‘Não há nada que possa unir o dividido, exceto o Amor ‘– Aleister Crowley
Muito é dito na literatura oculta thelemita sobre Kalas, as secreções do corpo que podem ser usadas para fins mágico, mas isso é quase sempre feito por meio de alegorias e metáforas, mesmo entre ousados thelemitas. Como se tivessemos algo a esconder. Para algumas organizações isso é tido como um segredo que deve ser escondido a qualquer custo. Mas se um segredo fosse, exatamente secreto, correria na direção oposta de tudo o que o vivemos hoje. O segredo é, no fim das contas, algo comum, que não damos valor e que, pode conter em si o poder de alterar a própria realidade, de modo assustador até. É algo que está lá, mas ninguém quer vê.
Considere a quantidade de relações sexuais diárias ao redor do mundo, e que, nem 10% do mundo utilizaria esse potencial pessoal, o mago tem pelo teu próprio saber, uma pequena arma nuclear a sua disposição, um verdadeiro ‘Elixir da Vida’, como disse Aleister Crowley no capítulo ‘Emblemas e Modos de Uso’ do seu famoso Livro 4. A maior parte das informações deste artigo serão justamente extraídas deste importante texto.
Os textos do Crowley visavam tanto a preservação e o entendimento destes conceitos de acordo com a capacidade pessoal do seu leitor. Mas nem todos tem a mesma visão – Os segredos, repito, sempre foram abertos, só não percebidos. Mega Therion ensina por meios de símbolos alquímicos que “o ovo, é a cópula entre os dois sexos, entre a Águia e o Leão, Mulher e Homem.” neste texto em vez de teorizarmos sobre os mecanismos ocultos por trás disso, vamos nos limitar a parte pratica de operações sexuais, deixando as os mecanismos metafísicos para autores com mais tempo para a arte dos malabares.
O Estado Mental
A melhor ponte pra qualquer operação sexual é uma mente calma e um corpo energizado. Praticas de pranayama fazem milagres acalmando até tempestades violentas que um cérebro pode ter, por vezes, uma substituição por métodos de vampirismo pode ser empregado por quem domina a técnica. No fim das contas, os dois métodos são viáveis e não muito diferentes um do outro. O Adepto não deveria se perder em nomenclaturas na sua obra, mas sim focar-se em teu objetivo. Carregar seu centro sexual de energia vital, para que, a obra possa ser concretizada. Lembro do fato que, por experiência pessoal, isso nem sempre é regra, e se for uma regra, pode ser quebrada. A pratica constante leva o desrespeito das regras iniciais em qualquer tipo de operação mágicka. Lúcifer toma as regras do céu, as burla para criar seu reino pessoal. Prometheus rouba o fogo dos deuses, ainda que pague seu preço ilumina e aquece a humanidade toda deste então. Crowley diz que os participantes devem “estar transbordantes de energia, magneticamente atraídos um pelo outro, transbordantes de energia, magneticamente atraídos um pelo outro” para dizer que devem estar com tesão.
O Casamento Alquímico
A Operação em si apesar de ser muito protegida com segredos por algumas organizações thelemitas, pode na verdade tomar a forma de uma cópula normal, sem preceitos, mantras, orações e afins. O Adepto pode, caso isso o agrade, santifica-la, tornando-a adornada em invocações que ache viáveis e correspondentes a seu objetivo. Os thelemitas usam as formas-deus de Nu e Hadit para operações de iluminação e de desenvolvimento pessoal e as formas Hórus e Babalon para trabalhos de feitiçaria com fins de Guerra, Vitória ou Amor. Alternativamente, pode-se dedicar a própria copula a algum Deus especifico e procurar repetir, invocando o nome dessa divindade durante toda a cópula. É uma pratica alternativa, não necessária. Porem, efetiva. Baphomet também é sempre presente em operações ligadas a fins matériais.
Independente disso, a cópula deveria ser a melhor possível, sem se preocupar com restrições e especialmente não caindo na armadilha do cerimonialismo. De fato “esquecer por completo o propósito da operação é um prenúncio de sucesso, na linguagem alquímica o “Leão deve estar enraivecido” Fazer com Verdadeira Vontade é a formula ideal. Se o adepto desejar, ele pode concentrar-se no objetivo da operação desde o inicio, mas isso não é de todo necessário. O objetivo é concentrar o fluido sexual, não é necessário santificar algo que por natureza já é intenso e prazeroso. Assim como não se pode blasfemar contra algo que não é divino tão pouco pode-se abençoar algo tão elevado como o sexo. Intensidade ou Amor é a chave para ambos, mas como sempre, amor sob Vontade.
O Fluido: A Taça Transbordada
Após o coito feito de forma intensa, chega-se a hora realmente ritualística. Deve-se sugar os fluidos com a boca de modo evitar desperdiçar qualquer gota que seja. E então, despejá-los em uma taça. O homem deve fazer isso com a mulher e a mulher com o homem. A união dos dois fluidos, junto com a saliva, é que formarão a chamada Taça das Abominações, a Pedra Filosofal, Medicina dos Metais. O adepto nessa hora, deve olhar para a taça com os fluidos e mentalizar fortemente, imprimindo no fluido gerado sua vontade. A postura mental nesta parte da operação é mais importante do que na anterior, como diz Crowley, “Ovo, mal cuidado, pode adquirir uma Serpente venenosa, de elementos hostis e malignos.”
A mente do Macho e da Fêmea devem estar em absoluta harmonia quanto ao propósito da operação. Não fosse assim, haveria um conflito interno entre as partes e o todo a operação seria um fracasso, ou no pior dos casos contrária ao desejado. Se um matrimônio perfeito não é possível (e de fato é muito raro) é mais indicado que apenas um dos lados saiba o que esta acontecendo e o outro busque um estado mental de nulidade. Quem quer que imprima sua vontade é a Serpente. A operação lida com polaridades, mas não é necessariamente uma questão de gênero, sabe-se que Crowley se dedicou a ela passiva mente (como Águia) e ativamente (como Leão), mas em todos os casos era a Serpente. Independente do que dizem a respeito de sexualidade ligar a aspectos Sephiróticos/Qliphóticos, aos quais, os resultados práticos contradizem o medo. A concentração sobre o objetivo, sobre essa energia materializada, é a chave da operação e o ato simbólico é a porta sendo aberta.
Para fortalecer o “chocar do ovo”, ou seja, a ligação com o objeto final um ato simbólico especifico pode ser criado. Isso pode ser feito colocando fios de cabelo do alvo, no caso de uma operação de cura, amor ou destruição. Ou colocar emblema de uma loja e uma moeda de ouro para a prosperidade do lugar. Para operações de prosperidade pode-se mergulhar uma moeda de ouro e para batalhas uma arma pode ser besuntada.
O Sacramento
Seja o uso como for, e especialmente para fins de cura e energização pessoal, faz-se beber da Taça. O Fluido da Imortalidade pode trazer rejuvenescimento segundo as lendas tradicionais e o uso adequado deveria ser feito por, pessoas mental/fisicamente saudáveis. A magia é, no fim das contas, Gerar aquilo que se é, se multiplicar, por assim dizer. Precisa-se de Amor, para gerar Amor, Guerra interna pra gerar Externa. Este é o motivo dos alquimistas dizerem que “Para fazer outro é preciso ter ouro.”
O fluido em questão pode ser entregue á Forças, para que estas trabalhem pela tua vontade. São métodos alternativos de trabalho, que não desvinculam o propósito da mesma. É interessante dedicar toda a operação á um fim especifico, porem resultados interessantes podem ser obtidos, dedicando a energia do coito pra um propósito, e os fluidos para o outro. Aqui temos uma questão que só pode ser esclarecida pela experimentação pessoal.