Aristóteles, príncipe dos filósofos, disse em muitos lugares que toda ciência é algo de bom. Porém, nem sempre é assim: a operação mágica as vezes serve ao bem, as vezes serve ao mal, tudo depende do objetivo pelo qual se trabalha.
Parte I
Considerações Mais Que Necessárias
Sobre os Grimórios de Alberto
A palavra Grimório, do francês grammaire, gramática, é definida no grande Oxford English Dictionary como “manual de magia para a invocação de demônios; e nisso os Grimórios diferenciam-se das Clavículas ou Chaves, que são coleções de encantamentos, feitiços, de vários tipos e vagamente associadas ao rei Salomão, que teria sido o precursor deste tipo de literatura e, de acordo com lenda oriental e tradição do Talmud, era um mago de grande poder que comandava hostes de djins, espíritos elementais [SUMMERS, p 116].
Os Grimórios, em geral, livros pequenos, handbooks, são fontes inevitáveis no estudo das origens da magia. Em grande parte, senão maioria, são cópias de cópias, é fato, porém datadas dos séculos XIV e XV [anos 1300 e 1400], ou seja, são antigos, são história. Le Grand Albert e Le Petit Albert ─ deixando de lado a questão da originalidade autoral ─ estão entre os mais importantes [e famosos, conhecidos na esfera da cultura popular] entre os Grimórios atribuídos a Alberto, o Grande.
Chamado de Os Admiráveis Segredos de Alberto, o Grande ou “disfarçado” sob outros títulos semelhantes como Grimoire of Albertus Magnus: The Great and True Cabalist Science of Albertus Magnus or Sorcery Unveiled [A Grande e Verdadeira Ciência Cabalística de Albertus Magnus ou A Bruxaria Revelada] o título pomposo reflete a essência destes e de outros grimórios: oferecer segredos e processos que, se colocados em prática, conferem enorme poder! Seus exemplares e traduções ganharam o mundo. Em Chanel Islands [Ilhas do Canasl – da Mancha, território britânico], o Le Grand Albert é conhecido como Bíblia das Bruxas ou, em dialeto local Le Grand Mêlé. Le Petit Albert é Le Petit Mêlé, sendo que Mêle significa “livro”. Juntos eles são os Albins e somente um bruxo, um feiticeiro assume possuir esses “livros do mau”.
Um exemplar publicado em 1668 [século 17], em Lion, possui ilustrações de figuras necromanticas, talismãs e pentáculos que não são encontrados em nenhuma outra edição ou obra ocultista popular. Envolto sem aura de clandestinidade, o Pequeno Alberto e o Grande Alberto freqüentemente apareceram em volumes sem qualquer referência ao editor e/ou impressor, lugar de origem. Algumas edições são inofensivas, evidentemente tolas e cheias de superstições; outras, porém, se diante de mentes doentias, podem ser mortalmente perigosas.
Algumas palavras de Advertência
Os textos dos Grimórios, suas “receitas”, “fórmulas”, são uma literatura folclórica, cuja origem se perde em tempos de barbárie, descrevendo práticas mais parecem pertencer à esfera da ficção de terror popular. Não se pode acreditar que tais práticas, fossem uma realidade corriqueira dos primitivos pagãos cristianizados. Antes, talvez, um último recurso para os dementes obcecados por necessidades ou desejos equivocados, espúrios, torpes, doentios e desesperados.
Uma pessoa lúcida, ao ler essas páginas negras, precisa – 1. Conhecer os fundamentos para separar crenças infundadas de conhecimento lógico. 2. Como bem recomenda Papus, o magista é uma pessoa contemporânea; não vive em uma circunstância do passado que não existe mais. É necessário saber ADAPTAR! os rituais e materiais. Segundo estudiosos que tiveram melhores oportunidades de alcançar os textos originais do monge ─ ocultistas como Papus, o original Grande Alberto continha um Tratado de correspondências mágicas; um estudo das virtudes das Ervas, Pedras e Animais. Os textos espúrios, estes sim, contém o que há de mais asqueroso e perigoso em termos de magia popular.
Muitas fórmulas são uma composição indigesta que reúne 1. a sombra dos conhecimentos científicos dos Escolásticos e Alquimistas medievais do Ocidente; 2. crenças, superstições dos campos europeus, da cultura pagã de nórdicos, anglo-saxões e latinos, um imaginário povoado de criaturas fantásticas, espíritos familiares, gnomos, fadas boas e más; 3. os rituais e crenças dos cristãos medievais que que subordinavam os poderes ocultos dos elementais [dos seres e forças invisíveis] com à autoridade do Verbo evangélico, na expressão de trechos bíblicos, do Antigo e do Novo testamento, apelando para os nomes de poder daqueles que são os “magos das sagradas escrituras”: Salomão, Jesus Cristo, a Virgem Maria, os Arcanjos Miguel, Rafael, Gabriel e Uriel, os incontáveis nomes de Deus, do “Pai” a Adonay e Metraton! Isso é o que os estudiosos denominam de “seita cristã”.
Misturando cristianismo, judaísmo e magia negra, o povo elaborou uma cultura religiosa própria que acomodava poderes oriundos daquelas fontes, cristã e pagã, em tese opostas, mas reconciliadas no pensamento mágico dos deserdados camponeses e servos. A magia negra era “santificada” quando sustentada pelas referências do sagrado “oficial”, aliviando a consciência daqueles que recorriam àquelas fórmulas e expedientes disponíveis nos saberes orais e, mais tarde, nos Grimórios.
Isso não livrou uma horda de pessoas de terminarem seus dias no fogo das Inquisições quando convinha aos poderes políticos de determinados lugares e épocas. A fogueira para os pagãos, sob o comande de autoridades eclesiásticas, serviu, em muito, para exterminar desafetos em intrigas provinciais e mesmo personagens proeminentes, quando se tornavam incômodos. Nesse contexto, a apreensão de um velho Grimório em poder de um acusado era evidência mais que suficiente de associação com o diabo.
Considerando o conteúdo sangrento, escatológico, as práticas de crueldade e os objetivos criminosos tão comuns nas receitas dos magos negros não espanta que os Grimórios fossem testemunhas de culpa. As fórmulas implicam assassinatos, trato com substâncias indigestas, sacrifício de animais domésticos, quando não a captura para sacrifício de animais selvagens, alguns, hoje, em extinção. Ingredientes tenebrosos como a “Gordura Humana” extraída de um criminoso condenado à pena de morte são, contemporaneamente, praticamente impossíveis de se obter sem cair nas malhas mais ásperas dos Códigos Penais.
No Brasil, por exemplo, onde não tem pena de morte, tal substância [a gordura humana] somente poderia ser providenciada por um chefe do crime do organizado solicitado a comercializar o tecido adiposo aqueles desafetos que acabam a vida no “forno dos pneus” ou, ainda, o magista teria de virar um pedinte de porta dos fundos de clínica de estética onde poderia comprar ou receber a doação do material remanescente da lipoaspiração de um assassino ou ladrão. Meditemos…
Parte II
Feitiços de Alberto Magno
Hand of Glory ─ Um feitiço muito conhecido, transcrito em inúmeros Grimórios [e também no Pequeno Alberto], é o encantamento da “Mão Gloriosa” [Hand of Glory]. A “Mão da Glória” [ou, ainda “A Vela do Homem Morto”], serve aos ladrões; supostamente, propicia o poder da invisibilidade e faz com que todas as pessoas que se queira, presentes em uma casa que se deseja roubar, adormeçam um sono profundo. É um dos encantamentos mais freqüentes no Grimórios [Na Indonésia existe uma crença que guarda certo “parentesco” com a “Mão Gloriosa”: o ladrão espalha o pó de uma sepultura em torno da casa que deseja assaltar e, assim, suas vítimas dormem um sono pesado] …
No Pequeno Alberto existe uma receita para o ladrão em potencial obter este objeto enfeitiçado que consiste, basicamente, na mão do cadáver de um criminoso. Em algumas fórmulas é a mão direita; em outras, a esquerda [e esta parece ser a preferencial levando em conta a tradição que envolve o membro sinistro]. Todavia, não pode ser qualquer cadáver: tem de ser o cadáver de um criminoso submetido à pena de morte. Consta, também, que pode/ou/deve ser comprada do criminoso antes da execução. Nos textos menos exigentes, refletindo um traço da cultura da época, Idades Média e Moderna, afirma-se que é suficiente surrupiar o membro de algum enforcado que esteja ainda exposto em praça pública. Eis a versão do Pequeno Alberto:
Embrulhe, bem embrulhada, a mão no retalho de uma mortalha; aperte bem para extrair qualquer sangue remanescente [ou seja, mão de defunto fresco]; depois, coloque a mão em um vaso de cerâmica junto com uma mistura com uma mistura de Zimat
* [um vitríolo, espécie de sulfetos salínicos, como o sulfeto de cobre, de zinco, de ferro etc.. Este Zimat era proveniente da Arábia] sal, pimenta-longa [Piper longum], Saltpeter [Nitrato de Potássio, cristais de salitre, utilizado para fazer pólvora], tudo muito bem pulverizado.
Deixe em repouso durante quinze dias dentro do vaso. Depois, retire tudo e exponha ao calor do sol em um “dia-de-cão” [dog-days, período entre 3 julho e 11 agosto] e espere até [a mão] ficar bem seca. Se não houver sol o bastante, seque em um forno aquecido com samambaias e verbena. Então, faça uma vela com a gordura do criminoso que foi executado [enforcado], cera virgem e Lapland sesamum [gergelim de Lapland ─ nome de localidades na Suécia, Finlândia e regiões norte-européias].
[ALI SHAH, ─ p 158/159]
A mão, assim preparada é, então, denominada Mão Gloriosa [Glorious Hand] e será usada como castiçal para a vela macabra que foi confeccionada. [Pequeno Alberto Apud ALI SHAH ─ p 158]
* vitriol, vitríolo do latim vitreus, vidro, referindo-se à aparência vítrea dos sulfetos salínicos: o de cobre é cristal azul; o de zinco, branco; o de ferro, verde; cobalto, vermelho]
Em A Popular History of Witchcraft a fórmula do Petit Albert para A Mão Gloriosa é assim transcrita:
A horripilante relíquia de um morto era mumificada e, sendo colocada em um vaso de cerâmica [earthen: vaso feito de terra, argila] com uma mistura de sal grosso, dragon-wort [Artemisia dracunculus ─ erva-dragão, terragon em inglês], pimenta negra e outras especiarias [podemos imaginar uma salmoura com ervas finas], nitre [nitrato de potássio, salitre ─ KNO3]. Depois., a mão deve secar, sendo branqueada [quarado] ao calor do sol do meio-dia e colocada para defumar na fumaça do fogo alimentado com samambaias e verbenas…
A receita continua, semelhante à anterior, recomendando a confecção de uma vela feita com banha de enforcado e garante provocar um sono hipnótico e/ou, ainda, tornar as pessoas despertas completamente incapazes de falar ou agir contra o invasor de uma casa que esteja portando o macabro “castiçal”. O feitiço serve não somente aos ladrões mas, também, aos assassinos.
As velas de Gordura Humana: Tesouros
A banha humana tem propriedades preciosas para os magos negros. Sevem para confeccionar velas e entram na receita de ungüentos repugnantes e alucinógenos. Em outra fórmula do Petit Albert, edição do século XVIII [anos 1700] uma vela mágica para achar tesouros é feita com o funesto material. É uma vela que tem o poder de revelar a localização de preciosidades ocultas em cavernas, em subterrâneos ou, simplesmente enterrados.
O caçador de tesouros deve levar a vela para o local onde, suspeita-se, exista uma fortuna oculta. Evidentemente, enquanto se explora o lugar, quando a vela começa a bruxulear fortemente emitindo pequenos estalos e faíscas, significa que o objetivo está próximo. É preciso seguir os sinais da vela para chegar ao lugar exato. Esses exploradores também devem levar, em sua aventura, velas consagradas, não por causa da iluminação, mas para conjurar eventuais e muito comuns espíritos de pessoas mortas que, freqüentemente, rondam e guardam estes tesouros. Tais espíritos devem ser conjurados, evocados e dominados, em nome de Deus! e a eles deve ser solicitada ajuda para tomar posse da riqueza.
A Verdadeira Confecção da Varinha Mágica ou O Bastão Fulminante
Método horrendíssimo não tente fazer isso em lugar e em hipótese nenhuma. Este escritor não se responsabiliza por demência de ninguém!!! Eu avisei!
Um dia antes da grande empresa você vai procurar e encontrar uma vara, um ramo de nogueira selvagem [em um bosque, uma floresta]; o ramo nunca deve ter sido cortado e deve ser forquilhado, dividido em dois na parte superior tendo o comprimento de 29 polegadas [1 polegada = 2,54 cm] ─ 73,66 cm. e se diz que as pontas da forquilha devem ser curvas e pontudas. Quando tiver encontrado este ramo de nogueira, não o toque! Apenas olhe para ele. Espere até o dia seguinte, que será o dia de agir, quando você cortará o bastão exatamente ao nascer do sol. Então, retire as folhas e apare as pequenas ramificações, se as houver e faça isso com a mesma lâmina de aço que serve para matar a vítima [!?!…]
A vítima: é uma criança [!] que foi previamente assassinada. É necessário ter o cuidado de NÃO LIMPAR a lâmina e somente cortar o ramo precisamente quando o sol começa a aparecer no horizonte. Corte, então, dizendo as seguintes palavras:
Je te recommand, o grand Adonai, Eloim, Ariel et Jeovam, de m’être favorable et de donner à cette baquette que je cupe la force de vertu de celle de Jacob, de Moïse et de celle du grande Josué. Je te recommand e aussi ô grand force de Samson, le just colère d’Emmanuel et les foudres du grand Zariatnutonik que vengera les injures des hommens au grand jour de jugement. Amen.
* Rogo a vós, Oh! grande Adonai, Eloim, Ariel e Jeová, que seja favorável a mim e faça com que este bastão, que eu cortei com a força da virtude de Jacó e de Moisé e do grande Josué, que este bastão tenha a força de Sansão, a cólera do justo Emmanuel e os trovões de Zariatnutonik [creia, mais um nome de Deus!] para eu possa vingar os insultos dos homens no Grande Julgamento [Juízo Final]. Amém.
Depois de pronunciar estas terríveis palavras e tendo visto que o sol se levanta, corte o bastão e leve-o para o seu quarto. [A seguir, um passo muito importante é providenciar o revestimento metálico das pontas do bastão]. …Encontre um pedaço de madeira e modele-o, esculpindo-o, de maneira de maneira que fique semelhante em tamanho e forma às pontas do seu bastão. Procure um serralheiro ou outro artesão capacitado, entregue a ele os pedaços da madeira trabalhada e encomende duas ponteiras que sirvam nas extremidades dos modelos. As ponteiras devem ser feitas usando a lâmina de aço que serviu ao sacrifício da vítima. As duas ponteiras devem ser de fina espessura.Feito tudo isso, pegue uma pedra-ímã que deve ser aquecida para magnetizar as pontas do bastão. Pronuncie as seguintes palavras:
Pelo poder do grande Adonai, Eloim, Ariel e Jeová eu determino a você [referindo-se ao bastão ou determino que este bastão] possa unir e atrair as coisas que eu desejar pelo poder do do grande Adonai, Eloim, Ariel e Jeová; e determino, pela incompatibilidade entre a água e o fogo, que possa separar todas as coisas tal como foram separadas no dia da criação do mundo. Amem. *
* Par la puissance de grand Adonay, Eloim, Ariel et Jehovam, je te command d’unir et d’attirer tous les mateiéres que je voudrais, par la puissance de grand Adonay, Eloim, Ariel et Jehovam, je te cammand par l’incompatibilé du feu et de l’eau, de separer toutes matères,comme elle fuerent separées le jour de la Creation du monde. Amen.
Então, você vai se rejubilar pela honra e glória do grande Adonai tendo a certeza de possuir o “grande tesouro da luz”. [Pequeno Alberto Apud ALI SHAH, ─ p 33]
Comentário: É isso ─ houve tempo e lugar, especialmente na Idade Média e entre os pagãos cristianizados, em que assassinato de crianças era, em termos de “cultura popular”, parte de rituais [uma “simpatia”] que começavam e/ou terminavam com uma espécie de “benção”, oração ─ com Amém e tudo, onde não há pudor em misturar os desejos mais impuros, o crime hediondo, os atos mais abomináveis com clamores dirigidos a Deus, a Jesus Cristo, aos Patriarcas, aos santos e anjos. Esse conjunto de crenças é chamado pelos historiadores de “seita cristã”. É a expressão da maldade no auge da ignorância e quem se deu ou se dá ao trabalho de performatizar estes atos tão cruéis, insanos e patéticos só pode ser, de fato, visceralmente ignorante, confirmando a máxima budista: “A maldade é filha da ignorância” ou, como este articulista prefere entender, “A maldade é sempre burra”.
Para Voar
Tomai 10 onças [2kg e 235 g] de gordura humana ─ * Uma onça = 28,35 g
01 onça de óleo de chifre [de quem non se sabe]
01 onça de óleo de loureiro
01 onça do corpo de uma múmia
um pequeno cálice de “espírito do vinho” [álcool, etanol]
07 folhas de verbena
Ferva tudo em um vaso de cerâmica novo até que o volume da substância esteja reduzido à metade; assim será obtido um emplastro [uma pomada] que deverá ser conservado em uma pele nova [não esclarece se pele de gente ou animal…]. Esta pasta, quando aplicada nos pés, fará de você um “filho do vento”.
Da Virtude de Certas Ervas
Em Ranaissance: Souces and Documents, Kate Aughterson [1998] transcreve alguns trechos do ali chamado “Pseudo-Albertus Magnus”, The Book of The Secrets:
Aristóteles, príncipe dos filósofos, disse em muitos lugares
que toda ciência é algo de bom. Porém, nem sempre é assim:
a operação [mágica] as vezes é boa [serve ao bem], as vezes
é má [serve ao mal], tudo depende do objetivo pelo qual se trabalha…
Calêndula ─ A primeira erva é chamada [entre os ingleses]… marigold. É a calêndula, uma destas flores heliotrópicas, isto é, que voltam-se para o sol de forma notável. A virtude dessa erva é maravilhosa: colhida sob o signo de Leão, em agosto, enrolada, embrulhada em uma folha de laurel ou bay tree [Lauraceae ─ Laurus nobilis, folha de louro, de Loureiro], junto com um dente de lobo, [constitui um amuleto que protege contra a maledicência]… Nenhum homem será capaz de dizer coisa alguma sobre o homem que levar este bentinho. Quem o portar somente encontrará palavras de paz. Nada lhe será roubado e, se for, dormirá com o amuleto sobre a cabeça e, durante o sono, o ladrão será revelado…
Arruda ─ A quarta erva é chamada de celandine [Chelidonium majus ou Quelidónia-maior]. É a arruda. Ela brota no tempo em que as andorinhas e as águias fazem seus ninhos. Junto com o coração de uma toupeira, protege contra inimigos e favorece nas questões judiciais. Esta erva também pode prever o destino de um moribundo. Colocada sobre a cabeça do doente, se este começar a cantar, é porque morrerá; se começar a chorar, viverá.
Vinca ou Pervinca ─ [Vinca minor ─ erva-donzela, Domenica] É a quinta erva. Junto com as folhas do Cipestre Italiano [Cupressus sempervirens, cipestre sempre-vivo, eterno] em mistura usada como condimento, na comida, propicia o amor entre marido e mulher.
Da Virtude de Certas Pedras
PEDRA-IMÃ ─ Para saber se sua mulher é casta: Pega-se uma pedra, em inglês denominada loadstone [ou lodstone, magnes ou magnet]. É a magnetita, Fe3O4 ─ a pedra-imã, de cor dominante azul, encontrada no mar da Índia e em algumas partes da Alemanha e leste da França. Coloque essa pedra embaixo da cabeça da mulher [ou companheiro [a], ui!] e se ela for casta [fiel], imediatamente abraçará o marido; se for infiel, cairá da cama [!]…. E, ainda, a pedra-imã pulverizada, colocada sobre carvões nos quatro cantos da casa fará alguém [alguém de quem o operador quer se livrar] que está dormindo deixar o local deixando para trás tudo que possuir. [Bom para se livrar de esposa ou marido sem problemas com pensão e partilha de bens. Meditemos…]
ÔNIX [ou calcedônia] ─ Se alguém deseja provocar aflição, tristeza, fantasias terríveis, alucinações, medo, suspeita ou discórdia: Escolha uma ônix negra, que é o melhor tipo para esse fim, da Índia ou da Arábia. Colocando esta pedra no pescoço ou no dedo de alguém [como em uma jóia, colar ou anel], este alguém imediatamente sentirá aflição e abrirá as portas para o infortúnio. Será tomado pelo terror e se envolverá em conflitos. Este é um conhecimento muito antigo.
DIAMANTE ─ Para derrotar/conquistar o inimigo: Muito preciosa e cara, a mais brilhante das gemas é também a mais dura. [Um diamante somente pode riscado por outro diamante]. Colocado junto ao coração, protege da morte, dos inimigos, doenças, feras, contra o veneno de animais peçonhentos e homens maus.
Das Virtudes de Pássaros e Animais
Essas virtudes de animais e pássaros foram explicadas extensamente em uma “carta-negra” copiada de Albertus Magnus e publicada em 1525. Considerando que a maior parte dos Grimórios, as edições baratas cuja autoria é atribuída a Alberto ─ o Grande, são consideraods “falsificações”, abuso do nome de um santo escolástico, no que diz respeito a propriedades de pedras, plantas e animais as informações ganham um verniz de meia-credibilidade posto que, é notório, o monge dominicano, de fato, escreveu bastante sobre mineralogia, botânica e zoologia, em volumes como Metals and Materials, Secrets of Chemistry, Orign of Metals.
Segundo estudiosos que tiveram melhores oportunidades de alcançar os textos originais do monge, como Papus, o original Grande Alberto continha um Tratado de correspondências mágicas; um estudo das virtudes das ervas, pedras e animais. Assim, mesmo que as receitas dos textos “piratas” sejam dignas de um hóspede de hospício, o fato de estarem ligadas a áreas de estudo que realmente ocuparam Alberto Magno foi o suficiente para que os editores e/ou autores anônimos, ao longo de séculos, se permitissem a apropriação do nome do cientista escolástico para agregar prestígio aos seus Grimórios-almanaques exotéricos [destinados ao povão].
Na introdução, um pequeno glossário ajuda a compreender certos termos [pitorescos] usados pelo autor:
Aquila ─ Águia
Bubo ─ Coruja [Strigidae, como o mocho-diabo; um tipo de coruja que pia durante o dia]
Hisrcus ─ caprino-macho, bode
Camelus ─ Camelo
Lepus ─ Lebre
Leo ─ Leão
Toca ─ Golfinho boto, mamífero aquático cetáceo
Anguilla ─ Enguia
Pellican ─ Pelicano
Turrer ─ Tartaruga
Talpa ─ Toupeira
Cornus ─ Corvo
Mustela ─ Doninha [Wease]
Vpupa ─ Abibe, ventoinha [tipo de ave]; poupa [Upupa epops ou Hoopoe];
Memle ─ Coruja Negra
Mulona ─ Pomba
Águia, Para “as vistas”: Cérebro de águia [seco] pulverizado, misturado com suco de cicuta, cicuta aquática [Oenanthe crocata e Cicuta virosa ─ hemlock, planta venenosa] proporciona visão aguçada. [Não esclarece se uso tópico ou oral; considerando fama da cicuta, Sócrates que testemunhe! ─ este articulista aconselha colírio mesmo ou oculista, “veja bem” oculista, non “ocultista”, se os sintomas ─ de “vistas fracas” ─ non desaparecerem….]
Para Alguém Falar Dormindo & Contra Ataque de Cães: As corujas que cantam durante o dia têm virtudes bem conhecidas: se o pé direito e o coração de uma ave dessas forem colocados sobre um homem que dorme, ele responderá perguntas durante o sono. Aquele que trouxer aqueles objetos [pé direito e coração da coruja] sob o braço, no sovaco mesmo, a este, nenhum cão será capaz de atacar.
[Bom para dar golpe de cartão fazendo amante cantar senha e depois fugir sem se preocupar com casal de dobermans. Versão atualizada recomenda, mais seguro, colocar uns três lexotans ou dorminids… enfin, dentro de cada um dos três cachorros, o amante e os dois dobermans. Espera 45 minutos e faz simpatia com partes de coruja. Non se sabe se, nocauteado desse jeito, brutamontes vai falar.]
Sangue de Bode
1. Para Tornar Vidro Flexível: Sobre o Hircus ─ o bode, chamado erbicle pelos caldeus. O sangue de um bode misturado com funcho [ou anis-doce Foeniculum vulgare] e vinagre, aquecido em recipiente de vidro, torna o vidro flexível como massa de farinha e se for jogado contra a parede, não se romperá.
2. Para Provocar Visões: O sangue de bode também é usado com este fim. Se o rosto de um homem for untado com sangue de bode, coisas horríveis e maravilhosas [depende de bode, será?] apareceram para este homem e, em dado momento, ele pensará que está morrendo.
Camelo & Lagartixa ─ Mais Alucinações e Remédio para o Ego: Camelo conhecido entre os gregos como Iphis, é muito conhecido porque seu sangue, sendo embebido na pele de um animal chamado Stellia [Stella], que é uma espécie de lagarto, esta pele, colocada na cabeça de qualquer homem, faz com ele pense que ele “se ache” o máximo e sinta como se sua mente estivesse no paraíso.
Para Não Temer a Morte: Um pé de lebre junto com a cabeça de uma coruja negra, tudo em um pacote só, é excelente amuleto para ser carregado por um homem dá coragem a este homem, que não temerá nem a morte! [Francamente, creio, um spray de pimenta pode ser mais eficaz. Meditemos…]. Quem usa um cinto de pele de leão não precisa temer inimigos [Isso devia funcionar bem em Neolítico]; e se possuir e usar os olhos de um leão como amuleto todos os animais ferozes e peçonhentos fugirão aterrorizados.
Boto: Conhecido pelos caldeus como Daulanbus, é um animal mítico em várias culturas. O amuleto do boto se faz juntando um pedaço da língua com um pedaço do coração do animal. Mergulhado na água, esse amuleto faz abundarem os peixes em qualquer curso d’água. O coração do cetáceo levado debaixo do braço [no sovaco] proporciona bem estar e excelente disposição.
Enguia: Pegue o coração de uma enguia e refogue em vinagre forte junto com o sangue de abutres [urubus] e entregue isso ao desafeto, seja quem for. Esta pessoa morrerá em dois meses.
Doninha: Se um homem comer o coração de uma doninha ainda pulsante, este homem poderá prever o futuro. Se um cão comer este coração de doninha, pulsante, junto com os olhos e a língua, esse cão perdera sua voz; tornar-se-á um cão mudo! [Muito bom para cachorro chato de condomínio e nada impede de tentar receitinha com “patroa” que fala demais].
Poupa: Para alcançar objetivos grandiosos, coma o coração de um Abibe [Vanellus vanellus] ou de uma poupa [Upupa Epops ou Hoopoe].
Ressurreição do Pelicano: Para os gregos, Iphalari. Um pelicano morto porém com o corpo intacto poderá reviver se em sua boca [bico] for introduzido sangue de sua mãe. Alchorati e Plinius testemunharam este fenômeno.
Toupeira ─ Para Fazer Voar um Cavalo: embrulhe a pata de uma toupeira em uma folhas de loureiro e coloque na boca do cavalo. Ele alçará vôo completamente aterrorizado e somente vai parar quando estiver exausto. [Note-se, aqui, que o feitiço para fazer “voar” um cavalo pode ser entendido como feitiço para tornar o cavalo veloz, correr em disparada. No Brasil, uma das traquinagens perpetradas pela personagem folclórica do saci, o duende negro de uma perna só é, justamente, fazer os cavalos, durante a noite, saírem em louca cavalgada, efeito obtido pela virtude de uma “certa erva” que o saci faz com o cavalo coma; e também na crença brasileira, o animal só para quando está completamente exaurido, estado lamentável em que é, misteriosamente, encontrado pelo dono na manhã seguinte.]
Coruja-negra ─ Insônia: Se uma pena dessa ave, retirada da asa direita, embrulhada em papel de cor vermelha [encarnada], escondida no quarto de uma casa, ninguém poderá dormir no aposento até que o “objeto” seja retirado.
Elixir da Longa Vida
A busca do Elixir da Vida [descartando-se as interpretações alegóricas] se confunde com a Opus Magna almejada por todos os Alquimistas de todas as eras históricas. Isto porque para obter o precioso Elixir é necessário possuir a Pedra Filosofal, porque a pedra entra na receita do precioso líquido. Segundo a tradição, entre as proezas científicas-ocultistas de Santo Alberto ─ O Grande, está a obtenção da Pedra Filosofal que, além de proporcionar a destilação do Elixir da Vida, que confere imortalidade e restaura a juventude, também possui propriedades capazes de transmutar elementos químicos, substâncias e, especialmente no que se refere aos metais, “fazer ouro”.
O Elixir da Longa Vida e da Eterna Juventude, poção mítica relacionada à Pedra Filosofal, foi, realmente, o grande objetivo na existência de muitos Alquimistas medievais e posteriores; e não o “Elixir” somente entendido como um tesouro figurado, místico, psíquico, filosófico; mas também como algo físico, uma substância química capaz de produzir alteração metabólica. Não há consenso entre os Grimórios no que se refere à fórmula desse Elixir. O Petit Albert revela parte do segredo, ainda que em linguagem alquímica e omitindo elementos essenciais, como as substâncias e quantidades exatas, que disfarça em termos desconhecidos do vulgo:
Tomai 81 bs [?] de “açúcar de mercúrio” [possivelmente um dos sais de mercúrio ─ sais mercurosos e mercúricos] para servir de base à mistura. A precipitação da pedra filosofal na “água de mercúrio” resulta na substância do Elixir.
* Cloreto de mercúrio ou calomelano (Hg2Cl2): composto branco, pouco solúvel em água.
* Sulfeto de mercúrio ou cinábrio (HgS): mineral de cor vermelho púrpura, translúcido, utilizado em instrumental científico, aparatos elétricos, ortodontia,
Esse trecho de fórmula, embora nebuloso e insatisfatório, deixa entrever uma ponta de verdade quando se leva em conta que a Pedra Filosofal e seu derivado, o Elixir da Longa Vida e Eterna Juventude são substâncias cuja busca ocupou e ocupa sábios de todos os tempos e lugares. A referência ao mercúrio é um dado universal, conhecimento envolto em mistério. A tradição remonta ao extremo oriente, especialmente, a antiga China onde acreditava-se nos poderes vitais de minerais nobres como o jade, o cinnabar [mercúrio vermelho, Sulfeto de mercúrio (II) ─ HgS, composto de mercúrio e enxofre, insolúvel em água], hematita [Óxido de ferro III Fe2O3, chamado diamante-negro pela coloração preto-metálica de alguns tipos].
Entre todos os minerais, o ouro era considerado o mais potente elemento vitalizante. O Tratado chinês de alquimia Tan Chin Yao Ch’eh [Grandes Segredos de Alquimia, 650 d.C], expõe em detalhes a criação do Elixir da Longa Vida citando os ingredientes: mercúrio, enxofre, sais de mercúrio e arsênico. O resultado mais almejado era a produção do “ouro potável” cuja fórmula, mais uma vez, inclui o mercúrio. Considerando o intercâmbio cultural inevitável entre a Europa medieval e países do Oriente, não somente dos chineses, mas também dos árabes, na época das investidas dos Cruzados aos países “bárbaros”, é muito plausível que o Ocidente, copiando textos raros nos scriptoriuns dos mosteiros, tenha incorporado boa parte da ciência daqueles povos à sua própria Alquimia.
As propriedades, o valor do ouro como elemento ideal para a síntese do do Elixir da Longa Vida é um dado dos mais interessantes na história da Pedra Filosofal e do próprio Elixir. Transcendendo as hipóteses mais aceitas da ciência histórica, encontra-se referência a essas virtudes do ouro nos anais da Exobiologia e do Realismo Fantástico, na hipótese da origem do homem a partir de uma colonização extraterrestre.
Antropogênese Annunaki e Elixir da Longa Vida: de acordo com a teoria Nibiru, de que nossos colonizadores foram criaturas antopóides-reptilianas denominadas Annunaki [“os puros”], cuja epopéia é relatada em tábuas de argila da mesopotâmia arcana em caracteres cuneiformes. Diz o texto que:
No começo, Deus ou “A Fonte”, criou doze espíritos (ou centelhas) auto-conscientes que traziam em si todas as coisas do Universo em estado de realidade virtual (como númeno). Estas doze consciências são os Elohim, que vivem na Constelação da Lira e criaram a matéria a partir da luz: universos, planetas, estrelas, formas de vida; todos os seres, animados e inanimados; formas e corpos para si mesmos em todas as suas manifestações inteligentes.
O corpo ou o suporte físico ou, mais metafisicamente, a personalidade individualizada desses doze deuses durava milhares de anos mas, paulatinamente, essa expectativa de vida no corpo original foi diminuindo gerando a necessidade de encontrar alguma solução. Eles desejavam a longevidade pois não podiam suportar a idéia da uma situação de SER-não-existente-manifestadamente. [Os “deuses” também tiveram medo da morte].
Estudando o assunto descobriram uma substância, tipo de matéria, que não somente favorecia a vida longa como também dotava seus usuários de capacidades metafísicas que não tinham antes, como a telepatia e a experiência de perceber a multidimensão. Essa substância, que tornou os deuses supercondutores de energia é o OURO!
Muitos milhares de anos se passaram e, em busca de ouro, [o santo remédio!] aqueles seres, os doze Elohim, deixaram seu sistema de origem, Lira, e se espalharam pelo cosmo criando “civilizações” ― criando “mundos”. Estabeleceram-se em localidades celestes que são conhecidas como Vega, Plêiades, Sírius. Eles se auto-perceberam como Criadores ou “deuses”. Entretanto, sua capacidade de obter ouro não era ilimitada e nem sua pátria-mãe, em Lira, era eterna.E foi assim que chegaram à Terra. [CABUS, 2008]
É uma idéia fantástica mas não é impossível que o fascínio do homem pelo ouro e o e folclore em torno de uma “fórmula mágica” da longa vida e eterna juventude sejam ecos de um passado obscuro, arcaico, pré-diluviano, quase inacreditável e, no entanto, possível. Um conhecimento que lhes foi transmitido ou que os homens roubaram dos “deuses”. Hoje, corrompido pelo tempo, o conhecimento se perdeu e os alquimista continuam procurando a matéria magna da grande obra, a Pedra Filosofal.
Anel da Invisibilidade
[WAITE, 1972]
A invisibilidade é um dom, poder, desejado por muitos. Um dom cobiçado, tanto mais por aquelas pessoas que desejam fazer coisas ilícitas ou, no mínimo, inconfessáveis. O Pequeno Alberto ensina:
O anel deve ser feito de mercúrio puro e em estado sólido
*, moldado para servir ao dedo médio. A operação deve ser feita em uma quarta-feira, sob os auspícios de Mercúrio [astrológico, o “planeta”], durante a primavera quando, é sabido, configura-se condução favorável com os com os globos: Lua, Júpiter, Venus e, mesmo, o Sol. O anel será guarnecido com uma pequena pedra encontrável no ninho de [pewit] Abibe [ou poupa]. O anel receberá, na face externa, a gravação das seguintes palavras [que são do Evangelho ─ João 8:59: “Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo]:
Jesus † passing through the midst of them † disappeared
Jesus † passando no meio deles † desapareceu
Depois, colocando o anel em uma bandeja também feita de mercúrio “fixo”, defume a peça com o perfume de Mercúrio [perfume de Mercúrio: Zimbro, Juniperus communis, cedro] e faça aspersão [do incenso] três vezes. A seguir, embrulhe o anel em um pequeno pedaço de tafetá da cor do planeta [Mercúrio, cor: furta-cor, matizes variados]. Leve o anel até o ninho onde encontrou a pedra e deixe que o objeto permaneça ali por nove dias ao fim dos quais, será recolhido e novamente defumado como antes.
Preserve o anel cuidadosamente em uma pequena caixa igualmente confeccionada com mercúrio “fixo” e use quando for necessário. A maneira de usar o anel é colocá-lo com a pedra voltada para fora, à vista. A visão da pedra fascinará os observadores pelas virtudes ocultas que confere ao portador do anel, a faculdade de não ser visto. Quando deseja ficar visível, basta virar o anel com a pedra para dentro ocultando-a, na mão fechada. Imediatamente o encanto se desfaz. Outra versão [de outro Petit Albert], inclui na confecção do anel, embutir na liga o pelo do alto da cabeça de uma hiena enfurecida [coisa muito complicada de obter] e, para reaparecer, é necessário retirar o anel.
*
Mercúrio: Elemento químico. Seu símbolo Hg deriva do sinônimo em latim hyfrargyum [significando prata líquida]. O mercúrio é o único metal líquido á temperatura ambiente porque seu ponto de fusão é muito baixo: menos 38 graus centígrados. Isso quer dizer que somente abaixo dessa temperatura ele é sólido, se não estiver combinado com outros elementos. [Geralmente, para fins mágicos, de fato, o mercúrio é misturado a outros metais, como ouro, prata, para formar uma liga estável] [Superinteressante, 1989 ─ ed. 16]
Para Ter Sorte no Jogo
[Le Petit Albert Apud CAVENDISH, 1967]
Trata-se de um talismã. Para condicioná-lo, toma-se um grande pedaço de pergaminho virgem. Na primeira terça-feira de um mês[seria dia de Júpiter, planeta da prosperidade] em que seja lua nova. [O dia de Júpiter, de acordo com essa fórmula é terça porém, tradicionalmente, numerosos ocultistas consideram terça-feira dia de Marte; o dia de Júpiter é quinta-feira].
Todavia, a operação deve ser feita na “hora de Júpiter” [de fato, é princípio ocultista que as horas de cada dia são regidas pelos corpos celestes]; a hora de Júpiter é pouco antes do amanhecer. Nesta hora, pegue o pergaminho e escreva: Non licet ponare in egoborna quia pretium sanguinis. Embrulhe neste pergaminho a cabeça decepada de uma víbora. Amarre o pacote com uma faixa de seda vermelha. Pendure o “bagulho”, a “parada” no braço esquerdo quando for para o cassino [provavelmente no sovaco sob casaco] e com isso, serás um afortunado nas mesas de jogo.
A frase em latim, também extraída de um Evangelho, refere-se a Mateus 27:6: Não é permitido lançá-lo no tesouro sagrado, porque se trata de preço de sangue, [Non licet eos mittere in carbonam quia pretium sanguinis] quando Judas Iscariotes, arrependido, retorna ao templo para devolver as 30 peças de prata.
Eis a explicação dessa fórmula: Assim como as peças de prata do traidor não voltaram ao tesouro do templo, também seu dinheiro e seus ganhos não se perderão, confiscados pelos os bancos, enquanto aquelas palavras estiverem escritas no talismã. [Eis outra crença de “seita cristã” medieval caracterizada por uma associação vício-evangelho completamente insana, improcedente, vazia de qualquer significado lógico. Isso é que se chama de “cultura popular”, boa coisa para ser extinta].
Fontes:
ALI SHAH, Sidar Ikbal. Occultism: Theory and Practice. Google Books ─ acessado em 07/04/2009
A Popular History of Witchcraft. Grã-Bretanha: Taylor & Francis. In Google Books ─ acessado em 07/04/2009
CABUS, Ligia [pesq. & trad.]. A Colonização de Mundos em Busca de Ouro. In Sofä da Sala: Revista Ocultista, 2008 ─ acessado em 09/04/2009
CAVENDISH, Richard. The Black Arts. Publicado por Perigee, 1967. IN Google Books ─ acessado em 08/04/2009
SPENCE, Lewis. An Encyclopaedia of Occultism. Publicado por Cosimo, Inc., 2006. IN Google Books ─ acessado em 08/04/2009
LEVI, Eliphas. [Trad. A. E. Waite].Trancendental Magic. Health Research Books, 1976. IN Google Books ─ acessado em 08/04/2009
SUMMERS, Montague. Witchcraft and Blackmagic
WAITE, Arthur Edward. The Book of Black Magic and of Pacts. Publicado por Red Wheel, 1972. IN Google Books ─ acessado em 08/04/2009