domingo, 17 de janeiro de 2016

Parapsicologia


Parapsicologia é uma pseudociência dedicada à investigação de supostos fenômenos paranormais e psíquicos. Seu propósito é a pesquisa científica de telepatia, precognição, retrocognição, clarividência, telecinésia, projeção da consciência, experiências de quase morte, reencarnação, mediunidade e outras reivindicações paranormais e sobrenaturais.

Pode ser compreendida como o estudo de alegações paranormais associadas à experiência humana, ou seja, as interações sensoriais e motoras que aparentemente não são geradas por nenhum mecanismo ou agente físico conhecido. Esses fenômenos também são conhecidos como fenômenos paranormais ou fenômenos Psi. O termo "Parapsicologia", criado em 1889 pelo psicólogo Max Dessoir , foi adotado pelo pesquisador Joseph Banks Rhine em 1930 como um substituto para os termos Metapsíquica e "Pesquisa Psíquica".

A posição da parapsicologia como um ramo da ciência é contestada sendo que a maioria dos cientistas classificam-na como pseudociência, porque a parapsicologia continua suas investigações sem ter corroborado os resultados defendidos através do método científico, mesmo já decorridos mais de um século dessas pesquisas.

A parapsicologia está presente em cerca de pelo menos 30 países e encontra aceitação acadêmica em algumas instituições de caráter científico reconhecido como a Universidade da Virginia e a Universidade de Edimburgo, além disso a Associação Parapsicológica, criada em 1959, é associada à Associação Americana para o Avanço da Ciência.

Definição e abrangência

Há uma tradição dentro do senso comum que sustenta que os mundos subjetivo e objetivo são completamente distintos, sem que haja qualquer implicação entre eles. O subjetivo existe “aqui, dentro da cabeça”, enquanto que o objetivo existe “lá, no mundo externo”. A Parapsicologia é o estudo de fenômenos que sugerem que a dicotomia estrita entre objetivo/subjetivo pode ser, ao contrário, parte de um conjunto, com alguns fenômenos entremeando ocasionalmente o que é puramente subjetivo e o que é puramente objetivo. Parapsicólogos chamam tais fenômenos de “anômalos” porque são difíceis de serem explicados pelos modelos científicos tradicionais.

A Parapsicologia estuda os seguintes aspectos:

A hipótese da existência de uma forma de obtenção de informações (comunicação) que prescinda da utilização dos sentidos humanos conhecidos (percepção extrassensorial), tais como telepatia, clarividência e precognição.
A hipótese da existência de uma forma de ação física sobre o meio físico em que não seriam utilizados qualquer mediadores ou agentes (músculos ou forças físicas) conhecidos, como a telecinese.
Os fenômenos associados a memória extra-cerebral (retrocognição) e a experiências multidimensionais, como a experiência de quase-morte, projeção da consciência, mediunidade, agente theta, etc.

Contribuição em fenômenos científicos

Apesar dos fenômenos paranormais por definição serem supostamente fenômenos não explicados cientificamente, as historiografias da psicologia e da psiquiatria em geral sustentam que a parapsicologia trouxe grande contribuição à formação e desenvolvimento de diversos conceitos científicos, principalmente conceitos ligados ao funcionamento da mente, como o subconsciente, a dissociação, o transtorno dissociativo de identidade, a histeria, a escrita automática e a hipnose. Pesquisas sobre fenômenos paranormais, principalmente sobre a mediunidade, foram importantes no desenvolvimento da psicologia e da psiquiatria científicas por parte de alguns pioneiros no estudo científico da mente, como Sigmund Freud, Carl Jung, Pierre Janet, Frederic Myers e mais notoriamente William James.

O início

A Parapsicologia (inicialmente designada como "Pesquisa Psíquica") surgiu sistematicamente no último quarto do século XIX, altamente relacionada com o então grande crescimento recente dos movimentos Moderno Espiritualismo e Mesmerismo, quando em 1882 foi fundada em Londres a Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisa Psíquica) com a proposta de apresentar "uma tentativa organizada e sistemática de investigar o grande grupo de fenômenos controversos designados por termos como mesmérico, psíquico e espiritualista" e com a associação de diversos membros acadêmicos proeminentes. Isto incluía acadêmicos da Universidade de Cambridge, tais como o filósofo Henry Sidgwick e o ensaísta Frederic W. H. Myers. Além desses, a SPR também contava com os físicos Sir William Fletcher Barrett e Balfour Stewart e o político KG Arthur Balfour, que mais tarde se tornou primeiro ministro. Nas primeiras décadas seguintes, diversos intelectuais de renome mundial se tornaram presidentes da SPR, incluindo como exemplos o psicólogo e filósofo americano William James, o químico e físico inglês Sir William Crookes, o físico inglês Sir Oliver Lodge, o astrônomo francês Camille Flammarion, o Nobel em Medicina francês Charles Richet e o Nobel em Literatura francês Henri Bergson.

A SPR logo se tornou o modelo para as sociedades similares em outros países europeus e nos Estados Unidos, tanto que William James, junto ao astrônomo Simon Newcomb e outros cientistas, fundaram em 1885 a American Society for Psychical Research (Sociedade Americana de Pesquisa Psíquica), organização a qual também se associaram muitos intelectuais renomados.

Na década de 40, J.B. Rhine, da Universidade Duke, realizou experimentos sobre percepção extrasensorial em 50 crianças que estudavam numa escola para nativos norte-americanos. O estudo, recentemente descoberto, foi considerado uma afronta à dignidade das crianças.

Referências

Sven Ove Hansson, Science and Pseudo-Science, Stanford Encyclopedia of Philosophy, 18 de maio de 2015, (em inglês)
Parapsychology. Cambridge Dictionary. Página visitada em 27/11/2014.
Harvey J. Irwin and Caroline Watt. An introduction to parapsychology, McFarland, 2007.

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