de ENEIAS. (N. do T.)

[15] A “BASTILHA” era utilizada para recolher presos políticos, religiosos e escritores e pensadores subversivos, contrários ao regime. De todos os famosos que aí estiveram presos, vale destacar o escritor e filosofo Voltaire, o “Homem da Máscara de Ferro”, o escritor Marquês de Sade, dentre vários outros. Simboliza até hoje o terror e a opressão da tirania e o dia da “queda” da Bastilha – 14 de Julho de 1789 – foi escolhido como o feriado nacional francês e a data mais marcante da REVOLUÇÃO FRANCESA. (apud “PEQUENO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO KOOGAN-LAROUSSE”, Editora Larousse, São Paulo, 1982) (N. do T.)

[16] “the law and Rule, or Gauge”, no original em inglês. (N. do T.)

[17] “GAVEL”, no texto original. ALBERT G. MACKEY pontifica que o “COMMON GAVEL”, ou o malhete comum, da forma como aqui foi traduzido, é uma das ferramentas de trabalho do APRENDIZ. É usada pelo MAÇOM OPERATIVO para desbastar a pedra bruta e também pelo construtor, já que é a ferramenta mais conveniente para esta actividade. Na MAÇONARIA ESPECULATIVA é usada como símbolo da eterna obrigação do MAÇOM de trabalhar para a purificação de todos os vícios e purezas da sua mente. Tem por origem a palavra alemã “GIPFEL” e é também conhecido como “HIRAM”, eis que, como o ARQUITECTO, ele governa o Ofício e mantém em ordem a Loja, como ele fazia no TEMPLO.

[18] “ROUGH ASHLAR”, em inglês.

[19] “PERFECT ASHLAR”, em inglês.

[20] “MÓNADA” – O Uno. O espírito tríplice no seu próprio plano. No ocultismo muitas vezes significa a tríada unificada – ATMA, BUDDHI, MANAS; Vontade Espiritual, Intuição e Mente Superior – ou a parte imortal do homem que reencarna nos reinos inferiores e gradualmente progride através deles até o homem e, daí, até o objectivo final. (ALICE A. BAILEY in “INICIAÇÃO HUMANA E SOLAR”, p. 192)

[21] “DUAD”, no texto original. Na versão final, este entendimento será revisto. (N. do T.)

[22] “GAUGE”, no original inglês.

[23] No original em inglês a figura utilizada é a de “INVISIBLE AIR”, que não tem muito sentido em português, razão pela qual foi substituída por “éter” que me parece ser uma figura muito mais eloquente que “o ar invisível”, mesmo com a definição dada a éter pelo próprio ALBERT PIKE na sua obra “THE CREATION”, a seguir transcrita: “This light “of the vestige of the garment,” is said to be, relatively to that of the vestige of the substance, like a point in the centre of a circle. This light, a point in the centre of the great light is called Auir, Ether, or Space.” Na versão final desta tradução tal questão será revista. (N. do T.)

[24] “HERMES” – Para os gregos antigos era um dos deuses olímpicos. Filho de ZEUS com a ninfa MAIA, era o deus responsável por tudo o que se relacionasse com movimento, viagem, estradas, moeda e transacções comerciais, aparecia sempre usando um chapéu de viajante e sandálias aladas. Na mão, levava uma varinha mágica feita de duas cobras enroscadas numa haste. Não podemos nos furtar à interessante descrição de HERMES feita pelo mestre WILL DURANT, senão vejamos: “HERMES (MERCÚRIO) era mais interessante. Originalmente fora pedra, e do culto das pedras sagradas proveio a sua veneração; os estágios da sua evolução mostram-se ainda visíveis. Vemo-lo como uma alta pedra colocada sobre os túmulos, ou então como o daimon, ou espírito dessa pedra. Passa em seguida a ser pedra dos marcos, ou o seu deus, demarcando e guardando os seus campos; e porque a sua função aí é também a de promover a fertilidade, o falo torna-se um dos seus símbolos. Em seguida aparece como herma ou coluna – com uma cabeça bem acabada, busto informe e um proeminente falo, esculpidos na pedra – a qual era colocada em frente a todas as casas respeitáveis de Atenas; (…) De novo o encontramos como deus dos caminhantes e protector dos arautos; o característico bordão ou caduceu torna-se uma das suas insígnias favoritas.” (in “A HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO – SEGUNDA PARTE, TOMO I”) Para (…), na sua obra “THE SECRET TEACHINGS OF ALL ERAS”, a Grande Pirâmide do Egipto seria a tumba do deus egípcio OSÍRIS e que teria sido construída há mais de 70.000 anos pelos próprios deuses, sendo o imortal Hermes o seu arquitecto. É considerado por este autor como “o monumento a Mercúrio, o mensageiro dos deuses e o símbolo universal da sabedoria e das letras”.

Maçonaria - A Estrela Flamejante

 

Nos muitos graus maçónicos diversas estrelas são símbolos comuns e generalizados, e tal aplicação tem origem na escola dos pitagóricos, que as tomavam como figuras geométricas representativas dos “emblemas de perfeição”, ou outra modalidade de “progresso moral”.

Em numerologia, o número cinco do companheiro Maçom é composto pela “soma” dos:

Número Dois = representando dualidade, contraste e conflito, confrontando os dois extremos de cada valor: bem / mal, certo / errado, céu / inferno, espiritualidade / materialidade, sabedoria / ignorância e etc.;
Número Três= representa também “equilíbrio e estabilidade”
Nesta simbologia, o integrante conhece os seus principais símbolos, e destaca-se como dos mais importantes a Estrela Flamejante.

A Estrela é revelada na colação do Grau, sendo esta “Estrela Misteriosa” um dos símbolos ou emblemas mais interessantes, cujo emprego é muito frequente na ordem; e, além de compor diversos graus, especialmente o segundo a considera uma característica distintiva.

A Estrela de cinco Pontas, que irradia “raios flamígeros” e detém no centro a letra G, representa este segundo Grau, e o Espírito Animador do Universo, ou seja, o princípio de toda a sabedoria e o poder gerador da Natureza. Com a letra G no centro, esta estrela ou Pentalfa de Pitágoras, ainda representa para a Ordem os Cinco Pontos da Perfeição, ou seja:

Força,
Beleza,
Sabedoria,
Virtude e
Caridade

Brilhante, de cinco pontas, flamante, flamejante, flamígera, dos Herméticos, hominal (de humana), ígnea (em chamas), da iniciação, luminosa, dos magos, do oriente, pentáculo, pentagonal, pentagrama, pentalfa, polar, quinária, rutilante, tríplico triângulo cruzado, e etc.;

Por ter a Maçonaria uma “estrutura simbólica e ritualística”, reconhece heranças de muitas tradições e culturas, que contactou por longo tempo, sobretudo no referente aos Símbolos Cosmogónicos – quanto a Criação e origem do Universo, relativos a construção.

A tradição egípcia, a mais antiga, modernamente, mereceu destaque dos autores maçónicos, pois o antigo Egipto é considerado um dos Centros Sagrados da Humanidade; donde surgiu muito saber, influenciando os filósofos gregos na concepção do Mundo.

Segundo os escritores, a herança egípcia chega a Ordem, fundamentalmente, pela Alquimia e pelo Pitagorismo, pois os Pitagóricos viam a Estrela Flamejante representar sabedoria e conhecimento.

O autor Theobaldo Varolli Fº afirma que a Estrela Flamejante, como símbolo maçónico, é de origem Pitagórica, e os seus sentidos mágico, alquímico e cabalístico, além da denominação de Estrela Flamejante e de cinco pontas, foi copiada por Enrique Cornélio Agrippa de Neteshein, nascido em Colónia em 1486, e falecido em 1533, um jurista, médico, teólogo e professor, e estudioso, praticante e também dedicado a magia, alquimia e filosofia da Cabala.

E ainda, porque também outros autores admitem ser a Estrela Flamejante de ordem Pitagórica, caberia breves citações de Pitágoras, grande pensador e matemático, que viveu na Grécia, cinco séculos antes de Cristo; destacou-se como filósofo, geómetra e moralista; e o seu nome consta com excepcional destaque na história da Matemática

Pitágoras ainda jovem ficou alguns anos no Egipto, onde frequentou os Templos aprendendo com os Sacerdotes; e pela convivência com estes Sacerdotes, foi orientado a se iniciar no estudo das Ciências Ocultas, quando aprendeu as Regras do Cálculo; sobre a Magia Egípcia chegou a conhecer os seus recursos e artifícios.

Por isso, quando regressa a Grécia, já cercado por muita fama, carregava a reputação de se ter tornado sábio, e dotado de estranho poder, capaz de revelar aos homens todas as fases da vida e os segredos inatingíveis das coisas.

Então ensinava os seus fiéis discípulos e seguidores, que os números eram os governantes do mundo; e que por isso, os fenómenos recorrentes na “Terra, Ar, Fogo ou Água” podiam ser expressos, avaliados e previstos, por intermédio dos números. Finalmente, para Pitágoras o número “não” era considerado uma qualidade abstracta, mas uma “intrínseca virtude ética do Supremo, de Deus, e origem da Harmonia Universal.

O Símbolo da Estrela de Cinco Pontas, sendo-lhe atribuído diversos significados, é encontrado desde as milenares culturas egípcias, hebraica, greco-romana, romano – cristão e chinesa, como também nos estudos da Cabala, Numerologia e Tarô, e principalmente, na Escola Pitagórica.

Filosofia
A Filosofia dos contrastes da Vida e do Tempo pertence ao grau de companheiro Maçom, e assim, como afirma o estudioso e autor Theobaldo Varoli Fº:

“A Simbologia Maçónica foi criada com inspirações no passado e no presente, com o propósito de demonstrar a ‘evolução do pensamento’ no caminho para a ‘síntese humanística’, e compreensão da ‘grande síntese’.”

A Maçonaria, ao instruir que a Pedra Bruta seja transformada em Cúbica, ensina ao Iniciado que deve lutar com eficácia e sem trégua, pelo domínio de si mesmo, e instar o seu ego a permanecer sob absoluto controle; tanto que o filósofo Leibniz, do século XVIII, já dizia:

“Só Deus é perfeitamente livre. As criaturas o serão, mais ou menos, na medida em que se coloquem acima das Paixões”

Neste Segundo Grau o Integrante não trabalhará mais de forma vacilante e insegura, por causa do longo período de intercorrência da aprendizagem, mas ao contrário, utilizará a Filosofia e a Ciência das Coisas Materiais, caminhando agora por meio de passos mais firmes e seguros, baseados nos marcantes ensinamentos da Moral das virtudes adquiridas no Grau anterior.

Assimilados os conhecimentos do Primeiro Grau, O Aprendiz estudioso e trabalhador, caso escolha trilhar esse caminho, certamente estará apto, guiado pelos seus Mestres, a se Elevar na Escada de Jacob, símbolo da Evolução e Progresso na hierarquia do simbolismo maçónico, atingindo-se então o Segundo Degrau, do Grau de Companheiro Maçom.

E, neste Grau de Companheiro, são novamente utilizados os símbolos conhecidos enquanto aprendiz, e a esses conhecimentos é acrescida nova simbologia, para que, por meio da mesma, possa o Integrante caminhar com muito mais precisão do Ocidente ao Oriente, em direcção a Luz.

No trajecto será possível, além de se aprimorar, servir de exemplo ao Aprendiz, ao mostrar: “assiduidade em loja, aprimoramento Moral / Intelectual, prática incessante da tolerância, etc.;”

No Grau de Aprendiz, primeiro estágio evolutivo do Maçom, com a estrela sendo exposta como um símbolo, a sua iluminação artificial permanece “apagada” em Loja, significando o fraco poder de Luz que tem os Aprendizes; já no Grau de Companheiro, o integrante participa de um novo estágio evolutivo, e então a Estrela fica “Iluminada” na Oficina, denotando que o Maçom passa a possuir Luz própria, e que também agora é detentor de muita capacidade de irradiação.

Mesmo se originando do Sol, a Luz irradiada pela Estrela também é remetida a Lua, ou seja, simboliza a inteligência ou compreensão a interferir igualmente sobre a razão e imaginação; e em loja do Segundo Grau o Compasso e o Esquadro também se mostram entrelaçados, porém, representando o “Equilíbrio” entre “Matéria e Espírito”, e a sobreposição desses dois elementos sugere a formação de uma Estrela.

O ponto central da Estrela representa as “Faculdades Intelectuais” dominantes dos quatro elementos componentes da matéria, ou o Quaternário dos Elementos: Fogo, Água, Terra e Ar.

Assim, tendo a Estrela Flamejante como principal símbolo do Companheiro, este integrante será convidado a se tornar um “fogo ardente, isto é, uma fonte de luz e calor”

Apesar do simbolismo da Estrela mostrar muitas implicações, nem todas são reveladas, pois a descoberta depende do crescimento do Companheiro, pelo esforço e desenvolvimento espiritual.

O Grau de Companheiro Maçom é do “trabalho, estudo, e aperfeiçoamento intelectual e moral”, e que simbolicamente encontra apoio também na Alavanca, apoio que pode ser traduzido por “trabalho verdadeiro e esforço íntimo”, cujo objectivo é atingir o conhecimento, que por sua vez, será a base das “forças psíquicas e mentais” para atingir a espiritualidade.

Simbolicamente, o companheiro tem cinco anos de idade; e analogamente, são cinco as Colunas de Arquitectura representativas da Ordem: “Coríntia, Dórica, Jónica, Compósita e Toscana”, significando a Evolução, porém sem destruir as Leis ou Regras de Harmonia e Beleza, E desenvolver as Artes e Ciências com os cinco sentidos, concordante com as Leis Divinas, indiscutivelmente contribuirá ao desenvolvimento do “sexto – sentido”; desse modo, poder-se-ia também considerar que a Estrela seria o resumo da “luta da evolução humana”, caracterizada por ser “dual”, pois contém a Lei da Dualidade, ou Intenção.

O número cinco ao qual a Estrela faz alusão alegórica e simbolicamente se funde na alma do companheiro Maçom, permitindo que guie a sua própria vida, tanto absorvendo a luz quanto despertando “saber, compreensão e realização”.

Aos Maçons em geral, a Estrela também simboliza o: “Génio que eleva a Alma a Supremas Tarefas, emblema da Divindade, e iluminação e boa vontade, espírito animador do Universo, princípio da sabedoria, gerador da Natureza, Estrela luminosa da Maçonaria, Luz que Ilumina os discípulos, símbolo dos livres-pensadores, eterna vigilância e protecção do G∴A∴D∴U∴.

A Estrela alerta o Maçom sobre o seu auto melhoramento, e não o domínio por nenhuma paixão, evitando todo excesso; logo, deve distinguir as diferenças entre “sentimento, paixão e emoção”, pois paixão é inadmissível ao Maçom, e por ser perigosa deve ser afastada, pois é irracional e conduz ao inadequado e inconveniente fanatismo; assim em resumo tudo pode ser expresso numa única palavra “virtude”, definida: “a disposição interior que leva a alma humana a harmonizar-se em si”, e a prática da virtude consiste em: “anular as paixões e superar o próprio EGO”.

A Estrela de cinco pontas, sendo a estrela do Oriente ou da Iniciação, é o símbolo do Homem Perfeito, da Humanidade plena de concordância entre Pai e Filho; e além disso, representa o Homem nos seus cinco aspectos principais; ou seja: “Físico, Emocional, Mental, Intuitivo e Espiritual”, Homem este realizado e uno com o G∴A∴D∴U∴, de braços abertos, não demonstra viril brutalidade, pois dominou as suas paixões e emoções.

Se o Quadrado e a Cruz ao simbolizarem, respectivamente, a Criação e a Manifestação Universal, e se cada uma das figuras for implantado um “ponto central”, esse significaria a razão de ser, e a representação do : “Oculto e Interno – e – Esotérico e Essência Única”, origem e destino de todo Manifestado; no caso da construção piramidal de base quadrada, aquele “ponto central”, tido como quinto ponto, é o centro da base que se eleva verticalmente ao vértice da pirâmide, buscando a “união ao plano celeste”.

O Homem detém os cinco sentidos físicos, mas ao mesmo tempo deve atingir o conhecimento dos demais “sentidos internos”, que precisa desenvolver sem perder a sua base filosófica.

Magia
Sendo a Maçonaria uma obra de Luz, nos ritos que a adoptam, a Estrela assume a posição normal, com uma das pontas voltadas para cima, sendo também denominada Estrela Hominal, onde, onde se inscreve a figura de um Homem. Assim, é vista como símbolo das qualidades espirituais Humana; e, em Magia, seguindo este posicionamento, significa TEURGIA. Já em posição invertida, com a ponta voltada para baixo, ou ainda, a de uma “cabeça de bode”, representando, em ambos os casos, os atributos da materialidade e animalidade; e, em Magia, nessa posição significa GOÉCIA.

A Estrela de cinco pontas, ou como dito o tríplico triangulo cruzado, é originalmente um símbolo da Magia, tanto que sempre consta de vários Cerimoniais Ritualísticos; assim, em Magia, conforme a orientação da Estrela, pode acompanhar as operações tanto de Magia Branca, quanto da Magia Negra; então quanto ao posicionamento da Estrela antes mostrado, pode estar com o:

Extremo Isolado (ponta) para cima, e dois para baixo – significa TEURGIA, conclama influências celestiais, e pelo poder mágico apoia o invocador. TEURGIA = também denominada Magia Branca, e em essência, a Arte de fazer milagres, constitui-se do segmento da Magia das “influências benéficas”, e de como invocá-las; refere-se também as obras que envolvem o amor e o bem, e como investiga, em especial, os factos elevados da Magia, que dependem do mundo angelical, dá ao Homem meios de se comunicar com as ditas potências celestes. Os textos bíblicos mostram muitos exemplos de TEURGIA.
Inscreve-se a figura de um homem, denominada Estrela Hominal, como símbolo das “altas qualidades espirituais humanas”; sendo, a ponta para cima – cabeça, duas para baixo – pernas, e duas para os lados – braços, exprimindo a “Natureza Humana”, Mestre, Claridade e Bem. A matriz do Homem Cósmico, o esquema simbólico do mesmo na medida do Universo, com braços e pernas esticados no microcosmo humano. E, como os membros executam o que a cabeça comanda, a estrela pentagonal é também o símbolo da vontade soberana; a qual nada poderia resistir, caracterizando-se por ter Poder inquebrantável, desinteressado e judicioso. Além dos cinco sentidos que estabelecem a comunicação da vida material: “tacto, audição, visão, olfacto e paladar”, concluindo representa que: A Matéria é superada pela sobreposição do Espírito, pois a cabeça do Homem está voltada ao Celeste.

Extremo Isolado (ponta) para baixo, e dois para cima – significa GOÉCIA, que pela intenção do Mago, pode atrair influências astrais maléficas. Goécia = Arte de realizar malefícios e encantamentos, e também chamada de Magia Negra – Nigromancia – e Feitiçaria, é a antítese da Teurgia que se dedica as obras da Luz, enquanto é dedicada às das Trevas. É a parte experimental da Magia referente aos poderes que o Homem desenvolve em si, por determinados processos, todas as figuras, e que representa a tríplice unidade, isto é, o símbolo do Eterno.
Inscreve-se nas suas cinco pontas a figura de um homem de cabeça para baixo, ou a cabeça de um bode, representando em ambos casos, os: “atributos da animalidade e da materialidade, um anjo caído, a escuridão e o mal”; e além de ser o símbolo base da magia negra, representa que: A matéria supera ou prevalece sobre o Espírito, pois a cabeça do Homem está voltada para a terra;

Assim, de constatar que, principalmente a Estrela representa como dito: “A Luz interior de todos os dotados da Luz Divina que lhe foi transmitida, e a Força que impulsiona o Companheiro na direcção das suas metas, e ao domínio que pode exercer sobre as entidades do astral”; enquanto isso a TEURGIA ensina-o a se relacionar com os “planos da superiores da espiritualidade”, abrindo caminho para os “grandes mistérios do esoterismo”

No caso de Magia, a missão principal da Estrela Pentagonal é a de testemunhar a Obra que está sendo realizada, a saber:

Se for uma “obra de Luz”, a ponta única da estrela estará voltada para cima; e se for uma “acção das trevas”, a ponta única da Estrela estará invertida.

No Consenso geral, tornou-se um dos ornamentos do Templo que transmite a “ideia de glória”, estilizada nos eu resplandecer, e assim ostentada na Loja de Companheiro a conservar a tradição, convencionando o símbolo como da imensa e inalterável gama de ensinamentos, e por isso, como uma lição maior pontifica a “solidariedade e o respeito mútuo”; além disso, há outras lições a lembrar as bases a serem adoptadas pelas agremiações Humanas, dispostas a culminar a “Empreitada de Progresso”; e dentre essas bases merece a citação especial a “solidariedade”.

Como demonstrado, a Estrela Flamejante é dos mais importantes e significativos “símbolos maçónicos”, transmitindo e demonstrando ser:

Uma rica fonte de simbolismo na trajectória do iniciado; e
Uma fonte inesgotável de ensinamentos a ser aproveitada sem interrupções; pois só assim a evolução tão almejada propiciará que o Maçom ingresse na Câmara-do-Meio, com vistas à conquista do Mestrado.
A generosidade destes sentimentos incitará o Maçom ao devotamento sem reservas, que com discernimento da sua inteligência, em verdade esclarecida, a tornará aberta a todas as compreensões; desta maneira, pode-se concordar com a máxima popular de que:

“Quem não vive para servir, é certo que não serve para viver”

E, caminhando em direcção à perfeição, o Companheiro Maçom supera o seu estágio de desenvolvimento e obscuridade, quando então é atingido o seu “estado de espiritualidade e iluminação”, tendo as trevas interiores dissipadas, e assim, o astro humano – traduzido pela Estrela, passa a brilhar no seu resplendor mais latente.

Por Isso, a Estrela é um “símbolo do plano subjectivo”, pois é o fogo interno, ardor que o companheiro deve dispor interiormente, para queimar todas as oposições e aspectos negativos do seu ser.

Finalmente para a Maçonaria o “Sol, a lua e a Estrela” tem significações bem diferentes das atribuídas no Mundo Profano, até porque, as Luzes cultuadas na Instituição proporcionam outra visão mais abrangente, e de muito maior valor intrínseco para a vida, pois iluminam a estrada da existência, mental e espiritualmente!


Referências bibliográficas
Maçonaria 50 Instruções de Companheiro – Raimundo D’elia Junior
Do Companheiro e seus Mistérios – Dr. Jorge Adoum
Dogma e Ritual da Alta Magia. – LEVI, Eliphas.
Manual do Companheiro Maçom – Aldo Lavagnini
O Companheirismo Maçónico – Rizzardo da Camino
Instruções do Simbolismo Maçónico – Lemss, C. C.
René Guénon – Estudos sobre a Franco-Maçonaria e o Companheirismo – Comunidade Teúrgica Portuguesa
Ritual – R.E.A.A. – 2º Grau – Companheiro Maçom

Maçonaria - Cavaleiro Eleito dos Quinze

 

A lenda do grau
Cada grau da Loja Capitular tem um título que ilustra o conjunto de conhecimentos iniciáticos que serão ministrados ao Irmão elevado. O grau dez é chamado O Cavaleiro Eleito dos Quinze, pois da mesma forma que os graus anteriores ele trabalha com alegorias baseadas no simbolismo da Lenda de Hiram Abiff, esclarecendo o destino e o castigo dado aos outros dois Jubelos, já que no grau nove, como vimos, um deles foi morto por Johaben. O grau dez tanto pode ser ministrado por comunicação como por elevação. Depende do desenvolvimento curricular de cada Loja. De forma geral, tem como finalidade didáctica desenvolver os seguintes ensinamentos:

Promover o desenvolvimento moral e espiritual do iniciado, para que ele seja devidamente integrado no seio da sociedade a quem serve, e reconhecido pela Fraternidade ao qual pertence.
Promover o estudo das relações humanas e a melhor forma de implantá-las, tanto internamente, na Ordem, como no mundo profano, em relação à sociedade.
Reforçar o espírito de vigilância, como foi pregado no grau anterior.
Como se verá, é no grau dez que será esclarecido o destino dos outros dois Jubelos. A lenda diz que seis meses depois da morte do primeiro assassino, cujo nome era Abiram, Salomão foi informado por um estrangeiro de nome BenGaber, do paradeiro daqueles assassinos. Eles estavam escondidos no país de Gheth, trabalhando numa pedreira. Imediatamente, Salomão convocou quinze Mestres, entre os quais os nove anteriormente eleitos, e os enviou em embaixada, sob o comando de Zerbal, com uma carta ao rei daquele país, solicitando a prisão e a deportação dos criminosos.

Presos os criminosos, foram eles sentenciados e executados. A iniciação neste grau é uma representação dessa acção, onde novamente se destaca que a sentença proferida e a execução realizada não tiveram carácter de vingança, mas sim como realização da Justiça. Esta disposição está contida no diálogo mantido entre o M∴ IL∴ M∴ e Zerbal:

Que sucedeu depois? Pergunta o M∴ IL∴ M∴, Por ventura fizestes justiça com as próprias mãos? Pois as evidências que apresentais, trazendo os instrumentos usados pelos criminosos na prática do crime, levam-me a esta suspeita.

Responde Zerbal: – Não, M∴ IL∴ M∴, vossa suspeita não é verdadeira. Nós o trouxemos e os colocamos no cárcere, em celas separadas, e dali saíram para enfrentar os juízes no Tribunal. Tiveram um julgamento justo e foram considerados culpados, sendo então executada a sentença contra eles proferida. Por fim, as suas cabeças foram decepadas e espetadas nas portas da cidade, para servir de exemplo a outros malfeitores. Os instrumentos por eles usados – o Esquadro e a Régua – aqui estão.

O ensinamento inscrito nesta alegoria é claro: Justiça sim, vingança nunca. Isto porque a justiça é a recompensa que se dá como paga a um comportamento, seja ele mau ou bom, conforme a valoração que a sociedade lhe dá. Se a determinado comportamento, extremamente ofensivo, impossível de ser recomposto pelos violadores, se dá a morte como recompensa por este acto, esta é a justiça que aquela sociedade definiu para tal caso. A pena de morte, nesse caso, é a forma de Justiça que aquela sociedade elegeu e não cabe a outras pessoas, além dos membros daquela sociedade, discutir se ela é justa ou não.

É claro que a nível conceitual, justamente por se tratar de conceitos, este é um assunto que merece reflexão. No actual estágio da sociedade é altamente duvidoso que a morte do violador se possa constituir em recompensa eficaz para devolver o equilíbrio da ordem violada. E esta é a diferença que vemos entre a Justiça , como forma de recomposição do equilíbrio da ordem violada e a vingança. Esta última, ditada exclusivamente pelo ódio, constitui exercício arbitrário da razão do ofendido, aplicada sem nenhum critério, sem nenhuma análise e sem nenhum sentido moralizador. Daí esta pena, como forma de recompensa pelo mal feito, acaba equiparando-se ao próprio crime que visava punir. Todavia, nas primeiras etapas do desenvolvimento das sociedades humanas, a pena de morte, conhecida como “Pena de Talião” era aceita e reconhecida como eficaz para recompor a ordem social violada.

A inspiração cavalheira da lenda
A finalidade da lenda do grau tem por objectivo demonstrar que não se fere impunemente a ordem social, nem se pratica crimes contra a pessoa, contra natureza ou contra a sociedade, sem que advenha o devido castigo. Há sempre uma punição, cedo ou tarde.

A Loja do grau dez é presidida pelo Três Vezes Poderoso Mestre. Após ter sido cumprida a missão para a qual foram eleitos, os quinze mestres recebem o titulo de Cavaleiros Eleitos dos Quinze, o que mostra, pelo menos na forma de elevação, uma certa influência das regras da Cavalaria medieval, onde os cavaleiros obtinham distinções por serviços prestados ao suserano. Esta influência faz-se sentir também no juramento prestado pelos Mestres elevados, que ao receberem o título do grau, juram “perante o Grande Arquitecto do Universo e na presença de todos os irmãos, sob a Abóbada de Aço, feita tanto para proteger o leal, como para castigar o perjuro, defender a causa dos oprimidos contra os opressores”. Juram também ser os “paladinos da tolerância contra a intransigência, a manter intacta a instituição maçónica, em qualquer ocasião, quer directa quer indirectamente. Prometem guardar no coração tudo o que se passou naquela cerimónia e não revelar os segredos que lhe foram confiados”.

Evidentemente um juramento deste escopo não caberia no tempo do Rei Salomão. Juramentos desse tipo eram comuns, no entanto, nas Ordens de Cavalaria medieval, onde o cavaleiro tinha que ser sempre uma espécie de herói a serviço da humanidade, socorrendo os fracos e os oprimidos, galante, corajoso e forte, além de fiel e leal ao seu suserano e à instituição a qual servia, ou seja, a Santa Madre Igreja.

Esta visão confirma-se no encerramento do cerimonial de elevação do grau, quando o Presidente da Loja, acompanhado dos Vigilantes e do Orador, desembainham as espadas e as erguem sobre a cabeça dos Mestres elevados, exactamente como se fazia nas antigas cerimónias destinadas a armar ou honrar com comendas e distinções os antigos cavaleiros medievais.

As cabeças decepadas dos Jubelos, encimando as figuras de uma régua, um esquadro e um malho, sugerem ao iniciado que a conduta do Maçom deve ser recta como uma régua, equilibrada como um esquadro e firme como um malho. Que todo crime será punido, pois o céu nos julga e o castigo para os criminosos é certo. Por isto é que o sinal do grau lembra a acção de encostar um punhal na garganta de alguém. Este é um sinal que denota a acção punitiva a que estão sujeitos todos os violadores da lei, todos os criminosos, todos os infiéis. Esta liturgia, por certo, evoca também a execução de Jacques de Molay, último Grão Mestre da Ordem dos Templários, pois segundo a tradição, os responsáveis pela sua execução teriam sido todos punidos de uma forma bastante misteriosa [1].

A verdadeira justiça
A missão dos Mestres Eleitos dos Quinze é igual à dos Mestres Eleitos dos Doze: justiçar os assassinos e não promover vingança. Isto porque, para distribuir justiça não é necessário somente saber distinguir o bem do mal, mas também ter a coragem de aplicar as medidas necessárias para separar um do outro. Jesus dizia que se a nossa justiça não fosse capaz de exceder aquela praticada pelos escribas e fariseus, então eles não teriam aprendido nada do que ele lhes tinha ensinado. Esta é uma grande verdade, porquanto os escribas e fariseus aplicavam os códigos, interpretando as leis à sua própria maneira, fazendo delas uma forma de ganhar a vida e não um exercício de distribuição de justiça. Por isso Jesus, ao instruir os seus discípulos para o exercício da missão evangélica, lhes recomendou que atendessem primeiro às próprias famílias, (isto é, que praticassem a irmandade); que fossem desapegados dos bens materiais e ganhassem o pão de cada dia com o seu trabalho (valoração do trabalho, condenação da ambição desmedida); que não se importassem com aqueles que não os respeitam (sacudindo o pó das sandálias); que fossem simples como pombas e prudentes como serpentes (pois o mundo é feito de lobos e cordeiros e cada um cumpre uma missão na natureza). Parece até que Jesus estava descrevendo o que Maçonaria se proporia a pregar dezassete séculos mais tarde, pois esses são exactamente os postulados que a Ordem propaga no seu catecismo curricular.

Cabe ao iniciado na Arte Real, como Eleito dos Quinze, discernir todas estas coisas. Quem merece ser castigado deve ser castigado. Quem merece ser premiado deve ser premiado. Em todo o desenvolvimento do catecismo maçónico, referente aos chamados graus de justiça, o que se tenta transmitir é exactamente uma ideia de regeneração psíquica do homem, através de uma reforma moral nos seus pensamentos e nos seus costumes, reforma esta alcançável através da prática das virtudes maçónicas.

Este renascimento equivale ao conhecimento do que é a verdadeira justiça e a sua execução. E nesse conceito estão integradas várias outras questões morais de grande importância, como equidade, critério, parcimónia, discernimento, piedade etc.

Apenas o ensinamento das Lojas Simbólicas não é suficiente para se atingir esse objectivo, pois o que acontece nesse nível é uma preparação espiritual para uma aprendizagem superior. Esta aprendizagem completa-se quando o iniciado entende que a regeneração que nele se processa, pela complementação dos graus hiramíticos, é uma “porta de entrada” para outra etapa de sabedoria, a qual lhe será conferida, ainda nas Lojas de Perfeição, através dos chamados graus salomónicos. Por isso é que, nesses graus, ele aprenderá o verdadeiro significado da palavra justiça e a forma correcta de aplicá-la [2].

João Anatalino Rodrigues

Notas
[1] Segundo uma tradição, Jacques de Molay teria profetizado a morte de Filipe IV, o Belo, e do Papa Clemente V, que foram os principais responsáveis pela dissolução da Ordem dos Templários e pela execução dos seus lideres. Estes personagens morreram misteriosamente no espaço de um ano depois da sua execução. Assim, metaforicamente, os Jubelos poderiam ser também os três cavaleiros templários que serviram de testemunhas contra a Ordem e propiciaram aos juízes da Inquisição os motivos para a sua extinção. Assim, o teatro representado no grau 10, sobre o julgamento e a execução desses personagens, pode estar a referir-se a este episódio.

[2] A Loja Simbólica equivale aos três primeiros graus (aprendiz, companheiro e mestre); o que chamamos de graus hiramíticos são aqueles que tratam do desenvolvimento iniciático da Lenda de Hiram (graus 4 a 9). Graus salomónicos os que tratam da aplicação da justiça e a organização do Estado, com alegorias inspiradas principalmente em histórias do Rei Salomão e a reconstrução de Jerusalém (Graus 10 a 14).

Maçonaria - O Rito Críptico

 

Por Rito Críptico devemos entender um conjunto de graus maçónicos praticados no Rito de York, também designado como Rito do Arco Real. O termo críptico vem de cripta, simbolismo que designa “oculto”, “secreto”, pois aqui cuida-se de preservar o mais caro dos segredos maçónicos, que é a chamada Palavra Perdida.

Nos graus anteriores do Real Arco, a ênfase foi posta na recuperação da Palavra Perdida. Este simbolismo referia-se à própria reconstrução do Templo do Rei Salomão, que tinha sido destruído pelos caldeus, e nessa destruição essa Palavra foi perdida (pois o Templo de Jerusalém era a própria Palavra, consubstanciada num edifício). Assim, a missão de Zorobabel, o Aterzata, se oficialmente era a de reconstruir Jerusalém e o seu templo, em termos espirituais era também a de recuperar a Palavra Perdida.

Por isto é que todo o desenvolvimento dos graus do Arco Real trabalha com este tema, da mesma forma que os graus filosóficos do Rito Escocês. Assim, se os maçons do Arco Real se dedicam a recuperar a Palavra Perdida, os maçons da Cripta do Arco Real dedicar-se-ão a preservá-la, para que ela não mais se perca. Desta forma, os Conselhos de Maçons Crípticos formam o corpo central do Rito de York da maçonaria livre e somente podem entrar nesse Conselho os Irmãos que já completaram o caminho do Real Arco.

A lenda explorada nesses graus refere-se a uma cripta que existiria nos porões do Templo de Jerusalém, onde Salomão teria escondido certos “tesouros” que seriam usados para propósitos específicos. Estes tesouros, provavelmente aqueles que Moisés teria encerrado na Arca da Aliança, seriam conhecimentos arcanos de especial relevância. Entre eles estaria, inclusive, o Verdadeiro Nome de Deus e a forma de pronunciá-lo, pois este era a chamada Palavra Perdida.

Diz a lenda que Salomão escolheu um grupo de mestres Maçons para formar uma guarda especial, com intuito de proteger a Cripta e os seus preciosos conteúdos. Estes eram Irmãos que já possuíam a Palavra, ou seja, simbolicamente eram maçons do Real Arco que já a conheciam. Como se tornaram guardiões da cripta dos segredos, passaram a ser chamados de Maçons da Cripta ou Crípticos. Nessa cripta, desenvolviam o trabalho das suas Lojas, cuja função era sempre o estudo das maneiras de conservar a Palavra Perdida.

Ressalte-se que no Rito Escocês esta lenda também é trabalhada, com um idêntico conteúdo e uma mesma finalidade. Nos graus filosóficos do R∴ E∴ A∴ A∴, as actividades também são desenvolvidas no sentido de “reconstruir” o Templo de Jerusalém, ou seja, recuperar o “ensinamento arcano” que Deus dera aos construtores do Templo de Jerusalém, na forma das ciências necessárias para a construção daquele edifício sagrado, que era, na verdade, um verdadeiro simulacro do universo. Esta disposição estaria nas próprias instruções que Deus teria dado a Moisés para a construção do Tabernáculo, e depois a Salomão e Adonhiram (Hiram Abiff) para a construção do Templo, que na verdade, nada mais era que o próprio Tabernáculo erigido em alvenaria. A diferença entre o Rito de York (Arco Real) e o Rito Escocês está apenas na forma em como essa estrutura simbólica é desenvolvida. Se no Arco Real, os maçons que recuperam a Palavra Perdida se tornam Maçons Crípticos, os maçons do Rito Escocês que completam os graus filosóficos tornam-se Cavaleiros Kadosh, que equivale, na simbologia do Arco Real, aos maçons da Cripta. Haja vista que os Irmãos do Rito Escocês, ao se tornarem Cavaleiros Kadosh, no grau 32, também irão penetrar na Cripta dos Grandes Filosofas, onde irão descobrir o segredo final da escalada maçónica, que se revelam nas oito colunas da sabedoria. [1]

Já no Rito de York (Arco Real), a ênfase é posta na guarda da Palavra Sagrada, que tanto poderia ser o Nome Inefável de Deus, como a sabedoria que Ele teria confiado a Moisés quando mandou este fazer a Arca da Aliança, pois na Bíblia lê-se que, além das Tábuas da Lei, Deus mandou Moisés depositar na Arca o “ testemunho que Eu hei de te dar”. [2]

Esse testemunho seria a Palavra Sagrada, ou a própria sabedoria contida nas instruções usadas pelos arquitectos do Templo de Jerusalém para construí-lo, pois nessas instruções estaria a própria fórmula pela qual Deus constrói o universo. Esta é, pelo menos, a simbologia usada pela maçonaria, que se resume no segredo da Letra G.

Os trabalhos desenvolvidos pelos maçons da Cripta ocorrem em três Graus que são chamados de Mestre Real, Mestre Escolhido e Super Excelente Mestre.

Os trabalhos dos dois primeiros graus são desenvolvidos na Cripta subterrânea sob o Templo do Rei Salomão. Já o grau de Super Excelente Mestre é conferido aos maçons crípticos como preparação para a sua elevação a Cavaleiro Templário, titulo que ele receberá ao ser-lhe conferida a Ordem da Cruz Vermelha, que constitui a sua iniciação para participar das Comendadorias dos Cavaleiros Templários. [3]

O Mestre Real é aquele que aprende a sabedoria contida na sabedoria depositada na Arca da Aliança. Aprende o por quê de toda a liturgia preconizada por Moisés para aqueles que iriam servir no Santo dos Santos. Conhece a razão de toda a ritualística prevista na Bíblia para a construção do Tabernáculo, da Arca e do Templo de Salomão, pois nessa sabedoria está a fórmula pela qual o Grande Arquitecto do Universo constrói o mundo. Este é o conhecimento essencial que um verdadeiro mestre Maçon precisa possuir. Sem esta sabedoria ele não entenderá a liturgia e a filosofia da verdadeira maçonaria. O presidente da Loja do Mestre Real é o próprio Salomão e as dignidades da Loja são personagens da sua corte.

Já o Mestre Escolhido remete-se à lenda do Secretario íntimo do Rei Salomão, também existente nos graus filosóficos do Rito Escocês. Os trabalhos desse grau são desenvolvidos na abóbada do Templo do Rei Salomão. Os acontecimentos que caracterizam o grau são bastante excitantes proporcionando-lhe grande interesse filosófico. A cerimónia ritualística contém a história que completa o “Círculo de Perfeição” da antiga Maçonaria operativa. Refere-se a um secretário de nome Joabem, que teria arriscado a própria vida para não quebrar a lealdade que ele devia ao Rei Salomão. E o grau que sobreleva, sobre todas as virtudes, a lealdade e o zelo. [4] O Super Excelente Mestre, como dissemos, está relacionado com os acontecimentos que conduziram à recuperação da Palavra perdida. Historia a destruição do primeiro templo, os motivos pelos quais isso aconteceu, a saga dos judeus para reconstruir o segundo templo e todos os esforços físicos e espirituais para que esse grande trabalho de maçonaria fosse realizado. Mostra que a destruição do primeiro templo representou a perda da Palavra e a reconstrução do segundo templo foi a recuperação da Palavra. Para que esta Sabedoria seja conservada e não mais se perca é preciso uma reconstrução moral do próprio espirito humano, no qual os seus vícios sejam substituídos por virtudes. Pois se foi a degeneração moral do povo eleito que causou a ruína, será a virtude dos novos eleitos que proporcionará a glória de uma Nova Aliança.

E de posse desses conhecimentos, o Irmão do Real Arco, agora um Maçon críptico estará em condições de receber a sua comenda como Cavaleiro Templário. [5]

João Anatalino Rodrigues

[1] Vide a nossa obra “Mestres do Universo” publicada pela Ed. Biblioteca 24×7. No Rito Escocês essa alegoria define-se pelos ensinamentos dos grandes filósofos, entendidos como sendo os mensageiros de Deus para trazer aos homens a verdadeira sabedoria. E interessante observar que aqui se percebe as diferentes concepções filosóficas que inspiraram a maçonaria especulativa nos seus primórdios. Na maçonaria do Arco Real, que provavelmente teve origem nas camadas mais conservadoras da sociedade britânica, que constituíam a aristocracia, a maioria dos maçons pertencia ao partido Torie. Estavam mais ligados à tradição cavalheiresca e por isso disseminaram nos seus ritos muita alusão a temas ligados aos cavaleiros templários e hospitalários, razão pela qual os três graus finais do Rito de York se remete às chamadas Comendadorias Templárias, numa clara remissão a essa famosa Ordem de Cavalaria. Pretende-se, com essa alegoria, fazer dos maçons do Arco Real, protectores da Cripta, os herdeiros dos segredos dos templários. Esta lenda, ainda hoje, rende muita literatura e filmes, pois os maçons americanos, praticamente os criadores do Rito do Real (ou pelo menos os seus praticantes mais efectivos) supostamente seriam hoje os guardiões do tesouro templário. Veja-se a esse propósito o filme “O Tesouro Perdido”, com Nicolas Cage e o romance “O Símbolo Perdido”, de Dan Brown. Historicamente, o Rito de York seria uma dissidência do Rito Escocês, fundado pelos jacobitas (apoiantes da família da Stuart), pois enquanto os jacobitas (praticantes do Rito Escocês) apoiavam a volta dos Stuarts ao trono inglês, os Irmãos do Real Arco, na sua maioria do partido dos Wiggs, apoiavam a Revolução Gloriosa, que colocou a Casa de Hannover no trono da Inglaterra. Ver a esse propósito a excelente obra de Frances Yates, “O Iluminismo Rosacruz”, publicada pela Ed. Cultrix.

[2] Êxodo, 25:16.

[3] Supõe-se que os Cavaleiros Templários eram detentores de verdadeiros segredos arcanos que não podiam ser revelados às pessoas comuns, pois que proporcionariam a destruição da ordem vigente. Estes cavaleiros eram também possuidores de um riquíssimo tesouro. Seria a posse desses segredos e desse tesouro que causou a extinção da Ordem e a execução dos seus líderes na fogueira. Os tais segredos nunca foram revelados e o tesouro nunca foi encontrado. A este propósito recomendamos a leitura da nossa obra “ Guerreiros da Luz”,

[4] Veja-se a nossa obra “Conhecendo a Arte Real” publicada pela Madras, os comentários sobre o desenvolvimento dessa lenda no Rito Escocês.

[5] Supostamente, este era um rito desenvolvido pelos próprios cavaleiros templários. Ver a nossa obra “Guerreiros da Luz”, já citada.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...